Curiosidades de Natal nas décadas de 10 e 20 do Século XX

O centro comercial da cidade era na Ribeira, a Avenida Rio Branco era chamada Rua Nova, a Cidade Alta – Bairro onde foi criada a cidade – dava os primeiros passos de crescimento na direção do Alecrim. A Avenida Deodoro era uma área de onde os sítios começavam a ser transformados em residências. O delegado de polícia era o rigoroso Joca do Pará (Capitão João Fernandes de Almeida).

Cavalaria perfilada na Parada de 7 de Setembro na Ribeira, 1917.
AVENIDA RIO BRANCO (Bairro Cidade Alta) Foto: Jayme Seixas

Só existiam dois ladrões na cidade: Pedro Gato e Negro Melado. Pedro Gato era um mulato feio e forte que além de furtar as residências, gostava de “visitar” o quarto das empregadas. Negro Melado não era preto, ele lambuzava o rosto com óleo como disfarce.

Uma das diversões da época para os rapazes era o jogo de bilhar na Rua 13 de Maio (atual Princesa Isabel), mas tinha o limite determinado pelos pais: apenas até a hora em que o acendedor de lampeões de rua viesse queimar o pavio dos candeeiros a querosene. O Bairro do Tirol era chamado de “Solidão”. Intendência Municipal é como se chamava a prefeitura. Boa parte da população já estava dormindo às 20 horas.

Rua dos Tocos (Rua Princesa Isabel)

O decreto estadual nº 156 de 18 de novembro de 1921 do governador Antônio J. de Mello e Souza restabeleceu o serviço “Telégrafo Óptico” operado pelos escoteiros do Alecrim. Tratava-se de um sistema de sinalização com bandeiras efetuado a partir da torre da igreja Catedral (ponto mais alto da cidade) onde eram indicadas informações como: saída e entrada de navios, se eram de guerra ou de transporte, nacionalidade, se havia enfermo a bordo, se pediam o prático, nome da embarcação e até se o navio batera na “baixinha”, a pedra famosa onde encalharam várias embarcações.

visão da Igreja Matriz com destaque para sua torre de onde funcionou o primeiro sistema de comunicação de Natal no início do século XX.

Segundo Jaime Wanderley em seu livro “É tempo de Recordar”, o abastecimento de água na cidade era precário e a população mais pobre tinha de comprar água aos “canequeiros”, que eram homens que traziam a água em latas (chamadas de canecos) com cerca de 20 litros. A fonte localizava-se no “pé de morro da Solidão”, provavelmente onde atualmente é o Parque das Dunas (Bosque dos Namorados).

Era hábito em Natal as famílias realizarem piqueniques aos domingos. Além de pontos na margem oposta do Rio Potengi, um outro local de atração era o “Monte”, onde atualmente funciona o Hospital Onofre Lopes. Para chegar ao topo do “Monte” as pessoas iam a pé através de uma estrada estreita e arenosa, mas a partir de 1916, esse local passou a ser o ponto terminal da linha de bondes.

**A foto mostra a chegada de um bonde ao monte Petrópolis, em Natal, capital do Rio Grande do Norte, seguindo a linha inaugurada em agosto de 1912. Abaixo, imagem do bonde elétrico trafegando pela cidade. O sistema de bondes da capital do Rio Grande do Norte foi extinto em maio de 1955.  #FatoseFotosdeNatalAntiga

Outra opção de lazer era o circo de Manoel Stringhini armado na Praça do Rosário, na Cidade Alta. Segundo o escritor Octávio Pinto, quem não quisesse ir para as arquibacandas, que o povo chamava de “galinheiro”, tinha que levar suas próprias cadeiras cedo para um melhor posicionamento.

O filho do Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca – Capitão Leônidas Hermes da Fonseca – perdeu a eleição para Governador do RN para o Senador Joaquim Ferreira Chaves. A candidatura de Leônidas foi contestada inclusive pelo pai.

Itep encontra registro da 1ª identidade feita no RN; documento de 1918 tem digitais do primeiro governador eleito por voto aberto no estado, Joaquim Ferreira Chaves.

Os primeiros campos de peladas na cidade eram: na Praça André de Albuquerque e a “Campina” na Praça Pedro Velho cortado por diversos caminhos de pedestres. Posteriormente, surgiu de forma mais organizada o primeiro campo com arquibancadas na Rua Potengi, localizado onde hoje funciona a Biblioteca Pública Câmara Cascudo, ao lado do Atheneu.

Praça Pedro Velho era um imenso descampado o que favorecia a prática do futebol.

Os poucos moradores da Rua Mossoró ainda eram provocados pelo antigo nome do logradouro “a Rua do Vai Quem Quer”, dos tempos em que predominava a prostituição nesse trecho.

Natal – Rua Mossoró – ano 1909.

A Rua João Pessoa era chamada por muitos de “Rua dos Tocos”. A razão dessa denominação é que, em 1845, o presidente da Província Casimiro Sarmento determinou a derrubada da mata existente para abertura da rua e restaram muitos tocos no trecho.

Na esquina da esquerda da esquina da Rua João Pessoa com a Avenida Deodoro não existida nada construído (terreno baldio). Já no lado direito havia um lindo casarão onde hoje se encontra o Edifício Cidade do Natal. Mais ao fundo a construção da Primeira Igreja Presbiteriana de Natal.

O último bonde elétrico circulou em Natal no dia 14 de março de 1956.

Essa aí na foto é um bonde da linha do Alecrim em Natal fotografado em 1942. Foto de Robert C. Henning. Fonte: pág. 92 do livro “Eu não sou herói – A história de Emil Petr” de Rostand Medeiros.

Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.

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