Potyguarania, a província/estado que não vingou

Quando iniciei a pesquisa, fui percebendo que José Leão, ainda no Império, indicava o nome de Potyguarania para substituir a denominação Rio Grande do Norte e imaginei que se tratasse de um simples ato de mudar o nome da província, com o intuito de vinculá-la a tradições indígenas e de retomar indicações feitas anteriormente por Cândido Mendes que, em 1868, produziu um Atlas do Império do Brasil, no qual defendia o nome Potyguarania para o Rio Grande do Norte. Esse Atlas foi produzido para os alunos do Colégio Pedro II. Nesse material Cândido Mendes apontou que o Rio Grande do Norte deveria se chamar Potyguarania. Apesar de inspirar-se nessa denominação, a análise de José Leão sobre a construção da Potyguarania envolve elementos mais complexos do que a simples mudança de nome da/o província/estado.

Um dos principais documentos cartográficos do século XIX foi o “Atlas do Império do Brazil”, publicado em 1868 e organizado por Candido Mendes de Almeida. Nesse Atlas, dedicado ao Imperador D. Pedro II, foram reunidas informações que compreendia as respectivas divisões administrativas, eclesiásticas, eleitorais e judiciárias do território brasileiro na época. A província do Rio Grande do Norte foi apresentada no Mapa VIII, com um destaque para o Porto de Natal (em detalhe). No mesmo mapa, podemos observar a menção ao antigo povoado da Macahyba (um povoado da antiga vila de São Gonçalo do Amarante). Macaíba, que hoje é uma cidade do Estado do Rio Grande do Norte, comemora seu aniversário todo dia 27 de outubro. Data alusiva à Lei Provincial n. 801, de 27 de outubro de 1877, quando a vila foi criada.

Todavia, percebi que essa discussão era muito mais complexa e estava diretamente relacionada à lógica como José Leão pensava a construção dos espaços estaduais na República. Assim, o conjunto de reflexões de José Leão está pautado no pensamento positivista e, por isso, se concentra na forma como os estados deveriam se organizar em uma República guiada por uma Ditadura Positiva. O açuense José Leão Ferreira Souto (1850-1904), empregado público no Rio, desde fins de 1870, dedicando-se ao jornalismo, às letras e ao magistério. De tradicional família proprietária de terra em Açu, região sertaneja do oeste potiguar, Leão era filho do “coronel” Luís Antônio Ferreira Souto e irmão mais novo dos monarquistas Conservadores, o magistrado Luís Antônio Souto (1842-1895) e o professor e jornalista Elias Souto. Tanto Ferro Cardoso quanto José Leão desempenharam papel destacado na propulsão do movimento republicano no Rio Grande do Norte.

A medida que fui avançando nas investigações sobre José Leão, fui percebendo que ele passou a ter uma preocupação concreta com a denominação da espacialidade então (e ainda hoje) denominada Rio Grande do Norte. Nessa perspectiva, identifiquei três formas diferentes usadas por José Leão para discutir a constituição dessa espacialidade. A primeira forma diz respeito aos seus escritos na revista Potyguarania, publicada ainda no Império, na qual defendia que, com o advento da República, o Rio Grande do Norte passasse a se chamar Potyguarania. A segunda forma diz respeito ao contato de José Leão com Pedro Velho, durante o Governo Provisório, para que o Rio Grande do Norte se chamasse Potigónia (referência aos índios Potiguares) e a Paraíba se chamasse Carirínia (referência aos índios Cariris). Já a terceira forma se relaciona com a percepção de José Leão, após a Proclamação, de que o Rio Grande do Norte e a Paraíba eram estados frágeis econômica e socialmente e, portanto, precisariam se fundir para garantir sua existência, passando-se a chamar esse novo conjunto Potyguarania.

ORIGENS

Em um debate através da imprensa, mantido entre o jornalista pernambucano Mário Melo (1884-1959) foi um intelectual e político nascido em Pernambuco, que escrevia para o jornal Diário de Pernambuco, e o norte-rio-grandense Godofredo Freire, foi um comerciante e intelectual ligado a José Augusto Bezerra de Medeiros, Cascudo chama-o de conterrâneo, o que me permitiu concluir que Godofredo Freire nasceu no Rio Grande do Norte, que escrevia para o jornal Diário da Manhã, sobre a origem dos termos potiguar e potiguarânia.

O primeiro dos articulistas defendia que o termo potiguar significava “comedor de camarão” e deveria ser utilizado como sinônimo de “norte-rio-grandense”, enquanto Potiguarânia seria o mesmo que “Rio Grande do Norte”. Mário Melo, entretanto, argumentou que o termo potiguar tinha significado diverso. Para ele o termo potiguar significava “comedor de fezes”. Pareceu-lhe, portanto, um “fato muitíssimo curioso alguém orgulhar-se de ser coprófago” (Salvo indicação em contrário, as citações a seguir referem-se a CASCUDO, Luís da Câmara. O nome “potiguar”. REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE. Natal: Tip. Santo Antônio, V. XXXII –XXIV, p. 37-38. 1940.). Dessa maneira, Mário Melo questionava a legitimidade deste gentílico, já que potiguar teria uma conotação extremamente pejorativa.

Na impossibilidade de uma resposta definitiva para a questão, Godofredo Freire entrou em contato com o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHG-RN), com o intuito de que fosse esclarecida a origem e a grafia correta dos termos “potiguar” e “potiguarânia”. Luiz da Câmara Cascudo, um dos membros IHGRN, tomou conhecimento da polêmica e realizou um estudo sobre as origens do termo potiguar. O estudo foi aprovado pelo IHG-RN, que o publicou sob a forma de artigo numa das edições da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. (REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE. Natal:Tip. Santo Antônio, V. XXXII –XXIV. 1940.).

Argumentando que potiguar significava, preferencialmente, oriundo, procedente de camarão, Cascudo prontamente afirmou que “potiguar não é nome injurioso”. Admitiu que potiguar também poderia ser traduzido como comedor de camarão, como o fizera Godofredo Freire e o aceitara Mário Melo, mas afirmou que “o desejaria [potiguar] apenas [como] procedente de camarão”. Assim, afirmou Cascudo, “escrever potiguar já não ofende o paladar dos meus conterrâneos” (Ibid, p. 39), ou seja, os nascidos no Rio Grande do Norte poderiam tranquilamente ser chamados de potiguares. Para nossos propósitos, conforme o leitor perceberá no corpo do trabalho, importa ressaltar que nenhum dos articulistas se detém sobre o significado de Potiguarânia.

Quanto à tradução de potiguar como significando comedor de excrementos, Cascudo argumentou, fundamentando-se nas obras de cronistas e estudiosos do tupi, que poti só tem significação de excremento quando antecedido por prefixos, como em tipotí (fezes) ou em itarepoti (excremento de pedra, ferrugem), de modo que “essa forma não atinge ao poti-camarão”, que “é sempre poti”. A extensa pesquisa realizada por Cascudo permitiu que ele chegasse a uma conclusão categórica e indignada: “OS ÍNDIOS JAMAIS EMPREGARAM <> COMO SIGNIFICANDO FEZES” (sic). (Ibid, p.39. O trecho está em caixa alta, na publicação original.) Portanto, o sentido pejorativo “atribuído e popularizado” por Mário Melo ao termo potiguar não encontrava respaldo nas “regras do nheengatu” e na “tradição”. É desta maneira que Cascudo defendia a validade da utilização do gentílico potiguar para se referir aos nascidos no Rio Grande do Norte.

REVISTA POTYGUARANIA

No momento, importa a figura de José Leão, amigo pessoal e biógrafo de Silva Jardim, positivista como o propagandista. Leão foi o principal elo entre os republicanos “históricos” da capital do Império e seus correligionários de Natal, exercendo grande influência inicial sobre estes, especialmente na insistência decisiva para a organização do partido republicano de sua província natal, do qual se considerava um dos fundadores. (CASCUDO, HRRN, p. 31)

Por iniciativa sua, a 21 de abril de 1888, foi criado no Rio de Janeiro o Centro Republicano Potiguaranense (inspirado na Potiguarânia, nome que o Rio Grande do Norte deveria receber na nova confederação republicana), com o objetivo explícito de “preparar a província, por meio de uma propaganda ativa, para o próximo advento da República”. A criação da revista Potyguarana, do Centro Republicano Potiguaranense, redigida por uma comissão presidida por Leão, é noticiada por O Macauense, do irmão Elias Souto, em 13/8/1888 (infelizmente não conseguimos localizar nenhum exemplar da revista).

Pode-se afirmar que as ações de José Leão voltadas para modificar a denominação dada ao Rio Grande do Norte iniciaram a partir de 1888. Essas ações foram desenvolvidas de forma acentuada no Centro Republicano Potyguarense, situado no Rio de Janeiro, e na Revista Potyguarania, órgão de divulgação dessa entidade.

O Centro Republicano Potyguarense foi fundado na Corte em 21 de abril de 1888, data de aniversário da morte de Tiradentes. A revista Potyguarania, órgão de publicação do Centro, informa que essa entidade tinha por objetivos estudar e debater o Rio Grande do Norte, analisando essa Província no que se refere às suas condições materiais, discutir as questões relativas ao seu território, esclarecer os problemas políticos, discutindo as formas de governo e proclamando a eficácia da República. O Centro congregava pessoas que eram favoráveis a queda da monarquia e a ascensão da República. Apresentava também para a população possíveis soluções para os problemas que afetavam o povo americano. Entre os que participaram da Diretoria do Clube e da Redação da Revista estavam José Leão (Presidente), A. Raphael (Secretário), Hermes Cavalcanti (Tesoureiro). POTIGUARANIA, n. 1. p. 3-4. 1888. Algumas fontes também se referem a este Centro como Club dos Rio-Grandenses do Norte. Optei pelo termo utilizado na revista Potyguarania.

Esse Centro, destacado pelo Almanak Republicano Brazileiro como um dos mais atuantes centros republicanos da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, 151 foi uma das principais instituições a abrigar as discussões de José Leão acerca de uma ideia essencial para o seu pensamento: a República só se efetivaria se todas as províncias estivessem integradas a um projeto nacional e envolvidas na luta contra a Monarquia.

ALMANAK REPUBLICANO BRAZILEIRO PARA O ANO DE 1890 EM HOMENAGEM AO ADEVENTO DA REPÚBLICA BRASILEIRA. Ano II. Rio de Janeiro; Typ. a vapor, 1890. Esse Almanak, com 385 páginas, apresenta um panorama geral da República no Brasil. Com a capa ilustrada por um barrete frígio, mostra o perfil biográfico de grandes republicanos brasileiros. Além disso, traz artigos de republicanos históricos discutindo a República brasileira. No Almanak podem ser encontrados artigos de autores como: Osório Duque Estrada, Saldanha Marinho, Silva Jardim, Raymundo de Sá Vale, Lopes Trovão, Evaristo de Morais, Aristides Lobo, Ana J. Cardoso, entre outros. O Almanak, publicado em 1890, apresenta-se como uma homenagem a Revolução Francesa e como um documento importante tanto para a consolidação das ideias da República Brasileira, quanto para o expurgo definitivo de qualquer tentativa de retorno à monarquia. O fato de o Almanak se referir de forma destacada ao Centro Republicano Potyguarense indica a importância desse órgão para o movimento republicano. Para maiores informações, o Almanak está disponível no site do projeto memória da Biblioteca Nacional.

Para José Leão, o Rio Grande do Norte era uma das províncias que mais se envolveu na luta conta a Monarquia. Luta essa que se iniciou com a Abolição dos Escravos, primeiro passo para a queda do Império. Assim, José Leão considerava que a província do Rio Grande do Norte, ao libertar seus escravos a partir de 1883, ultrapassou a primeira fase (escravidão) da luta contra o atraso (Monarquia), que ainda persistiu em várias províncias do Brasil até 1888, quando foi decretada a Lei Áurea.

Observando-se os Boletins quinzenais da “Sociedade Libertadora norte-rio-grandense” (entidade que desenvolveu ações abolicionistas no Rio Grande do Norte, entre janeiro e maio do ano de 1888) percebese a correção das informações de José Leão, tendo em vista que depois de Mossoró, que aboliu seus escravos em 1883, as outras cidades da província também libertaram seus escravos antes da Lei Áurea. (Boletim da Sociedade Libertadora Norte-Rio-Grandense. Natal, 15 abr. 1888. p. 7. Entretanto, José Leão dificilmente utilizou os Boletins como fonte, pois apesar de a Sociedade Libertado existir para a defesa da Abolição, ela é uma entidade monarquista. Essa associação entre Abolição e Monarquia era algo impossível na interpretação de José Leão.

O Centro Republicano Potiguaranense publicou a revista Potyguarania, que divulgava as ideias da entidade. Na primeira edição da revista, o artigo editorial informa que um dos objetivos da publicação era demonstrar “[…] que a denominação de Rio-Grande do Norte é impropria e que está longe de dar idéa da região habitada antigamente pela poderosa nação dos Potyguaras ” (POTYGUARANIA, 1888:1), pois o termo “Rio Grande do Norte” não expressaria os antecedentes históricos da região. Em virtude disso,

Passando a um regimen novo, a futura Republica Potyguarana perderá o nome porque [sic] era conhecida de Rio-Grande do Norte e, para que haja continuidade histórica nesse acto, deve-se desde já ir accentuando a opportunidade da idéa desse chrisma de accôrdo com os nossos antecedentes pátrios. (POTYGUARANIA, 1888:1)

Para apregoar a viabilidade de se implementar uma República no Brasil, tornava-se necessário criar um órgão de propaganda que divulgasse essas ideias. Até esse momento, a proposta era apenas proclamar uma República no Rio Grande do Norte, nomeando-a com uma expressão que remetesse aos indígenas potiguares, habitantes originais desse território. Apesar de se remeter diretamente aos indígenas potiguares, José Leão se distanciava dos ideais do Império e do IHGB, pensando num formato completamente diferente para a identidade nacional.

Ao escrever para a Revista Potyguarania, no ano de 1888, em data posterior a Abolição, José Leão enfatizava que, ao antecipar-se no processo de libertação dos escravos, o Rio Grande do Norte não precisou participar das lutas finais em prol desse acontecimento. Nesses termos, analisou

Entre as províncias que mais trabalharam e aquelas a quem menos aproveitou o termo final da luta por estar com seu território expurgado do primeiro desses dous atentados [escravidão e Monarquia] ao nosso direito, figura o Rio Grande do Norte, (Potyguarania) cujo patriotismo não se pode medir somente pela expansão do enthusiasmo que o espírito de reparação soube arrancar aos partidários dessa nobre causa [República]! (PROCLAMAÇÕES. Potyguarania. Rio de Janeiro. Typ. a vapor. 1888. p. 5.).

No Centro Potyguaranense, José Leão passou a se preocupar em difundir os ideais republicanos no Rio Grande do Norte, a partir de textos que ele escrevia na Corte e que eram divulgados nos periódicos e folhetos publicados nessa província. Esse pensamento pode ser ratificado quando identificamos que o principal objetivo daquela entidade era o de “preparar a província [do Rio Grande do Norte], por meio de uma propaganda ativa, para o próximo advento da República”. (CASCUDO, Luís da Câmara. História da República no Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro; Edições do Val, 1965. p. 31.).

Para divulgar as ideias republicanas desse grupo, foi lançada a revista Potyguarania, também citada pelo Almanack Republicano Brazileiro (ALMANACK REPUBLICANO BRAZILEIRO PARA O ANO DE 1890 EM HOMENAGEM AO ADVENTO DA REPÚBLICA BRASILEIRA. Rio de Janeiro; Typ. a vapor, 1890, p. 369.) como um dos mais destacados periódicos republicanos do Rio de Janeiro, comparada aos outros importantes periódicos republicanos do período, como os jornais Metralha, Mequetrefe (jornal satírico), Grito do Povo e do jornal Tiradentes, publicado pelo Clube Republicano Tiradentes.

Sintonizada com os objetivos do Centro Potyguarense, a revista Potyguarania tinha como objetivos declarados

estudar as necessidades materiaes da Potyguarania [nome pelo qual o Rio Grande do Norte deveria passar a ser chamado após a República], discutir as questões relativas ao seu território, esclarecer os problemas políticos, discutindo as formas do governo e proclamando a efficacia da Republica. (Potyguarania. Rio de Janeiro, 1888, p. 3.).

Descobri que foram publicados ao menos dois números da revista Potyguarania. Entretanto, só consegui ter acesso ao primeiro número. Nele são encontrados artigos que tratavam de temas nacionais e também discutiam a necessidade de mudança no nome do Rio Grande do Norte, com o intuito de retomar as verdadeiras origens da província, o que recolocaria o amor pela terra para o povo que ali habitava.

A alteração do nome do Rio Grande do Norte, propunha-se que, após a instauração de um governo republicano no Brasil, esta província passasse a se chamar Potyguarania, um nome que, de acordo com um dos articulistas da revista Potyguarania, era o mais adequado para caracterizar essa região, “habitada antigamente pela poderosa nação dos potyguaras”, evidenciando, desta forma, os antecedentes pátrios dessa região. (POTYGUARÂNIA. Rio de Janeiro, 1888, p. 1.).

A partir da fundação do Centro Republicano Potyguarense, as relações de José Leão e demais membros dessa agremiação se intensificaram com várias províncias. Com o Rio Grande do Norte, especificamente, além da propaganda em prol da República, os membros desse Centro também desenvolviam outras atividades, como a tentativa de articular os republicanos que moravam no Rio Grande do Norte em um partido. De acordo com Cascudo, José Leão tornou-se o “Cônsul do Rio Grande do Norte” na Corte, de onde intermediava o contato dos republicanos do Rio Grande do Norte com os líderes nacionais do movimento. (CASCUDO, Luís da Câmara. Acta diurna. A República. Natal, 9 nov 1939. p.1.).

Revista raríssima: “Potyguarania”, ano 1, número 1, datada de janeiro de 1935, Natal – Rio Grande do Norte.

POTIGÓNIA E CARIRÍNIA

Ainda em 1888, as relações entre José Leão e o Rio Grande do Norte foram ampliadas, identificando-se sua atuação na formação do Partido Republicano do Rio Grande do Norte, o seu auxílio para a criação de um periódico com o intuito de divulgar as ideias republicanas naquela província, sua candidatura à Deputação Geral da Província pelo 2º Distrito, e as disputas em torno da liderança nacional do Partido Republicano. Foi nessa conjuntura de aproximação que José Leão propôs que Pedro Velho, durante o Governo Provisório, adotasse um novo nome para o Rio Grande do Norte.

No que diz respeito à atuação de José Leão na fundação, ainda durante o Império, de um partido republicano no Rio Grande do Norte, ele teve um papel importante, pois foi o elo de ligação com dos republicanos da Corte com os da Província. Foi José Leão quem sugeriu que as agremiações republicanas existentes no Rio Grande do Norte, que naquele momento encontravam-se dispersas, se unificassem e escolhessem um dirigente para organizar um partido. Para essa escolha, ele se dirigiu inicialmente ao republicano Norte-Rio-Grandense João Avelino Pereira de Vasconcelos e lhe pediu que ele indicasse o nome desse dirigente. Avelino sugeriu o nome de seu primo, o médico Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, que não aderiu à causa republicana de imediato. Somente após alguma insistência por parte de José Leão e de João Avelino é que Pedro Velho decidiu-se a fundar o Partido. Uma descrição mais pormenorizada da organização do Partido Republicano do Rio Grande do Norte pode ser encontrada no segundo capítulo de CASCUDO, Luís da Câmara. História da República no Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro; Do Val Editor, 1965.

O convite a Pedro Velho foi feito em razão dele, por um lado, ter sido o Presidente da Associação Libertadora Norte-Rio-Grandense, entidade que se dedicava à causa abolicionista no Rio Grande do Norte e, por outro, pertencer à uma tradicional família local, com poderes econômicos e políticos consolidados. Naquela conjuntura, era estabelecida uma relação imediata entre abolicionismo e republicanismo, portanto, nada mais coerente do que convidar um abolicionista para comandar um Partido Republicano.

Só no final de dezembro de 1888 é que João Avelino pôde finalmente anunciar, em carta a José Leão, a adesão de Pedro Velho, depois de tantas hesitações: “O meu primo Dr. Pedro Velho decidiu-se a por-se à frente do partido e muito fará porque tem inteligência, energia e força de vontade precisas”. A carta de Tobias Monteiro, publicada somente n’A República de 1/7/1939, é citada por CASCUDO, p. 29; as referências à correspondência entre José Leão e João Avelino estão nas p. 32-33. Os esparsos e pequenos centros republicanos localizavam-se principalmente em Natal, Caicó (Príncipe), Ceará-Mirim, Macaíba e São José do Mipibu, cf. ibid., p. 37.

A tradição oposicionista creditou essa adesão repentina ao fato de Pedro Velho não haver conquistado espaço nos partidos monárquicos, o que é bastante discutível: seu irmão, Fabrício Maranhão, era o chefe Liberal em Canguaretama e o próprio Pedro Velho fora Inspetor da Saúde Pública provincial em 1885-86, em administrações Liberais e Conservadoras. Como conhecemos a obsessão com que posteriormente Pedro Velho perseguiu a ideia de montar sua oligarquia familiar no Partido Republicano e no governo do Rio Grande do Norte, derrubando todos os obstáculos que lhe apareceram pela frente, cremos ser mais plausível que, tendo chegado à conclusão de que a República seria, fatalmente, uma questão de tempo, achou melhor tomar a iniciativa, aproveitando os seus contatos e os do primo João Avelino com os republicanos potiguares da Corte e as ligações clientelísticas da família Maranhão, para ter o controle da situação quando chegasse a hora. Seja como for, em menos de um mês, a 27 de janeiro de 1889, Pedro Velho fundava o Partido Republicano do Rio Grande do Norte (PRRN). (Sobre a narrativa da fundação do PRRN, ver CASCUDO, op. cit., p. 41-50.)

Postas essas considerações, percebe-se que José Leão se aproximou de Pedro Velho, o convidou para ingressar no movimento republicano e com ele manteve relações amistosas até os primeiros dias de República. Nesse período, José Leão chegou a imaginar que as suas propostas poderiam se concretizar e que, pelo menos no Rio Grande do Norte, o ideal positivista de vincular o nome do estado às tradições étnicas e indígenas iria se efetivar. Assim, José Leão certamente imaginou que, com Pedro Velho, o Rio Grande do Norte se tornaria Potigónia, e essa atitude possivelmente influenciaria para que a Paraíba se tornasse Carirínia e outros estados adotassem práticas semelhantes.

As notícias do 15 de novembro de 1889 pegaram os riograndenses-do-norte desprevenidos, surpresos e atônitos. Nem mesmo os republicanos acreditaram nos primeiros telegramas vindos da corte (enviados por José Leão e Aristides Lobo, instando Pedro Velho a assumir o poder). (Sobre o ambiente das primeiras horas após a Proclamação no Rio Grande do Norte, ver CASCUDO, HRRN, p. 127-136.).

Pedro Velho tornou-se o Presidente do Governo Provisório no estado do Rio Grande do Norte. Já a partir dos primeiros momentos de seu governo, Pedro Velho aliou-se a antigos membros dos partidos monárquicos (Conservador e Liberal), o que causou os primeiros atritos entre ele e José Leão. Os republicanos “de última hora”, ou, na expressão de José Leão, os “adhesos” às ideias republicanas às vésperas da Proclamação, conseguiram obter cargos após o advento da República. Enquanto isso, os republicanos históricos além de não conseguirem atuar efetivamente no governo, ainda foram demitidos do serviço público por Pedro Velho.

Pedro Velho se tornou o maior líder político do RN após o golpe republicano (Foto: reprodução)

Logo nos primeiros dias de governo republicano, José Leão defendeu junto a Pedro Velho o nome de Potigónia para o Rio Grande do Norte. Na sua lógica, os recém criados estados republicanos deveriam adotar nomes diretamente relacionados às suas origens étnicas. Por isso, o Rio Grande do Norte se chamaria Potigónia (dos índios Potyguares), a Paraíba Carirínia (dos índios Cariris) e assim por diante. No entanto, Pedro Velho não levou esse pedido em consideração. Posteriormente, com o rompimento das relações entre José Leão e Pedro Velho, os governos republicanos no Rio Grande do Norte, durante toda a Primeira República, distanciaram-se de qualquer proposta que objetivasse mudar o nome do Estado. Só depois dos anos 1920 é que potiguar passou a ser retomado como adjetivo gentílico, num período em que os Albuquerque Maranhão não estão mais na chefia do executivo norte-rio-grandense e do Partido Republicano.

A vitória de Pedro Velho sinalizava a adoção do federalismo no Rio Grande do Norte. Diante dessa situação, José Leão constatou que o Brasil não atingiria o progresso e a civilização, como apregoavam os positivistas. Na sua interpretação, os estados federados iriam disputar entre si, continuamente, pela hegemonia econômica e política.

Considerando-se esses aspectos e buscando entender a trajetória de José Leão rumo à construção do estado da Potyguarania, tomei como ponto de partida uma conferência proferida na cidade da Paraíba do Norte, então capital da Paraíba, nos primeiros anos de República, bem como em alguns artigos publicados por José Leão em decorrência dessa conferência no jornal Estado da Parahyba e em artigos publicados por ele na revista Potyguarania. A conferência é importante também para compreendermos o método adotado por José Leão para analisar as questões territoriais e sociais, pois esse método segue os caminhos metodológicos indicados por Comte.

Todavia, vivia-se o momento de elaboração da Constituição de 1891 e José Leão percebia concretamente a possibilidade de modificar esse quadro. Num primeiro momento, ele propôs que o Rio Grande do Norte passasse a se chamar Potigónia. Todavia, com a adoção federalismo, ele constatou que começavam a surgir disputas entre os estados da federação e, portanto, precisaria buscar uma estratégia para tornar os estados em condição de equidade social e econômica, protegendo-se assim das possíveis consequências do federalismo e preparando politica e territorialmente para a instalação de uma ditadura positiva.

Em um artigo, intitulado A Nova Pátria, publicado na edição seguinte do jornal, José Leão, republicano e abolicionista, passou a discutir o nome mais conveniente para o novo estado e para a nova capital, concluindo que “esse nome [Potyguarânia] dado a ambos os estados, serviria para concretizar o todo, ao passo que a um de per si poder-se-hia denominar Potyginia e a outro Carirínia para caracterisar as tribos do sertão e da serra, ou antes os potys do Rio Grande do Norte e os Cariris da Parahyba” (ESTADO DA PARAHYBA, 1891C: 1). A capital desse estado, protegida pelas serras, seria construída na região da baía da traição e estaria interligada às demais regiões do estado e do país por meio das ferrovias.

Assim sendo, ele propunha o nome de Potyguarania para o novo estado, já que toda a região compreendida entre o vale do Camaratuba e o vale do Jaguaribe foi, anteriormente, habitada pelos potyguares antes da descoberta do Brasil. Ademais, concluía, “esse nome dado a ambos os estados, serviria para concretizar o todo, ao passo que a um de per si poder-se-hia denominar Potyginia e a outro Carirínia para caracterisar as tribos do sertão e da serra, ou antes os potys do Rio Grande do Norte e os Cariris da Parahyba”. (A NOVA Pátria. Estado da Parahyba, Parahyba do Norte, p. 1, 7 mar 1891. Os termos estão em itálico no original.).

Ao saber da proposta de José Leão, o jornal norte rio-grandense A República classificou a ideia de fundir o território dos dois estados [Rio Grande do Norte] como uma tentativa de se leiloar a pátria norte rio-grandense. Isso por que a ideia de fusão terminaria favorecendo para que Pernambuco assumisse o controle dos três estados ao mesmo tempo. Considerando-se o poderio político e econômico de Pernambuco, o Rio Grande do Norte acabaria totalmente dominado por aquele estado. A partir dessa lógica, A República afirma que a proposta de José Leão só reforça um pensamento comum no Rio Grande do Norte: José Leão não estaria preocupado com os interesses do estado. Seu interesse estaria vinculado aos grandes grupos políticos específicos situados no Rio de Janeiro. Aliás, seu interesse por Pernambuco está associado a isso, pois Pernambuco apoiou Silva Jardim na eleição da chefia nacional do Partido Republicano. Para A República, José Leão nunca esteve interessado no Rio Grande do Norte. Quando ele esteve aqui articulando-se politicamente, estava simplesmente interessado em pôr em prática projetos políticos nacionais produzidos no Rio de Janeiro.

JORNAL POTIGUARÂNIA

Identificamos um considerável número de periódicos que veiculavam literatura durante a Primeira República na cidade do Natal, entre eles: Potiguarânia (1890). No decorrer de nossa pesquisa, procuramos identificar todos os jornais e as revistas que se apresentavam como “literários”. As informações foram extraídas de MELO, Manoel Rodrigues de. Dicionário da Imprensa do Rio Grande do Norte (1908-1987). Op. Cit.E FERNANDES, Luís. A imprensa periódica norte-rio-grandense (1861-1908). Op. Cit.

Era reproduzido na Tipografia d’A Republica que também publicava os periódicos A Republica (1889), O Porvir (1889-1890), Revista do Rio Grande do Norte (1898-1900), O Caixeiro (1892-1894), Terra Natal (1924), Letras Novas (1925). Esta tipografia se locais de acordo no decorrer do tempo de sua existência: Rua Treze de Maio, 51; Rua Senador José Bonifácio, nº 2 (em 1891); Rua Correia Teles, número 6 (em 1901).

Ao tratar sobre o cenário educacional, não podemos deixar de refletir sobreo contexto sócio-político da época. É necessário contextualizar e buscar compreender como se deu a consolidação do ideário político que influenciou a estruturação das leis voltadas para o âmbito educacional, especificamente tratando-se de República no Rio Grande do Norte, onde a força política e o coronelismo apadrinhavam essas mudanças contribuindo ou dificultando esse processo.

Se voltarmos ao estado desolador em que ela [Natal] se achava, a dois anos passados, veremos como prospera, conseguindo vencer as dificuldades com que tinha de lutar para o seu engrandecimento. Cercada de morros e outros obstáculos materiais, impossível tornavase o seu comércio com o interior do Estado […]. Veio, porém, a estrada de rodagem, daqui para Macaíba, remover esta última dificuldade; a abertura da barra, com a extração da cabeça do Negro, já deixou de ser uma esperança vã para se tornar realidade, e com ela a canalização do rio e a arborização dos morros. Iniciadas estão as relações com o estrangeiro; a importação direta vem libertar-nos o comércio do monopólio de Pernambuco. Amplas negociações com o interior, fomentação no comércio marítimo, trânsito mais animado pelas ruas, fundação de novos estabelecimentos comerciais, fábricas etc., tudo atesta uma nova fase de prosperidade para esta cidade, até hoje sem vida” (NATAL progride, Potiguarânia, 24 de setembro de 1890).

Imagem da oficina tipográfica do jornal A Republica, também localizado na Avenida Tavares de Lira – próximo à redação do mesmo jornal. Fonte: Foto Bruno Bourgard.Acervo: MIRANDA, João Maurício Fernandes de. 380 anos de História foto – gráfica da cidade de Natal (1599 – 1979). Natal/RN: EDUFRN, 1981. p. 34.

JOSÉ LEÃO

José Leão Ferreira Souto nasceu em uma família que possuía membros atuando como lideranças políticas e desenvolvendo atividades intelectuais. Foi alfabetizado e estudou a escola primária como seu avô – Antônio Barbalho Bezerra, ex-participante da Insurreição Pernambucana de 1817 e presidente da Câmara Municipal de Santana do Matos. Seu pai já havia sido deputado provincial, mesmo antes de sua partida para o Rio de Janeiro. Há indícios de que teve acesso às primeiras ideias políticas ainda nesse tempo. Entretanto, é importante destacar que o acesso dessas ideias estava restrito a Assú, pequena cidade da província do Rio Grande do Norte.

Entre 1870-1879 estudou engenharia na Escola Central no Rio de Janeiro, escreveu em jornais, escreveu livros, aproximou-se do positivismo, divulgou o pensamento positivista. Criticou a literatura nacional que se limitava ao índio (indianismo) e propôs uma literatura que evidenciasse a diversidade da população brasileira. Defendeu que a literatura deveria caracterizar a natureza e o progresso do povo. Concretiza os três estados do positivismo (teológico, metafisico e positivo) a partir das suas memórias sobre o sertão e a vida dos seus habitantes. Participou de polêmicas no jornal com temas relacionados ao Rio Grande do Norte. Diferenciou o homem do Rio Grande do Norte do homem do Rio de Janeiro. Interpretou o Brasil na totalidade, a partir de uma ótica positivista, diferenciando os espaços que compõem a nação. Criticou as ações da Monarquia.

No período de 1879-1886, em São Paulo, elegeu-se delegado do Partido Republicano. Escreveu livros. Escrevia para jornais. Crítico de peças teatrais. Escriturário da Fazenda Pública. Professor de Matemática no Lyceu de Artes e Ofícios. Fundador da Sociedade Positivista em São Paulo. Radicaliza a crítica contra a Monarquia, defendendo uma revolução para a instauração da República. Fundador do Clube Revolucionário, que pretendia organizar uma revolução armada que, esperava-se, implantaria a República.

De 1886 a 1904 é perseguido pela Monarquia, que o transfere para o Ceará. Demissão da Fazenda Pública. Cria e dirige uma escola no bairro de Santa Tereza. Nessa escola o professor de História Pátria é Silva Jardim. Escreve livros. Escreve em jornais e revistas. Após a Proclamação da República, conseguiu ser readmitido como servidor público. Atuou em polêmicas no jornal com temas relacionados ao Rio Grande do Norte. Envolveu-se com o Partido Republicano do Rio Grande do Norte. Escreveu para jornais do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Aproximou-se do espiritismo. Envolveu-se com o movimento operário, participando das discussões do Congresso Operário de 1890. Faleceu, deixando uma viúva e três filhos.

No primeiro de setembro de 1904, cinco dias após a morte de José Leão, ocorrida no sábado, dia 27 de agosto, o jornal Gazeta de Petrópolis, na coluna intitulada SOBRE A PERNA, assinada por Ivo, (Simplesmente Ivo. Nada além disso sabemos sobre acerca do articulista.) publica uma nota fúnebre e tece inúmeros elogios sobre o falecido. No texto, o articulista se refere ao morto como um homem de muitas qualidades: possuidor de grande coração; distinto republicano; bom chefe de família; funcionário público do Tesouro Federal que ocupou posições de destaque no Rio de Janeiro; um digno colaborador permanente de vários periódicos da Capital da República, inclusive da própria Gazeta de Petrópolis. Entretanto, apesar de todas essas qualidades que o engradeciam como cidadão, o articulista lamenta que o falecido tenha deixado muitos trabalhos escritos e sua família (a esposa e três filhos) em situação de extrema pobreza (IVO. Sobre a perna. Gazeta de Petrópolis, Rio de Janeiro, 1 set. 1904. p.1).

No dia 22 de dezembro de 1905, o jornal Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, publicou uma notícia sobre o Grêmio Norte-Rio-Grandense. Segundo o jornal, no dia 21 de dezembro a entidade teria se reunido para comemorar o aniversário de fundação da cidade de Natal. Aproveitando a ocasião, o presidente da entidade, João Lindolpho Câmara, informou que seria construído, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, um monumento em memória do seu confrade José Leão Ferreira Souto. O monumento seria uma forma de homenagear um dos homens que durante o Império teria sido um dos defensores da proclamação da República.

Sua produção literária inclui os seguintes títulos: Microscópios (poemas), Gritos da Carne (poemas), Aves de Arribação (poemas), Questões Sociais (problemas sociais diversos), Culto aos Mortos (poemas), Questão de Limites Entre o Ceará e o Rio Grande do Norte, Potiguarânia e Culto à Pátria, entre outros. Faleceu no Rio de Janeiro, a 27 de agosto de 1904 (segundo Cascudo) ou 1897 (conforme Tavares de Lira).

EXPRESSÃO

O primeiro esforço significativo nesse sentido estava na obra de melhoramento e aformoseamento da Praça da República, classificada como “a obra urbanística de
maior significado da primeira década do século” (ARRAIS, 2009, p. 164). No entanto, até o ano de 1892 nada ainda havia sido feito. “O Caixeiro”, em mais uma de suas reportagens denunciativas reiterava as singularidades “pitorescas” e “bucólicas” da praça que, por não apresentar um aterro e um sistema de drenagem eficiente, até então constituía local de descanso para “jumentos” e “suínos”. A reportagem ao reclamar medidas básicas de intervenção urbana defendia que se realizadas o logradouro passaria a ser uma praça de “primeira ordem”.

A depressão do terreno, já em parte minorada pelas patrióticas e economicas commissões de socorros, precisa ainda de considerável aterro, e de um systema de esgotos regulares e promptos; mas Roma não se fez num só dia e a perseverança no trabalho tem eliminado obstáculos naturaes reputados insuperaveis. Se a Hollanda ha seculos que luta com o mar, empurrando-o para lá, não é muito que a Potyguarania ponha para fora de uma praça publica uma nesga de maré. Não temos plano nenhum a offerecer para o aformoseamento da Praça da Republica, fique isto aos competentes. (O CAIXEIRO, 1892b, grifos do autor).

FONTES SECUNDÁRIAS:

ARRAIS, Raimundo. O mundo avança! Os caminhos do Progresso na cidade do Natal no início do século XX. In: BUENO, Almir de Carvalho (Org.) Revisitando a história do Rio Grande do Norte. Natal: EDUFRN, 2009.

CASCUDO, Luís da Câmara. Grande Ponto. In: GARCIA, Eduardo Alexandre. Cantões, cocadas: grande ponto Djalma Maranhão. Natal: Natal gráfica, 2002, p. 42-45.

CASCUDO, Luís da Câmara (Org.). História da República no Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Edições do Val, 1965.

GUIMARÃES, João Amorim. Natal do meu tempo: crônica da cidade do Natal. Organização, introdução e notas de Humberto Hermenegildo de Araújo. 2. ed. Natal: SCB/FGG, 1999.

GURGEL, Tarcísio. Informação da literatura potiguar. Natal: Argos, 2001.

MELO, Pedro de Alcântara Pessoa de. Natal de ontem: figuras e fatos de minha geração. Natal/RN: Sebo Vermelho, 2006.

WANDERLEY, Jaime dos G. É tempo de recordar. Natal/RN: Fundação José Augusto, 1984.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

A atuação de Manoel Dantas na instrução pública Norte-riograndense (1897-1924) / Isabela Cristina Santos de Morais. – Natal, 2018.

A MODERNIZAÇÃO DA CIDADE DO NATAL: O AFORMOSEAMENTO DO BAIRRO DA RIBEIRA (1899-1920) / LÍDIA MAIA NETA. NATAL/Dez/2000.

Anais do II Encontro Regional de História da ANPUH-RN, Caicó, 6 a 9 de junho de 2006 / Associação Nacional de História. – Caicó, RN : APUHRN, 2006.

Caminhos que estruturam cidades: redes técnicas de transporte sobre trilhos e a conformação intra-urbana de Natal / Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros. – Natal, RN, 2011.

José Leão Ferreira Souto e a construção da identidade potiguar na transição do século XIX para o século XX / Paulo Vitor Sauerbronn Airaghi. – 2016.

Letras e Poder: o microcosmo literário na cidade de Natal (1894-1900) / Maiara Juliana Gonçalves da Silva. – Rev. Hist. UEG – Porangatu, v.2, n.1, p.262-277, jan./jul. 2013.

Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.

O nosso maestro: biografia de Waldemar de Almeida / Claudio Galvão. – Natal :EDUFRN, 2019.

Reflexões Sobre história local e produção de material didático [recurso eletrônico] / Carmen Margarida Oliveira Alveal, José Evangelista Fagundes, Raimundo Nonato Araújo da Rocha (org.). – Natal: EDUFRN, 2017.

Roseira brava: pós-romantismo e modernidade na poética de Palmyra Wanderley / Marília Gonçalves Borges Silveira. – Natal, RN, 2016.

UM REPUBLICANO POSITIVISTA E A RECONFIGURAÇÃO DA NAÇÃO: A TRAJETÓRIA DE JOSÉ LEÃO FERREIRA SOUTO (1850-1904) / PAULO VITOR SAUERBRONN AIRAGHI. – XXIX de História Nacional Simpósio. Contra os Preconceitos: História e Democracia.

Visões de República [recurso eletrônico] : ideias e práticas no Rio Grande do Norte (1880-1895) / Almir de Carvalho Bueno. – Natal, RN: EDUFRN, 2016.

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