Padre Miguelinho
O grande norte-rio-grandense envolvido na Revolução Pernambucana de 1817 não foi André de Albuquerque, e sim Padre Miguelinho, nascido Miguel Joaquim de Almeida Castro, no dia 17 de setembro de 1768. Outros afirmam que nasceu em 17 de novembro do mesmo ano. Aqui no Rio Grande do Norte teve apenas a educação primária, seguindo, aos dezesseis anos, para Recife, onde entrou na ordem dos carmelitas, professando, “a 4 de novembro de 1784, com o nome de Frei Miguel de São Bonifácio, donde lhe veio o apelido de Frei Miguelinho ou Padre Miguelinho”.
Professor de retórica no Seminário de Olinda, secretário do Governo Provisório da Revolução de 1817, em Pernambuco. Preso, pela contra – revolução, foi condenado à morte cruel, sendo arcabuzado no Campo do Pólvora em Salvador, no dia 12/06/1817 (MELO, 1976).
Frei Miguelinho (Miguel Joaquim de Almeida Castro) era filho de Manoel Pinto de Castro, natural do Bispado de Penafiel (um dos testamenteiros de Dona Maria da Conceição) e de Francisca Antonia Teixeira, neto pela parte materna de Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Bonifácia Antonia de Mello. Portanto Miguelinho era bisneto de Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Maria da Conceição de Barros.
Um curiosidade: Nísia Floresta (Dionísia Gonçalves Pinto), por sua vez, era filha de Dionísio Gonçalves Pinto e Antonia Clara, neta materna de Bento Freire de Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra. Mônica era filha de Mônica Borges da Rocha Bezerra e de Leonardo Pinheiro (Coelho). Portanto, Nísia era trineta de Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Maria da Conceição de Barros. Essa Mônica Borges era filha de Julião Borges e Mônica da Rocha Bezerra. Há registro sobre Julião e Mônica, como padrinhos, em 1705.
As professoras e escritoras Isabel Gondim e Nísia Floresta nasceram em Papari (hoje Município de Nísia Floresta). Frei Miguelinho nasceu em Natal. A localidade de Olho d’Água de Onça em Pernambuco teve seu nome alterado e hoje é o município de Frei Miguelinho.
Não se sabe se o padre Miguelinho teve ingerência “direta no movimento revolucionário em Natal”, pois os documentos conhecidos “a ele não se referem”, e nenhum membro de sua família teve participação na revolução (DANTAS, 2001, p. 53-54). Para Cascudo (1973, p. 115), a “ação religiosa, política e intelectual” do padre Miguelinho ocorreu inteiramente em Pernambuco, para onde ele se mudou junto com os irmãos Inácio, Joaquim e Clara.
Não há mais notícias, diz o grande mestre potiguar, de passagem sua pela Rio Grande do Norte. “Toda sua existência está ligada aos acontecimentos de Olinda e Recife” (CASCUDO, 1973, p. 140). E completa Cascudo, dizendo que o padre nascido em Natal “esqueceu as Constituições Papais e no âmbito dos ‘pedreiros livres’ encontrava clima ao sonho da autonomia brasileira. (….) Quando rebentou, março de 1817, a revolução, Miguelinho estava com 49 anos e conscientemente figurou nos movimentos que se tornaram históricos” (1973, p. 143).
O Nordeste foi, em 1817, novamente convulsionado. Uma vez mais aflorou a percepção da consciência nacional e da unidade nacional. Pernambuco ocupava uma posição dominante em relação aos seus vizinhos – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Os cinco eram áreas articuladas através do pólo econômico mais dinâmico, subordinando-se aos estímulos e aos movimentos conjunturais que partiam do porto de Recife, para onde convergiam os principais produtos (açúcar, algodão, pau-brasil, etc) da região Nordeste.
As dificuldades econômicas no Nordeste serviram de pretexto para a eclosão de um movimento liberal, que tinha como um dos objetivos a proclamação da independência do Brasil. Ideologicamente, segundo Lopez (1993, p. 24), a fermentação revolucionária nordestina exprimia “as múltiplas contradições que agitavam a base social”, visto que a elite econômica e política, contrária ao sistema monopolista e ansiosa por ter mais autonomia administrativa, “se inclinava para um republicanismo federalista do tipo norte-americano”, enquanto as camadas sociais mais baixas “oscilava entre um jacobinismo democrático e uma revolução radical do tipo haitiano”.
O antilusitanismo fornecia a massa que unia essa “heterogênea composição social dos descontentes do Nordeste brasileiro da época”. O centro irradiador da conjuração, como não poderia deixar de ser, foi Pernambuco. E sendo Pernambuco o principal pólo econômico, político e administrativo do Nordeste, a insurreição rapidamente se espalhou pelas capitanias vizinhas, inaugurando um ciclo revolucionário no Nordeste (1817, 1824 e 1848).
Do movimento revolucionário de 1817 participaram padres, comerciantes, proprietários de terras e intelectuais. Os revoltosos, liderados pelo capitão José Barros de Lima, os padres José Inácio de Abreu e Lima (padre Roma), João Ribeiro e Miguelinho, além de Domingos José Martins e José Luís Mendonça, expulsaram o governador, tomaram o poder em Pernambuco, enviaram emissários às capitanias do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia e a Londres, Washington e Buenos Aires, buscando obter reconhecimento para a nova república. Foi elaborada uma Lei Orgânica,
base para formulação de uma Constituição. Essa Lei Orgânica garantia liberdade religiosa e de pensamento, adoção de uma República, abolição de vários impostos e manutenção da escravidão.
Em Pernambuco, o papel dele foi proeminente, tendo sido secretário do governo revolucionário e “um dos mais dedicados servidores, redigindo as ‘proclamações patrióticas’ (….), inalterável em sua coragem tranqüila, na primeira fila dos responsáveis” (CASCUDO, 1973, p. 143). Depois de derrotado o movimento, em Pernambuco, padre Miguelinho, autodeclarando-se morto, juntou-se a uma irmã, D. Clara, com quem tratou “de salvar o maior número possível dos seus concidadãos implicados no movimento revolucionário”, queimando, em sua casa na cidade de Olinda
todos os documentos e papeis que existiam na sala sobre a revolução e que podiam complicar a sorte dos seus compatriotas.
Findo esse serviço de abnegação patriótica, os dois irmãos passaram o resto da noite em ternos e afetuosos preparativos para receberem os algozes. Preso na manhã do dia seguinte, foi Miguelinho encafuado no porão do brigue Carrasco, no qual, com outros companheiros, seguiu para a Baía, onde o aguardava a sanha feroz do conde dos Arcos (DANTAS, 2001, p. 64-65).
O julgamento e o martírio socrático do padre Miguelinho é um libelo contra toda e qualquer forma de despotismo revestido de ação legítima do Estado. Deveria constar em todos os livros e compêndios que denunciam o autoritarismo. E também nos que registram a obediência às leis, enfrentando o Tribunal de forma impassível, sem negar sua participação no movimento, sem expor “uma só dirimente”, como reconheceu anos depois o Presidente do Tribunal, D. Marcos Noronha, o Conde dos Arcos, em conversa com frei Antônio de São José Bastos (CASCUDO, 1973, p. 144-
145). Vale a pena conferir a postura serena, humilde, correta e, ao mesmo tempo, desafiadora dele, exposta por Enélio Petrovich no prefácio da obra de Raimundo Nonato (1971), diante do conde dos Arcos, presidente da comissão militar que o julgava:
O Conde dos Arcos, surpreso pela conduta impávida do herói indaga-lhe: “Padre, não cuide que somos alguns bárbaros e selvagens que somente respiramos sangue e vingança. Fale, diga alguma coisa em sua defesa”.
O silêncio foi a resposta. E prosseguiu: “O padre não tem inimigos? Não seria possível que eles lhe falsificassem a firma e com ela subscrevessem todos ou parte dos papéis que estão presentes”.
E pela primeira vez ouve-se a palavra de Miguelinho, que a História tão bem registra: “Não, Senhor, não são contrafeitas. As minhas firmas nesses papéis são todas autênticas. Por sinal, em um deles, o ‘o’ de Castro ficou metade por acabar, porque faltou papel”.
Foi, então, lavrada a sentença irrecorrível. Inapelável. No mesmo instante, também marcado para o sacrifício extremo, o companheiro José Luiz de Mendonça esbravejava com a decisão condenatória.
Ai, Miguelinho fala (…): “Querido amigo, façamos e digamos unicamente aquilo para que temos tempo”. Ajoelhou-se diante do crucifixo e rezou, com lágrimas, o salmo MISERE MEI DEUS.
Francisco das Chagas Souza Pinto (apud NONATO, 1971, p. 15) escreve sobre a execução do padre Miguelinho: “Revestido de alva, corda ao pescoço, algemado, pés descalços, cabeça descoberta, no meio de uma escolta de soldados, caminhou com a tranqüilidade de um inocente e de um invicto mártir ao Campo da Pólvora, onde, com dois companheiros, foi arcabuzado. Apenas expirou, e a soldadesca homicida ae sanguinária entrou em vivas do estilo ao Rei, em nome de quem assassinavam!”.
Para Tavares de Lyra, quando feita a restauração, em 25 de abril, começou a reação, a caça às bruxas, tíbia se comparada aos “tristes precedentes de que foi teatro Pernambuco”. Muitos foram presos e tiveram os seus bens confiscados, mas “nenhum sofreu a pena de morte, em que todos
haviam incorrido pelo crime de lesa-majestade”. Ademais, há na “linguagem em que são redigidas as informações oficiais” um esforço para “inocentar os companheiros de André de Albuquerque, fazendo recair sobre este, que já não existia, a culpa e as responsabilidades do movimento revolucionário”. Alguns foram absolvidos e muitos entre eles vieram a ocupar cargos importantes no governo de José Inácio Borges, fato que certamente representará um desafio aos historiadores que se debruçarem sobre esse importante evento histórico da vida política brasileira e norte-riograndense (1972, p. 30). Monteiro (2000, p. 109) confirma conclusão de Tavares de Lyra, dizendo que as penas aplicadas aos que aqui aderiram à Revolução foram brandas; o Estado português não aplicou a pena de morte ou de degredo a nenhum deles, diferentemente do que ocorreu em outras localidades, onde doze “são condenados à morte”, só desaparecendo a repressão em 1818, “quando D. João VI foi aclamado rei e é determinado o fim das prisões e julgamentos” (IGLESIAS, 1993, p. 102). Três dos mais importantes líderes foram mortos em Salvador: padre Miguelinho, Domingos José Martins e José Luís de Mendonça; o padre João Ribeiro, talvez o maior líder daquele movimento, suicidou-se. Diz Tavares de Lyra (apud CASCUDO, 1984):
Reassumindo o governo após a contra-revolução de 1817, José Inácio Borges não tomou pessoalmente a iniciativa de quaisquer atos de perseguição e de vingança. Limitou-se a cumprir as ordens que recebia e isto mesmo suavizando quanto possível a ação de sua autoridade. Fez-se, e não era lícita impedir, a prisão de muitos e o confisco dos bens de alguns dos rebeldes; mas nenhum sofreu a pena de morte em que diversos estavam incursos pelo crime de lesamajestade, devendo-se esse resultado, em grande parte, à demora na remessa dos presos para o Recife e às informações oficiais que prestou, das quais se infere o esforço e o vivo desejo de inocentar grande número dos implicados na rebelião, fazendo recair sobre André de Albuquerque, que já não existia, a principal responsabilidade dela (apud CASCUDO, 1984, p. 141).
A Junta Governativa Pernambucana de 1821 tinha entre seus membros: Gervásio Pires Ferreira, presidente, Felipe Nery Ferreira, filho de Domingos Affonso Ferreira, Bento José da Costa, genro de Domingos Ferreira. Além disso, o Secretário era o Padre Laurentino Antonio Moreira de Carvalho que deveria ter algum parentesco com Domingos Affonso Ferreira, cunhado ou filho. A esposa de Domingos Affonso Ferreira, Dona Maria Theodora Moreira de Carvalho, era filha de Laurentino Antonio Moreira de Carvalho e Anna Maria de Lima. Boa parte dos membros dessa Junta participou da Revolução de 1817, mas sobreviveu, diferentemente de Frei Miguelinho e de Domingos José Martins, genro de Bento José da Costa.
A persistência de velhos conflitos de natureza econômica e social na região nordestina demonstra claramente que as transformações produzidas pela presença da Corte no Brasil não foram suficientes para represar as demandas da sociedade. Tampouco foram implementadas medidas administrativas que tornassem mais eficazes as relações entre as diversas regiões que compunham o território brasileiro. Também estavam desgastadas as relações entre as elites regionais e o poder central. O resultado era a aumento das tensões que, não poucas vezes, degeneravam em conflito aberto.
CERTIDÃO DE BATISMO DE PADRE MIGUELINHO
Juntamente com outros elementos, como o esforço empreendido pela instituição para encontrar a casa de Miguelinho e os eventos de 1906 que culminaram com a inauguração de uma lápide comemorativa no presumido lugar onde este teria nascido, na rua que a partir daquela ocasião também ganhou o seu nome, a certidão é mais um objeto (que carrega o peso do “documento”) que integra uma rede de relações que constituem a ligação de Miguelinho, herói da Revolução de 1817, em Pernambuco, com a terra norte-rio-grandense – elemento fundamental para a construção dessa memória republicana.
Uma cópia desse documento, com sua respectiva transcrição paleográfica, ainda vai integrar, com outros objetos, um pequeno relicário, cujo local de objeto principal será ocupado pela estola que teria pertencido a Frei Miguelinho.
Uma cópia desse documento, com sua respectiva transcrição paleográfica, ainda vai integrar, com outros objetos, um pequeno relicário, cujo local de objeto principal será ocupado pela estola que teria pertencido a Frei Miguelinho.
“Miguel filho legítimo de Capitam Manoel Pinto de Crasto, natural de Sam Verissimo de Valbon, Bispado do Porto, e de Francisca Antonia Teixeira natural desta cidade neto por parte paterna de Francisco Pinto de Crasto e de Izabel Pinto de Almeida natural de Sam Verissimo de Valbon, Bispado do Porto e pela materna do Capitam Francisco Pinheiro Teixeira e de Bonifácia Antonia de Mello, naturais desta freguesia, nasceo aos dezasete de Novembro deste presente anno de mil setecentos e secenta e oito e foi batizado com os santos óleos nesta Matriz de licença minha pelo Reverendo Coadjutor Bonifacio da Rocha Vieira aos três de Dezembro do dito anno. Foram seos Padrinhos Francisco Pinheiro Teixeira por procuraçam do Capitam Mor Manoel Dias Palheiroz, Dona Angelica… … Maria Teixeira, de que mandei por impedimento meo lançar este assento, em que por verdade me asiney – Pantaleão da Costa de Araujo Vigário do Rio Grande”.
LEGADO POLÍTICO
Uma sistemática propaganda republicana no Rio Grande do Norte data de 1851, quando o jornal Jaguarari, dirigido por Manuel Brandão fazia eco aos incipientes ideais republicanos defendidos no centro-sul do país. Depois, Joaquim Fagundes José Teófilo fundou, em 1874, a revista Eco Miguelinho, já no período de maior organização do núcleo republicano na província. Entretanto, o movimento republicano só tomou impulso a partir de 1870, com a participação de expressivas lideranças políticas e econômicas.
No caso da revista literária Oásis, a literatura veiculada no periódico mostrava afinidades com a ideia da República. A começar pela data escolhida para fazer circular o primeiro número da revista do Grêmio Le Monde Marche:
O dia 15 de novembro marca uma data gloriosa na vida dos povos, pois ergueu sublime e magestosa uma collossal pyramide que tem por vértice a gloriosa e por base a vontade de um povo. O povo brazileiro estava preso pelos ferrenhos grilhões da escravidão e tombava para o mais pavoroso abysmo, quando os heróes de 17 levantaram-se em busca da salvação (…). Foi por ti, oh! Divina e sublimada liberdade que foram conduzidos ao patíbulo Tiradentes, Miguelinho, André de Albuquerque e outros, porque tentaram abraçar-te! Eis que no dia 15 de novembro de 1889, esses bravos, que outro’ora eram esquecidos e despresados, foram vingados (15 DE NOVEMBRO. Oásis. Natal, 15 nov. 1894.)
Nas primeiras décadas do século XX existiam associações: Grêmio Literário Frei Miguelinho (1902), 12 de Outubro (1904-1908), Grêmio Literário Augusto Severo (1907-1908), Grêmio literário Auta de Souza (1909) e Grêmio Pedro Velho (1909).
Se observarmos a data de fundação do jornal do Castro Alves (12 de junho de 1897), podemos articulá-la à data de comemoração dos 80 anos da Revolução de 1817, no qual a figura de Frei Miguelinho foi escolhida como herói norte-rio-grandense. Somado a isso, logo na primeira edição do
periódico observamos textos alusivos ao representante potiguar e ao evento separatista. No entanto, essa condição que relaciona o Castro Alves aos sentimentos republicanos nacionais não é exclusiva dessa associação literária.
A biografia de Padre Miguelinho, escrita por Dantas, data de 1907. Além de conter as memórias sobre a figura biografada, apresenta em suas considerações iniciais um passeio pelo contexto histórico da época, a transição do século XVIII para o século XIX. Desde os conflitos napoleônicos, a vinda da corte portuguesa para o Brasil, a repercussão da Revolução Francesa no Brasil e demais fatos importantes que permeavam o contexto histórico no qual estava inserido o Padre Miguel Joaquim de Almeida Castro. M. Dantas demonstrava em sua escrita o domínio sobre a escrita em sua vertente histórica. Trabalhou neste escrito, desde os acontecimentos importantes, até a genealogia do Padre e seus feitos pelo Rio Grande do Norte.
Enquanto Historiador, os redatores do referido jornal delineavam essa característica do intelectual Manoel Dantas atribuindo às suas contribuições para a escrita histórica do Estado bem como a sua preocupação e valorização da História. No jornal A República (1925, p.1) vemos que:
Como historiador, fala bem alto do seu mérito a sua preciosa monografia intitulada ‘Traços biográficos de Frei Miguelinho’ . Talvez devido à sua operosidade absorvente, Manoel Dantas deixou de a dar publicidade muitos de seus trabalhos geográficos e históricos.
O Estado Novo no controle da informação cotidiana: o caso da cidade de Natal (1941-1943) a partir do jornal “A República” / Fernanda Carla da
Silva Costa. – João Pessoa, 2019.
As comemorações em virtude do centenário de Frei Miguelinho em Natal, e no Alecrim mais especificamente, são marcadas pelas menções ao transporte dos convivas pelos bondes elétricos nos diversos periódicos.
Apezar das grandes chuvas que cahiram nesta capital desde a madrugada do dia 12, logo ás primeiras horas da manhã já era grande o movimento nas ruas. Os bondes da Empresa Tracção, Força e Luz transitavam completamente cheios, sendo insuficientes para satisfazerem a nossa população (A REPÚBLICA, 1917b, p. 01).
O CENTENÁRIO DE MORTE DE FREI MIGUELINHO
O dia 12 de junho de 1917, em Natal, amanhe chuvoso, o que não alterou, a princípio, o início das comemorações. Segundo a Revista do IHGRN, apesar do mal tempo, a população não havia deixado de se deslocar para a esplanada da Rua Silva Jardim, onde iria realizar-se a primeira parte das comemorações cívicas, com uma missa campal no lugar onde havia nascido Frei Miguelinho – ponto alto, como vimos, das comemorações de 1906 (REV. IHGRN, 1917a, 1917b, p. 80). O lugar assim escolhido para o início do desfile cívico ligava-se ao mesmo tempo à referência da figura de Miguelinho e ao percurso no qual essa figura estava implicada.
Na presença do desembargador Ferreira Chaves, do presidente do Instituto Histórico, das diversas associações, das escolas e da população em geral, às sete horas da manhã, o Monsenhor Alfredo Pegado, acompanhado pelo cônego Estevam Dantas – membrodo IHGRN –, celebrou a missa campal em altar erguido à frente do então edifício da Comissão de Melhoramentos do Porto(REV. IHGRN, 1917a, 1917b, p. 80).
Embora a missa campal tenha sido realizada apesar do tempo chuvoso, e durante a sua execução a ela tenham acorrido aqueles que integrariam o préstito cívico (agremiações, escolas, delegados, autoridades), em decorrência da insistência do mal tempo, o evento teve que ser transferido para a parte da tarde.
Abria o cortejo o Esquadrão de Cavalaria, com a sua banda de Clarins, sob o comando do Capitão Fernandes de Almeida. Em seguida, guiando todo o préstito, desfilava um “carro triunfal”, atrás do qual se perfilavam todos os outros seguimentos, entre escolas, agremiações (literários, cientificas, esportivas), representantes de instituições públicas e dos municípios do Estado, autoridades, intercalados todos por bandas de música, contando ao todo com 36 segmentos (sendo o 37° composto pela população), fechados pelo o Batalhão de Segurança, com sua respectiva banda de música20. A extensão do cortejo era tal que, segundo a Revista do IHGRN, “Quando a banda de clarins que precedia o préstito chegou ao Palácio do Governo, o povo ainda vinha pelo jardim da Praça Augusto Severo” (aproximadamente de 650 m) (REV. IHGRN, 1917a, 1917b, p. 83).
Durante o trajeto, a procissão se deteve em alguns lugares preestabelecidos para que fossem proferidos discursos laudatórios em homenagem àquele momento comemorativo. Logo ao início do préstito, discursou o Dr. Mysés Soares, do edifício da Comissão de Melhoramento do Porto. Em seguida, o tenente Deolindo Lima, do edifício da Associação dos Empregados do Comércio, seguido do Dr. João Soares, da residência do Sr. Robert Vance. O major Ezequiel Wanderlei proferiu suas palavras do edifício do Atheneu Norte-Riograndense. E, por fim, do Dr. Oscar Brandão, de uma das Varandas do Palácio do Governo.
De uma das janelas do mesmo palácio o desembargador Ferreira Chaves assistia ao desfilar do préstito (REV. IHGRN, 1917a, 1917b, p. 83). O cortejo, organizado na esplanada da Rua Silva Jardim, partia, assim, com uma missa, da casa onde Miguelinho teria nascido, seguindo toda a extensão da rua (desde 1906, nomeada de “Frei Miguelinho”). Em seguida, percorreu a Av. Tavares de Lira, tomando a Avenida Duque de Caxias, a Avenida Sanchet, seguindo, por fim, após contornar a Praça Augusto severo, para a Avenida Junqueira Aires (hoje Câmara Cascudo), a caminho da Cidade Alta, passando em frente ao Palácio do Governo, contornando-o em direção à Praça André de Albuquerque.
A República nos dias que precederam à comemoração do centenário. No cortejo, cada elemento – escolas, instituições públicas, agremiações, representantes dos municípios etc. – se encontra implicado (de maneiras diferentes, evidentemente) nesse esforço comum de construção de uma memória. Esforço encarnado no próprio cortejo, expressão da mobilização de recursos, pessoas e objetos, que, saindo do ponto referencial da casa de Miguelinho, vai dando sentido ao percurso que traça pela cidade até sua chegada à Praça André de Albuquerque, onde o Obelisco foi inaugurado.
RUA FREI MIGUELINHO
Localizada no bairro da Ribeira, segundo a pesquisadora Nesi (2002) a Rua Frei Miguelinho, é um dos mais antigos logradouros da parte baixa da cidade, outrora conhecida como “Caminho da Fortaleza”. Existem documentos do Senado da Câmara de Natal, datados de 1744, confirmando que o caminho que vai para a Fortaleza dos Reis Magos desde aquela época já era habitado.
As atuais Avenidas Duque de Caxias e Tavares de Lira, e as ruas Chile, Frei Miguelinho e Câmara Cascudo formavam a planície da Ribeira no último quartel do século XVIII. Ainda não existia uma denominação definida para a rua Dr. Barata, esta, localizada entre a Praça Augusto Severo e a Avenida Tavares de Lira.
Frei Miguelinho, participou do movimento de 1817, conforme Trindade (2007), tratava-se de uma insurreição social iniciada em Pernambuco que rapidamente se espalhou por todo o Nordeste, inaugurando um ciclo revolucionário na região. Miguel Joaquim de Almeida Castro, frei Miguelinho era um homem de energia imperturbável, sereno e forte, conforme Câmara Cascudo (apud MARIZ e SUASSUNA, 2002).
Frei Miguelinho, cuja casa ficava na rua hoje homônima. Quanto à provável localização da antiga residência dos pais de Frei Miguelinho o pesquisador Olavo de Medeiros Filho (apud NESI, 2002) encontrou no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte relato do Sr. Antiocro Aprígio de Miranda, a época 1862, tesoureiro do Correio Geral de Natal, o relato diz: ‘… adiante para nascente do quartel de segurança hoje, ficava a antiga casa de construção forte, altura regular, bom tamanho que havia pertencido a Manuel Pinto de Castro, pai de Frei Miguelinho’.
As diversas transformações ocorridas ao logo do tempo, inclusive com a abertura de vias como a Esplanada Silva Jardim, fizeram desaparecer a antiga residência da família de Frei Miguelinho. Hoje na esquina da rua Frei Miguelinho com a Esplanada Silva Jardim, onde existia o Quartel do Batalhão de Segurança (atual sede do Sindicato dos estivadores) encontra-se uma placa em homenagem ao filho mais ilustre nascido naquele local.
Além da antiga casa de Frei Miguelinho, o local era ocupado por várias construções e um largo chamado Praça da República. Em 1869, houve a construção do Cais, na época chamado de Pedro de Barros, onde desembarcavam os visitantes que chegavam a Natal. Em 1919, a via foi concluída, com a colocação de um obelisco, contendo em cada lado a inscrição de uma data histórica para Natal e/ou Brasil. Nesta via, que era uma das mais bonitas e arborizadas da cidade, acontecia no século XX, durante o Carnaval, o desfile de carros (corso) e as batalhas de confete.
Ali foi também à primeira administração do porto. Seu pai era tenente da milícia portuguesa. O frei ficou famoso por conspirar contra a coroa portuguesa e ter escolhido a morte a trair seus amigos de conspiração. Como último ato de rebeldia pediu que não cobrissem seu rosto na hora da execução.
Na primeira metade do século XIX, as feiras eram denominadas pela Câmara Municipal de ‘mercados’. Na cidade Alta, a feira ficava na Rua Nova, (atual Rio Branco) em baixo de uma gameleira e, na Ribeira ficava em uma velha tajubeira, na rua Frei Miguelinho.
Existia na Rua Frei Miguelinho uma feira muito concorrida.Tinôco (1992, p. 51), em suas memórias, lembra que:
“Havia uma feirinha mais para o fim da Rua Frei Miguelinho chamada a feira da Tatajubeira. Tinha este nome porque existia uma grande tatajuba, a sombra da qual, sentavam-se os vendedores, homens e mulheres que procuravam aquele local com o fim de venderem suas mercadorias; […] era assim uma espécie de feirinha de emergência, por sinal bem concorrida”.
Durante a sua constituição e os quase 50 anos de existência, o Jornal A República teve sua sede em diversos pontos entre os bairros da Cidade Alta e Ribeira: sua primeira redação na Rua Visconde do Uruguai, nº 6 – depois passaria a se chamar Rua Doutor Barata – já que sua impressão acontecia na Rua da Conceição, nº 2, tipografia de João Carlos Wanderley que vende ao partido Republicano passando a ser sede e redação no mesmo endereço. Já ao fim de 1889 muda-se para Rua 13 de Maio, nº 51 – rua que depois passa a se chamar Frei Miguelinho, até ocupar o prédio na Av. Tavares de Lira.
Paralela à rua Chile, no trecho compreendido entre a Avenida Tavares de Lira e a esplanada Silva Jardim, fica a rua Frei Miguelinho. Aquele logradouro público foi denominado de rua 13 de Maio, pela Intendência Municipal de Natal conforme a resolução n° 104, de 11 de junho de 1906 (NESI, Jeanne Fonseca Leite, A rua Frei Miguelinho, em Natal).
O historiador Câmara Cascudo (1999), em sua magnífica “História da Cidade do Natal”, relata que a Rua Frei Miguelinho foi também Rua 13 de Maio, recebendo a atual denominação porque o sítio dos pais do herói potiguar compreendia o lado direito da rua.
Desde julho de 1892, Juvino Barreto iluminara sua Fábrica de Tecidos com três dezenas de focos. Porém é em 1905, que a Empresa de Iluminação a gás acetileno inaugurou os serviços públicos de iluminação sob os auspícios do farmacêutico Francisco Gomes Vale Miranda (CASCUDO, Luís da Câmara. História da cidade do Natal, p. 331). O primeiro trecho a ser iluminado,
“… ia desde a Praça Augusto Severo [até] o Quartel do Batalhão de Segurança, esquina com as ruas Frei Miguelinho, e Silva Jardim. No dia 15 de novembro de 1915, o acetileno chegara à Cidade Alta. Cada bico valia 15 velas ficando a trinta metros, um poste do outro. Três dias antes e três dias depois da lua cheia, apagava-se a luz (Ibid., p. 283.).
No coreto da Praça Augusto Severo ocorriam às retretas, que eram especiais de bandas de música tocando hinos, músicas clássicas e populares. Havia outras opções de lazer na Ribeira. Foi lá onde surgiu os primeiros cinemas da cidade do Natal, como por exemplo, o Cine Popular (ao lado do Banco do Brasil), o cinema da Rua Frei Miguelinho, o Cine Politheama, que era o maior deles (ficava por trás da Rodoviária Velha).
O jornal Gazeta do Comércio foi o primeiro jornal a ser publicado no século XX em Natal. O periódico contou a participação de Pedro Avelino, Augusto Leite e Pedro Alexandrino na composição da redação do jornal. O jornal estabeleceu uma tipografia na Travessa da Rua Frei Miguelinho (Consultar FERNANDES, Luiz. Op. Cit., p. 36).
Na Tipografia da Gazeta do Comércioainda eram confeccionados: O Pyrilampo (1905), O Trabalho (1905), Oásis (1894), Revista do Instituto Histórico
e Geográfico (1903-1908) (3 primeiros números).
Ainda funcionou na na rua Frey Miguelinho, 87, a sede do ABC Football Club em 1915.
A Rua Frei Miguelinho, que anteriormente correspondia à Rua da Tatujubeira, ia até o Beco da Quarentena e Rua Ferreira Chaves (atuais). A Dr. Barata e a Frei Miguelinho eram cortadas pelas atuais travessas Argentina, Venezuela e duas outras, que as comunicavam com a Rua do Comércio. Um quarteirão foi mutilado, por ocasião da abertura da atual Avenida Tavares de Lira, obra concluída em 1919.
Uma rua guardiã da memória da Cidade de Natal, não apenas porque em seu chão brincou o menino que, quando adulto “formado” no Seminário de Olinda, transformou-se no revolucionário defensor da república e da abolição da escravatura. Mas guardiã – porque nas intervenções sofridas, registra a modernização da cidade.
Os nomes de Manoel Machado, de seu irmão Claudio Machado, e da firma M. Machado e Cia podem ser encontrados também na lista telefônica fornecida no jornal A República pela Empresa Tracção, Força e Luz Elétrica de Natal. (A REPÚBLICA, 09/11/1921). Constavam nessa lista outras firmas importantes na cidade, como A. dos Reis e Cia especializada em causados, localizada na Rua Dr. Barata e a João Galvão e Cia armazém de tecido no atacado que funcionou primeiramente na Rua Chile e depois foi transferido para também para Rua Dr. Barata, que assim como a Rua Chile também reunia também as principais casas comerciais da Ribeira, assim como a Rua Frei Miguelinho, a Travessa Aureliana e a Avenida Tavares de Lira (ANDRADE, 1989: 75-87).
Em 1922, Francisco das Chagas Andrade havia voltado a morar em Natal e montado um hotel na Rua Frei Miguelinho, na Ribeira. Observou que a população de Natal já começava a residir em áreas novas como Alecrim e Tirol, havendo dificuldades de locomoção para a Ribeira por falta de transporte. Sentiu a oportunidade de negócio e decidiu vender o hotel e montar a primeira empresa de ônibus da cidade, os quais eram chamados de “Sopas”. Inicialmente eram viaturas com carrocerias montadas em chassi de caminhão, abertas em ambos os lados com um estribo longitudinal servindo de degrau que facilitava a subida e descida dos passageiros. A Sopa possuía seis bancos transversais, cada um comportando cinco passageiros.
Rua Frei Miguelinho. Mesmo tamanho e direcção. As ruas transversaes Nysia Floresta, Ferreira Chaves e Triumpho que vêm agora atravessando a Sachet e terminando na Frei Miguelinho terão uma valorização inesperada. As duas primeiras irão até o rio, coincidindo na articulação das travessas da rua do Commercio. O final da Frei Miguelinho é a Silva Jardim. Dahi em diante é o domínio de um plano ideal, dum plano de extensão, desdobrando os horizontes da cidade do Natal (CASCUDO, Luís da Câmara. O Novo plano da Cidade – II – A Ribeira no ‘Master Plan. A República, Natal, n.252, p.01, 07 nov. 1929.)
O novo serviço de ônibus urbano ganharia paulatinamente novos trajetos. Novas paradas de auto-ônibus passam a ser requisitadas por parte da população com mais frequência, como a reivindicação de mais um ponto entre os dois existentes na Avenida Junqueira Aires, especialmente, a fim de servir a Capitania do Porto.
A gerencia da “Força e Luz” correspondendo aos justos apelos dos habitantes das ruas Silva Jardim e Frei Miguelinho, resolveu pôr dois omnibus em circulação naquellas artérias. Ao que nos informou, hontem, o sr. Jack Romanguera, a começar de hoje, entre 7 e 17 horas, os carros das tabelas “Petropolis” e “Tyrol”, ao emvez de contornarem a avenida Tavares de Lyra, seguirão diretamente pela Nysia Floresta (antiga Sachet) até á Silva Jardim, retornando pela rua Frei Miguelinho, em direção á Cidade Alta (A REPUBLICA, 1930e, p. 02).
Esta rua está inserida na Zona Especial de Interesse Histórico.
PADRE MIGUELINHO E NÃO FREI MIGUELINHO
“A Intendência Municipal do Natal, pela Res. n. 104, de 11 de junho de 1906, véspera do 89º aniversário do fuzilamento de Miguel Joaquim de Almeida e Castro, denominou Rua Frei Miguelinho a rua em que nasceu esse inolvidável patriota.
Houve naquele distante 1906 uma festa muito bonita, música, desfiles, cantos, eloquências. O feio foi o engano da Intendência bem intencionada e o silêncio dos entendidos em História.
Miguel Joaquim, apelidado Miguelinho pela sua pequena estatura, deixou Natal com 16 anos e em novembro de 1784 entrou para a Ordem Carmelita da Reforma, tomando o nome de Frei Miguel de São Bonifácio, lembrança da avó materna que era Bonifácia. Devia ter sido conhecido por Frei Miguelinho e muito justamente porque era Frade.
Em 1800 foi para a Europa e conseguiu do Papa Pio VII a sua secularização. Voltou no fim do ano já Padre Miguelinho e não mais Frei.
Daí em diante jamais se conhece Frei e sim Padre Miguelinho. Neste mesmo 1800 assume a cadeira de Retórica no Seminário de Olinda e ante auditório ilustre, recitou a sua Orasam Acadêmica que está publicada. Vê-se que o autor assina Rev. Pe. Miguel Joaquim de Almeida e Castro. Nada de Frei.
Na própria sentença de morte, datada da Bahia em 11 de junho de 1817, o acusado é o Padre Miguel Joaquim de Almeida e não Frei.
Quando o Conde dos Arcos tenta salvar Miguelinho fala assim: – O Padre não tem inimigos. E não Frei.
Durante esta festa de junho de 1906 o poeta Segundo Wanderley assombrou as multidões com o seu poema Frei Miguelinho.
Diz Frei no título, mas em parte alguma subseqüente repete o tratamento. Bem ao contrário a forma é a certa e justa:
Quereis saber quem foi o Padre Miguelinho?
– Transponde o Cabugi e devassai-lhe o ninho…Cantaram o hino, letra de Henrique Castriciano e música de Luís Maria Smido. O refrão é claro:
– Padre – subsiste o Calvário.
– Herói – tiveste uma cruz!
A própria placa de bronze registra a estranha dualidade ilógica: – Ao insigne Patriota Padre Miguel Joaquim de Almeida Castro, Frei Miguelinho…
Mas, Frei Miguelinho não existia em 1817. Desde 1800 deixara de ser Frei, jurídica, religiosa, política canônica, historicamente.
Quem foi preso em Olinda, embarcado para Bahia no brigue Carrasco, sentenciado à morte e fuzilado no Campo da Pólvora foi o Padre Miguelinho. Frei Miguelinho desaparecera dezessete anos antes…
O historiador pernambucano J. B. Regueira Costa denomina um seu estudo, Casa do Padre Miguelinho, e não fala do frade que não existia depois de secularizado.
Frei Miguelinho é, pois, um simples apelido? Se o é, bem digno de não continuar, recordo que o município de Santo Antônio neste Estado teve nome de Padre Miguelinho e não de Frei Miguelinho.
O republicano de 1817 é o Padre. A placa do nome na rua merece substituição em respeito à verdade histórica. Por causa desta placa é que dizemos Frei bem errado e esquecemos o Padre bem certo. E daí a denominação no tradicional Grupo Escolar do Alecrim, mantendo o Frei em vez do Padre.
Devemos restituir o justo título ao mártir de 12 de junho de 1817. O nome verídico, real e lógico é Padre Miguelinho.”
GRUPO ESCOLAR “FREI MIGUELINHO”
A família Albuquerque Maranhão faz-se presente na administração estadual novamente com Alberto Maranhão, que governou o estado de março de 1908 a dezembro de 1913. Livre da tutela de Pedro Velho, realizou um governo pleno de realizações do ponto de vista administrativo, como enfatiza Medeiros (1973, p. 151), associando à imagem de Alberto Maranhão realizações sócio-culturais, nas áreas da saúde e educação públicas.
Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão governou o Estado do Rio Grande do Norte em dois mandatos, o primeiro de 1900 a 1904, e o segundo que vai de 1908 a 1914. Como grande político e administrador instituiu o Conservatório de Música, reformulou o Teatro “Carlos Gomes” que hoje leva seu nome E construiu a Praça “Augusto Severo”, o Hospital “Juvino Barreto”.
Modernizou o ensino primário, estabelecendo como principal meta a construção de um grupo escolar em cada sede de comarca e uma escola mista em diversos municípios do estado. Auxiliado pelas administrações municipais, Alberto Maranhão estendeu a rede primária a todo o estado. Em Natal, inaugurou o grupo escolar Frei Miguelinho.
O Grupo Escolar Padre Miguelinho constitui-se como uma referência educacional entre as escolas públicas do Alecrim. Ela foi a primeira do bairro, tendo sido criada pelo governador Alberto Maranhão, durante sua segunda gestão (1908-1914), por meio do Decreto nº 277 B, de 28 de novembro de 1912, segundo Evaldo Carvalho.
No início do século XX os grupos de escoteiros se proliferaram em Natal. A participação de jovens, em especial dos jovens que estudavam nas escolas públicas, era massiva.
O mais importante dos grupos de escoteiros da cidade era o grupo da escola “Frei Miguelinho” no Alecrim, que era sempre convocado para auxiliar nas mais diferentes tarefas que deveriam ser empreendidas pelo poder público, dentre as quais: campanhas de vacinação, campanhas de educação sanitária ou ainda para se incorporarem nos eventos cívicos.
A partir de 21 de abril de 1913, o diretor do colégio foi Luíz Soares, que realizou diversas benfeitorias para a juventude do Alecrim, tanto que em 18 de janeiro de 1954, segundo Evaldo Rodrigues Carvalho, ele recebeu uma condecoração, a Medalha de Ouro, dos moradores do bairro. Soares participou ativamente também da criação da Associação dos Escoteiros, em 1919, que funcionava no prédio do Grupo Escolar e auxiliava enormemente a população não somente do Alecrim, mas de toda a Natal. Outro benefício trazido por Soares ao povo do bairro foi a Escola Profissional do Alecrim, criada em 1922 como anexo ao Grupo Escolar, e onde se ensinava marcenaria, sapataria, serralheria e artes gráficas.
O colégio, contudo, começou a funcionar somente a partir de abril de 1913, sendo reformado em 1917, por ação o governador Joaquim Ferreir a Chaves.
Era também exemplo de espaço de sociabilidade o Recreio Juvenil de 1919, um clube coordenado pelo professor Luís Soares e vinculado ao grupo escolar Frei Miguelinho. O clube era voltado para o público infanto-juvenil, mas possuía também atração para os pais como um café chamado Café Familiar, anexo ao prédio da casa de diversão juvenil.
A linha de bonde elétrico, estendida até o Alecrim, percorria uma extensão de 1.150 metros (COSTA, 1998, p. 122). Para os moradores, as vantagens desse serviço eram indiscutíveis. O bonde elétrico permitia um deslocamento mais rápido e mais cômodo das pessoas que iam do Alecrim a outras partes de Natal. Mas não era apenas a economia de tempo que interessava às pessoas. Especialmente os proprietários, percebiam que a linha de bondes contribuía para a valorização fundiária do Alecrim, pois os transportes urbanos incorporavam valor aos seus terrenos. Assim, nos anúncios de compra e venda de terrenos, publicados nos jornais, eles não esqueciam de apontar as vantagens de uma propriedade situada nas proximidades da linha do bonde. Eis uma amostra desses anúncios, de 1925:
ALECRIM – Optima vivenda para grande família, construcção nova, com installações hygienicas, agua e luz electrica. Situada à rua Coronel Estevam, próxima a linha de bondes e em frente ao Grupo Escolar Frei Miguelinho (ALPHABETICOS, 1925).
Iniciou-se para Waldemar de Almeida o ano de 1935 com uma nova incumbência: no dia 10 de janeiro, o Ato n. 980 do Governo do Estado, nomeava-o para reger o Orfeão de Professores do Estado. Na mesma data, era designada a professora Maria Carolina Wanderley para se encarregar da regência do orfeão do Grupo Escolar Frei Miguelinho.
Na ocasião, havia na cidade em 1936 os seguintes conjuntos corais: Orfeão do Instituto de Música, regido pelo professor José Galvão; do Atheneu e Escola Normal, regidos por Waldemar de Almeida; do Grupo Escolar Frei Miguelinho, dirigido pela professora Carolina Wanderley e do Grupo Antônio de Souza, sob a direção da professora Dulce Wanderley.
Nestes fins de 1947, Waldemar de Almeida foi homenageado, juntamente com o professor Alcides Cicco, diretor do Teatro Carlos Gomes, o professor Severino Bezerra de Melo, diretor do Departamento de Educação e do professor Luiz Soares, diretor do Grupo Escolar Frei Miguelinho, por ocasião da 100ª apresentação do “Conjunto teatral potiguar”. Foi encenada a peça “Hás de ser minha”, do teatrólogo potiguar José Wanderley, com apresentações nos dias 16 e 18 de dezembro.
Mulheres escritoras que atuavam na docência, Carolina Wanderley (1891 -1975), Grupo Escolar Tenente coronel José Correia situada no município de Assu/Grupo Escolar Frei Miguelinho (Natal).
Posteriormente, durante a gestão de Aluísio Alves (1961-1966), passou a se chamar Instituto Padre Miguelinho, no ano de 1963.
No Sete de Setembro, para José Normando Bezerra, morador do Alecrim, havia a demonstração de certa discriminação contra o bairro e suas instituições de ensino em relação a outros, como Tirol e Petrópolis:
Pra vocês terem uma idéia, em 1975-76, minha irmã estudava no Padre Miguelinho, a escola estadual do bairro, e uma diretora do Padre Miguelinho (…) fez um desfile tipo “beija-flor”, fez um desfile pra ganhar primeiro lugar e não teve nenhuma dúvida. Todos os alunos se envolveram, todo mundo trabalhou, juntou dinheiro, e o Padre Miguelinho entrou na avenida pra ser campeão do desfile de sete de setembro. E os jurados, aí eu atribuo uma discriminação, o Padre Miguelinho é do bairro do Alecrim, perdeu para o Atheneu, porque o Atheneu era um colégio tradicional de Natal, mas o Atheneu não merecia ter ganho, o Padre Miguelinho fez um desfile mais bonito que eu já vi em termos de escola, que foi um desfile belíssimo. (BEZERRA, 2010).
O Alecrim deve prestar sempre homenagem aos fundadores da Associação de Escoteiros do Alecrim, eles já desaparecidos, o Sr. Henrique Castriciano, Dr. Manuel Dantas e o grande e inesquecível professor Luiz Correia Soares de Araujo, com uma página ininterrupta de Araujo, com uma página ininterrupta de serviços prestados ,não só ao Alecrim, mas a toda mocidade de Natal e ao Magistério do Rio Grande do Norte, foi um grande trabalhador, nunca medindo esforços em colaborar a favor dos estudantes do estabelecimento que dirigia.”(Davi Francisco da Silva).
O fragmento a seguir ilustra a transformação que o bairro do Alecrim experimenta no período.
Até bem pouco tempo estava aquelle recanto da cidade esquecido, de lá apenas nos lembrando quando nos approximavamos para cumprir a dolorosa missão de entregar á terra para alimento dos vermes e transformação da matéria os corpos inertes dos desaparecidos. Hoje, assim não acontece. O povo do Alecrim reclamou da Municipalidade a retirada do Cemitério para lugar mais distante […]. O Alecrim é actualmente um ponto movimentado e não devemos nos admirar si dentro em pouco, depois do grupo escolar [Frei Miguelinho], em via de conclusão, e da capella do velho Chaveiro do Infinito, se lembrarem por lá, de fazer um garrido jardim, onde alguma “Enterpe” local faça as delícias daquella gente tão dada ás distrações e ás festas. E talvez para completar a serie de melhoramentos exijam a retirada do Asylo, inconveniente no ponto terminal dos eléctricos, para a instalação do já decantado cinema, que o “Chiste” houve por bem denominar “Caminho do Céu”, nome aliás suggestivo e sem alusões… E depois disso, que mais faltará ao Alecrim, a não ser que pretendam transferir, para lá, a futura cidade? (REPAROS, 1912b, p. 01).
COLUNA DOS MÁRTIRES
O Monumento aos Mártires de 1817, como foi denominado, era uma construção que procurava fazer lembrar, a partir do nome do herói André de Albuquerque, todos os pioneiros da luta republicana no território potiguar. Na coluna de granito de quatro faces foram gravadas, em medalhão de bronze de 88×65 centímetros, inscrições em latim em reverência aos heróis de 1817, bem como o escudo do estado e as bandeiras do movimento e da República. Numa das faces da coluna estava inscrita a data de 17 de dezembro de 1597, quando aportou na região, ainda dominada por franceses, a expedição portuguesa que ocupou a área definitivamente. As referências às duas datas procuravam estabelecer um elo entre os dois momentos históricos da cidade e do estado, identificando o regime republicano como legítimo continuador da história estadual.
Localizada na Praça André de Albuquerque marco zero da cidade, este monumento foi erguido em homenagem aos potiguares, Padre Miguelinho e André de Albuquerque, que tiveram destacada participação na chamada Revolução Pernambucana de 1817.
A coluna dos Mártires foi entregue a população de Natal em 12 de junho de 1917, conforme Onofre Jr. (2002, p.78).
…dentro das comemorações do centenário da Revolução de 1817, o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RN, Cel. Pedro Soares, fez a entrega do monumento à cidade, num ato solene, do qual foi orador o poeta Henrique Castriciano.
Constituído de uma coluna de granito de cinco e meio metros de altura, sobre um pedestal, com inscrições em placa de bronze. Este monumento é uma justa homenagem, aos norte-riograndenses participantes do movimento Republicano de 1817. Segundo a historiadora Monteiro (2000):
“A principal característica do movimento de 1817 foi a oposição ao sistema colonial português e sua proposta fundamental era proclamação da Independência das Capitanias do Nordeste.”
PALÁCIO PADRE MIGUELINHO
O atual edifício-sede da Câmara Municipal é o Palácio Padre Miguelinho, localizado na esquina da rua Jundiaí com a avenida Campos Sales, no bairro do Tirol. Pertence à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que alugou o edifício para o Legislativo Municipal em 1975, quando o presidente da Casa era Érico Hackradt. Antes disso, funcionava no local a Faculdade de Serviço Social da UFRN, que foi transferida para o Campus Central da universidade. O então arcebispo de Natal, Dom Nivaldo Monte, foi quem tomou a iniciativa de realizar a negociação que instalou a Câmara naquele prédio, cujo nome homenageia Padre Miguelinho, potiguar que lutou na Revolução Pernambucana em 1817. O plenário da Casa, por sua vez, recebeu o nome do presidente da época, Érico Hackradt. Em 2009, após atrasos em pagamentos e ameaças de despejo, foi assinado um novo contrato de locação do prédio com a UFRN.
Antes de se estabelecer na atual sede, a Câmara passou por diversos outros locais em Natal, tais como: a então sede da Assembleia Legislativa, no fim da década de 1940, na Cidade Alta; o Teatro Carlos Gomes, atual Teatro Alberto Maranhão, o Edifício Quitino, a Casa Bancária e, já nos anos 1960 e 1970, o Edifício Campelo, todos esses na Ribeira; e por fim a sede do Sindicato dos Contabilistas, também na Cidade Alta.
Em 2013, devido a limitações no atual edifício, foi anunciado o projeto de construção de uma nova sede para a Câmara, bem como para a Prefeitura, atualmente localizada no Palácio Felipe Camarão. O projeto, orçado em R$ 12 milhões, previa a construção de uma sede para o Legislativo e um Centro Administrativo para o Executivo. O local escolhido foi o bairro da Redinha, em terreno próximo à Ponte Newton Navarro, na Zona Norte de Natal. Em 11 de fevereiro de 2014, os vereadores aprovaram a construção com 24 votos a favor e 2 contra. O novo valor estimado, à época, era de R$ 10 milhões para a sede da Câmara e R$ 44 milhões para a Prefeitura, totalizando R$ 54 milhões. A construção, no entanto, atrasou devido à espera do empréstimo contraído junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e também devido à necessidade de regulamentar a zona turística onde os edifícios deveriam ser erguidos, de modo que o projeto ainda não havia saído do papel em outubro de 2015.
ÁRVORE DA CIDADE
DICA DE LEITURA
Republicano numa época e lugar em que isto era a mais alta subversão, Miguel Joaquim de Almeida Castro, o Padre Miguelinho, morreu por ter fé num ideal. Apesar de seu nome estar em ruas e instituições, sua história ainda não é conhecida como deveria. Foi uma das razões que levou o Padre José Freitas Campos a escrever “Miguelinho: Padre, herói revolucionário. Quem o conhece?” (Edições Senado Federal), décimo livro do pároco da Igreja de São Sebastião, no Alecrim. O padre escritor celebra a memória do padre revolucionário através de uma apurada pesquisa sobre as lutas e motivações de um mártir cívico.
O último livro sobre Padre Miguelinho tem quase 100 anos. Foi uma das descobertas que Padre Campos fez durante os dois anos em que pesquisou para escrever a nova biografia. “É muito tempo sem material sobre Miguelinho. Talvez por isso muita gente hoje desconheça a história dele. Uma situação ainda mais triste quando se sabe que os potiguares desconhecem a vida de um personagem histórico que nasceu aqui mesmo, em Natal”, diz. O livro não teve lançamento devido a pandemia, mas pode ser encontrado na paróquia do Alecrim.
Padre Campos conta que pesquisou cerca de 100 obras para levantar a vida do padre natalense, entre historiadores potiguares e pernambucanos. “Infelizmente, não existe uma documentação farta sobre ele”, ressalta. Mesmo assim, o pároco resgatou preciosidades como a “Oração Acadêmica”, o discurso que Miguelinho proferiu à convite na inauguração do Seminário Episcopal de Olinda, no ano de 1800. “Era culto e um grande orador. Foi professor de Retórica na instituição”, ressalta.
FONTE:
A atuação de Manoel Dantas na instrução pública Norte-riograndense (1897-1924) / Isabela Cristina Santos de Morais. – Natal, 2018.
A CONSTRUÇÃO DA NATUREZA SAUDÁVEL: NATAL 1900-1930. ENOQUE GONÇALVES VIEIRA. NATAL / 2008
A MODERNIZAÇÃO DA CIDADE DO NATAL: O AFORMOSEAMENTO DO BAIRRO DA RIBEIRA (1899-1920). LÍDIA MAIA NETA. NATAL/Dez/2000.
Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado: a esposa, a viúva e a lenda na Cidade do Natal (1900-1930). / Ariane Liliam da Silva Rodrigues Medeiros – Natal, RN, 2014.
Anuário Natal 2007 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2008.
Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.
Câmara Municipal de Natal – Wikipédia, a enciclopédia livre – https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2mara_Municipal_de_Natal – Acesso em 11/02/2022.
Caminhos que estruturam cidades: redes técnicas de transporte sobre trilhos e a conformação intra-urbana de Natal / Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros. – Natal, RN, 2011.
“Em cada esquina um poeta, em cada rua um jornal”: a vida intelectual natalense (1889-1930) / Maiara Juliana Gonçalves da Silva. – Natal, RN, 2014.
JORNAL A REPÚBLICA, Ano. XXXVII. Num.133, 1925. Fonte: Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte
Linhas convulsas e tortuosas retificações: Transformações urbanas em Natal nos anos 1920. George Alexandre Ferreira Dantas. São Carlos – SP. Outubro de 2003
Mais notícias genealógicas do Rio Grande do Norte [recurso eletrônico] / João Felipe da Trindade. – Natal, RN : EDUFRN, 2019.
Mapeamento Grupos Organizados da Sociedade Civil:Ribeira. Plano de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais. Organizadores: Maria do Livramento Miranda Clementino e Silvana Pirillo Ramos. UFRN e FUNPEC.
Matemáticas elementares na Escola Normal de Natal legislação, programas de ensino, material didático (1908-1970) / Márcia Maria Alves de Assis. – Natal, 2016.
Memória minha comunidade: Alecrim / Carmen M. O. Alveal, Raimundo P. A. Arrais, Luciano F. D. Capistrano, Gabriela F. de Siqueira, Gustavo G. de L. Silva e Thaiany S. Silva – Natal: SEMURB, 2011.
Natal também civiliza-se: sociabilidade, lazer e esporte na Belle Époque Natalense (1900-1930) / Márcia Maria Fonseca Marinho. – Natal, RN, 2008
Natal: história, cultura e turismo / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal: DIPE – SEMURB, 2008.
Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/ Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.
O Estado Novo no controle da informação cotidiana: o caso da cidade de Natal (1941-1943) a partir do jornal “A República” / Fernanda Carla da Silva Costa. – João Pessoa, 2019.
O nosso maestro: biografia de Waldemar de Almeida / Claudio Galvão. – Natal: EDUFRN, 2019.
Padre e não Frei Miguelinho. A República, Natal, 18 de agosto de 1956. Fonte: Ludovicus Instituto Câmara Cascudo
Padre José Freitas Campos lança o livro “Miguelinho: Padre, herói revolucionário. Quem o conhece?” – Tribuna do Norte – http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/padre-josa-freitas-campos-lana-a-o-livro-a-miguelinho-padre-hera-i-revoluciona-rio-quem-o-conhece-a/498280 – Acesso em 11/02/2022.
PARA ALÉM DA MOLDURA:o julgamento de Frei Miguelinho e a construção de uma memória republicana (Natal 1906-1919). Diego Souza de Paiva. Natal -2011.
Trindade, Sérgio Luiz Bezerra. História do Rio Grande do Norte / Sérgio Luiz Bezerra Trindade. – Natal: Editora do IFRN, 2010.
BIBLIOGRAFIA:
A REPUBLICA, Natal, ano 29, n.131, 14 jun. 1917b
A REPUBLICA, Natal, ano 42, 11 abr. 1930e.
ALPHABETICOS. Diário de Natal, Natal, 15 nov. 1925.
BEZERRA, Luiz G. M. A fundação do Alecrim Futebol Clube. O Potiguar, Natal, n. 13, ago. 1999.
CASCUDO, Luís da Câmara, História da Cidade do Natal. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
CASCUDO, Luís da Câmara. História do Rio Grande do Norte. 2 ed. Natal: Fundação José Augusto; Rio de Janeiro: Achiamé, 1984.
CASCUDO, Luís da Câmara. Movimento da independência no Rio Grande do Norte. Natal: Fundação José Augusto, 1973.
DANTAS, Manoel. Homens de outrora. Edição fac-similar. Natal: Sebo Vermelho, 2001.
Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.
FERNANDES, Anchieta. História da Imprensa Oficial do Rio Grande do Norte. Natal: Departamento Estadual de Imprensa, 2006.
IGLÉSIAS, Francisco. Trajetória política do Brasil (1500-1964). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil imperial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
MARIZ, Marlene da Silva; SUASSUNA, Luiz Eduardo Brandão. Natal: Sebo Vermelho, 2002.
MELO, Veríssimo de. Calendário Cultural e Histórico do Rio Grande do Norte. Natal: Conselho Estadual do Rio Grande do Norte, 1976.
MONTEIRO, Denise Mattos. Introdução à História do Rio Grande do Norte. Natal: EDUFRN, 2000.
NESI, Jeanne Fonseca Leite. Natal monumental. Natal: Fundação José Augusto, 1980.
NONATO, Raimundo. Presença Norte-Riograndense na Alçada Pernambucana. Rio de Janeiro: Pongetti, 1971.
ONOFRE JR, Manoel. Guia da cidade do Natal. Natal: EDUFRN, 2002.
REPAROS, A Republica, Natal, ano 24, n.224, 08 out. 1912d
TINÔCO, Lair. Natal: Fundação José Augusto, 1992.
TRINDADE, Sérgio Luiz Bezerra. Introdução à história do Rio Grande do Norte. Natal: Sebo Vermelho, 2007.