Amélia Duarte Machado (Viúva Machado) – Dama da sociedade natalense – Parte 2/7

Amélia enquanto uma senhora da sociedade natalense levava uma vida de luxo e destaque ao casar com o rico comerciante português Manoel Machado. Ao mesmo tempo cresciam sobre ela os olhares atentos da sociedade. Amélia Duarte Machado emergiu na sociedade natalense, passou a figurar nos jornais, nos espaços requintados e abriu sua residência para receber hóspedes ilustres para a época. Iremos nos debruçar sobre esse período de sua vida.

Alvo dos olhares da população natalense, Amélia depois de casada passou a assumir uma posição importante de senhora distinta, esposa de um dos mais promissores comerciantes da cidade do Natal. Amélia, antes solteira e denominada Amélia Maria de Carvalho, não era uma mulher de posses. Após 1904, ano de seu casamento, passou a assumir o nome de Amélia Duarte Machado. Anexou ao nome um sobrenome português e bastante conhecido na cidade tendo em vista os empreendimentos comerciais de Manoel que chegou a Natal juntamente com seu irmão.

CASAMENTO

Manoel era senhor de muitas posses, era já um “bom partido”, que inspirou o desejo do pai de Amélia em realizar o casamento. A imagem do esposo de Amélia e sua importância na época foram elementos que afetaram as ações de Amélia e sua vida.

Antes mesmo do casamento, a boa posição do português teria sido fator favorável à concessão da mão de Amélia em casamento. De acordo com Luiz G. M. Bezerra, sublinhando informações transmitidas pela própria Amélia, antes de casar, ela havia tido uma vida simples, sem luxos. “Ela nasceu em Mossoró, gente pobre e veio morar em Areia Branca com os pais. Em Areia Branca era o que ela nos contava, o pai abriu um pequeno restaurante em casa.

Nas palavras da própria Amélia em única entrevista que concedeu a Vicente Serejo na década de 1970, publicado no jornal O Poti de domingo em 10 de dezembro de 1978, intitulado Dona Amélia Duarte Machado, A Dona Amelinha, A Viúva Machado, havia um interesse de seu pai no casamento dela com o rico comerciante português: “Aquele português ia sempre lá em casa, mas eu nunca conversava com ele. Meu pai me apresentava sempre, mas eu não simpatizava muito. Com um tempo conversamos e casamos no dia 22 de outubro de 1903”.

O desejo do pai de Amélia em casar a filha com um homem financeiramente estabilizado possui referência com as preocupações da época em garantir o sustento das mulheres para que elas não necessitassem desempenhar ações relativas ao mundo do trabalho. Dessa forma, a mulher poderia dedicar-se aos seus instintos naturais de mãe e desempenhar com mais afinco a função de esposa e dona de casa.

Em entrevista ao jornalista Vicente Serejo, Amélia relatou as suas primeiras impressões para com o Sr. Machado. Ela revelou que logo ao conhecê-lo não se interessou por aquele português, mas que o seu pai possuía interesse em uma união dos dois. Através dessa afirmação de Amélia podemos perceber que, pelo menos em um primeiro momento, a vontade de seu pai em aproxima-la ao português prevaleceu.

Assim, a jovem Amélia decidiu deixar Manoel Machado a cortejar. Essa atitude de Amélia, bem como a do seu pai, ainda no início do século XX era bastante trivial, diante da enorme preocupação que os pais tinham, às vezes desde o nascimento, de realizar bons casamentos para suas filhas, atitude que não foi diferente com Amélia. Era já sabido que o português era um comerciante bem sucedido na cidade.

ORIGENS

A mossoroense Amélia era filha de agricultores e foi criada com a ajuda de seus tios Frederico e Maria de Carvalho. Amélia morou alguns anos de sua infância com os tios no Ceará, onde seu tio era dono de uma casa comercial, lá Amélia cursou o primário. Do Ceará retornou ao Rio Grande do Norte e foi morar em Areia Branca onde seus pais montaram uma pensão familiar. Seus pais decidiram mudar para Natal com as duas filhas, e na cidade instalaram um hotel na Rua das Virgens, atual Câmara Cascudo no bairro da Ribeira.

Amélia conheceu seu futuro marido, o português Manoel Machado, por meio de um comandante amigo da família e que residia no hotel. Ele trouxe o Sr. Machado para ser apresentado ao seu pai. Manoel Machado já era um bem sucedido comerciante na cidade. Seu armazém estava localizado na atual Rua Chile, no mesmo bairro em que residia à posterior Sra. Machado. Ainda na mesma entrevista Amélia lembrou que seu casamento ocorreu na Igreja Bom Jesus das Dores, no bairro da Ribeira. A celebração teria ocorrido às quatro horas da tarde. Apesar da boa condição econômica os noivos teriam ido a pé para a casa que estava bem próxima à igreja, também na Rua das Virgens, próximo ao armazém do marido, a Despensa Natalense na Rua Chile e próxima a pensão da família de Amélia. Ela também relatou ao jornalista que seu casamento foi realizado no dia 22 de outubro de 1903. No entanto, na Certidão de Casamento consta que Amélia e Manoel Machado se casaram na data de 22 de outubro, mas do ano de 1904.

Ainda de acordo com a Certidão de Casamento do casal, a mossoroense Amélia Maia de Carvalho, era filha de Ovídio Benevides de Melo e Ana Maia de Melo, casou-se em Natal no dia 22 de Outubro de 1904 com o português Manoel Duarte Machado, filho de João Machado e Isabel Rodrigues Duarte, perante o Juiz de Direito da comarca Luiz Manoel Fernandes Sobrinho. O mesmo documento também aponta que Amélia casou aos vinte anos de idade, informação que diverge com suas certidões de batismo e de óbito que indicam que Amélia nasceu em 1881, ela estaria, portanto em 1904, ano do seu casamento, com vinte três anos, a mesma idade de Manoel Machado que consta na certidão do casal.

Nesses documentos, há um desencontro também em relação ao nome dos pais de Amélia, pois na certidão de batismo consta que Amélia era filha de Ovídio Benevides Guilherme e de Cosma Brasiliana de Paiva. Outro desencontro em relação aos nomes dos pais de Amélia foi percebido no artigo do jornalista Vicente Serejo.

Além do ano de seu nascimento, e do nome de seus pais, também encontramos divergências em relação à data de seu nascimento. A maioria dos documentos que encontrei e que trazem essa informação dizem que Amélia nasceu em 8 de Dezembro de 1881.

Começamos então a visualizar que na época em que Amélia nasceu final do século XIX, essa questão do registro em documento oficial como é o caso, por exemplo, das certidões de nascimento, era uma prática que ainda não tinha sido adotada pela maioria da população, sobretudo nas cidades do interior, no caso de Amélia a cidade de Mossoró.

Apesar de a certidão de batismo constar que Amélia nasceu em 7 de dezembro de 1881, o 8 de dezembro era a data oficial de celebração do seu aniversário. Depois de casada era noticiada em toda a cidade. Nas colunas dos jornais A República e também no Diário de Natal, colunas destinadas à divulgação dos aniversários, encontramos em grande medida a notícia do natalício de Amélia Duarte Machado.

Textos compilados da dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em História, da UFRN, com título Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado: a esposa, a viúva e a lenda na Cidade do Natal (1910-1930), Ariane Liliam da Silva Rodrigues Medeiros, resgata essa personalidade histórica de nossa cidade, apontado como “morreu” a mulher e nasceu a lenda.

Textos compilados da dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em História, da UFRN, com título Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado: a esposa, a viúva e a lenda na Cidade do Natal (1910-1930), Ariane Liliam da Silva Rodrigues Medeiros, resgata essa personalidade histórica de nossa cidade, apontado como “morreu” a mulher e nasceu a lenda.

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