Natal pré-histórica
A ocupação de Natal ocorreu muito antes da chegada, em solo Potiguar, do homem europeu. Aqui entre o mar, as dunas e o Potengi, a presença humana remonta há aproximadamente 3.000 anos. Homens e mulheres, originários das mais diversas regiões do Brasil e do interior do Rio Grande do Norte, pré-históricos, buscando no litoral vencer a luta cotidiana pela sobrevivência.
Caçador-coletores, grupos humanos de nossa “pré-história”, viviam olhando para a beleza das praias, sem imaginar que do mar chegariam estranhos, sedentos por riquezas e poder. Como afirmou o arqueólogo Medeiros (2008, p. 77-78) é preciso ver a cidade:
[…] com seus modernos edifícios, seus carrões, seus problemas, mas também enxergar
a história da ocupação de seu espaço desde a Pré-história, os encontros e desencontros
acontecidos entre europeus, índios e negros que edificaram a cidade que se nos
descortina.
A expansão marítima européia, ocorrida no século XVI, marca de forma definitiva o encontro de dois mundos diferentes, culturas milenares com saberes e fazeres próprios de suas sociedades. A terra brasilis é palco deste encontro. Os Portugueses chegaram em 1500 e em 1501, chantaram um Marco oficializando seu domínio. O local, deste primeiro símbolo de posse, foi o litoral norte-riograndense, na hoje praia do Marco, no município de Touros. Estava iniciada a colonização portuguesa, no “Novo Mundo”.
A conquista do território brasileiro pelos portugueses entrou em uma nova fase quando ocorreu a União Ibérica. Período em que o rei da Espanha, D. Filipe II, assumiu o poder do império lusitano, encerrando a disputa pelo trono de Portugal ocorrida após a morte de D. Sebastião (1578). Ao assumir o poder da Península Ibérica unificada, D. Filipe II adota medidas que objetivam garantir a integridade da América Portuguesa. Neste sentido é editada uma Carta Régia, determinando a conquista da Capitania do Rio Grande. Nesta época, as terras potiguares sofriam uma constante presença francesa, fato, este, gerador de preocupação por parte da Coroa Ibérica. Conforme o
historiador Trindade (2007, p. 35):
O Governador Geral Francisco de Sousa (1591-1602) recebeu a incumbência de expulsar
os franceses e apaziguar os índios. Para consolidar a conquista, deveria ser construída
uma fortaleza. Para cumprir a missão foram escolhidos, por Carta Régia de 15 de março
de 1597, o fidalgo português Manuel de Mascarenhas Homem, Capitão-mor de
Pernambuco e Feliciano Coelho, Capitão-mor da Paraíba, auxiliados pelos irmãos João e
Jerônimo de Albuquerque, sobrinho de Duarte Coelho, primeiro donatário da Capitania de
Pernambuco.
A marcha da conquista era irreversível, a ocupação da Capitania do Rio Grande representava a materialização do processo colonizatório português. Iniciava, então, a construção da máquina de moer gente (RIBEIRO, 1995). Os Potiguara, habitantes das margens do Potengi, distinguiram objetivos diferentes, entre os franceses que aqui aportavam e os lusitanos vindos das Capitanias de Pernambuco e Paraíba. Segundo Monteiro (2000, p. 31):
Os indígenas locais com certeza percebiam que, ao contrário da relação periódica e
transitória que caracterizava seu contato com os brancos no escambo de pau-brasil, a
instalação de europeus em suas terras significava uma ameaça concreta, que se
confirmou com o tempo. O início da colonização correspondeu, assim, ao início da própria
resistência indígena.
Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.
Legenda: Aldeia Camarão / Aldeia Antônia – João Teixeira Albernaz