Rua Frei Miguelinho

Paralela à rua Chile, no trecho compreendido entre a Avenida Tavares de Lira e a esplanada Silva Jardim, fica a rua Frei Miguelinho. Aquele logradouro público foi denominado pela Intendência Municipal de Natal, conforme a resolução n° 104, de 11 de junho de 1906, de rua 13 de Maio para rua Frei Miguelinho. O logradouro está inserido na Zona Especial de Interesse Histórico.

Paralela à Rua do Comércio ficava a atual Rua Dr. Barata, que se prolongava pela presente Rua Frei Miguelinho, que anteriormente correspondia à Rua da Tatujubeira. Esta ia até o Beco da Quarentena e Rua Ferreira Chaves (atuais).

A Dr. Barata e a Frei Miguelinho eram cortadas pelas atuais travessas Argentina, Venezuela e duas outras, que as comunicavam com a Rua do Comércio. Um quarteirão foi mutilado, por ocasião da abertura da atual Avenida Tavares de Lira, obra concluída em 1919.

Localizada no bairro da Ribeira, a Rua Frei Miguelinho, é um dos mais antigos logradouros da parte baixa da cidade,outrora conhecida como ‘Caminho da Fortaleza’. Existem documentos do Senado da Câmara de Natal, datados de 1744, confirmando que o caminho que vai para a Fortaleza dos Reis Magos desde aquela época já era habitado.

O historiador câmara Cascudo (1999), em sua magnífica “História da Cidade do Natal”,  relata que a Rua Frei Miguelinho foi também Rua 13 de Maio, recebendo aatual denominação porque o sítio dos pais do herói compreenda o lado direito darua.

Frei Miguelinho, participou do movimento de 1817, conforme Trindade (2007)tratava-se de uma insurreição social iniciada em Pernambuco que rapidamente seespalhou por todo o Nordeste, inaugurando um ciclo revolucionário na região. MiguelJoaquim de Almeida Castro, frei Miguelinho era um homem de energiaimperturbável, sereno e forte, conforme Câmara Cascudo apud Mariz e Suassuna,2002.

Quanto à provável localização da antiga residência dos pais de Frei Miguelinhoo pesquisador Olavo de Medeiros Filho (apud NESI, 2002) encontrou no InstitutoHistórico e Geográfico do Rio Grande do Norte relato do Sr. Antiocro Aprígio deMiranda, a época 1862, tesoureiro do Correio Geral de Natal, o relato diz: ‘… adiantepara nascente do quartel de segurança hoje, ficava a antiga casa de construção forte, altura regular, bom tamanho que havia pertencido a Manuel Pinto de Castro,pai de Frei Miguelinho’.

As diversas transformações ocorridas ao logo do tempo, inclusive com aabertura de vias como a Esplanada Silva Jardim, fizeram desaparecer a antigaresidência da família de Frei Miguelinho. Hoje na esquina da rua Frei Miguelinhocom a Esplanada Silva Jardim, onde existia o Quartel do Batalhão de Segurança(atual sede do Sindicato dos estivadores) encontra-se uma placa em homenagem aofilho mais ilustre nascido naquele local.

Uma rua guardiã da memória da Cidade do Natal, não apenas porque em seuchão brincou o menino que, quando adulto “formado” no Seminário de Olinda,transformou-se no revolucionário defensor da república e da abolição daescravatura. Mas guardiã porque nas intervenções sofridas registra a modernizaçãoda cidade.

Existia na Rua Frei Miguelinho uma feira muito concorrida. Lair Tinôco (1992, p.51), em suas memórias, lembra que:

“Havia uma feirinha mais para o fim da Rua Frei Miguelinhochamada a feira da Tabujeira. Tinha este nome porque existiauma grande tatajuba, a sombra da qual, sentavam-se os vendedores, homens e mulheres que procuravam aquele local com o fim de venderem suas mercadorias; […] era assim umaespécie de feirinha de emergência, por sinal bem concorrida”.

Duas companhias de transporte aéreo que se completavam e, conforme podemos observar na  atuação do Sindicato Condor em Natal, ficava localizada na Rua Frei Miguelinho, 119, Ribeira.

Era intensa movimentação comercial na Rua Frei Miguelinho onde estava sediada por exemplo no nº 133 a empresa M. Martins e Cia. Eram muitas “pessoas gradas”, da mais fina flor da sociedade potiguar, com sobrenomes consagrados.

Na primeira metade do século XIX, as feiras eram denominadas pela Câmara Municipal de ‘mercados. Na cidade Alta, a feira ficava na Rua Nova, (atual Rio Branco) em baixo de uma gameleira e, na Ribeira ficava em uma velha tajubeira, na rua Frei Miguelinho.

Testemunha de muitos fatos, o casarão de número 52 da Rua Frei Miguelinho nasceu como uma modesta hospedaria em 1911. Os moradores mais antigos da Ribeira contam que, no primeiro andar, marinheiros, vendedores e boêmios dormiam após fecharem bares pela rua Chile e travessas. Tempos depois, o casarão foi transformado em oficina de navios, sendo posteriormente, por muito tempo, a Padaria Palmeiras, uma das principais panificadoras dos bairros da Ribeira e das Rocas. O prédio também foi uma das primeiras sedes do Armazém Pará, loja especializada no comércio de materiais de construção, tendo sido desocupado e fechado em 1988, e assim permanecendo até ser descoberto por Gustavo Wanderley e Ariane Mondo, então integrantes do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, em 1997.

Fontes:

A MODERNIZAÇÃO DA CIDADE DO NATAL: O AFORMOSEAMENTO DO BAIRRO DA RIBEIRA (1899-1920). LÍDIA MAIA NETA. NATAL/Dez/2000.

Consultas:

Natal história, cultura e turismo, Tok de História, Tribuna do Norte.

Rua Frei Miguelinho, Ribeira. Início do século XX.
Avenida Tavares de Lira com a Rua Frei Miguelinho. Detalhe para o percurso da linha férrea do bonde. O registro do desfile cívico do centenário da morte de Frei Miguelinho em 1922.
Avenida Tavares de Lira com a Rua Frei Miguelinho no início das primeiras décadas do século XX.
Hoje na esquina da rua Frei Miguelinhocom a Esplanada Silva Jardim, onde existia o Quartel do Batalhão de Segurança(atual sede do Sindicato dos estivadores) encontra-se uma placa em homenagem aofilho mais ilustre nascido naquele local.
RUA FREI MIGUELINHO (À direita o posto meteorológico Pereira Reis, no Bairro da ribeira). Foto: Cartão Postal / Autor Desconhecido.

No dia 13 de novembro de 1903 foi inaugurado um posto meteorológico na repartição da Comissão de Melhoramentos do Porto. O posto ficou sob a responsabilidade do engenheiro Octavio Arantes, que, a partir de então, teria a prerrogativa de fazer toda e qualquer aferição meteoro lógica no que diz respeito ao clima, temperatura, pressão atmosférica, umidade do ar, direção dos ventos, condições de visibilidade, condições de navegabilidade. Segundo  jornal “A República”, o posto era equipado de termômetros, barômetros, pluviômetros, Cronômetros, anemógrafos e anemômetros, sendo tais aparelhos fabricados pelos mais acreditados fabricantes.

As aferições realizadas pelo posto meteorológico da Comissão de Melhoramentos do Porto passaram a ser cotidianamente noticiadas pelos jornais, fazendo parte do corpo de matérias corriqueiras da imprensa local.

Texto: A Construção da Natureza saudável: Natal 1900-1930
Rua Frei Miguelinho, no bairro da Ribeira, na década de 1910. Fonte: Jaeci, 2006.
Rua 13 de maio (atual rua Frei Miguelinho) em Natal no ano de 1912. Fonte: Jaeci, 2006.
RUA FREI MIGUELINHO / CAIS E AVENIDA TAVARES DE LIRA

A Rua Frei Miguelinho é uma das mais antigas da Ribeira, sendo conhecida nos primeiros tempos como “Caminho da Fortaleza”, pois era por ela que se chegava à Fortaleza dos Reis Magos. Leva este nome, pois na rua nasceu o frei, em uma residência que foi demolida para abertura da Avenida Tavares de Lira. Além da antiga casa de Frei Miguelinho, o local era ocupado por várias construções e um largo chamado Praça da República. Em 1869, houve a construção do Cais, na época chamado de Pedro de Barros, onde desembarcavam os visitantes que chegavam a Natal. Em 1919, a via foi concluída, com a colocação de um obelisco, contendo em cada lado a inscrição de uma data histórica para Natal e/ou Brasil. Nesta via, que era uma das mais bonitas e arborizadas da cidade, acontecia no século XX, durante o Carnaval, o desfile de carros (corso) e as batalhas de confete. Fonte: Memória IFRN.
EM TEMPOS DE QUARENTENA, Recordei do BECO.

Creditos de Felipe Mamede.

“O Beco da Quarentena, na Ribeira, não é um beco. Na verdade, o local se chama Travessa da Quarentena e é uma ruela de passagem entre as ruas Chile e Frei Miguelinho. No início do século a pequena via era conhecida como a Rua das Donzelas, um verdadeiro “marco social”. Conta-se que ali, a poucos metros do cais do porto, ficavam de quarentena os marinheiros que chegavam com doenças contagiosas e as pessoas da cidade já contaminadas. Depois o local virou ponto de prostituição. Como toda sorte de gente perambulava pelo Beco, o lugar ficou como maldito. Reza a lenda que ninguém o cruza de uma ponta a outra.”
Casa da Ribeira.
Rua Frei Miguelinho.
Foto: arquivo da SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo.
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