O hipismo em Natal

Entre o final do século XIX e o início do século XX, este esporte era praticado em Natal, na rua Silva Jardim, no bairro da Ribeira. Com a criação do terceiro bairro da cidade, isto é, a Cidade Nova, o hipismo renasceu e foi praticado durante alguns anos no novo bairro. Em conjunto ao crescimento do bairro, vieram as primeiras formas de sociabilidade daquele lugar: em 1909 a construção do Prado fazia com que um considerável número de natalenses se apertassem nos bondes para assistir as corridas de cavalo.

As corridas de cavalos não eram uma novidade para os natalenses quando o Prado foi inaugurado. Tratava-se de um espaço dedicado com exclusividade à criação e corrida de cavalos, o que condiz com a imagem da cidade moderna, na qual cada prática devia ter seu lugar específico. Desta forma, as corridas não mais deveriam acontecer nas ruas da cidade.

Uma outra relação travava-se entre o expectador e o espetáculo. Antes, o público poderia assistir às corridas das janelas das suas casas ou nas calçadas das avenidas; agora, teria que se deslocar de bonde até a Cidade Nova, comprar uma entrada, envergar a vestimenta adequada e se comportar civilizadamente, sem cometer excessos.

A organização de um espaço próprio para as corridas de cavalo, seguindo padrões e regras esportivas faria com que as corridas de cavalo entrassem num quadro completamente diferente das cavalhadas que vinham ocorrendo, até então, no espaço público da cidade. Os clubes, provavelmente, teriam a intenção de organizar a prática da cavalhada para que um dia ela pudesse se transformar numa prática moderna, com a construção de um hipódromo, de um jóquei, assim como o da Capital Federal.

Atheneu, Avenida Junqueira Ayres, Cidade Alta. Mercado ao fundo (esquerda). Por Eduardo Alexandre Garcia.

DERBY-CLUB NATALENSE

Em 1910, Natal contava com várias associações esportivas responsáveis pela organização das competições, como o Velo-Club-Natal, o Derby-Club-Natalense, Sport-Club Natalense, Natal-foot-ball-Club, etc. Como podemos notar, o nome dos clubes esportivos são todos nomes estrangeiros e há uma razão para isso. Além do fato de o nome de muitas práticas esportivas, vigentes no momento, não terem ainda tradução para o português, a referência aos nomes estrangeiros, em especial aos ingleses e franceses, gera um tipo de proximidade da população natalense com o que se passava na Europa, pois a linguagem também constrói imagens. No caso, o inglês e o francês ajudam a construir a imagem do esportista, já legitimada na Europa.

Vários prédios importantes se ergueram ao longo da Esplanada Silva Jardim. O Hotel da Bimoa, a mais conhecida hospedaria de Natal, no século XIX, ficava localizada na esquina leste da rua Frei Miguelinho com a rua Silva Jardim. Em 25 de março de 1900, inaugurava-se ali o Derby Clube Natalense, trazendo uma grande movimentação àquela rua, onde eram realizadas corridas de cavalos.

As chamadas cavaladas eram práticas comuns, mas somente na virada do século aparece, entre os cavaleiros potiguares, a preocupação com a regulamentação das competições. No ano de 1900, houve a corrida inaugural do “Derby-Club-Natalense”. (A REPUBLICA, 27 mar. 1900). O clube que deveria promover não apenas as corridas, mas que se dedicaria ao desenvolvimento e aperfeiçoamento da raça cavalar. Esse clube de corrida de cavalos acaba oficializando uma prática, que já era muito popular na cidade, a “cavalhada”. As corridas de cavalo ou cavalhadas, como comumente eram chamadas, contavam com a presença de profissionais e amadores.

Era um modo de diversão agradável e barato em 1903. Em geral, as corridas, ou cavaladas tomavam lugar nas ruas e avenidas da cidade. A Republica relatava o resultado de uma cavalhada, que podemos acompanhar a seguir como nos conta um cronista:

Hontem, à tarde na rua visconde do Rio Branco um, grupo de amadores, sob a direcção do camp. Fausto Leiros, realisou as annunciadas cavalladas. (…) Na falta de outras devemos cultivar essas festas, que alem da distracção commoda e barata á nossa gente, que gosa por ai da fama de tristonha e macambusia, servem para concervar as nossas tradições populares. (A REPUBLICA, Natal, 13 abr. 1903.).

Em 1917 dentro das comemorações do centenário de Padre Miguelinho ocorreu um páreo tendo como ponto de partida o Paço da Pátria e como chegada o Cais da Alfândega, foram organizados seis páreos nos quais em diferentes modalidades as agremiações competiram, na seguinte ordem: 1° páreo – Riachuelo; 2° páreo – Instituto Histórico; 3° páreo Clara de Castro; 4° páreo – Miguelinho; 5° – páreo André de Albuquerque; e 6° páreo – Centenário. A bordo da lancha “Natal”, fundeada no ponto de chegada, a banda de música do Batalhão de Segurança tocou durante a festa, e ao final das competições (o 1° pareo correu às 14 horas e o último às 16), uma comissão de senhoritas fez a entrega aos vencedores de medalhas de prata, mandadas confeccionar pelo Instituto Histórico especialmente para a ocasião.

No inicio do século, durante o processo de mudanças da estrutura urbana de Natal, a elite natalense parece ter começado a se incomodar com as praticas relacionadas a cultura popular, ou seja, as praticas que não compartiam com o modelo de civilidade em uso nas principais capitais mundiais. Nesse contexto as práticas das cavalhadas não representa o ideal de diversão almejado pela elite,sendo considerada uma diversão popular. Porém, na falta de outras ela foi bem aceita pela mesma elite que a condenava.

Vista parcial do bairro da Ribeira. Casas da Silva e Jardim no canto inferior direito, na década de 1940. Fonte: JAECI, 2006
Esplanada Silva Jardim, Ribeira/Rocas

SPORT CLUB NATALENSE

Até os anos 1920, as principais festas da cidade tiveram lugar em um dos salões dos clubes da Cidade Alta, em especial o Natal Club. Somente na segunda metade dos anos 1920, com a inauguração da Associação dos Professores e posteriormente com o Aero-Club, percebe-se um deslocamento significativo das sociabilidades para os novos bairros da cidade: Tyrol e Petrópolis.

A abertura da linha de bonde em 1909 deu início ao desenvolvimento do bairro de Cidade Nova. Em 1908 o bairro já possuía, além do serviço de bondes, alguns espaços de sociabilidade utilizados pelos mais abastados.

A inauguração dos clubes náuticos desenhava o início de um quadro que começava a se consolidar na cidade. Na primeira década do século XX, os esportes da cidade eram coordenados por clubes esportivos gerais, que organizavam as várias atividades esportivas, como o Sport Club Natalense. Essa ampla gama de esportes, coordenados por um único clube, passou a dar lugar a um outro tipo de associação esportiva, com clubes mais específicos, voltados para um número cada vez mais restrito de esportes. Esse era o caso dos Sport Club do Natal e do Centro Náutico Potengy.

Em 1906, fundou-se em Natal um novo clube dedicado ao desenvolvimento das corridas de cavalos em Natal. O Sport Club Natalense iniciou sua organização com 12.000 réis em ações.

Este clube tinha por fim, “além de outros jogos esportivos, promover por meio de corridas e pela propaganda escrita o aperfeiçoamento da raça cavallar.” (SPORT Club Natalense. A Republica, Natal, 27 dez. 1906.). Reza a história que o futebol chegou em terras potiguares pelos irmãos Fabricio e Fernando Pedroza, que estudavam em terras inglesas e trouxeram a primeira bola de futebol no ano de 1903. Os dois irmãos também foram os responsáveis pela criação do primeiro clube em 12 de Outubro de 1904 – o “Sport Club Natalense”.

Assim, aos treze de janeiro de 1907, reuniram-se vários cidadãos da elite natalense, no prédio da Junta Comercial, e fundaram a Sociedade Anônima Sport Clube Natalense. Após a aprovação dos estatutos, a assembléia ali reunida elegeu a primeira diretoria, que ficou deste modo constituída: Presidente, Dr. Afonso Moreira de Loyola Barata; Vice, Cel. João Crisóstomo Galvão; Secretário – Sérgio Paes Barreto; Tesoureiro – Jorge Barreto de Albuquerque Maranhão. O Conselho Fiscal ficou assim constituído: Olímpio Tavares, João GurgeI de Oliveira e Pedro Soares de Araújo.

Obedecendo à mesma lógica dos clubes, o associado do Prado Natalense deveria obedecer a um regimento interno, que regulamentaria as ações dos sócios e do público em geral. Logo no primeiro artigo do regimento, limitava-se a entrada aos que portassem os “bilhetes de ingresso distribuídos aos accionistas, que serão os unicos admittidos a assistirem os ensaios, além dos proprietários de animais, dos jockeys e tratadores”. (REGIMENTO interno do Prado Natalense. A Republica, Natal, 18 maio 1909.) A cobrança de entradas inibia a presença de populares, e com isso criavam-se espaços de sociabilidade excludentes.

De acordo com o artigo 1º dos seus estatutos, esta sociedade destina-se, além de outras diversões e jogos esportivos, a promover, por meio de corridas, o desenvolvimento e melhoramento da raça cavalar, procurando animar e estimular os criadores, facilitando-lhes os meios de melhor conhecer a criação, educação, alimentação e cruzamento das referidas raças (A República, 21 de janeiro de 1907).

O capital desta sociedade era de 12 contos de réis. A fim de apoiar esta iniciativa, o Conselho da Intendência Municipal editou a Resolução nº 110, cujo artigo único dizia o seguinte:

É o presidente autorizado a conceder à sociedade ‘Sport Club Natalense’ mediante as cláusulas que julgar convenientes aos interesses do município, permissão para construir no bairro da Cidade Nova, um círculo destinado a corridas de cavalos e outros jogos esportivos.
Natal, 12 de abril de 1907
Joaquim Manoel Teixeira de Moura, Presidente da Intendência (A República, 15 de abril de 1907)

PRADO NATALENSE

Com efeito, no fim da década de 1900 o Sport Club Natalense dá início a construção de uma pista de corrida no bairro Cidade Nova, que ficou conhecida como “Prado Natalense”. A construção do prado tornou possível a aspiração da elite local de transformar a popular cavalhada num esporte respeitado.

Em setembro de 1907 foi inaugurada uma pista de corrida, com arquibancadas, casa de apostas, encilhamento, entre outros equipamentos para a realização de corridas de cavalos e outros jogos esportivos em Cidade Nova (A construção dessa praça esportiva em Cidade Nova foi determinada pela Resolução n.110, ver: A REPUBLICA, Natal, 15 out. 1907.). Essa praça esportiva também era denominada pelos natalenses de Prado natalense ou simplesmente Prado, como mencionou J. Sandoval em sua coluna Devaneios já analisada. A praça de esporte era muito frequentada pela sociedade mais abastada da cidade, representando determinados valores que essa sociedade tencionava difundir na urbe.

As corridas realizadas no prado recebiam um público distinto, composto por famílias e cavalheiros que eram considerados a elite social de Natal. Na possível intenção de atrair mais famílias, e não apenas senhores e rapazes, o Sport Club Natalense oferecia entrada franca às mulheres. (A REPUBLICA, Natal, 3 fev. 1909.).

Sob orientação do major Raimundo Ferreira, a Sport Club Natalense construiu, ao lado da Praça Pedro Velho, entre as avenidas Prudente de Morais e Campos Sales, uma pista de corrida, arquibancadas, casa de apostas, encilhamento, cercas de proteção, etc …

A inauguração desta praça de esporte ocorreu solenemente no dia 15 de setembro de 1907, à qual estavam presentes muitas famílias da capital e do interior, aplaudindo os participantes dos cincos páreos programados e executados (A República, 16 de setembro de 1907). Além da corrida inaugural, foram realizadas várias outras para alegria dos admiradores deste esporte.

No jornal A Republica, várias notícias destacaram eventos ocorridos no Prado, que foi inaugurado em setembro de 1907 (A REPUBLICA, Natal, 16 set. 1907.p.2.). A corrida inaugural contou com a presença do influente senador Pedro Velho e de famílias distintas não somente de Natal, mas de vários municípios do interior. Os juízes de corrida eram nomes importantes da sociedade local, como Pio Barreto, filho do importante industrial Juvino Barreto e cunhado de Pedro Velho, como já elucidado, Manoel Dantas e funcionários que ocupavam a Intendência Municipal.

A companhia de bondes enviava bondes a cada 20 minutos para o Prado em dias de corrida. Após a construção do Prado no bairro Cidade Nova, é comum encontrar referências que substituem o nome do bairro de “Cidade Nova” por “Prado”.

As corridas realizadas no Prado recebiam um público composto por famílias e cavalheiros. Na possível intenção de atrair mais famílias, e não apenas senhores e rapazes, o Sport Club Natalense oferecia entrada franca às mulheres. (A REPUBLICA, Natal, 3 fev. 1909.) Ainda comentando a frequência das corridas, o redator d’A Republica escreveu:

realizou hontem com numerosa e selecta assistência a corrida anunciada o Sport Club Natalense Havia nas archibancadas grande números de senhoras e cavalheiros de nossa elite social dando á esplendida diversão da sympathica sociedade um cunho de alta distinção. (NOTAS sportivas. A Republica, Natal, 2 mar. 1909.).

O Prado não teve uma longa existência. Em 1911 a Intendência desfez a concessão do terreno que tinha cedido à sociedade Sport Club Natalense para a construção da praça esportiva. A Resolução n.154, publicada em novembro de 1911, determinou o fim da concessão e a retomada do terreno em que o Prado foi construído, pois a referida sociedade não tinha cumprido as cláusulas do contrato celebrado, tendo iniciado a construção da praça esportiva, abandonando depois as atividades de manutenção (A REPUBLICA, Natal, 28 nov. 1911.). A Intendência alegou que o não cumprimento do contrato estava prejudicando as rendas municiais, por isso o terreno deveria ser retomado e destinado a outros fins. Apesar de ter funcionado durante pouco tempo, o Prado foi palco de importantes corridas de cavalos, contando com a presença de ex-governadores e altos funcionários do poder local (São exemplos de matérias que destacaram esses eventos: FLECHAS. A Republica, Natal, 06 fev. 1909. p.1; NOTAS sportivas. A Republica, Natal, 06 fev. 1909. p.1; VARIAS. A Republica, Natal, 07 abr. 1909. p.1, entre outras.).

A LOCALIZAÇÃO

Na tentativa de incentivar a ocupação do bairro ainda no início do século XX, foram criados alguns equipamentos, como a construção de uma praça de esportes nas proximidades da Praça Pedro Velho. O hipismo era, antes da criação de Cidade Nova, praticado na Ribeira, na Rua Silva Jardim (SOUZA, Itamar de. O terceiro bairro de Natal: Tirol e Petrópolis. In:__. Nova História de Natal. 2ed. Natal: Departamento Estadual de Imprensa, 2008.).

Com a criação do terceiro bairro da cidade foi também criada uma pista de corridas com arquibancada, casa de apostas, encilhamento, e todos os equipamentos necessários para a prática desse esporte. A inauguração da praça para hipismo, iniciativa da Sociedade Anônima Sport Clube, ocorreu em 15 de setembro de 1907, como descrito na matéria do jornal A República:

Realisou-se hontem a inauguração do Sport-Club-Natalense no campo de corridas construido ao lado da praça Pedro Velho, entre as avenidas Prudente de Moraes e Campos Salles (…). Hontem, distinguidos com um convite especial do directoria do Sport Club, quando alli comparecemos, vimos com satisfação, o grande movimento que se notava por toda parte e sobretudo a alegria do povo, tomando todo interesse pela corrida inaugural.
Nas archibancadas, a presença do exmo. Governador do Estado, do senador Pedro Velho, das mais distinctas familias da capital e de varios municipios do interior, dava uma uma significação muito elevada áquella festa sportiva. (A REPUBLICA, Natal, 16 set. 1907.)

Observa-se como a inauguração da praça de esportes em Cidade Nova atendia mais do que objetivos esportivos, tratava-se de um momento de socialização da elite no novo bairro, era uma propaganda desse novo modelo de moradia e habitação daqueles que compunham essa elite. Não era apenas um momento de apostas em animais que iriam correr, era o momento de conhecer Cidade Nova, de “apostar” nesse novo modelo de vida criado, feliz, moderno, saudável; era a corrida para a modernidade.

Com essa praça de esportes seria possível que mais pessoas se interessassem em morar naquele bairro, construindo suas habitações e contribuindo cada vez mais para aproximar Cidade Nova da idealização da elite dirigente do início do século XX. De fato a ocupação do novo bairro passou a ser mais intensa na década de 1920.

Nesse período novos marcos de modernização marcaram a cidade. Foi na década de 1920 que a aviação teve maior desenvolvimento em Natal, o número de automóveis aumentou e ocorreram melhorias na educação, desencadeadas, sobretudo, durante o governo de José Augusto Bezerra de Medeiros (1924-1928). Foi também na década de 1920 que a população da cidade aumentou de 16.056 habitantes, número registrado em 1900, para 30.696 moradores. Esse aumento populacional, bem como os desenvolvimentos na área de transporte, educação e outros setores de infraestrutura permitiram que novas estradas fossem abertas e que a cidade começasse a conectar-se cada vez mais. Cidade Nova esteve integrada nesse movimento e passou a receber um maior número de moradores, mas esse processo de ocupação ainda era lento.

A área prevista da Praça Pedro Velho ia da Deodoro à Prudente de Morais. Em 1907, uma resolução da Intendência concedeu autorização para o Sport Club Natalense construir um hipódromo entre as avenidas Prudente de Morais e Campos Sales, que funcionou com arquibancadas, casa de apostas, pista de corrida de cavalos até 1911.
A Praça Pedro Velho, um dos lugares mais conhecidos da cidade, nasce quando é elaborado o planejamento urbano de Cidade Nova, o terceiro bairro de Natal.

ESPAÇOS DO PODER

O destaque dado ao caráter seletivo da assistência confirma algumas suspeitas levantadas anteriormente: a de que havia uma preocupação de certos grupos de criar no Prado um espaço de convivência restrito. E, assim, como em muitos espaços de sociabilidade que se inauguravam nos bairros mais afastados da cidade, foi fundamental a presença do bonde como um meio de transporte eficiente, responsável pela expansão efetiva da cidade. Não seria simples coincidência a inauguração do Prado Natalense ter-se dado no mesmo ano em que foi inaugurado o bonde de tração a burro. A companhia de bondes enviava bondes a cada 20 minutos para o Prado em dias de corrida. Após a construção do Prado no bairro Cidade Nova, é comum encontrar referências que substituem o nome do bairro de Cidade Nova por Prado, de modo que o nome da atividade de práticas se sobrepunha ao nome oficial do bairro.

Era um clube para a elite. Para pessoas como Manoel Coelho de Souza e Oliveira que era um indivíduo de destaque na capital. Seu nome aparece em várias notas do jornal de maior circulação em Natal. Era “tenente-coronel”, Inspector da Alfândega (A REPUBLICA, Natal, 18 jun. 1905.), e participava de diversas ocasiões de sociabilidade na cidade, sendo listado entre os juízes de arquibancada em corrida de cavalo do Sport Clube Natalense (SPORT-CLUB natalense. A Republica, Natal, 06 fev. 1909.), entre as testemunhas de vários casamentos celebrados em Natal (CONSORCIO. A Republica, Natal, 09 dez. 1905; CONSORCIOS. A Republica, Natal, 15 abr. 1909.) e entre os participantes de um almoço na residência do então redator chefe do A Republica, Manoel Dantas, ocasião em que dividiu a mesa com o governador à época, Alberto Maranhão, cunhado de Petronila (A REPUBLICA, Natal, 27 abr. 1903.). Coelho era ainda vice-presidente do Natal Clube (NATAL Club. A Republica, Natal, 23 jul. 1906.) e, em abril de 1908, tem-se outra nota do A Republica que sugere os vínculos de amizade entre o referido coronel e a família Maranhão. Coelho participou de uma festa realizada na residência de José Pinto, por ocasião do batizado de seu filho, ao lado de Alberto Maranhão e de sua esposa, padrinhos do menino (VARIAS. A Republica, Natal, 06 abr. 1908.).

O major Pio Barreto foi juiz de uma corrida no Sport Clube Natalense em fevereiro de 1909 (SPORT-CLUB Natalense. A Republica, Natal, 06 fev. 1909. Barreto era sócio da Liga Marítima Brasileira, da qual também participavam nomes influentes como Pedro Velho, Alberto Maranhão, Ferreira Chaves, Juvenal Lamartine, entre outros, ver: LIGA Maritima Brazileira. A Republica, Natal, 24 ago. 1907.). Foi casado com Carolina Jatobá (CASAMENTO civil. A Republica, Natal, 24 jan. 1904.), era sobrinho de Alberto Maranhão e Pedro Velho. Em 1895, com o casamento de Alberto Maranhão e Inês Barreto, Pio também se tornou cunhado de Alberto. Barreto era comerciante, membro do Cassino Potiguar (Do qual também fazia parte Alberto Maranhão, ver: CASINO Potyguar. A Republica, Natal, 26 nov. 1902.) e foi, ao lado de nomes como Francisco Cascudo, Fabrício Maranhão, Joaquim Moura, Manoel Dantas e Olympio Tavares.

Deolindo Ferreira Souto dos Santos Lima foi presidente do e do Sport Clube de Natal (ALMANAK Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (Almanak Laemmert). Era natural de Açu, Rio Grande do Norte, mudouse para Natal em 1899, quando começou a trabalhar no comércio, mesmo aos 14 anos de idade (CARDOSO, Rejane (Coord.). 400 nomes de Natal. Op. cit., p.191; VIDA Social. A Republica, Natal, 09 mar. 1908.) . Era tenente (ANNIVERSARIOS. A Republica, Natal, 08 mar. 1911.), foi ainda redator do periódico O Atirador, órgão dos “moços do Tiro Natalense” (O DIA de hontem. A Republica, Natal, 14 nov. 1910.), presidente da Associação Clube Alecrim (ASSOCIAÇÕES. A Republica, Natal, 17 jan. 1928.). Rio de Janeiro, 1929.), orador da Associação dos Empregados no Comércio do Rio Grande do Norte (ALMANAK Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (Almanak Laemmert). Rio de Janeiro), orador da Liga Artística Operária Norte Rio Grandense entre 1909 e 1913 e presidente da referida instituição de 1921 a 1926 (ALMANAK Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (Almanak Laemmert). Rio de Janeiro, 1926.). De acordo com Cunha, a Liga Operária foi fundamental para a manutenção de uma rede de colaboração que apoiava a causa operária, mas não representava esse segmento de maneira uniforme, por isso o surgimento de conflitos e dissidências (CUNHA, Paulo Rikardo Pereira Fosenca da. “Ombro a ombro com os mais fracos”. Op. cit.).

Lulú Capeta era o pseudônimo utilizado por José Mariano Pinto, que, em 1902 e durante muitos anos, foi tipógrafo e gerente do periódico A Republica, sendo responsável por organizar a oficina tipográfica e coordenar o funcionamento do jornal (SANTOS, Renato Marinho Brandão. Natal, outra cidade!: o papel da Intendência municipal no desenvolvimento de uma nova ordem urbana (1904-1929). Op. cit., p.48.). José Pinto também ocupou o cargo de intendente de Natal entre 1914 e 1916, foi major fiscal do 3º Batalhão de Infantaria da comarca de Natal, membro da Guarda Nacional e bem relacionado com o grupo familiar que dominava a política local no início do século XX (A REPUBLICA, Natal, 03 mar. 1905; A REPUBLICA, Natal, 13 abr. 1905.). Era membro da maçonaria e frequentador assíduo dos espaços de sociabilização mais visitados na cidade, participando de corridas no Sport Club Natalense (A REPUBLICA, Natal, 13 mar. 1909.), frequentando o Natal-Club (Pinto foi até mesmo presidente dessa instituição entre 1909 e 1910), e estabelecendo vínculos com os mais influentes do período. Em junho de 1903, por exemplo, por ocasião de seu casamento, Pinto convidou Manoel Dantas, redator chefe do A Republica, para ser seu padrinho na cerimônia, na qual compareceram membros importantes como o então governador Alberto Maranhão (JOSÉ Pinto. A Republica, Natal, 8 jun. 1903. p.1.). Essa não foi a única ocasião em que Pinto tentou estreitar relações com os membros mais influentes da sociedade local. Em abril de 1911 José Pinto batizou sua filha Alba e convidou para padrinhos Manoel Dantas e sua esposa. Na ocasião realizou um almoço comemorativo em sua residência na Cidade Nova, no qual compareceram nomes ligados ao poder local como Alberto Maranhão, que cumpria o seu segundo mandado à frente do Estado, Francisco Cascudo, importante comerciante e ex-intendente, entre outros indivíduos renomados (VIDA SOCIAL. A Republica, Natal, 17 abr. 1911.).

Em 1930, a imprensa do Estado e da capital pleiteiam também um lugar no Conselho de Intendência municipal, lançando o nome do Dr. Alberto Roselli, redator-secretário d’A Republica, para ser seu representante nas eleições de outubro de 1913. Alberto Roselli, filho de um ex-intendente, Angelo Roselli, sai-se vencedor.

Alberto Roselli que chegou a ser vice-presidente do Sport Clube Natalense (COMMUNICADOS. A Republica, Natal, 15 dez. 1904.).Era filho de Sofia Pipolo (DICIONÁRIOS. Verbete biográfico de Alberto Roselli) e Angelo Roselli, que ocupou a Intendência de Natal entre 1892 e 1895 e atuou como comerciante no estado, conforme destacado no capítulo anterior. Alberto Roselli estudou no Atheneu Norte-Rio-Grandense e no Colégio Spencer, em Recife. Entre 1900 e 1903 estudou Ciências jurídicas e comerciais na Academia Internacional de Comércio de Zurique, e em 1911 bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Recife (Idem.). Ocupou a Intendência de Natal como secretário entre 1912 e 1913 e como intendente entre 1914 e 1916. Era, assim como seu pai, nome influente na cidade, aparecendo em notas sobre solenidades e festas no Natal Clube (NATAL-Club. A Republica, Natal, 30 jun. 1909.), do qual era sócio (NATAL-Club. A Republica, Natal, 10 jan. 1910; ASSOCIAÇÕES. Natal-Club. A Republica, Natal, 17 jan. 1910) e passou a ser diretor em 1912 (CONCERTOS e Bailes. A Republica, Natal, 19 jan. 1912.). Alberto também atuou como professor da Escola Normal (ALMANAK Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (Almanak Laemmert). Rio de Janeiro, 1916-1918.), advogado (ALMANAK Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (Almanak Laemmert). Rio de Janeiro, 1916-1919.) , diretor secretário do A Republica entre 1912 e 1919 (VARIAS. A Republica, Natal, 23 jul. 1913.) e membro efetivo do Tribunal Consultivo da Sociedade Beneficente Diocesana (VARIAS. A Republica, Natal, 06 set. 1913; DICIONÁRIOS. Verbete biográfico de Alberto Roselli.). Em 1914 foi nomeado professor de inglês do Atheneu e de Educação Moral e Cívica na Escola Naval. Integrou várias associações esportivas, sendo um dos fundadores do Centro Sportivo Natalense (CSN) e foi presidente da Ordem dos Advogados na seção do Rio Grande do Norte. Foi ainda membro da diretoria da Escola de Comércio de Natal entre 1919 e 1922, diretor do Diario de Natal entre 1925 e 1929. Entre 1919 e 1933 exerceu a função de representante consular da França no Rio Grande do Norte e entre 1935 e 1937 foi deputado federal.

Diante desse quadro, não obstante falarmos aqui de pessoas ligadas a associações subvencionadas pelas esferas de poder instituídas, é possível dizer que nesses meados da década de 1910 inicia-se uma abertura política que será confirmada na década seguinte, com a criação, na referida instituição, de uma vaga destinada
a um representante das classes desportistas, uma para o dos contribuintes da décima urbana e outra para o dos operários da cidade, as “vagas destinadas à minoria (A REPUBLICA, Natal, 06 set. 1925.)” que abrem espaço na política local a grupos sociais que, até então, estavam à margem do processo eleitoral.

Em resumo, as principais mudanças sentidas na Intendência na década de 1910, são estas duas: a divisão das suas atividades em três comissões, e a maior participação de outros grupos sociais, especialmente a classe dos “artistas”, na política local. Ambas as mudanças serão sentidas com mais força na década seguinte. Década cujo início é marcado pela construção de uma nova sede para a Intendência, inaugurada em 1922, ano do centenário de independência do Brasil.

O conhecimento da criação dessas novas vagas se deu pela leitura das matérias de jornal. Em setembro de 1925, vemos A Republica anunciar que Eduardo dos Anjos e o Dr. Francisco Ivo Cavalcanti disputariam os lugares reservados para a minoria no Conselho Municipal, como candidatos do operariado e das classes desportivas, respectivamente (A REPUBLICA, Natal, 06 set. 1925.). Como candidatos não filiados ao PRF, concorreram às vagas Cyrineu de Vasconcellos e Nizário Gurgel, os quais foram fragorosamente derrotados pelos candidatos do partido que governava o estado.

Os candidatos não arregimentados, como eram chamados aqueles não filiados ao PRF, conseguiram apenas três votos cada um. Eduardo dos Anjos e Francisco Ivo Cavalcanti ficaram com 121 e 120 votos, respectivamente, conforme vemos n’A REPUBLICA, Natal, 09 set. 1925. A possibilidade de fraudes, diante do que já expusemos sobre as práticas eleitorais no período estudado, não pode ser desconsiderada. Essa eleição definiu os membros do Conselho de Intendência para o triênio 1926-1928.

Nas eleições ocorridas no fim de 1928, foram definidas três vagas para as minorias. A vaga para o operariado foi mantida, ao passo que a vaga para as classes desportivas foi extinta, dando lugar a uma vaga para um representante dos profissionais liberais e uma outra para um representante dos contribuintes do imposto predial (na época, chamado de “décima urbana”), que representava a maior receita da Intendência nessa segunda metade da década de 1920. Os candidatos foram: José Ulysses de Medeiros, pelos contribuintes do imposto predial, Sylvio Feliciano Carneiro de Souza, pelos operários, e o Dr. Alfrêdo Lyra, pelas profi ssões liberais. Não temos notícias de candidatos da oposição concorrendo a essas vagas.

SOCIABILIDADE

Um dos clubes mais prestigiados pela elite local foi o Sport Club Natalense, fundado na capital potiguar no ano de 1906. Três anos depois, o Sport Club seria a importante sede dos dois primeiros eventos realizados em homenagem ao distinto poeta potiguar, Segundo Wanderley. No último dia de janeiro do ano de 1909, Alberto Maranhão e outros ilustres membros da elite potiguar se reuniram no Teatro Carlos Gomes, com o intuito de buscar meios para comprar uma casa para os órfãos do pranteado vate rio-grandense. A primeira medida proposta pela comissão encarregada de alcançar o dito propósito, e acatada pelos que participaram da reunião, foi a realização de uma série de conferências, espetáculos e corridas no Sport-Club. Para as conferências foram inscritos Manuel Dantas, Eloy de Souza, Domingos Barros, Honório Carrilho e Henrique Castriciano (A REPUBLICA, Natal, 01 fev. 1909). A comissão encarregada da organização dos eventos, bem como da edição de obras de Segundo Wanderley foi composta por Manoel Dantas, José M. Pinto, Henrique Castriciano, entre outros.

Já para a primeira corrida do ano de 1909, realizada na pista do citado Club, foram “convocados” o coronel Joaquim Manoel e Fabricio Maranhão para porem seus cavalos no páreo, entre outros. Participaram, ainda, da organização desse primeiro evento em homenagem a Segundo Wanderley o senador Ferreira Chaves, os coronéis Francisco Cascudo e Olympio Tavares e o Dr. Manoel Dantas (A REPUBLICA, Natal, 06 fev. 1909.). Passados pouco mais de 30 dias da primeira corrida, realizou-se uma outra, com os mesmos intuitos, contando com a participação do major José Pinto, além dos nomes já referidos (A REPUBLICA, Natal, 13 mar. 1909.).

A realização desses eventos – que chegaram até o ano de 1910, no qual se realizou a última das conferências do ciclo programado, sob comando de Henrique Castriciano –, com o intuito de constituir um patrimônio para os órfãos do já referido poeta, revela a união da elite em prol de um de seus membros. Ao vermos as matérias que tratam desses eventos, conferências no salão nobre do Palácio do Governo e corridas no Sport Club, além da edição das obras do literato, vendidas na Cosmopolita de Fortunato Aranha, sentimos esse grupo funcionar como uma irmandade: ocorrendo algo a um dos membros ou a sua família, se juntam os demais, prontos a prestar sua solidariedade. Lembramos também que, quando da morte de Augusto Severo, houve movimento parecido, juntando-se membros dessa elite local para constituir patrimônio para os órfãos do herói potiguar.

CLUBE HÍPICO DE NATAL

Na cidade, além dos tradicionais Aero Clube e Teatro Carlos Gomes, surgiram o Cassino Natal, o Círculo Militar, o Clube Hípico de Natal. Todos integravam uma “cadeia de promoções” e ofereciam sucessivas festas e bailes.

O Clube Hípico de Natal, que estava localizado na Estrada de Parnamirim e foi criado para promover provas hípicas e congregar as elites da cidade e a oficialidade das forças armadas brasileiras e estadunidenses. Foi inaugurado apenas com as instalações do salão de festas, mas previa a construção de um parque esportivo com quadras (tênis e voleibol) e piscinas. Para Danilo (DANILO (Aderbal de França). O hipismo em Natal. A República, Natal, 23 mar. 1944d., p.7), tratava-se de uma “porta de um novo progresso” que poderia atrair “impressões diferentes para os turistas que passa[ss]em pela estrada do Tirol em busca de sensações”. Na festa de inauguração, a programação foi organizada pelo USO Town Club. Nesta foi organizada uma demonstração da “Caça à Raposa”, uma atividade esportiva que, posteriormente, passou a ser “praticada pelas elites, particularmente nas confraternizações com as tropas americanas” (CONFÚCIO. Club Hípico de Natal. A República, Natal, 5 abr. 1944., p.7).

Entre tantas conquistas, o Grande Hotel, o Clube Hípico e a maior Base Aérea Estadunidense nas Américas tornavam-se elementos facilitadores que transformariam esse caminho para o futuro. As ideias que os conectava apareciam como relâmpagos no meio de uma tempestade, em um momento em que consequências ainda não podiam ser avaliadas. A presença dos militares estadunidenses em Natal e as mudanças decorrentes da conjuntura da Segunda Guerra mundial, apesar de imprecisas, haviam acelerado crescimento e promovido uma urbanização desorganizada, que, posteriormente, resultou no surgimento de inúmeros problemas sociais, inclusive manifestações de vandalismos sociais e sintomas psicológicos graves (O ROUBO nas Joalherias Farache e “V”: prosseguem as diligências. A República. Natal, 22 set. 1944; SERVIÇO de Assistência aos Psicopatas. A República. Natal 02. mar. 1946.).

O Grande Hotel teve papel importante no tempo do conflito. No meio da rua, havia também cavalos e burros para alugar aos cowboys improvisados, que exibiam suas qualidades de bons montadores. Era uma palhaçada pois, a maioria tendo bebido, não se agüentavam bem na sela, caia e aí era uma gritaria, apupos e assobios. Um bom divertimento.

Segundo Veyne (VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Rio de Janeiro: Edições 70, 1971.), o processo histórico é feito de imprevisíveis, daí inferirmos que o progresso promovido pela militarização da cidade e pela convivência com os militares pode ser relacionado também à capacidade de sobrevivência dos moradores diante das dificuldades de viver na cidade, assim como a capacidade das elites políticas de adaptarem seus interesses a uma conjuntura adversa e de perigo, embora ambos tenham demonstrado ser possível continuar interferindo e dirigindo seus destinos.

No Diário de Natal de 10/06/1946, Nº 932, p. 6, registra as Festas de despedidas do U.S.O., no Hipico sob o título: Desmobilizados, regressam á pátria. Resumo da reportagem: Após terem sido desmobilizados, aguardam transportes para os EEUU diversos soldados americanos da Base Aérea de Parnamirim. Nos salões do clube Hípica, esses rapazes serão homenageados.

Estrutura Militar e equipamentos de Lazer na Cidade do Natal (1942-1945). Fonte: SEMURB/PMN Nota: Elaboração do autor sobre base atual da cidade.

Os grandes clubes da cidade como Aeroclube e Hípico reuniam as confraternizações de oficiais e civis graduados da Base, dançava-se de tudo, de afoxés a jazz (MELO, 2015).

Além das festas semanais, nos clubes natalenses, incluindo o Hípico, recém-fundado, onde confraternizavam natalenses ricos e yankees havia o mais perfeito entendimento. Os americanos tinham seus clubes, além de excelente cassino, dentro da base, onde brasileiros eram convidados e circulavam figuras do cinema hollywoodiano, do showbusiness e outros. Na cidade havia 2 clubes. Um na praça Augusto Severo, onde é hoje a firma Limarujo e o outro no fim da avenida Getúlio Vargas. Eram denominados, respectivamente, de USO cidade e USO praia. Nestes clubes os visitantes bebiam, e dançavam com as moças da terra, filhas das famílias mais “pra frente”, numa camaradagem, como se tudo já tivesse sido ensaiado.

No dia seguinte, 16 de fevereiro de 1946, realizou-se a homenagem a Waldemar de Almeida: um jantar no Clube Hípico, com ônibus saindo do Grande Ponto. Sua participação na banca examinadora do concurso realizado no Instituto Nacional de Música teve voto de louvor constado em ata comunicado em ofício, ao Interventor. Discursos de Rômulo Wanderley, Veríssimo de Melo (representando a Secretaria Geral do Estado) e do novo prefeito, Sylvio Pedroza (SYLVIO Piza PEDROZA (Natal, 12/07/1918 – Rio de Janeiro, 19/08/1998). Prefeito de Natal no período de 13/02/1946 a 08/10/1951. Governou o Estado de 16 de julho de 1951 a 31 de janeiro de 1956.).

FONTES SECUNDÁRIAS:

CASCUDO, Luís da Câmara. História da Cidade do Natal. Natal: RN Econômico, 1999.

MELO, Protásio Pinheiro de. Contribuição norte americana à vida natalense. Natal: Sebo Vermelho, 2015.

SOUZA, Itamar de. Nova História de Natal. 2 ed. Natal: Departamento Estadual de Imprensa, 2008. 800p.

WANDERLEY, João C. Relatorio apresentado a Assemblea Legislativa Provincial do Rio Grande do Norte. Pernambuco: Typographia de M. F. de Faria, 1851. 27 p.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

“Em cada esquina um poeta, em cada rua um jornal”: a vida intelectual natalense (1889-1930) / Maiara Juliana Gonçalves da Silva. – Natal, RN, 2014.

(POR) ENTRE PEDRA E TELA: a construção de uma memória republicana (Natal -1906-1919) / DIEGO SOUZA DE PAIVA. – Natal, 2011.

A cidade e a guerra: a visão das elites sobre as transformações do espaço da cidade do Natal na Segunda Guerra Mundial / Giovannna Paiva de Oliveira. – Recife, PE, 2008.

A criança e a cidade: as transformações da infância numa Natal Moderna (1890-1929)/ Yuma Ferreira. Natal, 2009.

A modernização da Cidade do Natal: o aformoseamento do bairro da Ribeira (1899-1920)/ Lídia Maia Neto. – Natal. Dez. 2000.

A palavra sobreposta: imagens contemporâneas da Segunda Guerra em Natal / Josimey Costa. – 2. ed. – Natal, RN: EDUFRN, 2015.

AO MAR GENTE MOÇA!: O ESPORTE COMO MEIO DE INSERÇÃO DA MODERNIDADE NA CIDADE DE NATAL. Márcia Maria Fonseca Marinho. Revista de História do Esporte.volume 2, número 1, junho de 2009.

Anais do II Encontro Regional de História da ANPUH-RN, Caicó, 6 a 9 de junho de 2006 / Associação Nacional de História. – Caicó, RN : APUHRN, 2006.

Anuário Natal 2007 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2008.

Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.

Caminhos de Natal / Jeanne Fonseca Leite Nesi ; ilustrações, Urban Sketchers Natal. – Dados eletrônicos (1 arquivo PDF). – 2. ed. – Natal, RN : IPHAN, 2020.

Cidade, terra e jogo social: apropriação e uso do patrimônio fundiário e seu impacto nas redes de poder locais (1903-1929) / Gabriela Fernandes de Siqueira. – 2019.

Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.

Natal: história, cultura e turismo / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal: DIPE – SEMURB, 2008.

Natal também civiliza-se: sociabilidade, lazer e esporte na Belle Époque Natalense (1900-1930) / Márcia Maria Fonseca Marinho. – Natal, RN, 2008.

Natal, outra cidade! [recurso eletrônico] : o papel da Intendência Municipal no desenvolvimento de uma nova ordem urbana na cidade de Natal (1904-1929) / Renato Marinho Brandão Santos. – Natal, RN : EDUFRN, 2018.

O Estado Novo no controle da informação cotidiana: o caso da cidade de Natal (1941-1943) a partir do jornal “A República” / Fernanda Carla da Silva Costa. – João Pessoa, 2019.

O espaço entre lei e prática: construção e ocupação do bairro Cidade Nova (1901-1929) / Gabriela Fernandes de Siqueira. – UFRN, 2020.

O nosso maestro: biografia de Waldemar de Almeida / Claudio Galvão. – Natal: EDUFRN, 2019.

Por uma “Cidade Nova”: apropriação e uso do solo urbano no terceiro bairro de Natal (1901-1929) / Gabriela Fernandes de Siqueira. – Natal, RN, 2014.

Reflexões Sobre história local e produção de material didático [recurso eletrônico] / Carmen Margarida Oliveira Alveal, José Evangelista Fagundes, Raimundo Nonato Araújo da Rocha (org.). – Natal: EDUFRN, 2017.

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