Avenida Deodoro da Fonseca
Nesta postagem faremos uma referência a uma das mais importantes e históricas da Cidade de Natal: Avenida Marechal Deodoro da Fonseca. Via centenária palco de grandes celebrações e testemunha das grandes transformações urbanas.
ORIGENS
No decorrer da década de 1900, a administração da capital deu prosseguimento à sua incessante busca para adequar a cidade aos “ares modernos”, pois, apesar das realizações já efetivadas, Natal ainda apresentava muito da estrutura de uma cidade do período colonial. A população mais abastada, por sua vez, passou a criticar os modelos de moradia das camadas mais carentes e a solicitar do poder público medidas urgentes acerca do considerado “problema estético” e higiênico dessas tipologias populares, que em sua concepção, deveriam se adequar aos seus preceitos e se conformar por cômodos espaçosos, arejados e bem iluminados (A REPÚBLICA, 06/01/1900, p.02).
Atendendo a esses anseios, a Resolução Municipal nº. 55, de 30.12.1901, criou a Cidade Nova, onde hoje assentam os bairros de Tirol e Petrópolis, mas o plano foi concluído três anos depois, superfície aproximada de 1.648.510 m², subdividida em sessenta quarteirões, planejada pelo arquiteto Antônio Polidrelli. Esse bairro seria traçado sobre uma grelha ortogonal inserida num plano de parcelamento e conformar-se-ia por quatro avenidas paralelas (Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Prudente de Morais e Campos Sales) cortadas por seis ruas perpendiculares (Seridó, Potengy, Trahiry, Mipibu, Mossoró e Assu) e duas praças denominadas Pedro Velho e Municipal (INTENDÊNCIA…, 04/01/1902, p.02). No entanto, esse plano não foi executado imediatamente por falta de recursos. Somente em 1904, durante o primeiro mandato do governador Alberto Maranhão (1900-1904), a “Cidade Nova” foi consolidada (CASCUDO, 1989).
Constituía-se de avenidas e ruas transversais; as avenidas com trinta metros de largura, todas em direção a 36 graus de S SO, as ruas com vinte: Avenida Deodoro da Fonseca com 955 m de extensão. Como as demais avenidas projetadas para este este bairro, recebeu nomes dos presidentes da República Velha. As demais também paralelas são com suas respectivas dimensões inicias são: Floriano Peixoto, com 945 m; Prudente de Morais, 1.261 m; Campos Sales, 1.261 m e Rodrigues Alves, 1.261m.
O plano foi reformulado pelo agrimensor italiano Antônio Polidrelli e se restringiu à concepção do bairro de Cidade Nova, concluído em meados da década de 1900, e passou a apresentar oito avenidas paralelas, cada qual com 30 metros de largura, e quatorze ruas perpendiculares, totalizando sessenta quarteirões dispostos em uma área de 164.85 hectares (A REPÚBLICA, 04/01/1902, p.02). O regulamento que regia a construção do terceiro bairro da capital previa a concepção de largas avenidas arborizadas e direcionadas aos ventos dominantes, e a edificação de moradias com afastamentos de até cinco metros, primando pela ventilação, iluminação e salubridade dos espaços públicos e privados
A Resolução n.85, publicada no jornal A República em 09 de outubro de 1903, denomina e delimita as ruas e avenidas do novo bairro Cidade Nova. O texto dessa Resolução já apresentava, no seu artigo 2º, avenidas designadas por números. Resolução n.85(…)
Art. 2º – As avenidas, a partir do poente nos limites da “Cidade Alta” e “Ribeira” denominar-se-ão: “Deodoro, Floriano”, “Prudente de Moraes”, que, a partir do angulo noroeste da “Praça Pedro Velho”, tomará o nome de “Alberto Maranhão”, “Campos Salles”, “Rodrigues Alves”, “Setima” e “Oitava” (grifo nosso); as ruas, a começar do Sul, nas extremas da area urbana, denominar-se-ão: “Ceará-mirim”, “Maxaranguape”, Apody”, “Jundiahy”, “Assù”, “Mipibú”, “Mossoró”, “Trahiry”, “Seridó”,“Golandim”, “Garatubá”, Santos Reis” e Dimas; e as praças “PedroVelho” e “Pio X” (…) (A REPUBLICA, Natal, 09 out.1903).
Em 1905, realizaram-se as obras de aterro e saneamento do Baldo, transformado em logradouro público. Essas obras possibilitaram a implantação de espaços de sociabilidade com a prática de esportes. O memorialista Jaime dos Guimarães Wanderley, no seu livro É tempo de recordar (1984), escreve a respeito de uma área de diversão, conhecida por Baldo:
O Baldo‖ era uma grande piscina, construída no rumo do Alecrim, em frente à atual Praça Carlos Gomes, na confluência da Avenida Rio Branco
com a Deodoro… Era ―O Baldo‖ local preferido para encontros e diversões da mocidade natalense, nas matinas semanais. E aos domingos, como era maior a afluência de banhistas, realizavam disputas de natação e saltos, que eram assistidos e aplaudidos por numerosos expectadores (WANDERLEY, 1984, p. 33.).
O projeto de intervenção no traçado urbano de Natal não se constituiu o único na região nordestina, durante a fase áurea do algodão. Vamos encontrá-lo também, em Fortaleza, Recife e outras capitais. Segundo SOUZA, com o aperfeiçoamento da cidade do Natal a partir do período republicano “começou a implantar e melhorar o seu equipamento urbano (e recebeu) no período de 1892/96, o impulso urbanístico do governo Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, que dotou a cidade de ruas largas e bem distribuídas entre a Avenida Deodoro da Fonseca e Hermes da Fonseca” (SOUZA Itamar de apud, Augusto Tavares de LIRA, Migrações para Natal, p. 21.)
A Avenida Deodoro da Fonseca foi a primeira via projetada paralela a Rio Branco (Antiga Rua Nova), portanto é natural que a partir desta via transcorresse todo esforço dos gestores públicos para urbanizar o espaço que seria o terceiro bairro de Natal.
Uma prática comum dos cidadãos abastados era a perfuração de poços com o fim de coletar a água do lençol aquífero das dunas locais. Em outubro de 1910 foi notificado no jornal “A República” que a “Companhia Nacional Brasileira Norte-Riograndense de Poços Tubulares” havia terminado a construção de dois poços na Cidade Nova, localizados ambos na Rua Marechal Deodoro. Segundo o articulista, as poderosas machinas que funccionavam n’esse trabalho perfuraram o primeiro poço até 121 pés, inclusive 49 pés d’agua. O segundo foi perfurado até 92 pés inclusive 52 d’agua. Logo que chegarem da Europa os moinhos e mais pertences esperados, os referidos poços começarão a funccionar (A Republica, 04 de outubro de 1910).
Em 1913, um apelo ao coronel Joaquim Manoel ajuda-nos a perceber que a convivência com moradores mais humildes não deve ter agradado
à elite local. Com tom de preocupação, o cidadão inicia sua argumentação contra a construção de casas populares na Avenida Deodoro:
Consta-nos que na Cidade Nova, na Avenida Deodoro, projecta-se fazer um grupo de pequenas casinhas de tijollo, para alugar por preços baratos, em terreno que pertenceu ao fallecido Raymundo Filgueira.
[…] Appellamos (…) para o illustre presidente da Intendencia Municipal, esperando que tome as necessarias providencias, não deixando que na Avenida Deodoro se levantem casebres que venham a afeiar aquelle movimentado trecho da linha electrica que conduz ao aprasivel Monte Petropolis (VARIAS. A REPUBLICA, Natal, 30 out. 1913.).
Em 1916, pessoas manifestaram sua insatisfação com ações de violência contra o patrimônio da empresa, as quais foram consideradas fruto de campanha contra E. T. F. e Luz de Natal, realizada através de inúmeras queixas que vinham sendo publicadas nos jornais locais. O incidente foi comentado em matéria d’A Republica:
Esta capital foi suprehendida, hotem pela manhã, com acto de selvageria, que suppunhamos, não teríamos mais o desprazer de registrar em um meio que se diz civilisado. Foi o facto que todas as lampadas de illuminação publica, desde a avenida Deodoro à Areia Preta, amanheceram quebradas e com os braços inutilizados, prejudicados de tal forma este serviço que, ainda hotem não pode ser restabelecido (VARIAS. A Republica, 23 out.1916).
Foi nas gestão do engenheiro Omar Grant O’Grady (1924-1930), último presidente da Intendência, primeiro prefeito da capital potiguar, que com mais dinheiro em caixa, a Intendência seguia novos rumos. É este o título de matéria publicada n’A Republica, que exalta as ações realizadas em poucos meses pela nova gestão da cidade. Após lançar uma série de elogios ao novo edil, o redator da matéria tratará de apontar as obras pelas quais a cidade vinha passando nos últimos oito meses.
Ahi estão os jardins publicos remodelados, recebendo os carinhos da administração cujo sentimento esthetico não se compadece com o espectaculo dos nossos graciosos logradouros abandonados; a renovação do empedramento de varias ruas; o calçamento da travessa Ulysses Caldas no trecho que vae da Avenida Rio Branco à Deodoro, serviço que irá dar um grande impulso ao desenvolvimento da Cidade Nova, alem de facilitar o trafego de vehiculos para aquelle bairro.
O impulso maior de seu progresso data, porém, de 1933; a partir de quando, na Interventoria Mário Câmara, sendo Prefeito da capital o engenheiro Miguel Bilro, não só se intensificou a pavimentação, a paralelepípedos, da cidade, como novas artérias foram abertas, entre as quais se destaca o prolongamento da avenida “Deodoro da Fonseca”.
Naquela época, esta capital tinha apenas 200 logradouros públicos entre os quais, na Cidade Alta, se encontravam 3 avenidas: uma, a “Rio Branco”, se estende até a Ribeira e outra, a “Deodoro”, até Petrópolis; 12 praças, 34 ruas, sendo que uma destas, a “Apodi”, vai até o bairro do Tirol, e outra a “Ocidental”, até à Cidade Baixa; 2 becos e 7 travessas.
QUEM DEODORO DA FONSECA?
Manuel Deodoro da Fonseca (Alagoas da Lagoa do Sul,[A cidade foi renomeada Marechal Deodoro em 1939, em sua homenagem] 5 de agosto de 1827 — Rio de Janeiro, 23 de agosto de 1892) foi um militar e político brasileiro, primeiro presidente do Brasil e uma das figuras centrais da Proclamação da República no país.
Após cursar artilharia na Escola Militar do Rio de Janeiro entre 1843 e 1847, participou de algumas campanhas militares durante o Império, dentre as quais se destacam a Revolução Praieira, o cerco de Montevidéu e a Guerra do Paraguai. Em 1885, tornou-se vice-presidente da província de São Pedro do Rio Grande do Sul; no ano seguinte, com a renúncia do então presidente Barão de Lucena, Deodoro torna-se presidente do Rio Grande. Devido ao seu envolvimento no que ficou conhecido como a Questão Militar — embates entre as forças armadas e o governo civil imperial, — retornou ao Rio de Janeiro. Nomeado para o comando militar da província de Mato Grosso em 1888, exonerou-se do cargo no ano seguinte, face à nomeação do último gabinete ministerial do Império, encabeçado pelo Presidente do Conselho de Ministros Visconde de Ouro Preto. Em meio a diversas crises que assolavam a monarquia brasileira, Deodoro liderou o golpe de Estado que depôs o Império e proclamou a república no país.
Com a mudança de sistema de governo, Deodoro assumiu o comando do país na qualidade de chefe do Governo Provisório da República. As primeiras mudanças de seu governo envolviam a criação do Código Penal Brasileiro, a reforma do Código Comercial do Brasil e medidas que oficializavam a separação da Igreja e o Estado, tais como a instituição do casamento civil e a laicização de cemitérios. No plano econômico, ocorreu a chamada crise do Encilhamento, caracterizada por uma grande bolha especulativa e inflação alta, devido às políticas econômicas de seu Ministro da Fazenda Ruy Barbosa. Em 1891, foi promulgada a primeira constituição republicana do país e Deodoro foi eleito presidente em sufrágio indireto. Seu governo constitucional foi marcado por forte tensão política entre suas tendências centralizadoras e as inclinações federalistas da sociedade civil e de parte dos militares, que levou à dissolução do Congresso Nacional. Sob a ameaça da Primeira Revolta da Armada, Deodoro renunciou à presidência em 23 de novembro de 1891. No ano seguinte, morreu no dia 23 de agosto, vítima de uma forte crise de dispneia.
LIGAÇÕES DE DEODORO COM NATAL
Na noite de 15 de novembro de 1889, foi constituído o Governo Provisório da República recém-proclamada, tendo como chefe o marechal Deodoro, com poderes ditatoriais. O ministério foi composto de republicanos históricos, como Campos Sales, Benjamin Constant e Quintino Bocaiuva, e de liberais da Monarquia que aderiram de primeira hora ao novo regime, como Ruy Barbosa e Floriano Peixoto.[26] Todo o ministério era membro da maçonaria brasileira. Deodoro foi o 13º Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, eleito em 19 de dezembro de 1889 e empossado em 24 de março de 1890.
As notas de jornal e o livro A maçonaria no Rio Grande do Norte nos mostram que as lojas a 21 de Março, fundada em 1867, a Filhos da Fé, nascida da primeira, em 1899, e a Evolução 2ª, criada em 1906, eram irmãs, realizando inclusive encontros em parceria. Esse livro, que conta a história do movimento maçônico no Estado, exaltando o poder da maçonaria na formação e manutenção da República no Rio Grande do Norte, nos ajuda a fazer um mapeamento mais preciso dos nomes ligados à Intendência que pertenceram a essa sociedade.
Neste sentido, é interessante citar o telegrama que os autores da obra dizem ter sido enviado por Deodoro da Fonseca a Angelo Roselli, Venerável da 21 de Março quando da proclamação da República, no qual o presidente provisório do Brasil, também maçom, agradece Roselli pelo apoio dado pela maçonaria do Rio Grande do Norte ao movimento republicano. SILVA, Josué; ESTEVAM, João; FAGUNDES, Emygdio. A Maçonaria no Rio Grande do Norte, p. 37.
RELAÇÃO COM O CAIS NA RIBEIRA
Na gestão do O coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura na Intendência de Natal, Tavares de Lyra, genro de Pedro Velho, foi homenageado, emprestando o nome à praça e Cais situados em frente à Rua do Comércio (atual Rua Chile), na Ribeira. O Diário do Natal, o então jornal de oposição, não perdeu a oportunidade de criticar a ação da Intendência. Em matéria intitulada Como elles são… afirmará que a iniciativa de mudança do nome do Cais, antes chamado Deodoro da Fonseca, foi de Pedro Velho (oligarca da família Alberto Maranhão).
Segundo o coronel Elias Souto, proprietário do Diário do Natal, a razão para a modificação era simples: Deodoro já havia dado o que podia, enchera de graças Pedro Velho e agora, morto, nada mais podia oferecerlhe. Mas nada espantava mais o chefe da oposição do que saber que uma praça da cidade receberia o nome daquele que presidia a Intendência. Esse Quincas Moura só podia ser mesmo um bom discípulo do Chefe, era o que sempre dizia o Diario.
São as marcas que esses homens deixavam no espaço, ou seja, nas transformações materiais que realizavam na cidade no período em que estiveram à frente da Intendência Municipal.
ANTIGA VILA PALATNICK
HOSPITAL VARELA SANTIGO
Em 1917, quando voltou de uma viagem à Europa, onde se especializou em pediatria, o Dr. Manuel Varela Santiago Sobrinho abriu uma das salas de sua casa, na Rua Conceição, no centro de nossa cidade para atendimento de crianças carentes, sem delas nada cobrar, nascendo daí, o IPAI – Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio Grande do Norte, que tem por data de fundação o dia 12 de Outubro.
Na época, foi criada uma “Associação” que reuniu pessoas da sociedade, amigas de Dr. Varela Santiago, se desenvolvendo a partir daí a condição de filantropia, onde sua natureza jurídica passou a ser denominada “sociedade civil de caráter assistencial filantrópica”.
Em 1936 com ajuda de pessoas da sociedade local e do Governo do Estado do RN no Governo Aluísio Alves, foi inaugurado a primeira Ala Hospitalar denominada Hospital Infantil Varela Santiago, situado à Av. Marechal Deodoro da Fonseca, 489, Cidade Alta, que se transformou em uma instituição hospitalar, tornando-se 100% SUS – Sistema Único de Saúde, para atender enquanto “Hospital Especializado em Pediatria” as crianças carentes de 0 a 14 anos vindas de todo estadas do RN e também de Estados vizinhos como Paraíba, Pernambuco e Ceará, por ser pioneiro no tratamento de doenças onco-hematológicas sob a coordenação de Dra. Maria Zélia Fernandes.
SEGUNDA GUARRA MUNDIAL
A guerra estava longe, mas o medo muito próximo, estava mesmo dentro de cada um. A população era treinada para situações de eventual ataque nazista, Angélica de Almeida Moura, ex-diretora dos colégios Padre Monte e Instituto Kennedy foi uma das jovens com treinamento especial como “Alertadora”.
As sirenes alarmavam nos treinamentos, os holofotes instalados na esquina da Avenida Deodoro com João Pessoa eram ligados e cruzavam o céu, cortando o escuro da noite, todas as casas fechavam rápido suas janelas. As poucas luzes que haviam eram apagadas e as pessoas em trânsito se deslocavam para posições de melhor proteção.
CASARÃO DA DEODORO COM A JOÃO PESSOA
Palacete estilo mourisco, situado na esquina da Av. Deodoro com a Rua João Pessoa. Foi construído pelo noivo da poetisa Palmyra Wanderley, Moisés Soares de Araújo, como ninho de amor. Ele faleceu em 1922, deixando-a inconsolável. O casarão de arquitetura clássica, que foi comprado em 1976 por Radir Pereira & Cia. (A Sertaneja) grupo empresarial do qual eu fazia parte, como sócio e diretor comercial e, em 1979 foi vendido à empresa Souto Engenharia, que construiu posteriormente o Edifício Cidade de Natal.
CASA DA MAÇÃ
Pouca gente sabe, natalense gosta do passado e muitos gostam de referir coisas com os nomes de antigos prédios e a Casa de Maçã é uma delas. Sabe aquele conjunto de lojas, na Avenida Deodoro da Fonseca, cruzando com a Rua João Pessoa, em frente à Catedral Metropolitana?
Então, lá havia uma casa enorme e funcionava um restaurante chamado “Casa da Maçã”. O local ficava perto do Cine Rio Grande, onde atualmente funciona uma igreja evangélica.
Era um restaurante com grades vermelhas e detalhes em verde no muro, que ficava lotado na hora do almoço. Muitos lanchavam lá após assistir um filminho no cinema. Hoje, o local fica uma galeria com um conjunto de lojas, porém as pessoas nunca vão esquecer que lá existia um restaurante.
CARNAVAL
No carnaval de 1958 as crianças se fantasiavam de índios, o corso já era na Avenida Deodoro e os blocos de elite apareciam como novidades. Lá, havia um cordão de isolamento e as famílias se sentavam nas cadeiras ao longo da calçada para assistirem a passagem dos blocos, dos papangus e dos carros de passeio com pequenas alegorias, que desfilavam solenemente ao som de marchinhas de carnaval. Era o tempo da tribo de índios Carijós, dos “Malabaristas do Samba”, muita lança perfume e dos blocos de elite como: “Jardim de Infância”, “Bacurinhas” e “Xamego”.
O engraçado é que entre final dos anos 1950 e início dos anos 1960 existiam dois Reis Momos em Natal: Paulo Maux era o oficial – gordo, bochechas rosadas e salientes, muito alegre – e havia um de protesto: Severino Galvão, mais magro, também alegre, mas abusado, boêmio e irreverente.
Era uma festa relativamente tranquila. Os foliões eram moderados e só abusavam na alegria do confete e da serpentina.
Nos anos 1960 e 1970, blocos de Elite como: Xafurdo, Puxa Saco, Jardineiras, Lords, Saca-Rolha, Lunik, Magnatas, Apaches, Nike Apaches, Samba-Ky, Simbora, Choppnicks, Ynrra, Anjos, Kafagestes, Bakulejo, Chefões, Ressaka, Alambike, Psyu, Kuxixo, Kalifas e Jardim de Infância fi zeram muito sucesso, envolvendo a juventude de classe média/alta da cidade.
ANTIGA PRAÇA PIO X
No início do século XX, alí era um matagal com o padre João Maria, pároco de Natal/RN, querendo edificar uma nova catedral. O tempo passou lento até que o Padre João Maria achou de construir a nova Catedral. Pelos idos do século XIX, por volta de 1895, homens, mulheres, meninos e jovens saiam da Igreja Matriz, caminhando por um terreno cheio de vegetação, até chegar à praia da Ponta do Morcego (Praia do Meio) e depois, na praia de Areia Preta.
Os peregrinos iam buscar pedras para a construção do novo templo. Esse caminhar foi até 1905, quando o Padre João Maria Cavalcante de Brito faleceu. Dai por diante, a nova Catedral que já estava com a sua construção bem avançada, foi esquecida.
Então, muitos anos após, a Prefeitura tomou o terreno e construiu no local a Praça Pio X. De qualquer jeito, a praça era pertencente à Catedral. Por isso teve o nome de Pio X.
Nessa praça, quente até demais, pois não tinha árvores por perto, aconteceram fatos misteriosos, como por exemplo o assassinato de um garçom, morto à bala. No meio da praça, em um restaurante ou peixaria que funcionava no local. A peixada era localizada numa espécie de “avião”, como se chamava o restaurante locado, com dois lados para subir e descer para o alto e mais dois espaços que eram como as asas de um avião.
Tudo isso ficava na parte alta do tal chamado “avião”. Moças, rapazes e meninos costumavam passear por entre as asas do fabuloso restaurante. Descendo dalí, as mocinhas, rapazes e meninos tomavam um calor que nem te conto. Para amenizar essa temperatura, os que passeavam no restaurante tomavam sorvetes. Era um meio de se livrar do mormaço. À noite, não era do mesmo jeito. Não havia por lá as crianças. Essas já estavam dormindo. Do lado direito da praça, um grande, monumental prédio abrigava o Cinema Rio Grande. Um majestoso cinema com os seus elegantes homens e mulheres que recebiam os bilhetes adquiridos no lado de dentro ou do fora, vestindo um traje de cor vermelha bem escura. Botões de metal completavam a indumentária.
Cidadãos que frequentavam a casa de espetáculo só tinha acesso ao cinema de fossem trajados de paletó e gravata. As damas, com mais suntuosos vestidos.
Os vendedores de pipocas, amendoins e de sorvetes, confeitos, balas e outros mais, ficavam à espera na calçada da praça Pio X. Ali, ainda não havia estacionamento de carro-de-praça – os chamados táxis de hoje. Luminárias eram feitas de forma exuberante e bela, com três lâmpadas em cada poste, todos eles feitos de ferro pintados de branco. Ao redor da praça havia quatro bancos onde se plantavam árvores de média estatura.
Bondes e ônibus passavam em frente à praça, pela Avenida Deodoro, naquele tempo já calçada com pedras como até hoje se faz em ruas periféricas da cidade. Era um tempo ameno a capital, com o pessoal sem precaução a assaltos por elementos marginais. Quando muito, ouvia-se falar dos famosos ladrões de galinhas que invadiam os quintais tarde da noite. Então, era um alvoroço de “pedra ladrão” e se chamava os guardas-noturnos para prender o larápio, Hoje, não tem mais esses guardas e a policia já está dormindo. Antigamente, era um guarda-noturno a cada cem metros por toda a cidade.
A Praça Pio X era um esmero, principalmente durante à noite, pois à tarde era aquele calor. Vivia-se em um clima de esmerado bom tempo, com as pessoas passeando pela cidade à procura de um local de vendas mais aclimatado. Com o decorrer do tempo, a Nova Catedral foi construída no mesmo local onde, tempos passados, já havia sido escolhido pelo Padre João Maria. A praça, foi apenas lembrança de um espaço que não volta mais.
O cartão-postal acima da Praça Pio X, construída no terreno onde o Padre João Maria Cavalcante de Brito iniciou a construção de uma catedral, onde hoje localiza-se a Catedral Metropolitana de Natal, no coração da cidade. Em primeiro plano o destaque para o cimento e o concreto que molduram a praça e espalham-se na capital, plano que também destaca o poste elétrico, um elemento chave na modernização de Natal. Visto que a iluminação pública elétrica é um símbolo de superação e inserção do progresso, já que os serviços de energia durante a primeira metade do século XX, foram restritos e passaram por grandes dificuldades, por marchas e contramarchas durante a sua consecução, principalmente o processo de instalação e manutenção da base material. O poste aponta para fora do seu espaço chamando atenção para as ruas asfaltadas e com discreto movimento de automóveis de uso coletivo, estabelecendo relação com as transformações no espaço urbano da cidade, nem sempre em sintonia com a realidade local.
A imagem esta levemente inclinada para o lado direito, o poste elétrico que recorta a imagem não evidencia a divisão do espaço, ao contrário, o objeto que ameniza a escuridão oferecendo através do engenho humano a luz, simboliza nesse cartão uma integração dos equipamentos urbanos. A estética alinhada, geometrizada e ordenada em acordo com uma lógica transplantada, afasta os transeuntes no horário diurno, visto que a temperatura local é elevada e não percebemos ao redor e nem no meio da praça árvores para amenizar a temperatura e permitir a sociabilidade que o espaço subentende.
EXTERNATO MAGALHÃES
Em 1916 já existia em Natal, o Externato Magalhães se localizava em uma residência à Avenida Deodoro, hoje demolida para dar continuidade à Rua General Osório (lateral do edifício da Secretaria de Saúde do Estado). O estabelecimento de educação pertencia a três irmãs, filhas do médico Afonso Magalhães, que as educou nos melhores colégios do Recife. Dona Áurea, a mais velha, era a diretora. Dona Marieta e Dona Júlia ensinavam no curso primário. As famílias dos alunos do Externato Magalhães gozavam de umas tantas vantagens. Quando alguém adoecia, procurava o Doutor Afonso, que nunca deixou de ter um estoque imenso dos frasquinhos numerados das pílulas de Humphreys (Homeopatia: geralmente tinham a forma de bolinhas brancas acondicionadas em pequenos frascos de vidro trazendo um número e a indicação da doença para que servia. Também conhecidos como “específicos”.).
Nesse tempo (em 1913) as mezinhas (Medicamentos populares ) curavam. Não se tinha muita necessidade de farmácias. As duas únicas que existiam serviam para encontros diversos, onde se discutia política e malhava-se a vida alheia. Para melhor conforto dos frequentadores, as boticas tinham bancos coloridos ao lado direito e esquerdo das paredes. O “ouvi dizer na farmácia”, “foi na botica que me disseram”, eram a imprensa falada que já naquele tempo surgia.
SÍTIO SÃO CRISTOVAM
A Avenida Deodoro era uma área de onde os sítios começavam a ser transformados em residências. Cussy de Almeida, Pai de Waldemar de Almeida, grande músico potiguar, com o dinheiro ganho na loteria, começou a comprar terrenos. O primeiro foi uma grande quadra cheia de fruteiras, cercada de arame farpado, tendo uma casa ao lado e um portão na esquina onde numa tabuleta se lia: “Sítio São Cristóvão”.
O Sítio São Cristóvão se localizava em toda a quadra que tem um dos ângulos na esquina da Avenida Deodoro com a Rua Potengi. O Sítio foi um “achado” para os irmãos mais moços, Clovis, Raymundo e Otávio.
Faziam parte do sítio um poço e a torre de um moinho que tinha caído. A grande caixa d’água ao lado tinha capacidade para mais de dez mil litros. O ex-dono fazia daquilo uma pequena fonte de renda. Não se pensava e tampouco se falava em saneamento. Nem todas as casas tinham instalação d’água.
Isso era ainda muito luxo. A época era do canequeiro. Este ia aos moinhos que dispunham de caixa d’água e, comprando por dois vinténs um caneco d’água, vendiam à freguesia por cem réis, que ninguém chamava assim: se dizia um tostão.
Logo na entrada do “Sítio São Cristóvão” havia dois lindos pés de manga. O maior de todos que dava uns frutos grandes, era “bacuri”, o que lhe seguia era “rosa” e o que ficava em frente da casa era “espada”.
Na prática, os seus proprietários eram Clovis, Raymundo e Otávio. No período de festas de Natal, Ano Novo, “Reis” e, sobretudo, na época de carnaval, os “proprietários” brigavam muito e trabalhavam ainda mais. Tinham compradores certos para o produto. A qualidade mais procurada era a manga rosa. Era também de maior cotação. Isso provocava uma luta surda entre os “donos” das mangueiras.
Waldemar de Almeida, ainda solteiro, morava na casa dos pais Cussy e Corintha, o Sitio São Cristóvão, que tinha frente para a Avenida Deodoro e lateral para a Rua Potengi (Avenida Deodoro: atualmente loja Spasso ambiente). Para a época, era um local muito distante do centro da cidade. Manifestava grande consideração para com seu tio e esposa, tanto que dera à sua primeira valsa, publicada em 1921, o título “Flor de Belém”.
Waldemar de Almeida o recepcionou e apresentou aos jornalistas da cidade, em sua casa, o Sítio São Cristóvão, a 22 de março de 1931. Barrios compareceu em companhia de seu irmão, poeta Francisco Barrios, e tocou ao ar livre para os convidados, em local improvisado em baixo das mangueiras, iluminado por um cordão de lâmpadas.
A 1º de maio de 1932 realizava-se o casamento de Waldemar de Almeida com Hylda Rosemary Wicks, (Hylda Rosemary Wicks (Tampico, México, 25/12/1912 – Recife, 10/08/1987) na matriz de Natal. Foram residir em um dos sobrados (o do lado esquerdo) de propriedade do pai, Cussy de Almeida, situado à Avenida Deodoro n. 358. Foi nesta residência que no dia 20 de fevereiro de 1934 nascia Hylza, a primeira filha do casal, (Hylza faleceu no Recife, a 17 de janeiro de 1993).
O eclodir da intentona comunista em novembro de 1935 trouxe preocupações e vexames para Waldemar de Almeida e família. Chefiando a Ação Integralista no Estado, tornava-se um elemento muito exposto a represálias pessoais. A casa em que residia na Avenida Deodoro foi alvo de uma agressão, tendo sido pichada a sua fachada e quebradas as vidraças. O movimento durou pouco tempo, o que decerto poupou Waldemar e seus companheiros de sofrerem maiores represálias.
Waldemar morava na Avenida Deodoro, bem perto da casa onde estava o Maestro: […] podemos sair a pé, dobrar a esquina da Deodoro, passar pela Praça Pedro Velho e entrar numa casa da Seridó onde um dos maiores regentes de orquestra do mundo aguardava o transporte para continuar o voo para Buenos Aires. O Maestro já havia feito um passeio pela cidade e visto as suas praias. O pianista natalense, sempre apaixonado pela sua cidade, revelou, com uma ponta de orgulho: E nós que jamais pensamos que aquele homem um dia pudesse falar de Areia Preta, Praia do Meio e rio Potengi, ouvimos com ciúmes que ele tinha ficado encantado com esses retratos, que nós, um dia, lá longe, nos lembrando deles e vendo o Spree (O rio Spree nasce perto da fronteira tcheca, tem 400 km de comprimento, dentre estes 182 km navegáveis, atravessando a cidade de Berlim. Era mesmo preciso muito bairrismo de Waldemar para compará-lo ao Potengi), gritamos para dentro de nós: Se este rio visse o Potengi ficava seco de despeito (ALMEIDA, Waldemar. “Meia hora com Furtwängler em Natal”. A República, 4 de maio de 1948.)
A 29 de outubro de 1941 nascia o quarto filho do casal, Clovis de Almeida Sobrinho (Dedicando-se incialmente ao piano, Clovis de Almeida Sobrinho optou posteriormente pela Medicina.). A 16 de novembro de 1945 nascia o quinto e último dos filhos de Waldemar e Hylda: o nome de Ana Corintha era uma homenagem à avó paterna. A família já residia na casa de n. 432 da Avenida Deodoro.
PRÉDIO DO INSS
O prédio de 13 andares, de propriedade do INSS, teve sua construção concluída no ano de 1970, na gestão do ministro da Previdência Social, Júlio Barata. Com a reforma geral da saúde pública no Brasil e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), as Secretarias Estaduais de Saúde passaram a ser responsáveis por todo o atendimento em saúde, o que exigiu uma maior estruturação em suas redes físicas.
Com isso, no ano de 1987, a Sesap passou a ocupar o prédio do antigo INAMPS/RN, na época o maior prédio da capital potiguar, transferindo, assim, suas atividades da Avenida Junqueira Aires para a nova Sede, na Avenida Deodoro da Fonseca, no bairro Cidade Alta.
O prédio da avenida Deodoro da Fonseca, onde a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) funciona há 25 anos, foi transferido oficialmente em 2012. O prédio pertencia ao INSS e foi adquirido pelo Estado pelo valor de R$ 6,156 milhões.
Entre as autoridades estavam o então ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, a governadora Rosalba Ciarlini, o secretário de Saúde do Estado, Domício Arruda, o Presidente do INSS, Mauro Luciano Hauschilt, o Superintendente Regional do INSS para o Nordeste, João Maria Lopes, e José Anchieta Pereira Pinto, Superintendente Regional do INPS no período de construção do prédio.
ANTIGA SEDE DA AABB
Coronel José Mariano Pinto (Natal, 1874-1938), Jornalista e empresário, gerente do órgão oficial do governo A República. Era um cidadão muito conceituado na sociedade. Convivia diariamente com os expoentes da política e da administração estadual. Morava na melhor casa da Avenida Deodoro. Denominava-se “Vila Vina” (homenagem à sua esposa Ludovina) e foi, por muito tempo, sede da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil). Demolida, tem um edifício em seu lugar. A rua que fica na sua lateral tem o nome de José Pinto.
Tinha muitas fruteiras e dispunha de um grande terreno que ia até a outra rua dos fundos, que se chamava Rua do Cajueiro (Segundo a indicação, a rua seria a Felipe Camarão)
COLÉGIO MARISTA
Criado em 1903, o Colégio Santo Antônio, assim denominado por ter funcionado inicialmente no convento do mesmo nome, foi fundado pelos padres seculares, Moisés Coelho e Alfredo Pegado. Foi um dos primeiros educandários dedicados à educação da juventude masculina natalense.
Em 1930 após a Irmandade Marista assumirem a direção, o Colégio passa a se chamar de Diocesano Marista, passando a funcionar em regime de internato e externato.
Nos anos 1931 e 1932, procurou-se um terreno adequado às necessidades do Colégio. No dia 14 de outubro de 1932, foi adquirido o atual terreno no cruzamento das ruas Apodi e Deodoro, local esse fora da cidade, pois o espaço entre o Alecrim e a nova Catedral, à época em construção, era quase deserto. A construção do novo prédio foi iniciada em 1936, sendo concluída em 1939.
COLÉGIO IMACULADA CONCEIÇÃO
O Colégio Imaculada Conceição-CIC foi o primeiro colégio católico feminino de Natal, tendo sido confiada sua direção as irmãs de Santa Dorotéia tendo sido criado em 1902 pelo bispo da Paraíba, Dom Adauto Henriques de Miranda. A principio as irmãs Dorotéias se instalaram numa casa que ficava no local onde atualmente se localiza o Campus Cidade Alta do IFRN na avenida Rio Branco.
Cerca de 3 anos nessa primitiva residência, trabalhando na educação da mocidade feminina. A crônica jornalística registrava que davam as irmãs Dorotéias aulas, então de guarda-chuva aberto, tantas eram as goteiras que o telhado oferecia. Mais tarde adquiriram, por compra, ao dr. Santos um terreno com casa em prelo, depois concluída e ampliada, na avenida Deodoro, 544, no centro da capital potiguar.
Todo o Rio Grande do Norte conhecia e admirava o esforço continuo e bem orientado das irmãs Dorotéias. Milhares de alunos foram educados pelo CIC vindos de todos os municípios do Estado. Ter sido educada pelo Colégio Imaculada Conceição passou a ser um titulo de valor inestimável para as jovens do Rio Grande do Norte.
Em 1938 conforme indicava o jornal A Ordem a construção do novo e majestoso prédio do CIC já estava muito adiantada. Naquele ano foi promovida pelas ex alunas do citado educandário uma festa em beneficio da conclusão da obra. (A ORDEM, 04/11/1938, p.4).
Naquele ano de 1939 ainda faltava concluir as salas de aula, o laboratório de Física e Química, o Museu, a Galeria de pianos, áreas cobertas para recreio e um confortável e artístico são para festas. As obras do novo edifício do CIC só foram concluídas em 1942.A construção do novo prédio do CIC foi orçada em 600 contos, já tendo sido gasto, até aquele momento, 860 contos.
nova capela só foi inaugurada em 1952 e conforme o jornal A Ordem era um templo bastante amplo, sólido, elegante, que vinha substituir a antiga capelinha da Imaculada Conceição As irmãs Doroteias superaram todas as dificuldades, naqueles tempos duros, conseguiram realizar o milagre e ali estava a Rua Ulisses Caldas e a cidade de Natal com mais um templo magnífico.
O segundo momento acontece a partir da abertura de matriculas em 1972, para o público masculino, no caso irmãos das alunas do colégio. Tendo sido também a primeira escola religiosa, da cidade do Natal, a permitir a matricula de uma aluna casada.
O Colégio Imaculada Conceição de Natal encerrou suas atividades em 2012 quando já contava 112 anos de história, em 2015, a sede do CIC foi comprada pela UNIFACEX, que após uma reforma procurou deixar a estrutura original do CIC.
RACHAS
Racha de Simca Chambord na Esquina da Deodoro entrando na Apodi – esquina do colégio Marista. Galego Célio e Rubens Barros no pega. Nem a STTU pegava nos dias de hoje…rs
O percurso era o seguinte: vinham pela Deodoro e entravam na Apodi a esquerda para em seguida ir a Prudente a Esquerda novamente, passavam na Praça Pedro Velho e a esquerda para DEODORO. A esquina cheia de gente é a casa de Dr.Aderson Dutra, onde hj, é a loja de Tião Godeiro que vende Ventiladores. Esse Fotógrafo, estava posicionado em frente ao Marista na Esquina.
RÁDIO EDUCADORA DE NATAL
No dia 30 de novembro de 1941, a cidade de Natal inaugurava a sua primeira estação de rádio, a Rádio Educadora de Natal. O constante trabalho de preparação – construção da sede, montagem dos transmissores e, sobretudo, a preparação do pessoal, o cast, com se dizia na época – era, afinal, recompensado com uma vitoriosa realidade.
Na parte artística há a se destacar a grande difusão da música, especialmente a música popular, através dos programas com discos gravados por intérpretes de fora. Um destaque especial para as atividades de seleção e emprego do pessoal artístico local, músicos de orquestra, de conjuntos regionais e cantores. Não se pode deixar de ressaltar o destaque que havia para a música erudita, através de programas especiais, tanto através de gravações como por apresentações ao vivo. Como exemplo poderia ser citada a orquestra da emissora que, inicialmente sob a regência do pianista Maurilo Lira, congregava os melhores músicos populares e eruditos da cidade.
ANTIGA RESIDÊNCIA NA AVENIDA DEODORO
Construída em 1916, para servir de residência da família do comerciante Irineu Pinheiro. Segundo a pesquisadora Nesi (1994), esta edificação simboliza o estilo arquitetônico eclético em Natal. Em seus traços encontramos elementos do neoclássico e da art-nouveau. Localizada no nº 479, faz parte do Patrimônio Histórico Estadual, desde 30 de agosto de 1989, pela Fundação José Augusto.
Em 1920, os amigos do governador Joaquim Ferreira Chaves compraram a residência e lhe deram de presente. Com o falecimento de Ferreira Chaves em 1937, a casa ficou para seu filho José Barreto Ferreira Chaves, que por sua vez repassou o imóvel ao médico Varela Santiago, que alugava a casa.
Em 1977, com o falecimento do médico, a casa ficou para sua esposa Maria de Lourdes Lamartine que viu seu prédio ser tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado no dia 30 de Agosto de 1989. Com a morte de Lourdes Lamartine Varela, o prédio foi doado ao Hospital Infantil Varela Santiago que o colocou a venda em 2004.
Durante um tempo lá funcionou a Natal Placas. Sabe-se que foi uma imobiliária que comprou o imóvel e pretende montar ali um espaço cultural.
Recentemente vendida pelo Hospital Infantil Varela Santiago, está sendo restaurada. Hoje é lugar de memória da cidade de Câmara Cascudo.
ANTIGO CINEMA RIO GRANDE
Inaugurado em 11 de fevereiro de 1949, construção moderna, resultado da idealização dos sócios, Otacílio Maia, Rui Moreira Paiva, Raul Ramalho e João Mascena. Nascia, então, uma casa sintonizada com os novos tempos. O antigo Cinema Rio Grande na sua origem também funcionou com serviços de sorveteria, bar, bomboniére e nigth-club, como informa o pesquisador Fernandes (2007).
Por mais de 40 anos, o Rio Grande, foi ponto obrigatório de encontro dos amantes da Sétima Arte. Várias gerações de natalenses se formaram nas sessões do antigo Cinema Rio Grande.
Segundo o pesquisador Fernandes (2007), além de cinema, no início, o Rio Grande teve serviços de sorveteria, bar, bomboniêre e night-club. Várias gerações de natalenses se formaram nas sessões do antigo Cinema Rio Grande.
Hoje, fechado o cinema, o prédio localizado na Avenida Deodoro abria uma igreja evangélica. Fazendo parte da história da cidade de Natal. Esta construção é um lugar de memória.
A FOTOGRAFIA DE JOSÉ SEABRA
Na década de 50 registrar ou ter uma foto ainda era coisas para poucos. Nesta época um ponto de interesse era a Foto de José Seabra localizado na Avenida Deodoro. Era lá que tirava as 3×4 para carteira de estudante e fotos de família. Seabra, juntamente com Jaeci Galvão, Germano e Rodrigues, eram os fotógrafos mais conhecidos da cidade. Seabra chegou a produzir, em 1955, um filme denominado “Amor Mascarado” com artistas locais e rodado em Natal.
EDIFÍCIO SALMAR
Já nos anos 1960, um instante que impressionou a todos que moravam na Cidade Alta foi o incêndio ocorrido no Edifício Salmar, o primeiro prédio residencial de Natal, localizado na Avenida Deodoro. Na época ainda estava em construção. A fumaça e o aquecimento alcançavam toda redondeza entre as ruas José de Alencar, Deodoro e Apodi.
O Padre Eymard cancelou as aulas do Ginásio São Luís e as crianças ficaram aguardando que os pais viessem apanhá-los, muitas choravam sem entender o que estava acontecendo. Era grande o movimento de bombeiros e de curiosos.
MUDANÇAS QUE APAGAM MEMÓRIAS
Muitos casarões espalhados na cidade contam a história de como foi uma cidade. No entanto, alguns foram destruídos por diversos motivos, desde especulação mobiliária até a construção de comércios mais modernos ou estacionamentos privativos. Aqui em Natal não foi diferente, muitas casas localizadas em Petrópolis e no Centro também tiveram o mesmo destino.
FONTES:
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A eletricidade chega à cidade: inovação técnica e a vida urbana em Natal (1911-1940) / Alenuska Kelly Guimarães Andrade. – 2009.
A MODERNIZAÇÃO DA CIDADE DO NATAL: O AFORMOSEAMENTO DO BAIRRO DA RIBEIRA (1899-1920) / LÍDIA MAIA NETA / NATAL/Dez/2000.
Além das xícaras: a construção do Café São Luiz como lugar de memória em Natal (1950-1980)/ Augusto Bernardino de Medeiros – Natal, RN, 2013
Anuário Natal 2007 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2008.
Cantos de bar: sociabilidades e boemia na cidade de Natal (1946-1960) /Viltany Oliveira Freitas. – 2013.
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Centelhas de uma cidade turística nos cartões-postais de Jaeci Galvão (1940-1980) / Sylvana Kelly Marques da Silva. – Natal, RN, 2013.
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Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.
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Memória minha comunidade: Alecrim / Carmen M. O. Alveal, Raimundo P. A. Arrais, Luciano F. D. Capistrano, Gabriela F. de Siqueira, Gustavo G. de L. Silva e Thaiany S. Silva – Natal: SEMURB, 2011.
Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/ Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.
Natal ontem e hoje / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal (RN): Departamento de Informação Pesquisa e Estatística, 2006.
Natal, outra cidade! [recurso eletrônico] : o papel da Intendência Municipal no desenvolvimento de uma nova ordem urbana na cidade de Natal (1904-1929) / Renato Marinho Brandão Santos. – Natal, RN : EDUFRN, 2018.
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O nosso maestro: biografia de Waldemar de Almeida / Claudio Galvão. – Natal: EDUFRN, 2019.
Onde Estas Três Casas Ficam No Centro Da Cidade? – Brachando – https://brechando.com/2015/12/09/onde-ficam-estas-casas/ – Acesso em 19/05/2022.
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