Redinha
Localizada na Região Administrativa Norte, é uma das mais belas paisagens do litoral potiguar. Conhecida pela “ginga com tapioca”, iguaria que é, praticamente, sinônimo de Redinha. Câmara Cascudo em uma de suas actas diurnas (apud SOUZA, 2008), associa a origem do topônimo Redinha a uma localidade homônima, de Portugal.
Falar em Natal para muitos, é apenas, discorrer sobre as belezas naturais. Dizer das belezas de seu litoral e incluir, até praias vizinhas, como nos versos do poeta “… de Redinha a Jenipabu…”. Bem, realmente, a mãe-natureza presenteou a cidade do Natal, com uma paisagem única. Aqui encontra-se belos cartões-postais.
Importante reforçar que a presença francesa nas costas da capitania do Rio Grande não seria possível não fosse a aliança estabelecida com os índios potiguares que viviam por todo o litoral norte-rio-grandense, ficando a taba principal na Aldeia Velha, área que se estende entre o atual bairro de Igapó e a praia da Redinha. No litoral norte-rio-grandense viviam índios potiguares espalhados em várias aldeias, das quais a mais importante era a Aldeia Grande, hoje área entre o bairro de Igapó e a praia da Redinha. Cascudo chega a afirmar que no Rio Grande “ardiam 164 fogueiras quando do momento da conquista… pessimisticamente seis mil almas” (apud LOPES, 2003, p. 31). Aliados dos franceses, os índios atacaram a expedição portuguesa próximo à foz do rio Potengi.
Em 1597, seis anos antes do processo de ocupação, a Redinha pertencia aos índios potiguares, chefiados pelo índio Potiguaçu. Na Redinha, uma antena de telefonia celular ocupa hoje o local onde outrora foi a taba de Potiguaçu. Mas história da Redinha tem início mesmo no “Auto da Repartição das terras do Rio Grande” e a primeira referência existente, sobre o local figura no texto de sesmaria, concedida ao vigário do Rio Grande, Padre Gaspar Gonçalves Rocha, por João Rodrigues Colaço, em 23 de junho de 1603. O texto declara que “há o melhor porto de pescaria que aqui há e está defronte da Fortaleza”. Lá pelos idos de 1731 a viúva Grásia do Rego vendeu a dona Joana de Freitas da Fonseca, viúva do Capitão Manoel Correia Pestana um sitio compreendendo todas as terras do lugar,hoje conhecido como Redinha.
Existem registros, deste topônimo, datados de meados do século XVIII. Conforme Medeiros Filho (1991, p.93), em uma carta de doação de 05/06/1731 a senhora Joana de Freitas recebeu por título uma área da “Redinha até a Pajuçara”.
O pesquisador Olavo Medeiros Filho, (Terra Natalense , 1991/93), diz de uma doação feita a Joana de Freitas da Fonseca, viúva do Capitão Manuel Correia Pestana, com os seguintes dizeres: “Receberam, por título de compra, da viúva Dona Grácia do Rego o sítio chamado de Redinha, da outra banda do rio desta Cidade . O nome deve ter neste sítio a sua origem.
NA INVASÃO HOLANDESA
Na tomada da Fortaleza dos Reis Magos, planejaram inicialmente os invasores holandeses cortar o abastecimento d’água da guarnição tomando o rio da Redinha, pequeno curso d’água que desembocava “na praia do mesmo nome, no Potengi”. Desistiram do intento e desembarcaram as tropas na margem direita do rio Potengi, e a essas tropas vieram juntar-se 150 marinheiros armados de mosquetes e sabre, e marcharam em direção à fortificação, “chegando a uma duna de areia” nas suas proximidades (MEDEIROS FILHO, 1998, p. 25-26).
Deixaremos de lado os diversos episódios ocorridos entre os dias 8 a 12 de dezembro de 1633, período em que decorreu o assédio do forte, culminado com a rendição do lado português e a vitória dos flamengos. Tal descrição fugiria ao nosso objetivo, ou seja, identificar a parte geográfica relacionada com o desembarque flamengo no rio Potengi.
João Teixeira ALBERNAZ, o velho, “cosmógrafo do Rei de Portugal com carta patente para exercer o ofício de mestre construtor de cartas de marear e de instrumentos astronômicos”, viveu no período de 1602 a 1666. É de sua autoria um mapa intitulado RIO GRANDE, publicado em 1631, o qual se encontra na mapoteca do Itamaraty, no Rio de Janeiro. Certamente o mapa foi baseado em um rascunho, de autoria de desenhista anônimo, elaborado por volta do ano de 1614. No mapa de Albernaz acham-se representados diversos aspectos natalenses, compreendendo a área que vai da barra do Rio Grande ao atual Rio do Baldo.
Desenhos holandeses, um deles de Commelyn e o outro apresentado no livro de Laet (LAET, Joannes de * História ou Anais dos feitos da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais, II, pp.422-423.), descrevem a paisagem e a conquista do Rio Grande, documentos de que nos utilizaremos para completar o quadro já descrito.
Em uma das gravuras vêem-se alguns navios holandeses fundeados no oceano, ao nascente da fortaleza. À altura do rio da Redinha, então navegável (Versche Riever), aparecem duas caravelas portuguesas, aprisionadas, subindo o Potengi rebocadas por duas canoas flamengas movidas a remo.
No livro de BARLÉU (BARLAEI, Caparis * Rerum per Octennium in Brasília,& .) figura um mapa, intitulado Castrum Ceulanium, de alto valor informativo: ali vêem-se o Castellum e as pedras que as marés altas inundam, os arrecifes, a típica vegetação do terreno arenoso, as pedras submersas junto à entrada da barra. Na parte correspondente à atual praia da Redinha, vêem-se algumas casinhas à beira do Potengi, pertencentes a pescadores. À esquerda da gravura, havia os Montes Excelsi, abaixo dos quais corria um riacho, antigamente chamado de riacho da limpa, hoje desaparecido completamente.
A REDINHA OITENTISTA
Peça importante nesse novo mecanismo da relação Estado-população, o Hospital de Caridade Juvino Barreto produziu uma ressignificação dos espaços de cura na cidade. A pequena casa da Redinha, de 1835, construída às pressas, e que albergou oito variolosos; as casas de palha levantadas em diferentes momentos de epidemias; a nossa primeira assistência hospitalar (1855), erguida contra o devastador cólera-morbus que assolava o litoral potiguar; todos estes espaços comungavam da precariedade, da fluidez e da plasticidade que as situações emergenciais requeriam, localizando-se comumente fora do perímetro urbano ou longe das zonas residenciais. Era o espaçodistância, espaço da liquidez, de nomadismo. Na primeira década do século XX, com a construção do HCJB (1909), a preocupação era fixar, reter, sedentarizar o espaço, atendendo a critérios de geografia médica. Do alto do Monte Petrópolis, nem sinal de miasmas. Acompanhando a expansão urbana da cidade do Natal, guiada na direção dos novos bairros de Tirol e Petrópolis, o espaço médico agora era pensado dentro da urbe, na sua zona imobiliária mais promissora: espaço-proximidade, contato, ponte. Buscavase a vida e não lugar para morrer; curar doenças, e não aumentar-lhes o poder de letalidade.
E, desde 1850, a praia da Redinha, pouso dos presidentes, local das peixadas e serenatas dominicais. A cidade de Natal, na concepção do poeta Henrique Castriciano, era atrasada em comparação aos grandes centros urbanos do Brasil e das capitais europeias, a exemplo de Paris. As opções de diversão resumiam-se nos passeios coletivos à Praia da Redinha, nos piqueniques, nas apresentações de teatros amadores, nas reuniões ao ar livre e nas serenatas nas noites de lua cheia, apreciadas por poucos – jovens e boêmios, em geral. As moças saíam de casa apenas acompanhada pelos pais, geralmente para ir aos bailes, que eram raros, e às missas aos domingos.
Desde meados século XIX, os natalenses atravessam o rio Potengi rumo a tal praia. O tenente de milícia Joaquim Manoel Açucena costumava ir com amigos à Redinha saborear peixadas, e à Praia de Genipabu ouvir o poeta Miguel Vieira de Melo (Cf. CASCUDO, 1989, p. 66.).
Em 1868 era publicado o ATLAS DO IMPÉRIO DO BRASIL, de autoria de Cândido Mendes de Almeida, no qual consta um mapa relativo à então província do Rio Grande do Norte. Encartadas no mesmo mapa, figuram uma planta de Natal e uma topografia do porto1. Pesquisas procedidas nos levaram a determinar o ano de elaboração do mapa: 1864, quando a província era presidida pelo Dr. Olinto José Meira.
No encarte do mapa, na parte que trata da topografia do Porto de Natal, encontramos o Rego do Forte, nas proximidades da Fortaleza dos Reis Magos. Do outro lado do Potengi, divisam-se os esteiros do Jaguaribe e do Manimbu, além do Rio da Redinha, cuja barra ocorria no local hoje conhecido como Cemitério dos Ingleses. Ao sul do rio existia um Lazareto. Segundo informa o mapa de 1864, naquele ano Natal contava com 5.000 habitantes, o que indicaria a existência de cerca de 1.000 casas residenciais.
A REDINHA DE MANOEL DANTAS
A cidade do Natal, no ano de 1959, estava longe de ser a “metrópole do Oriente da América” que Manoel Dantas (1867-1924) previu na sua histórica conferência Natal daqui a cinqüenta anos, proferida no salão nobre do palácio do Governo do Estado, no dia 21 de março de 1909, e que segundo o poeta Jota Medeiros constitui o marco do Futurismo, antecedendo o manifesto de Marinetti.
O lazer era feito nos vinte e cinco clubes recreativos existentes, no Teatro Alberto Maranhão, e nos cinemas, Rex, Rio Grande, Nordeste, São Luiz, São Pedro, São Sebastião, São João e Potengi, além do passeio de barco a motor e a vela até a praia da Redinha, com saída do porto flutuante do Canto do Mangue.
Na Conferência “Natal daqui a cinqüenta anos” realizada por Manoel Dantas no salão de honra do Palácio do Governo, em 21 de março de 1909, profetizou que ” (…) “E, para os lados da Redinha, fica o empório da indústria da pesca alimentada pelas importantes pescarias do canal de S. Roque”.
Afora os equipamentos e serviços citados existiam em Natal, “no ano da Graça de 1959”, dez bancos, três bibliotecas, nove cartórios, seis consulados, doze cooperativas, dez agências de correios e telégrafos, treze hotéis, seis pensões, quarenta e sete templos católicos, vinte templos protestantes, dezessete centros espíritas, quatro lojas maçônicas, oito “praças” de automóveis de aluguel, trinta e um sindicatos, nove agências de transportes fluvial (Natal/Redinha), vinte e uma agências de transportes rodoviário e a Rede Ferroviária do Nordeste, que fazia o tráfego com municípios dos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, além da cidade do Recife.
CEMITÉRIO DOS INGLESES
Localizado na margem esquerda do rio Potengi, na gamboa Manimbu, praia da Redinha. Neste local eram enterrados os estrangeiros, aqui falecidos. Há registro do uso desta área, datados de meados do século XVIII.
Cascudo(1976, p. 132), no livro das Velhas Figuras, nos informa sobre a localização do cemitério:
A margem da camboa Manimbu, perto da praia da Redinha, está um cemitério pequenino. A sombra dos raros coqueiros mirrados dá um ar de repouso que inda mais triste torna a solidão dos mortos esquecidos.
É o cemitério dos Ingleses. […]
Aí sepultavam os estrangeiros protestantes.
Existia no outro lado do Potengi, o “Cemitério dos Ingleses”, para enterrar estrangeiros não católicos, também, chamados de “capas verdes localizados
perto da Praia da Redinha (“Capas verdes” era um termo pejorativo utilizado para os protestantes). Neste cemitério enterrou-se a maioria dos empregados da empresa de Ulrick Graff & CIA, vitimados pelo surto de cólera e febre amarela (CASCUDO, Luís da Câmara. História da cidade do Natal, p. 246).
No ano de 1855, por meio da Resolução n. 323, de 2 de agosto, autorizou-se a quantia de dois contos de réis para que fosse realizada a construção de um cemitério em Natal. Alguns relatos afirmam que os não católicos e os estrangeiros que faleciam em Natal e não podiam ser enterrados nas igrejas eram encaminhados para o cemitério dos ingleses, na gamboa Maninbu, em uma das margens do Rio Potengi e nas proximidades da Redinha. Com a crença de que os holandeses teriam enterrado ouro sob os coqueirais, os túmulos foram revolvidos e o cemitério destruído, não restando nenhum resquício visual de que tenha havido um campo santo naquele local. Câmara Cascudo, inclusive, considera que o cemitério dos ingleses foi o primeiro cemitério de Natal e não o cemitério do Alecrim, como todos acreditam, já que os indivíduos que professavam outra fé que não a católica não podiam ser enterrados nos campos santos das igrejas. Assim, o cemitério dos ingleses tornaria-se uma alternativa que fora utilizada antes mesmo de 1856, data de inauguração do cemitério público do Alecrim.
Resistente ao tempo, não conseguiu sobreviver aos caçadores de tesouros. Hoje, antigo cemitério, está inserido na ZPA – 08(Zona de Proteção Ambiental – 08), podendo, enfim, guardar seus mortos em paz e parte da memória da cidade.
TRAVESSIA REDINHA PASSO DA PÁTRIA
A feira semanal do Passo da Pátria surgiu em 1870, devido ao movimento comercial do porto do Passo da Pátria, que recebia mercadorias vindas das povoações da Redinha, Macaíba e São Gonçalo, permitindo o abastecimento interno da cidade de Natal e a integração desses municípios à capital potiguar.
A feira e as mercadorias que chegavam pelo cais abasteciam a Cidade Alta e movimentavam financeiramente a localidade do Passo. Itamar de Souza (2008, p. 125)
afirma que “tudo era desembarcado ali, procedente de Macaíba, São Gonçalo, Redinha e outras povoações”. Para a Cidade Alta eram transportados “tijolos, telhas, madeira, frutas, legumes, carnes, aves, criações de todo tipo”, entre outros produtos e mercadorias. Muitos dos animais transportados eram levados para serem abatidos no Matadouro Público que se localizava, então, na Cidade Alta – e depois seria removido para o bairro das Quintas.
De 1907 a 1908, Antônio José de Melo e Souza governou o Estado do Rio Grande do Norte. O seu governo teve as seguintes metas: construiu o Cais da Passagem, o Grupo Escolar “Augusto Severo” – hoje, Secretaria de Segurança Pública do Estado que custou aos cofres do Estado à importância de 50.201 .$508 contos de réis, e entregue no dia 24 de março de 1908; A casa do Passo da Pátria que servia para acomodar os passageiros que vinham da Redinha e regiões circunvizinhas; iluminou a gás acetileno as ruas do Comércio, José Bonifácio entre outras.
O bonde dava vida à cidade, ajudando a conformar um modo de vida urbano. Além de ter sido, ele mesmo, um novo espaço de sociabilidade com regras de condutas a serem seguidas. O bonde conduzia os habitantes para o teatro, para os centros comerciais da Ribeira, os cinemas e os clubes, a praia de Areia Preta. No jornal A Republica comentou-se que “o movimento de bondes e automoveis transportando para os diversos bairros consideravel multidão, emprestava a cidade um aspecto dos dias de grandes festas” (LUZ ELECTRICA NA REDINHA. A Republica, 20 de novembro de 1924, p. 1.).
Em 1925, a inauguração de um transporte regular de lanchas, saindo de Natal, com destino a Redinha, veio amenizar a dificuldade de acesso, contribuindo com o aumento de visitantes e veranistas.88 O que não significaria uma imediata popularização da praia, já que os custos da lancha eram superiores aos custos do bonde, que levava os banhistas até a praia de Areia Preta. Portanto, a Redinha não deixou se ser um reduto das elites natalenses nos meses de verão, como se pode ver nessa reportagem que comentava a passagem de ano:
creanças e moças, a linda flor do feminismo natalense, todos ali se encontravam numa admiravel expresão de alegria. “Redinha” foi realmente um meio de grandes attrações. Á beira mar levantou-se um pittoresco pavilhão onde pares elegantes de jovens dançavam até á madrugada, quando entre canticos e musicas saudaram o anno de 1925. (…) constituiu, porém, “the great attration” da pittoresca praia o “banho á phantasia”, realizado ás 4 horas da tarde do dia um.(…) ter-se-á o espetáculo delicioso a que assistiram mais de quinhentas pessoas (ANNO bom na Redinha. A Republica. Natal, 4 jan. 1925.)
O final da década de 30 do século XX pode ser caracterizado como um momento de aprofundamento e de consolidação de transformações urbanas significativas na Cidade do Natal. Por meio das fontes pesquisadas, particularmente as crônicas de Danilo, inferiu-se que as elites administrativas dividiam a cidade em área urbana, suburbana e periferia. Para estas, a área urbana compreendia os bairros de Cidade Alta e Ribeira; a área suburbana, os bairros de Tirol e Petrópolis; e a periferia, o bairro do Alecrim e Rocas, os povoados e as pequenas aglomerações que eram chamadas Passo da Pátria, Quintas, Guarapes e as praias da Redinha e Areia Preta. Nesse período ocorreu segundo Dantas :
[…] o arremate das ações higienizadoras sobre a cidade que se desenrolaram desde meados do século XIX até a década de 1930, e que foram retomadas e incorporadas na concepção do Plano Geral de Obras, elaborado e implementado pelo Escritório Saturnino de Brito, entre 1935 e 1939 (S, Ana Caroline de C. L. Sanitarismo e planejamento urbano: a trajetória das propostas urbanísticas para Natal entre 1935 e 1969. 2003. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2003. , p.74).
As elites políticas, à frente do Governo Estadual, deram continuidade às obras de melhoramento que haviam sido interrompidas desde a Revolução de 1930 e contrataram o Escritório Saturnino de Brito, em 1935, para elaborar projetos e construção das obras de abastecimento de água, das redes de esgotos e dos demais serviços complementares ao saneamento da cidade (DANTAS, Ana Caroline de C. L. Op. Cit. 2003.) e para administrar a Comissão de Saneamento de Natal (Foi criada em 1924 e novamente instituída pelo Decreto n. 823, de 26 de abril de 1935.). De acordo com Duarte (DUARTE, Dioclécio. A transformação de Natal. A República, Natal, 3 jan. 1939, p.3), de 1936 a 1939 “Natal se transformou. A maravilhosa topografia foi esplendidamente aproveitada. Tem higiene. O saneamento abandonou a fase eterna dos projetos. Tem água saudável”.
Para o escritor Onofre Jr. (2002) a Redinha é considerada por muitos uma senhora praia, uma vez conhecendo sua beleza surge, então, um eterno namoro. Lugar de mil e umas histórias, lá encontramos o antigo cemitério dos ingleses e diversas manifestações da cultura popular, como por exemplo, o tradicional Bloco dos Cãos, que por mais de 40 anos, anima o carnaval do litoral norte.
O Cais Tavares de Lira sofreu uma reforma, sendo reativado como local de embarque e desembarque de passageiros, que fazem a travessia Ribeira-Redinha-Ribeira. Voltou o cais a ser utilizado, tanto pela população natalense como pelos turistas, que passaram assim a contar com mais uma opção de lazer, navegando pelas águas mansas do Potengi. Atualmente, esse transporte fluvial de passageiros no Cais Tavares de Lira não existe mais.
O CAIS DA REDINHA
No início do século XX, os natalenses começaram a utilizar as casas de praia como locais para descansar no veraneio. Nesse contexto, as praias de Areia Preta, do Meio, da Redinha e de Ponta Negra foram os primeiros trechos da costa potiguar apropriados e transformados em redutos de lazer durante janeiro e fevereiro.
Nas margens da praia da Redinha, existe os restos do que seria o cais em cima de muitas pedras, onde muitos natalenses até hoje nadam próximo as ruínas, em poucos metros do tradicional Mercado Público.
O cais foi construído em torno das décadas de 1920 e 1930, a praia da Redinha começa a se tornar outra opção para a construção de residências secundárias. Reza que o Dr. Francisco Xavier Pereira de Brito, foi possivelmente, o “descobridor” da Redinha, praia onde construiu uma casa de veraneio, cercada de latadas, ambiente em que realizava festas que “duravam cinco dias”. Pela sua distância da cidade, era uma praia mais calma, preferida para a estação de repouso.
O cais foi instalado como uma forma de atravessar a região da Redinha de barco, saindo do Porto de Natal. Na foto acima do título foi guardada no Instituto Histórico e Geográfico (IGHRN) e mostra um pouco como era o monumento.
Hoje um outro tapriche foi instalado próximo, onde ver o encontro do Oceano Atlântico com o Rio Potengi.
NA HISTÓRIA DA AVIAÇÃO
Paul Vachet, que pode ser considerado o segundo “padrinho” de Parnamirim, estava no Brasil desde 1925, abrindo rotas aéreas entre Buenos Aires (Argentina) e as capitais brasileiras, construindo os campos de pouso necessários, entre eles o de Salvador (Bahia). Era um dos pilotos pioneiros nas rotas entre o sul da França e o norte da África. Foi, durante os dois primeiros anos de permanência no Brasil, o único representante da Latécoère na América do Sul, até que a companhia foi vendida a Marcel Bouilloux-Lafont. Já setuagenário escreveu um livro no qual narra a epopéia dele e de outros pioneiros da aviação civil (Avant les jets (Antes dos jatos) – edição da Libraire Hachett, Paris/1964) , incluindo os vôos ao longo do litoral brasileiro para escolher as áreas onde a companhia pudesse instalar os campos de pouso. Nas páginas 159 e 160 está a descrição da descoberta que lançaria Parnamirim na história da aviação civil e militar.
Como nos aponta Carlos Peixoto no seu livro “A História de Parnamirim”, Manoel Machado ganhou fama de latifundiário, pois além de dono da firma M. Machado e Cia e da Despensa Natalense, investiu também na compra de terras. Manoel Machado adquiriu também o engenho Ferreiro Torto, um dos primeiros engenhos potiguares e adquiriu a salina Carnaubinha entre os mangues de Igapó e Redinha (PEIXOTO, 2003: 41-42). Com a posse das terras não esperava ganhar nenhum título nobiliárquico, mas apenas que a cidade crescesse e exigisse novos espaços para moradias. Manuel Machado introduziu no mercado imobiliário de Natal a ideia e o projeto dos loteamentos. O Diário de Natal publicou, dentro da série “Gente Potiguar III – Os empresários – volume 6”, a biografia de Manuel Machado. A fortuna dele, administrada pela viúva, chegou à década de 80, passando depois para as mãos de sobrinhos.
VERANEIO
As praias que durante o século XIX abrigavam apenas as comunidades de pescadores e eram frequentadas esporadicamente, em épocas de veraneio, pela população citadina que para lá se deslocava. A partir das primeiras décadas do século XX, a população natalense passou a encarar a orla marítima como um lugar de residência (VIANA, Helder do N. A invenção do viver bem: transformações nos hábitos de consumo na cidade do Natal, 1900-1930. p. 16.).
Se antes era a Praia da Redinha o lugar próprio para essas vivências de banho salgado ou de veraneio, como é verificado nos relatos de memória dos articulistas da imprensa e na palestra “Costumes Locais”, proferida por Eloy de Souza em 1909 (Ver SOUZA, Eloy de. Costumes locais. p. 33), no começo do século XX, são as praias da Limpa, do Morcego e de Areia Preta que passam a cair no gosto da população da cidade, especialmente daquela população mais abastada que via na ocupação daquelas praias, no que diz respeito ao uso do banho, na construção de casas de veraneio e na construção de casas para moradia, o lugar incontestável da nova aristocracia republicana da cidade.
A Praia da Redinha foi por muitos anos, praticamente, a única praia de veraneio de Nata. Registros do Instituto Histórico e Geográfico marcam o dia 22 de novembro de 1921 como a data da fundação da Redinha como praia de veraneio, inicialmente habitadas por pescadores e rendeiras. Essa data comemora o desembarque pela manhã, no Porto Velho, das cinco primeiras famílias de veranistas: Dr. Paulo de Abreu, major e médico reformado do exército, e seu genro, Boanerges Leitão, Pedro Fonseca, tesoureiro dos correios e telégrafos, José Luna Freire, gerente da filial das Lojas Paulistas, e Lauro Medeiros, também gerente de lojas.
Para aqueles que não se animavam com a popularização da praia de Areia Preta restava uma alternativa: cruzar o rio e passar a estação de banho na pitoresca Redinha, praia que passou a ganhar muitos adeptos durante década de 1920. Pela sua distância da cidade, era uma praia mais calma, “preferida para a estação de repouso” (VARIAS. A Republica. Natal, 7 nov. 1924.). Em novembro de 1924, o Sr. Plínio Saraiva, veranista da Redinha, instalou um motor de energia elétrica, que passou a prover energia à sua casa de veraneio e à mais duas casas, de propriedade do Dr. Mario Lyra e Francisco de Albuquerque, iniciativa que, segundo A Republica, foi louvada pelo governador do Estado (LUZ elétrica na Redinha. A Republica. Natal, 20. nov. 1924.).
Segundo o historiador Helder Viana, na década de 1920, a Praia da Redinha recebeu seus primeiros veranistas, que construíram suas casas, e aos poucos se tornou a praia preferida das elites natalenses. Em 1925, os veranistas e os pescadores construíram, em cima de uma duna, a Capelinha de Nossa Senhora dos Navegantes.
Na década de 1920 a 1930 era grande a quantidade de jovens que praticavam o remo em nossa capital. O Rio Potengi era atração de lazer dos natalenses, superando as praias que eram “muito distantes”. Era comum famílias inteiras ocuparem barcos nas tardes de domingo para passear ou visitar a Redinha, muitos piqueniques eram organizados.
Foi o advogado e deputado provincial Francisco Xavier Pereira de Brito (1818-1880) quem tornou a Redinha conhecida de todos. Segundo o escritor Manuel Onofre Junior, até fins do século XIX, os banhos de mar e temporadas de veraneio eram ignorados nas praias de Natal.Somente nos fins da primeira década do século seguinte é que iniciou-se o movimento de veranistas nas praias potiguares. Mas, o costume iria consolidar-se apenas na década de 20.
A Praia da Redinha, descrita na citação acima, era lugar de construções simples, de um pequeno templo religioso e de um povo nativo que conservava suas tradições folclóricas. Era a praia dos primeiros veranistas, a exemplo de Francisco Pignataro, José Aguinaldo de Barros e Flodoaldo de Góis. Esse último era tio de Newton Navarro. O cronista passava suas férias, durante a infância e a adolescência, nos meses de dezembro e de janeiro, na casa de seus tios Idália e Flodoaldo de Góis.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
No início da década de 1940, a cidade de Natal era pequena, com aproximadamente 55 mil habitantes distribuídos entre os bairros de Cidade Alta, Ribeira, Tirol, Petrópolis, Rocas e Alecrim, além das povoações do Passo da Pátria, Quintas, Guarapes e as praias da Redinha e Areia Preta. Governava o estado Rafael Fernandes de Gurjão, administrando até 1943, e o prefeito de Natal era o engenheiro Gentil Ferreira de Souza.
Na década de 40, o número de famílias que possuíam imóveis na Praia da Redinha para o veraneio nos meses entre outubro e janeiro era imenso, comparando com o número de dez anos antes. Os veranistas se deslocavam para seus imóveis na beira-mar ou procuravam casas para alugar durante o veraneio e os feriados. Segundo o cronista Aderbal de França, que assinava suas matérias com o pseudônimo de Danilo,
Emquanto isso, e apezar disso, a Redinha se torna mais importante, mais procurada, mais aristocrática. E até inacessível. As casas custam hoje relativamente fortunas nas transações de venda e aluguel. A esta hora já existem compromissos para a próxima temporada de outubro… Pois bem. Tudo isso é o progresso, é o desenvolvimento de uma praia de velhos pescadores e rendeiras que se tornou de ano para ano repouso de ilustres e distintos veranistas. Tem mercado novo, tem clube dançante moderno, tem casas mais ou menos confortáveis […] (FRANÇA, A República, Natal, 25 abr. 1946, s/p.).
Nessa crônica do jornal A República, Aderbal de França se refere às transformações que a Praia da Redinha estava passando nos anos de 1940. A localidade deixa de ser recinto de antigos veranistas e de pescadores para transformar-se em espaço elitizado. Em Do outro lado do rio, entre os morros (1974), Newton Navarro criticou essas transformações, afirmando que a praia tornou-se feia e perdeu o encanto de décadas anteriores, assim revelou sua preferência pelo cenário antigo da Praia da Redinha. Com uma dose de saudosismo, escreve a paisagem desse trecho da orla natalense:
O tempo é regresso… Antes, um casario ainda mais baixo e mais desalinhado. Casas praieiras, de mesmo. Arquitetura que amplia no tijolo e no cimento, somente, as ―invenções‖ dos arquitetos locais. Ainda a Capelinha de Nossa Senhora dos Navegantes, dominadora, encimando toda a costa…
O mercado ainda não era. E o club ocupava um grande barracão de tábuas caiadas, onde os veranistas festejavam as temporadas com bailes, sendo ponto alto desses encontros as ―quadrilhas‖, pelo Natal… Luzes de álcool e querosene iluminavam a sala com piso recoberto de areia fina…
Lá assistia bumba-meu-boi, pastoris e os famosos coco-de-roda […] (NAVARRO, 1998, p. 127.).
Com a ocupação intensa de veranistas na Praia da Redinha, José Aguinaldo preferiu ocupar a Praia de Santa Rita, levando consigo vários amigos que também construíram casas nessa praia. Depois de algum tempo, migrou para Genipabu, na praia de pescadores. Para os poetas e boêmios como José Aguinaldo, a paisagem da Antiga Redinha (das décadas de 1920, 30 e início da década de 40) era cenário ideal para prática da boemia. As transformações pela qual passara a praia a partir de meados do século XX incomodavam Newton Navarro:
Toda a primeira linha de casas, na costa atlântica, já desapareceu. Casas altas, fortes, protegidas por largos muros de arrimo, não resistiram às marés violentas e se deixaram arrastar, pedra sobre pedra, deixando em seu lugar o chão raso da praia. O certo é que a Redinha perdeu muito da sua feição antiga. Já a arquitetura
[?] de construções novas, enfeando a paisagem, concorrem para a mudança a que a maré de alguns anos para cá ajudam a destruir (NAVARRO, 1998, p. 135.).
CÉU
Em meados do século XX, a orla marítima era lugar de diversão. Pela Praia da Redinha, rapazes saíam pela madrugada, tocando violão, cantando e fazendo serenatas para moças em frente às suas casas. Segundo o memorialista José Maria Guilherme, seu grupo de amigos, um total de 10 ou 12 rapazes, construíram uma palhoça estilo galpão para veranear na Praia da Redinha. Essa habitação foi batizada de ―Céu‖:
Alí se brincava, mentia-se, bebia-se, cantava-se o amor e as belezas da vida. Diziam-se verdades, ouviam-se estórias de pescadores, choravam-se amores
desfeitos, comemoravam-se os nascidos e os refeitos, tudo aos sons dos violões de Toinho e Macaquito. Aquele pedaço de chão plantado no coração da Redinha era o próprio céu, disse um dia, um bêbado (GUILHERME, 1999, p. 45.).
O ―Céu‖ fora construído por rapazes de famílias que não tinham condições de possuir ou alugar uma casa na Redinha, e também por jovens abastados, cujas famílias eram donas de casas de veraneio na mesma praia. O ambiente inspirava liberdade, longe das regras impostas pelos pais. Os jovens habitantes do ―Céu‖ faziam serenatas nas janelas das moças nas casas de veraneio. O galpão de palhoça transformara-se em um reduto boêmio na Praia da Redinha. Nesse lugar, os jovens bebiam, namoravam e cantavam os sucessos do momento, a exemplo de Aos pés da Santa Cruz (composição de Marino Pinto e José Gonçalves), Nada Além (Mário Lago e Custódio Mesquita) e De cigarro em cigarro (Luiz Bonfá).
Entre 1946 e 60, a juventude desfrutava de mais liberdade em comparação com as gerações anteriores. As moças podiam passear com as amigas nas proximidades de suas residências, frequentar os cinemas à tarde sem, necessariamente, a companhia dos responsáveis. Os rapazes tinham a permissão dos pais, à tarde ou à noite, para circular pelas praças, sorveterias, pelos bares e cinemas da cidade de Natal146. No veraneio, muitas famílias permitiam que os moços passassem semanas na Praia da Redinha, entre os amigos, longe da proteção dos parentes.
Navarro, em Do outro lado do rio, entre os morros (1974), relembra a existência de uma ―república‖ estudantil composta por jovens que se dirigiam à Praia da Redinha para desfrutar as férias147. A descrição do local assemelha-se ao ―Céu‖, exposto no livro de memória de José Maria Guilherme, O Livro de José (1999). Tal como o ―Céu‖, a ―república‖ possuía regimento interno. Seus habitantes improvisavam moradia e levavam consigo apenas roupas e garrafas de bebidas para os primeiros dias. O restante necessário para sua estadia na praia (alimentação, bebidas alcoólicas), eles conseguiam por meio das doações de veranistas ou de ―assaltos‖ a galinheiros e cozinhas das casas.
Guilherme também escreve que a alimentação dos rapazes do ―Céu‖ era proveniente dos assaltos a chiqueiros e galinheiros das casas da praia, e/ou de doações dos veranistas. O grupo de boêmios do ―Céu‖ ou da ―república‖ não teria se sustentado sem essas contribuições. Veranear na praia era muito dispendioso: ―muitos [veranistas] abriam suas portas, alta madrugada e nos ofereciam o combustível gelado, com direito a tira-gosto, enquanto dizíamos que as músicas eram em sua homenagem‖ (Cf. NAVARRO, 1998, p. 139-140). Os donos de casas na praia abriam as portas para os jovens porque esses levavam música e animavam o ambiente. As pequenas transgressões sociais (assaltos a galinheiros) são abordadas tanto em Do outro lado do rio, entre os morros (1974) e quanto em O livro de José (1999) como atos de travessura dos jovens e não como crimes.
A REDINHA DE NEWTON NAVARRO
Em nota publicada no livro Do outro lado do rio, entre os morros (1974), de Newton Navarro, o jornalista Nilo Pereira referiu-se ao autor: ―onde está Newton, com a sua esplêndida inteligência, a sua arte e a sua sensibilidade, aí está a ausência de ordem, no melhor sentido da palavra. Ordem burguesa. Ordem convencional‖6. Nesse texto, Nilo Pereira refere-se às crônicas de Navarro que priorizam, nos seus escritos, os subúrbios e as pessoas simples do Cais do Porto, do Canto do Mangue e da Praia da Redinha, individualizando-as na medida em que dava nomes às pessoas e relatava suas características particulares. As transformações urbanas que se iniciaram em Natal, a partir da segunda metade dos anos de 1940, ignoravam as aspirações das populações que viviam à margem do rio Potengi e no litoral natalense. Navarro posicionava-se contra essas transformações. Nas suas crônicas sobre a Praia da Redinha, o escritor afirmou sua preferência por esta nas décadas de 1930 e início da década de 40, período anterior às transformações. Para ele, as mudanças ocorridas nesse trecho do litoral potiguar tiraram a beleza da praia.
No jornal A República, Newton Navarro escreveu acerca do cotidiano de bares e restaurantes de Natal, associando a sua vivência nesses lugares ao cotidiano da cidade. O autor era frequentador de praias e de bares dos bairros da Ribeira, de Santos Reis e das Rocas, por isso os principais temas de suas crônicas eram os logradouros da Ribeira e de Santos Reis, o rio Potengi, o Cais do Porto na Avenida Tavares de Lira (Ribeira), o Canto do Mangue (Rocas) e as praias da Redinha e de Ponta Negra.
Navarro era um observador das ruas de Natal, do rio Potengi, das praias (Redinha e Ponta Negra), dos bares e dos indivíduos transeuntes. Para Navarro, a Redinha dos primeiros veraneios, da praia de pescadores e rendeiras era mais bela e melhor de se vivenciar a boemia. Ele afirma que a praia de meados do século XX era feia e perdera o encanto de décadas anteriores, tempo em que ele ia passar férias na casa de seu tio Flodoaldo de Góis, um dos primeiros veranistas da Redinha.
Para aqueles que não assinavam ponto, o veraneio na Redinha era possível em qualquer mês do ano. Navarro não rubricava folha de ponto, era escritor, pintor e desenhista e produzia suas obras em consonância com sua boemia. Poderia escrever sua crônica ou pintar um quadro em qualquer lugar, seja numa casa de praia, em um bar no bairro da Ribeira ou na sua residência.
PONTE NEWTON NAVARRO
Obra de grande beleza arquitetônica e de fundamental importância social. Erguida sobre o Rio Potengi, liga a praia da Redinha a praia do Forte. O nome é o reconhecimento de todos àquele que melhor retratou através da pintura e da literatura a Redinha e o Potengi.
Newton Navarro foi um dos intelectuais mais ativos do Rio Grande do Norte, seu nome destaca-se na pintura, no teatro e na literatura. Segundo o pesquisador Gurgel (2001), Navarro produziu simultaneamente textos para jornais e peças teatrais. Dono de uma obra eclética deixou um rico legado para cultura norte-rio-grandense. Conhecer a obra de Newton Navarro significa compreender os fatores formadores da cidade de Natal.
Após averiguar um terreno na zona administrativa oeste, em 2013, o atual local escolhido para a construção desses edifícios é uma gleba localizada no bairro da Redinha, na porção norte da cidade, próximo à Ponte Newton Navarro. O terreno, com uma área de 234.893,87m², está localizado em uma Zona Especial de Interesse Turístico (ZET-4), na faixa litorânea do município, que necessita ainda de regulamentação para que a construção possa ser liberada. A verba para construção seria viabilizada através de um empréstimo ao Banco Nacional de Desenvolvimento- BNDES, e tem custo estimado de 27 milhões de reais.
REDINHA DOS QUINTAIS POBRES
*Franklin Jorge via Navegos
Quando cheguei aqui, a Redinha era diferente, afirma Geraldo Preto, no lugar desde o ano de 1952. Havia mais cajueiros e matos. O verde era variado. As casas, distantes umas das outras. Lembrava mais uma concentração de sítios do que uma aldeia de pescadores… Os veranistas eram raros. Apenas uma ou outra família de Natal atravessava o rio e vinha curtir o verão nessa praia que está caminhando para se tornar um bairro. O que havia muito aqui eram os ventos… Em agosto então! Nem queira saber quanta ventania varrendo essas praias.
No princípio, os nativos da coleta de frutos e da pescaria. Os primeiros veranistas costumavam alardear que na Redinha comia-se o melhores pescados e as frutas, colhidas nos morros e nos quintais pobres, eram sempre frescas e sumarentas e odorosas. A água de coco era doce e salubre. A Redinha era gostosa, lembra Dona Dalila, nascida em Contendas, acima da Barra do Rio, ainda atualmente uma aldeia primitiva. Seu marido, Geraldo Preto, é do Ceará-Mirim, Mas, aqui, encontrei o meu porto, intervém.
Menina, Dalila escalava os morros para apanhar frutas silvestres, entre as quais o camboim, guajirus, araçás e “minha tia”, uma frutinha preta, gostosa, bem pixototinha, que ela e outras crianças saboreavam aos bocados, gulosamente. São frutas que se extinguiram e hoje a gente não encontra mais nem uma nem pra remédio. Até as mangabas estão desaparecendo dos morros e já não há mais tantos cajueiros e coqueiros, como antigamente. Um pé de fruta-pão hoje é a coisa mais rara de se encontrar num dos nossos quintais. Quando eu era menina, não havia quintal sem um pé de fruta-pão, que como o nome já diz,era o pão dos pobres…
No pé do morro eu ainda alcancei uma lagoa bonita, de águas claras, que dava gosto olhar. Em derredor, não dava para contar os pés de mangabeiras e cajueiros que, quando floridos, enchiam o ar de um aroma capaz de embriagar os nossos sentidos. Havia também toda qualidade de pássaros que desapareceram. Hoje, até as gaivotas são raras por aqui…
O Mercado, uma rústica construção coberta de palhas de coqueiro, e o Trapiche ou embarcadouro, como alguns costumavam chamá-lo, eram pontos de convergência e confraternização. Não havia parteiras na Redinha e as mulheres que iam parir, atravessavam o rio de canoa para Natal ou mandavam buscá-las, dependendo do gosto e das posses de cada uma delas. Uma vez, eu me lembro como se fosse hoje, uma dessas mulheres estava tão prenha que pariu ali mesmo, no Trapiche, enquanto esperava a canoa… Foi uma coisa que por muito tempo deu motivo para muita conversa e falatório aqui na Redinha. Os botes a vela funcionavam diariamente até as dezenove horas, transportando passageiros e cargas. Todos eles tinham um nome.
Na Redinha o dia começava de madrugada com o café aromático, torrado e pilado em casa, tomado no Mercado, ao pé do balcão ou em mesas colocadas diante dos locais. O chão era de areia batida, rescendia a álcool, pois as pessoas tinham o costume de derramar um pouco de bebida, numa libação arcaica ao calor e às entidades do mundo invisível. Por toda a parte, caçuás e mais apinhados de peixes, alguns ainda vivos e estrebuchantes. Cordas e mais cordas apinhadas de caranguejos relutantes. Frutas sumarentas, acomodadas dentro de cestos forrados de folhas de bananeira ou de fruta-pão, exalavam o seu perfume agridoce.
Este é o terceiro Mercado, construído em alvenaria. Os outros foram tragados pelas águas. Já não abre, como os de antigamente, às duas horas da madrugada para receber o peixe que vinha em lombos de mulas de paragens distantes, entre as quais, Maracajaú, Barra do Rio e Muriú. Mas, ainda persiste o apetite dos fregueses por tapiocas, peixe frito no dendê, munguzá, café e batata-doce. Aqui, arremata num alegro tristíssimo Geraldo Preto, não faltavam movimento nem peixe…
As águas deste rio eram muito piscosas, mas agora, recebendo os dejetos de Natal, não produz mais quase nada, a não ser dermatites. Mesmo assim, especialmente em fins de semana e feriados, ainda atraem numerosos banhistas. Especialmente os farofeiros da Zona Norte, famílias inteiras que vêm desopilar o estresse do dia a dia.
A Festa da Padroeira da vila, Nossa Senhora dos Navegantes. Uma festa linda, quando não havia luz elétrica, mas a noite fica clara, claríssima, iluminada pela luz das piracas, relembra Dalila, fritando uma posta de peixe em azeite de dendê para o freguês apressado que mata a sede com uma cerveja bem gelada.
Janjão, João Feitosa de Oliveira, morador da Redinha derna o ano de 1939, desmancha-se em minúcias ao evocar o mês de dezembro com as chamadas chuvas de caju, inconstantes e breve. Mês dos Pastoris, das Cheganças, dos Bois-de-Reis, dos Fandangos, dos Côcos, dos Bambelôs, dos Congôs, que ele chama de “brincadeiras”, antecipavam a festa religiosa que culminava com a procissão aquática.
Barcos e canoas engalanados para saudar e reverenciar a Santa protetora. Joaquim Caldas Moreira comandava a festa. Depois o prefeito Djalma Maranhão tomou conta e a festa passou a ser coisa de políticos. Janjão enumera os botes pertencentes ao finado Brasiliano, José Brasiliano, que homenageava os poetas da terra inscrevendo seus nomes na proa. Palmyra, Itajubá, Segundo Wanderley…
Cidadão, palavra que em sua boca adquire um tom distinto, vinha muita gente para essa festa. A animação era a maior. Os botes passavam a noite transportando os devotos e aqueles que queriam apenas confraternizar e se divertir. Joaquim de Dona começou com os primeiros botes, que aos poucos foram substituindo as canoas, o meio mais antigo de transporte desse povo da Redinha.
Hoje, sobrou apenas a procissão. Os folguedos populares queridos por todos foram substituídos por esses parques de diversão que ainda se instalam na praia, em frente ao Mercado, com a sua roda-gigante, seus balanços, seu circo-de-cavalinhos.
Um homem gordo, de óculos, se aproxima, atraído pelo conversê. Cumprimenta-me especialmente e ali fica parado, de pé, ao lado do balcão, escutando; vez ou outra faz menção de intervir, mas Janjão, vaidoso e altissonante, não quer dividir com ninguém os seus cinco minutos de fama. Sorri, os olhos distorcidos pelas grossas lentes. Finalmente, pergunto-lhe a graça que recebeu no batismo, Benedito. Benedito de Brito, apresenta-se. Ex-zelador do Redinha Clube, entende que tem um depoimento a dar sobre a terra onde vive. Vim correndo de casa, quando soube que tinha um jornalista pegando testemunhos sobre a Redinha, onde tenho vida por toda a vida.
Benedito ignora a própria idade. Faz um esforço para lembrar, mas finalmente entrega os pontos, admitindo que não sabe ao certo a idade que tem. Seus documentos, informa, têm apenas uma idade aproximada. Fiz meu registro quando já estava para me aposentar. Janjão o interrompe e dá a última palavra. Esse homem tem a face de uns sessenta anos. Benedito, sorrindo, concorda. Aprova os sessenta anos e principia.
Eu alcancei esta vila muito diferente. Hoje o movimento de barcos é muito fraco. Não há mais peixes. O peixe, aqui, é apenas o de tresmalho. Quando cheguei aqui, há muitos anos, pela manhã e à tarde, diariamente, chegavam ao Mercado de duas a três cargas de peixes de outras praias. Da Barra do Rio, aqui perto, vinha muita tainha. Fazia gosto. Além disso, o peixe não era tão caro e o pobre podia comer. Preta e morna, a terra dos mangues fervilhava de unhas-de-velho, sururus, caranguejos e siris moles. O passadio era bom. Com o passar do tempo, as coisas foram minguando e, algumas, como os coqueirais, desapareceram. Morreram…
O mangue tem olhos e vê.
REDINHA CLUBE
O Redinha Clube foi construído originalmente em madeira (1922). Por não apreciarem a excessiva calma do lugar, ou simplesmente por buscarem entretenimento noturno, um grupo de veranistas da praia da Redinha, se reuniu e fundou um club social, no ano de 1924, como conta a seguinte nota:
fomos informados que os veranistas da pittoresca praia da Ridinha no intuito de formarem um ponto chic e elegante para reunião das familias que ali se acham passando algum tempo, organizando uma sociedade recreativa que receberá o nome de “Ridinha Club”, estando já quasi prompto um pavilhão para danças, jogos familiares e outras diversões (VARIAS. A Republica. Natal, 23 dez. 1924.).
A dificuldade de acesso e os investimentos feitos pelos veranistas em iluminação e entretenimento indicam o alto poder aquisitivo dos veranistas desta praia.
Na década de 1940, o velho clube é derrubado e em seu lugar é erguido um novo prédio, desta vez em pedra. Abrigou a primeira escola pública daquela praia. Palco de festas, também serviu na formação escolar dos filhos dos pescadores. Sua forma rústica, erguido junto ao mar, compõe um lindo cartão-postal. Lugar de memória, testemunha “viva” da evolução urbana da praia da Redinha.
O clube da Redinha, atendendo aos padrões desejados pela elite natalense, era muito movimentado. Nas matinês dançantes aos domingos, as orquestras tocavam para aqueles que buscavam diversão.
O Redinha Clube passou a animar o verão com suas festas, entre elas a “festa do caju”, realizada no mês de janeiro. Por décadas a festa do caju atraiu pessoas de todos os lugares da cidade e carregou por muito tempo a tradição “a cara da Redinha” mas deixou de existir a partir de 1970.
PRAIA DA REDINHA
Natal é uma cidade de imensas belezas naturais, possui um belo litoral, da praia da Redinha à praia de Ponta Negra, nativos e turistas se encantam com sua natureza. Presenciar o pôr-do-sol às margens do rio Potengi, caminhar por entre ás árvores do Parque das Dunas e visitar o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, este último em breve estará acolhendo todos não apenas em suas trilhas, mas com o Centro de Educação e o Memorial de Natal, é o que podemos denominar de Circuito Verde.
Localizada na embocadura do rio Potengi, caracteriza-se pela presença de dunas e vegetação de mangue. Distante 15 km do centro de Natal, era inicialmente, uma colônia de pescadores. Durante muitos anos, foi, praticamente, o único local de veraneio dos natalenses. Possui 6 km de extensão e dunas brancas.
A Redinha, além da beleza natural, é o que os historiadores denominam de “lugar de memória”. A Redinha dos pescadores, antes pertenceu aos índios potiguara, chefiados pelo grande Camarão, líder indígena, aliado aos portugueses. A aldeia de Felipe Camarão (nome adotado pelo chefe indígena após seu batismo), localizava-se nas proximidades da praia, no atual bairro salinas. Cascudo (1968), informa a existência de documentos citando este topônimo datados do primeiro terço do século XVIII.
Na Redinha existe a capelinha construída pelos pescadores em 1924, templo erguido em homenagem a padroeira do bairro, Nossa Senhora dos Navegantes. Tempos depois, foi construída a igreja de pedra, 1954, motivo de “conflito” entre os nativos e os veranistas. Os pescadores contrários a ida da imagem de Nossa Senhora dos Navegantes para a igreja da pedra, acreditavam que a Santa ficaria feliz na capelinha, olhando o mar de frente.
Ainda existe nesta praia, o Redinha Clube, construído originalmente em madeira (1922) abrigou a primeira escola pública do bairro, foi erguido posteriormente em pedra (1940). Este clube foi palco dos grandes eventos promovidos pelos veranistas.
Na década de 1940 e 50, integrantes da elite natalense adquiriram imóveis na Praia da Redinha e na Praia de Ponta Negra para o veraneio, nos meses entre outubro e janeiro. O hábito de tomar banho de mar passou a ser uma realidade em Natal no início do século XX. As primeiras praias a serem frequentadas foram a Praia de Areia Preta e a Praia do Meio.
A Praia de Ponta Negra foi, nos anos de 1950, ocupada pelos moradores da Vila de Ponta Negra e por veranistas, membros de famílias da elite natalense, que construíram casas na orla marítima, para ocupá-las nas férias escolares e durante os feriados, a exemplo da Páscoa e do Carnaval. No entanto, a praia mais procurada pela elite natalense, em meados do século XX, era a da Redinha.
Uma outra referência histórica é o “cemitério dos ingleses”. Como os católicos não permitiam que os estrangeiros protestantes fossem enterrados nas igrejas, a solução encontrada foi utilizar a região conhecida como Cemitério Clandestino para se realizar o sepultamento dos estrangeiros não católicos.
A capital potiguar tem em sua culinária um grande atrativo turístico. Aqui, além do que já foi citado, encontramos a tapioca, um verdadeiro “manjar” servida tradicionalmente sem recheio, e especialmente na praia da Redinha existe tapioca com ginga.
A Redinha, parte norte de Natal, separada do núcleo inicial pelo Rio Potengi e o centro urbano, ligada pela “Ponte Velha” (Igapó) e “Ponte de Todos Newton Navarro”. Dois marcos importantes no desenvolvimento da praia da Redinha.
CAPELINHA DA REDINHA
Construída em 1925 com a ajuda da comunidade de pescadores e veranistas. É o templo religioso mais antigo da Redinha. Erguida num local elevado, localizado de frente para o mar, é um sinal de respeito daqueles que, cotidianamente, buscam nas águas marinhas o sustento de suas famílias.
Conforme o historiador Souza (2008, p. 773), “a capelinha foi inaugurada no dia 25 de dezembro de 1925, com missa celebrada pelo Mons. Alfredo Pegado, dando a benção litúrgica à capelinha, à imagem de Nossa Senhora dos Navegantes e ao Sino”. Templo de fé católica, a capelinha também é testemunha das modificações ocorridas na Redinha ao longo de sua história. Lugar de memória e fé do natalense.
“ […] a recordação maior e muito mais agradável foi a de quando cada um deles, vindo da barra, passava diante de nossa Redinha. Saudando a capelinha e sendo saudado por veranistas que iam, às vezes, até a beira da praia. Quando fazia a grande curva do canal na confrotação do Porto-velho e rumava serenamente para o ancoradouro interno.” (Gil Soares)
“ Ao contrário do Capibaribe, que fica se esconde-se exibindo no centro do Recife, o Potengi da cidade do Natal. Está bem ai, mas a gente quase não dá por ele. Somente do se percebe a grande presença subúrbio de Igapó ou da praia da Redinha é que do Potengi”. (Manoel Onofre Jr.).
As mudanças ocorridas na Praia da Redinha também geraram um pequeno conflito religioso durante a década de 1950. A costa de mar possuía uma capelinha que guardava a padroeira dos pescadores e de veranistas, Nossa Senhora dos Navegantes. A questão girou em tornou da deliberação do bispado a respeito da transferência da imagem da santa para a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, construída em 1956 no povoado da Redinha. A decisão não agradou aos pescadores, como narra Navarro:
E mesmo, qual a verdadeira morada da Virgem dos Navegantes? A velha capelinha, no alto das dunas, ou o monstrengo de pedra escura, acachapado no descampado da praia? A Igreja, que já tomara posição, dava ganho de causa aos veranistas (aliás, alguns veranistas, meia dúzia apenas) e as próprias autoridades civis e militares tomavam também o mesmo partido da Santa Igreja […].
Os pescadores bravos, inarredáveis, irredutíveis. O lado de lá, os vitoriosos, tomando seus porres nas alpendradas, gostosos banhos, fartos pirões de peixes, e nas redes de largas varandas, bons sonhos […] (NAVARRO, 1998, p. 132.).
A imagem de Nossa Senhora dos Navegantes findou ficando na antiga capelinha, como era desejo dos pescadores. O conflito religioso entre pescadores e veranistas ocorreu devido à construção da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, no dia 16 de dezembro de 1956, que contou com procissão e missa celebrada pelo Bispo Auxiliar de Natal, D. Eugênio de Araújo Sales. Sua edificação é fruto dos esforços do Padre José Biesinger, da Ordem da Sagrada Família da Paróquia de Bom Jesus das Dores, de pescadores e de um grupo de leigos católicos que veraneavam na Praia da Redinha, como o Dr. Otto de Brito Guerra, Letícia Garcia e Betildo Guerra Cunha Lima.
Nesse sentido, não se pode falar do Sport Club e do Centro Náutico somente como clubes que usavam as raias do Potengi para seus páreos. O entendimento do esporte para além do campo esportivo nos faz perceber que tais clubes passam a ser incluídos em situações de celebração da Cidade do Natal, como a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, noticiada pelo jornal A Ordem, de 1936, reproduzido abaixo, que destaca a presença de guarnições rubro negras e alvinegras na procissão fluvial pelas águas do Potengi. A festa religiosa é motivada pelas celebração da padroeira do bairro da Redinha (foi incorporada ao Município de Natal, pela Lei n.º 603, de 31 de outubro de 1938, pelo então Prefeito Gentil Ferreira).
A então colônia de pescadores que originou o bairro, ainda no século XIX, passou a ter uma profunda relação com a Santa, fruto de um episódio de naufrágio que motivara uma promessa de preservação da imagem, que estava na embarcação, além da construção de um altar em terra firme. Foi então que, já no século XX, mais precisamente em 1924, foi construída uma capela no bairro e os festejos.
IGREJA DE NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES
De acordo com Arimatéia (2001, p. 22), a construção da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, também conhecida como a Igreja de Pedra, em referência ao aspecto rústico do seu exterior, “data de 1954”. A Igreja situa-se no bairro Redinha, antiga colônia de pescadores, na Região Administrativa Norte de Natal. A construção desse templo católico foi feita por veranistas e recebeu a imagem da padroeira, que era a da capelinha dos pescadores. A partir de então, gerou-se um conflito entre pescadores e veranistas sobre o controle da imagem, que com o passar dos anos foi superado. (NATAL, 2003).
Segundo pesquisadores, a construção do Templo de Pedra está inserida no contexto da terceira fase de ocupação da Redinha, caracterizada pela expansão na direção noroeste e pela edificação do Mercado Público (ARIMATÉIA, 2001). Nesse período, a Redinha já tinha consolidado sua condição de praia de veraneio preferida por muitos natalenses (NATAL, 2003). A partir de então, os frequentadores da Redinha passaram a deliciarem-se com as belezas naturais desta praia e degustarem a tradicional Ginga com Tapioca.
MERCADO DA REDINHA
A procura por casas nas praias para comprar e alugar também era grande na década de 40. A Redinha entrou no rol da especulação imobiliária. A praia oferecia boa estrutura, tais como um novo clube social que proporcionava bailes aos veranistas, construído sobre o prédio antigo em 1943, e um mercado público, esse inaugurado em 6 de fevereiro de 1944 pelo prefeito José Augusto Varela.
O mercado público foi construído em 1949, localizado às margens do Rio Potengi, próximo ao Redinha Clube e a Capelinha. Local de comercialização de peixes e outros “frutos do mar”, o Mercado da Redinha é parada obrigatória a todos e todas que visitam aquela praia. O mercado é lugar de degustação de diversas iguarias, entre elas, destaca-se a ginga, peixe frito com tapioca.
A capital potiguar tem em sua culinária um grande atrativo turístico. Aqui, além do que já foi citado, encontramos a tapioca, um verdadeiro “manjar” servida
tradicionalmente sem recheio, e especialmente na praia da Redinha existe tapioca com ginga.
Lugar de comer, beber e de memória, este é o Mercado da Redinha, espaço público que conta um pouco da história da ocupação, da praia, local de encontro de veranistas e pescadores. Comer uma ginga e olhar o encontro do mar com o Rio Potengi é um convite irresistível.
GINGA COM TAPIOCA
A governadora do estado, Fátima Bezerra, sancionou uma lei que considera como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio Grande do Norte a Ginga com Tapioca, um prato típico da capital potiguar. A sanção foi publicada no dia 31/02/2020 no Diário Oficial do Estado. Todo mundo que pisa no Mercado da Redinha sabe que a parada obrigatória é sentar nas suas mesinhas e procurar uma garçonete aquela ginga.
Esta luta vitoriosa começou em 2014 quando foi criada uma petição convocando os apreciadores da iguaria a promover o prato a Patrimônio Imaterial do RN. Consiste em um peixe que é frito com o óleo de dendê bem quente e servido com tapioca.
Recentemente, uma turma de nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), calculou que o alimento tem, em média, 500 e 600 calorias. Hoje, a ginga com tapioca é vendido não só na Redinha, mas também em diversas praias da cidade e é feito de várias formas.
O prato foi criado por Geraldo e Dalila Barbosa na década de 50 e 60. Eles tiveram a ideia de criar um prato a partir daqueles peixinhos minúsculos que os demais comerciantes da Redinha ignoravam. A ginga é um tipo de sardinha.
ESTRADA DA REDINHA
Com a intensa ocupação da Redinha, os veranistas passaram a reivindicar melhores condições de infraestrutura. Dois problemas incomodavam os frequentadores desse trecho da costa marítima na segunda metade do século XX: um era a falta de energia elétrica, o outro era a falta de transporte. A luz elétrica só chegou à Redinha em 1959, por meio de gerador a diesel, instalado pelo governo Djalma Maranhão. A energia da Companhia de Paulo Afonso só chegou à praia em dezembro de 1968. Sobre o segundo problema, o transporte de Natal para a Redinha, o cronista Danilo (pseudônimo de Aderbal de França) escreveu:
E‘ uma questão antiga. Mas sempre palpitante. Bem a compreende quem já a observou pacientemente indo e vindo da Redinha nos meses de veraneio. E‘ o velho problema do transporte. E não somente do transporte. Tambem do embarque e desembarque do outro lado… Sofre-se na espera da saida do bote, sofre-se no preço, sofre-se nas surpresas das chuvas, sofre-se com as ―viradas‖ do vento, sofre-se pela ausencia de um ponto de atracação. Homens, senhoras, moças, crianças descem em braços de carregadores ou sobre pranchas inseguras ou sobre as aguas que avançam e recuam nas beiradas da praia (FRANÇA, A República, Natal, 25 abr. 1946, s/p.).
O cronista Danilo ainda afirma que soluções já haviam sido propostas para o problema do transporte na Praia da Redinha, mas os projetos e recursos destinados ao caso nem ao menos melhoraram as condições da travessia Natal-Redinha. O serviço de travessia do rio Potengi era prestado pela empresa de transporte do Sr. Luís Romão desde 1945, sendo o único meio de chegada à Praia da Redinha. Apenas em 1952, o prefeito Creso Bezerra iniciou a abertura de uma estrada de barro até a Redinha, mas a obra parou por falta de recursos. O veranista Humberto Teixeira, com recursos próprios, deu prosseguimento à construção da estrada. Em 1954, os veranistas já utilizavam a referida via para chegar à Praia da Redinha (Cf. SOUZA, 2008, p. 775.).
Depois dos anos 2000, notou-se uma crescente reconfiguração espacial da ZA-Norte, com instalação de equipamentos de maior porte característicos do circuito superior da economia urbana. De maneira também seletiva, essas novas instalações concentram-se ao longo da Avenida João Medeiros Filho (Estrada da Redinha), especialmente na porção que compreende os bairros de Potengi e Igapó, respectivamente. O tímido crescimento apresentado na década de 2000 a 2010 estava relacionado a empreendimentos de pequeno e médio porte dentro do PMCMV, distribuídos nos quatro bairros mais importantes: Potengi, Pajuçara, Redinha e Nossa Senhora da Apresentação (QUEIROZ, 2012(a)).
CENTRO DE TURISMO DA REDINHA
BAIRRO DA REDINHA
Com intuito de controlar a expansão e o uso do solo, o então prefeito Djalma Maranhão (1956-1958), em meados da década de 1950, propôs a elaboração de um “plano” que conduzisse o crescimento de Natal frente ao considerado obsoleto Plano de Sistematização elaborado por Palumbo, em 1929, que ainda se configurava como baliza para as ações municipais nesse sentido. Segundo o Prefeito, o Plano Palumbo sofreu algumas alterações “pouco felizes”, e correspondia naquele momento a um Plano incompleto que necessitava ser ampliado para abranger as novas localidades da cidade, como Parnamirim e Redinha, para que as construções “(…) ali sejam orientadas de modo a não prejudicar a sua beleza natural (…)” (LAMARTINE, 1956, p.04).
Dentre as proposições e realizações no primeiro mandato do prefeito Djalma Maranhão (1956-1959/1960-1964) no campo da habitação, estava: a urbanização dos novos bairros da cidade, Praia do Forte e Mãe Luíza, e das vilas de Parnamirim, Ponta Negra, Redinha e Igapó; a continuidade na construção de abrigos para mendigos e flagelados; a ampliação do sistema das linhas de ônibus e da rede elétrica para propiciar condições de habitabilidade nas áreas periféricas da capital; e a elaboração de um plano de urbanização para Santos Reis.
A proliferação dos loteamentos ocasionou a consolidação de novos bairros na cidade como o de Boa Sorte, próximo ao Tirol, a Vila Popular, onde “(…) diversas famílias desta capital e do interior estão adquirindo lotes de terrenos para a edificação de casas residenciais” (NASCE…, 1957, p.08), Praia do Forte, Mãe Luíza, Rocas e as chamadas, Vila de Parnamirim, Ponta Negra, Redinha e Igapó.
O Jornal de Natal, na edição do dia 29/10/58, denunciou na primeira página que os deputados preparavam uma “ofensiva municipalista” para emancipar vários distritos nos 64 municípios potiguares que existiam à época. No dia 12, o jornal apurou que 15 projetos já haviam sido apresentados à mesa diretora da Assembléia, registrando que “pelo menos 10 não preenchem as condições mínimas que a Constituição Estadual exige”. A notícia acrescentava que os projetos estavam sendo impostos por diversos grupos políticos “de olho nas quotas federais que lhe serão distribuídas”. Na realidade, alguns projetos eram absurdos, como o proposto pelo deputado Jocelin Vilar (PSD), que pretendia criar o município da praia da Redinha, separando de Natal a vila de pescadores e veranistas que existe na margem esquerda da foz do rio Potengi. O governador vetou esse e mais três projetos: a criação do município de Rodolfo Fernandes, que seria desmembrado de Portalegre; a criação do município de Antonio Martins, que sairia da área de Martins; a criação de Equador, que daria autonomia à vila de Perequitos, distrito do município de Parelhas desde 1938. Os motivos alegados para os três vetos, segundo notícia do Jornal de Natal, foi um só: a vila de Demétrio Lemos, que daria origem ao município de Antonio Martins, a povoação de São José (sede do então distrito de Rodolfo Fernandes), e a vila de Perequitos “não tinham 10 mil habitantes e só 300 leitores estavam registrados em Rodolfo Fenandes”. Os dois primeiros municípios vetados – Antonio Martins e Rodolfo Fenandes – acabariam sendo criados em 1962 pelo governador Aluízio Alves. Equador ganharia autonomia política e administrativa no ano de 1963.
A antiga estância balneária no subúrbio da Cidade, foi incorporada ao Município de Natal, pela Lei n.º 603, de 31 de outubro de 1938, pelo então Prefeito Gentil Ferreira. Redinha teve seus limites definidos pela Lei nº. 4.328, de 05 de abril de 1993, oficializada quando da sua publicação no Diário Oficial do Estado em 07 de setembro de 1994. Hoje o bairro tem como limites: ao Norte o município de Extremoz, ao Sul, o Rio Potengi e manguezais, ao Leste o Oceano Atlântico, e a Oeste a Estrada de Genipabu.
Portanto, Natal está ancorada em, principalmente, 7 principais atrativos turísticos, a saber: Morro do Careca e Praia de Ponta Negra, Praia do Meio, Ponte Newton Navarro, Forte dos Reis Magos, Praia da Redinha e o Centro Histórico. O Forte dos Reis Magos, e consequentemente a praia do Forte, capta 27% dos turistas que se deslocam para Natal. As Praias do Meio e da Redinha, nas Zonas Leste e Norte, respectivamente, além do Centro Histórico de Natal, obtêm, cada, menos de 1%.
A segunda fase Programa de Desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Norte (PRODETUR II – RN) privilegiou, além da infraestrutura, a formação e capacitação de empresários e gestores públicos que atuavam na atividade turística, para, assim, melhorar a qualificação profissional dos gestores do turismo no RN. Para atingir esses fins, as seguintes ações foram executadas: A urbanização da Orla da Redinha, com o valor total de R$ 2,2 milhões; Reforma e urbanização das Praias da Redinha e da Redinha Nova – R$ 8,9 milhões;
Por fim, a área em destaque na ZA-Norte é representativa da centralidade em escala local e potencialmente crescente para os próximos anos, tendo em vista o quadro de fatores que poderão influir sobre esta porção do território. Além da relocação do Aeroporto do estado, destacamos a proposta de construção de Centro Administrativo do Município na Redinha, próximo à nova ponte Newton Navarro, bem como o investimento atual no saneamento dessa região da cidade (inicialmente previsto para ser finalizado em 2017), que poderá resultar em pressões para a mudança da legislação incidente sobre a área.
OS CÃO
Tradição é tradição e, quer você goste, ou não, uma das manifestações mais tradicionais, autênticas e originais do moderno carnaval de Natal é o irreverente bloco “Os Cão”.
O bloco mais original e tradicional da Redinha nasceu da imaginação criativa de alguns de seus moradores. Numa manhã de carnaval, no distante ano de 1962, Francisco Ribamar de Brito (Dodô) e seu irmão, Armando Ferreira de Brito (o Gago), estavam com Francisco Clemente da Silva (o Chico Baé), Francisco Valdécio (Chico do Cabo) e Djalma de Andrade (Uá) quando seguiram todos para casa de José Gabriel de Góes (Zé Lambreta).
Segundo Francisco Ribamar de Brito, Seu Dodô, um dos criadores do bloco, tudo começou quando ele, Zé Lambreta, Chico Baé e mais dois amigos brincaram a festa de Momo de 1964 em um bloco chamado “Brasinhas”, que só saia nas ruas até a segunda-feira de carnaval. Eles resolveram esticar a festa até a terça, mas não tinham nenhuma fantasia para usar naquele último dia de folia!
Enquanto pensavam em como resolveriam esta questão, os rapazes resolveram pegar camarões para servir de tira gosto em um local conhecido como Porto D’água, na área de mangue do estuário do Rio Potengi. Quando lá estavam Chico Baé melou seus cabelos de lama, querendo estirar o cabelo crespo. Todos acharam idéia engraçada e igualmente melaram o corpo de lama. Completaram a fantasia com pedaços de galhos e saíram se divertindo pelo mercado e ruas da Redinha.
Logo quem passava, ou se recusassem a dar cachaça ao grupo, eles assustavam e as pessoas diziam – “Lá vem os cão!”. Nos anos seguintes eles repetiram a brincadeira e o grupo foi crescendo.
De lá, foram para o Rio Doce, chamado na época de Porto D’água, “para procurar pitu nos buracos da beira do rio”, explicou Dodô, hoje com 72 anos de idade. O intuito era assar os camarões ali mesmo, em uma pequena fogueira improvisada, para tirar o gosto da cachaça Olho D’água, que levaram para tomar em quengas de coco.
Entre um gole e outro, ao sabor do camarão assado, Chico Baé pegou um punhado de lama e passou sobre o cabelo. “Ele fez para o cabelo dele ficar estirado”, brinca Dodô. Vendo a “presepada”, Zé Lambreta teve a ideia: “Vamos se melar todinho e sair assustando o povo!”.
Na certa, Zé Lambreta não imaginaria que sua irreverência espontânea um dia, mereceria destaque em plena Sapucaí, no carnaval do Rio de Janeiro de 1998, no enredo da escola de samba Salgueiro, que homenageava os 450 anos de Natal.
Dodô conta em detalhes que Chico Baé colocou ainda dois “charutos do mangue” (sementes do mangue) na cabeça e um “rabo de salsa” atrás (uma espécie de capim de beira de rio). “Aí eu disse: ‘Tais todinho um cão’”, afirmou Dodô, dando origem ao nome do bloco.
Para incrementar a brincadeira, cada um desfilou pelas ruas da Redinha batendo em latas de goiabada, cantando: “Ainda tem cão dentro / ainda tem cão / rela rita / rita rela / ainda tem cão dentro dela”. “Já tínhamos criado todo tipo de fantasia; num tinha mais o que inventar não”, comenta Dodô, morador há mais de 60 anos da Redinha, sempre na rua José Herôncio de Melo, ainda sob a origem do bloco.
Os sete discípulos carnavalescos do “coisa ruim” pretendiam encerrar seu desfile inusitado no Mercado Público, no barraco de Dalila Januário. Mas o então administrador do Mercado, João Caetano de Barros, pediu para que não entrassem com medo de melar suas paredes. Dodô, então, no meio de seu relato ressaltou: “A gente não queria melar ninguém. Era só brincadeira sadia”.
Nos anos seguintes o número de “cãos” crescia, mas a ideia da “brincadeira sadia” de Dodô e seus amigos fora se perdendo com o tempo.
“No ano seguinte já eram cerca de 15 pessoas que se melavam de lama. O número de integrantes crescia todo ano. Aí deixei de brincar porque o povo só queria saber de se embriagar e melar parede. Eu já estava casado e preferi ficar em casa”, conta Dodô.
O pesquisador e folião do bloco por alguns anos, Gutenberg Costa, disse que no início, o bloco Os Cão, embora surgido de uma brincadeira sem compromisso, era organizado. “Não passávamos sujos pelas calçadas nem entrávamos no Mercado Público”.
Ele afirma que os mais antigos saíam pelas ruas carregando um saco de estopa, onde recolhiam bebidas, alimentos e até dinheiro dos veranistas que contribuíam para o carnaval daqueles nativos.
“Os veranistas já ficavam com um litro de cachaça ou algum tira-gosto do lado de fora. Quando não tinham nada, davam algum dinheiro. Infelizmente, hoje o ‘melaceiro’ que provocam está incontrolável”, lamenta o pesquisador.
Naquele primeiro dia de vida de Os Cão, os sete amigos findaram a brincadeira por volta das 11 horas, quando saíram das proximidades do Mercado em direção ao trapiche para tirar a lama. Durante a tarde, ainda iriam curtir o carnaval no bloco Os Brasinhas.
É patente que o “Grand Monde” natalense jamais teve maiores simpatias por este bloco carnavalesco da Redinha. No máximo eles e sua lambuzada festa são vistos como “exóticos” e aturados, pois os políticos da cidade dos Reis Magos não podem ficar indiferentes a uma festa que arrasta mais de 2.000 pessoas para as ruas. Mesmo com pouco apoio os “Os Cão” vão resistindo com sua festa original. Sempre brincando pela Redinha, acompanhados por uma legião de demônios usando como fantasia basicamente a lama do mangue do Potengi, muitos portando tridentes, chifres de animais e galhos de árvores. Sempre pedindo cachaça nas terças-feiras de Momo e com muita irreverência.
Fontes: Blog Papo Cultura e Tok de Histporia
NO CALENDÁRIO HISTÓRICO-CULTURAL DE NATAL
01/01 – Ano Novo – Festa de confraternização universal, comemorada na entrada do ano, com: Missa, fogos de artifício, Baile de Reveillon, homenagem a Iemanjá na Praia do Meio, Ponta Negra e Redinha, com oferendas jogadas ao mar.
Data móvel – Carnaval – Festa de cunho popular e profano. Consta em sua programação prévias carnavalescas. Na quinta-feira que antecede o carnaval realiza-se o Baile da Cidade; na primeira semana antes do carnaval, na Praia da Redinha, ocorre o Ensaio Geral, e, ainda, o baile das Kengas, com a escolha do rei momo e da rainha do Carnaval, o Baile de Máscaras e a Noite de Ouro. No sábado à noite, realiza-se o desfile de blocos, escolas de samba e tribos de índio, não bairro da Ribeira, realizado pela Prefeitura do Natal, através da SECTUR.
Data móvel – Festejos Natalinos – Natal em Natal – Constam em sua programação apresentações folclóricas, Auto do Natal, Festa de Iemanjá e show pirotécnico no Reveillon. Os festejos são realizados na Praia de Ponta Negra, Praia dos Artistas, Centro da Cidade e Redinha, com o apoio da Prefeitura do Natal, através da SECTUR e FUNCART.
FONTES SEGUNDÁRIAS:
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CASCUDO, Luís da Câmara. história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte. Natal: Fundação José augusto, 1968.
CASCUDO, Luís da Câmara. O livro das velhas figuras. V. 6. Natal: Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1989.
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GURGEL, Tarcísio. Informações da literatura Potiguar. Natal: Argos, 2001.
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MEDEIROS FILHO, Olavo. No rastro dos flamengos. Natal: Fundação José Augusto, 1989.
NATAL, Prefeitura Municipal do. Circuito histórico. Natal: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, 2003.
SOUZA, Eloy de. Costumes locais. Natal: Sebo vermelho,1999.
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MEDEIROS FILHO, Olavo de. Terra natalense. Natal: Fundação José Augusto, 1991.
NAVARRO, Newton. Do outro lado do rio, entre os morros. Natal: Fundação José Augusto, 1974.
NAVARRO, Newton. Obras Completas. V. 2. Natal: Fundação José Augusto; FIERN, 1998.
ONOFRE JÚNIOR, Manoel. Guia da cidade do Natal. Natal: EDUFRN, 1998.
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REFERÊCIA BIBLIOGRÁFICAS:
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Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado: a esposa, a viúva e a lenda na Cidade do Natal (1900-1930). / Ariane Liliam da Silva Rodrigues Medeiros – Natal, RN, 2014.
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Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.
ANUÁRIO NATAL 2013 / Organizado por: Carlos Eduardo Pereira da Hora, Fernando Antonio Carneiro de Medeiros, Luciano Fábio Dantas Capistrano. – Natal : SEMURB, 2013.
Bairros de Natal / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal: SEMURB, 2009.
Caminhos de Natal / Jeanne Fonseca Leite Nesi ; ilustrações, Urban Sketchers Natal. – Dados eletrônicos (1 arquivo PDF). – 2. ed. – Natal, RN : IPHAN, 2020.
Caminhos que estruturam cidades: redes técnicas de transporte sobre trilhos e a conformação intra-urbana de Natal / Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros. – Natal, RN, 2011.
Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.
Habitação Social: origens e produção (Natal, 1889-1964) / Caliane Christie Oliveira de Almeida. – São Carlos-SP. Julho/2007.
História do Rio Grande do Norte / Sérgio Luiz Bezerra Trindade. – Natal: Editora do IFRN, 2010.
Memória minha comunidade: Alecrim / Carmen M. O. Alveal, Raimundo P. A. Arrais, Luciano F. D. Capistrano, Gabriela F. de Siqueira, Gustavo G. de L. Silva e Thaiany S. Silva – Natal: SEMURB, 2011.
Natal: história, cultura e turismo / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal: DIPE – SEMURB, 2008.
Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.
NATAL TAMBÉM CIVILIZA-SE: sociabilidade, lazer e esporte na Belle Époque natalense (1900-1930) / MÁRCIA MARIA FONSECA MARINHO. – NATAL, 2008.
Natal ontem e hoje / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal (RN): Departamento de Informação. Pesquisa e Estatística, 2006.
O Lugar do Patrimônio Urbano na Dinâmica da Cidade Natal-RN / Sara Cibele Rego e Medeiros – Salvador, 2017.
Remar para (re)pensar: Centro Náutico, Sport Club e o remo natalense (1900-1930) sob a ótica da educação patrimonial no Ensino de História / Matheus Câmara da Costa. – 2021.
SAIR CURADO PARA A VIDA E PARA O BEM: diagrama, linhas e dispersão de forças no complexus nosoespacial do Hospital de Caridade Juvino Barreto (1909-1927) / RODRIGO OTÁVIO DA SILVA. – NATAL, 2012.
Turismo e Território-Rede: um estudo sobre o destino Natal/RN / Hugo Aureliano da Costa. – Natal, 2018.