Gentil Ferreira

Em 24/02/1901, nasceu Gentil Ferreira de Souza em Santa Cruz/RN. Pertencia a uma tradicional família do Estado, com presença na vida pública. Filho do Coronel Ezequiel e de D. Amália Adélia Ferreira de Sousa. Seu pai foi Coronel da Guarda Nacional, Prefeito e Deputado Estadual. Seu irmão, Odorico Ferreira de Sousa, foi Deputado Estadual, Prefeito de Santa Cruz e Secretário de Finanças do Rio Grande do Norte, enquanto que seu outro irmão, José Ferreira de Sousa, foi professor, funcionário público, advogado e jornalista. Seu avô, o Cel. Felipe Ferreira, foi Prefeito em São José de Mipibu, Arês e de Nísia Floresta.

Notabilizou-se como político, administrador e prefeito nomeado, por duas vezes, da Cidade do Natal (entre 1931 e 1932 e entre 1935 e 1940), nomeado, primeiramente, pelo interventor Aluízio Moura, tomou posse a 18 de junho de 1961 e governou até 13 de junho de 1932. Foi vereador de Natal eleito em 1948, presidente da Associação Comercial, diretor do D.N.O.C., vogal da Junta Comercial, presidente do ABC Futebol Clube, presidente do Aero Clube. Era empresário, dono de uma indústria de cerâmica, entre outros empreendimentos. Tinha um espírito empreendedor e dinâmico, animador de acontecimentos sociais e esportivos. foi uma das lideranças políticas que lutou pela constitucionalização do país no período pós-Revolução de 30 In: CARDOSO, Op. Cit. Faleceu em Natal no dia 14/11/1962 (MELO, 1976).


(10°) Prefeito de Natal: Gentil Ferreira de Souza. Mandato: 8 de outubro de 1930 a 18 de dezembro de 1931. Partido Partido Conservador Trabalhista. Eleição
Não houve. Prefeito nomeado pelo interventor estadual, Aluísio de Andrade Moura.
Residência da família Ferreira de Souza, na rua Potengi com a Nilo Peçanha. Foi construída no começo dos anos 60. O arquiteto fez duas colunas decorativas imitando os pilares do Palácio da Alvorada, entre esses dois elementos uma pintura sobre cerâmica.

CARREIRA POLÍTICA

Os grupos oligárquicos que dominavam o Estado do Rio Grande do Norte eram formados basicamente por representantes de grupos econômicos ligados à produção de algodão e à pecuária. Estes se sucediam no poder desde a Proclamação da República em 1889 e, a partir de 1924, o poder estadual ficou sob a direção do grupo seridoense, filiado ao Partido Popular (PP) e, posteriormente, à União Democrática Nacional (UDN).

O jornal “A Republica” do dia 30 de setembro de 1931, anunciava o sensacional “Match” que ocorreria naquela tarde no “Stadium Juvenal Lamartine”. O jornal informava que a cidade se encontrava em grande euforia com aquele jogo. E não era para menos, pois iria se realizar o primeiro embate entre uma equipe de futebol potiguar e um time de outra nação. Estaria presente ao espetáculo o Dr. Gentil Ferreira de Souza, então delegado da Confederação Brasileira de Desportos, a extinta CBD (atual CBF) e futuro prefeito de Natal. Gentil Ferreira havia sido nomeado para este cargo por Renato Pacheco, presidente da CBD na época, conforme podemos comprovar em nota publicada na primeira página da “A Republica”, edição de 2 de julho de 1931.

No dia 23 de novembro de 1935, Natal amanheceu tranquila, com sempre acontecia na provinciana cidade de aproximadamente 35.000 habitantes. À noite eclodiu o levante comunista, conhecido como Intentona Comunista, seguido pelas revoltas em Recife (24 de novembro) e no Rio de Janeiro (25 de novembro). O movimento deflagrado no 21º Batalhão dos Caçadores era formado por militares do próprio batalhão, por estivadores e outros militantes civis. Avança como uma onda pela cidade, pegando de surpresa as autoridades. Logo que o movimento eclodiu, imaginou-se que se tratava de uma simples manifestação da oposição para derrubar o governador Rafael Fernandes, que se encontrava no Teatro Carlos Gomes acompanhando uma solenidade de colação de grau do colégio Marista, que, sabendo do ocorrido, exilou-se com alguns auxiliares no Consulado da Itália. Existem dúvidas quanto ao refúgio do governador Rafael Fernandes. Alguns estudiosos afirmam que Rafael Fernandes e seus auxiliares esconderam-se no Consulado do Chile, sob a proteção de Elias Lamas; segundo outros, o esconderijo de Rafael Fernandes e de Aldo Fernandes foi o Consulado da Itália, sob a proteção de Guilherme Letieri, enquanto o prefeito Gentil Ferreira ficou sob a proteção do Cônsul chileno Carlos Lamas.

Com a deflagração da Revolução de 1930 foi instaurada uma Junta Governativa Militar Provisória que nos seis dias de administração, de 06 a 12 de outubro, procurou manter a ordem, refreando o entusiasmo popular que, em alguns momentos, resultou em baderna e vandalismo. Entre os dias 6 e 8, a vida administrativa da capital do estado ficou paralisada, os comerciantes recusaramse a abrir os seus estabelecimentos e as escolas suspenderam as aulas. No dia 8, quando as forças revolucionárias assumiram efetivamente o poder, a cidade começou a voltar à normalidade (MARIZ, 1984, p. 61). Entre as medidas tomadas pelo governo revolucionário, chefiado por Getúlio Vargas, estavam a demissão de todos os governadores de estado e a dissolução do Congresso Nacional e das Assembléia Legislativas. Paralelamente, a Junta “expediu circulares às prefeituras do interior, recomendando garantias à vida e propriedade dos adversários políticos” e procedeu a nomeação de aliados para postos-chaves na administração estadual, tentando contemplar as correntes que compunham a Aliança Liberal. Dessa forma, foram nomeados, da corrente cafeísta, Café Filho (Chefe de Polícia), Pedro Dias Guimarães (Prefeito de Natal), Sandoval Wanderley (redator do jornal A República) e o “coronel” Francisco Sólon Sobrinho (Prefeito de Areia Branca); da corrente liberal foram nomeados Dr. José Tavares (Diretor de Saúde Pública), Dr. Luís Antônio (Diretoria de Instrução), Joaquim de Fontes Galvão (Diretor da Imprensa Oficial) cônego Amâncio Ramalho (Prefeito de Mossoró), Gentil Ferreira de Souza (Prefeito de Santa Cruz) e Dinarte Mariz (Prefeito de Caicó) (SPINELLI, 1996, p. 27).

A convivência entre as duas correntes que fizeram a Revolução no Rio Grande do Norte sempre foi marcada pela disputa em torno do poder, por uma rivalidade constante e por conflitos exacerbados. A corrente liberal – de Silvino Bezerra, Dinarte Mariz, Bruno Pereira e outros – estava cada vez mais convencida de que a Revolução fugia a seus compromissos, prolongando a situação discricionária e postergando indefinidamente o reencontro com a ordem constitucional. Para os liberais, uma prova segura dessa disposição era o prestígio dado no Estado ao cafeísmo, cuja sustentação política assentava, segundo a visão do grupo, na agitação das massas operárias. O rompimento definitivo entre as duas correntes se deu em junho de 1932, com a fundação da União Democrática Norte-RioGrandense, sob a direção do monsenhor João da Matha Paiva e Gentil Ferreira de Souza, ambos revolucionários desiludidos (SPINELLI, 1996, p. 94).

Com a instauração da Era Vargas, o grupo foi afastado circunstancialmente, porém em 1933, segundo Machado (MACHADO, João Batista. Perfil da República no Rio Grande do Norte (1889-2003). [s.l: s.n], [2003?], p.113), devido a inexistência de aliados no Rio Grande do Norte, Getúlio Vargas nomeou o interventor Mário Leopoldo Pereira da Câmara com o propósito de “prestigiar o grupo político” seridoense e promover essa aproximação. Porém, independente dos acertos e acordos, a oligarquia local voltou ao Governo em 1934, com as eleições indiretas, na Assembleia Legislativa Estadual, do Governador Rafael Fernandes de Gurjão, o qual, por ocasião do Golpe de Estado de 1937, foi mantido no cargo e permaneceu até julho de 1943, quando pediu exoneração do cargo.

Em outubro de 1935, o Engenheiro Gentil Ferreira de Souza foi convidado pelo Interventor Rafael Gurjão para assumir a prefeitura da cidade, cargo que o experiente burgo mestre já havia exercido entre junho de 1930 a junho de 193. Ao assumir o governo da cidade, o chefe da municipalidade natalense tornou emblemático o período de sua administração pela realização de obras como o Mercado Público da Cidade Alta (hoje localizado o Banco do Brasil); a construção do novo Matadouro, retirando a matança anti-higiênica que existia na Rua da Misericórdia; Inauguração em 11 de julho de 1936 da Praça Carlos Gomes, e tantas outras obras que testemunham esta gestão que transformou a cidade do Natal em um local agradável para se viver.

Em continuação às suas audições íntimas, o “Curso Waldemar de Almeida” realizou, a 29/10/1941, na residência do casal Moisés e Augusta Vainstein, a 27a apresentação de seus alunos, a 4ª audição íntima. Presentes familiares dos alunos e mais o Interventor Rafael Fernandes e o prefeito Gentil Ferreira de Souza. Tocaram:

Ethel Mandel: W. Mozart, “Sonata” em lá maior,
Avany de Paula, Berta Guilherme, Helena Tavares e Laíse
Cavalcanti, a oito mãos: F. Schubert “Marcha militar”
Helena Tavares: F. Schubert, “Minueto”

Avany de Paula: F. Mendelssohn, “Romance sem palavras”
Terezinha Cunha: “Minueto” em sol maior, de W. Mozart
Moisés Roiz: “Rondo” em lá maior, de W. Mozart
Ester Vainstein: (“Sonata” em fá maior, de W. Mozart
Riva Mandel: “Rapsódia” n. 5, de W. Liszt
Cordélia Guerreiro e Ethel Mandel, a quatro mãos: “Reverie”, de R. Schumann
Ann Tumblin: Schmidt. “Rondo”
Wanda Mussi: J. S. Bach, “Tocata” em ré maior

Esse evento, além do teor musical, tinha também o seu lado social. A esposa do Interventor havia chegado atrasada; então, Waldemar pediu a repetição da “Marcha Militar”, de Schubert, pelas quatro alunas Avany de Paula, Berta Guilherme, Helena Tavares e Laíse Cavalcanti, em homenagem à primeira dama do estado…

O dia da eleição nos municípios foi bastante movimentado em 1948. Não houve notícias de incidentes graves. Em Natal, as disputas foram intensas, com os cabos eleitorais se confrontando para a entrega de chapas. A boca de urna gerou um “qui-pro-quo entre os cabos eleitorais adversários” (O Diário de Natal, Natal, p. 6, 22 mar. 1948.), pois, além da distribuição das cédulas eleitorais, eles rasgavam as chapas distribuídas pelos adversários. Entre as ruas Amaro Barreto e a Alexandrino de Alencar, no bairro do Alecrim, ocorreu a maior concentração eleitoral, pela proximidade com vários locais de votação. O serviço de transporte foi eficiente, com passagem gratuita nos ônibus de todas as empresas.

Em Natal, votaram cerca de 11.000 mil eleitores, o que demonstrava, segundo o jornalista do Diário de Natal, um enorme interesse da população. Como previam os prognósticos, a chapa das Oposições Coligadas foi vitoriosa na capital, com mais de 1.500 votos de maioria para vereadores e de 1.400 para deputados estaduais. O PSP manteve a hegemonia na capital, elegendo oito vereadores, enquanto o PSD seis, a UDN três, e o PRP um vereador. PSP: Olavo João Galvão (ocupou a presidência ente 1948 e 1950), Manoel Vilar Raposo de Melo, Elyseu Leite, Severino de Oliveira Galvão, Amaro Magalhães da Silva, Antônio da Cunha Cruz Gouveia, Antonio Félix da Silva, Sandoval Wanderley. PSD: Demétrio Pinheiro de Viveiros, Sebastião Gomes Moreira, Eduardo Antonio Freire, Manoel de Oliveira Paula, Martinho de Figueiredo Machado, Luiz Soares Correia de Araújo;UDN: Gentil Ferreira de Sousa, João Alves de Santana, João Francisco da Mota ; PRP: Manoel Rodrigues de Melo. Esse resultado, para o PSP, foi o grande estímulo para lutar pela autonomia política de Natal. No estado, porém o PSD saiu vitorioso com mais de 30 prefeituras, enquanto a UDN conseguiu cerca de 10 e o PSP, apenas dois municípios. A maioria obtida pelo PSP, em Natal, permitiu que o partido indicasse o primeiro presidente da Câmara Municipal, Olavo João Galvão, instalada em 5 junho de 1948.

Theodorico Bezerra, por exemplo, ao renunciar à presidência do PSD no mês de maio e ameaçar romper com o partido e optar por ficar ao lado do governador José Varela, causou um conflito nas fileiras udenistas municipais. Os Ferreira de Souza, primos de Theodorico, ameaçaram romper com a UDN, deixando a política militante, mas mantendo os cargos públicos que ocupavam. Em um pronunciamento publicado nos jornais e lido na Rádio Poti, a família Souza acusava o governador José Varela de tentar conquistar o apoio de Theodorico Bezerra a qualquer custo. Assinavam o manifesto: Odorico Ferreira, deputado estadual; Antonio Ferreira, por ele e pelo senador José Ferreira; Gentil Ferreira, vereador em Natal, por ele e por João Ferreira; Lourival Ferreira, vereador em Santa Cruz e Felizardo Firmo de Moura. A pressão surtiu efeito e, em uma reunião entre o governador e alguns dos irmãos, José Varela comprometeuse a abrir concorrência pública para o arrendamento do Grande Hotel, então administrado por Theodorico Bezerra. Este, por sua vez, entendeu-se com seu partido, que lhe concedeu uma vaga para concorrer a deputado federal, deixada por Gil Soares.

Com mais de 50% dos votos válidos em todo o estado, a candidatura de João Café Filho à vice-presidência acabou contribuindo também para que ele fosse o deputado federal mais votado do estado em 1950. Em Natal, ele obteve mais de 80% dos votos para vice-presidente e mais de 40% para deputado federal, reafirmando sua liderança política. Mais uma vez, na capital, o PSP fez maioria, elegendo seis vereadores; o PSD elegeu quatro, o PTB três e o PR, um. Do lado da UP, a UDN, três e o PST, um.356 Esse resultado eleitoral era extremamente importante para o embate entre os partidos, dentro da AD, que indicariam o prefeito de Natal. Combater a administração da prefeitura era uma constante do PSP, que tinha como grande desejo administrar a capital, pois em todas as eleições ocorridas, desde 1945, o partido havia obtido vitória na cidade. Os resultados eleitorais de 1950 foram fundamentais para reacender tal desejo. Pela primeira vez, um cafeísta foi nomeado para o cargo. Era Olavo João Galvão, que ocupou o cargo de presidente da Câmara de Vereadores, entre 1948 e 1950. Nas eleições de 1948, o PSP havia eleito oito vereadores e, em 1950, reduziu esse número, em função da aliança estabelecida. Ainda assim, era maioria na câmara e o presidente eleito foi o pessepista Eliseu Leite.

Assim, em 23 de julho de 1952, o jornal A Folha Carioca (Café Filho pacificou a política do seu estado. Jornal de Natal, Natal, p. 1, 31 jul. 1951.) informava sobre uma pacificação realizada, no Rio Grande do Norte, pelo vice-presidente da República Café Filho. Essa tinha como objetivo imediato a reeleição da presidência da Assembléia Legislativa, ocupada pelo deputado Ezequiel Fonseca (PSP) e, ainda, “organizar” o pleito municipal. Para o jornalista, rapidamente, modificara-se o ambiente, estabelecendo-se um clima de cordialidade no estado. Não há dúvida de que o acordo que incluía PSD, UDN, PSP, mais PR e PST, permitiu que tais partidos se unissem em alianças, às mais variadas, pelos municípios do estado. Porém, não garantiu que a campanha fosse pacífica e sem disputas, de modo que estas foram bastante acirradas. Os acordos estabelecidos estenderam-se também para a Câmara Municipal de Natal e levaram à presidência o vereador udenista Gentil Ferreira de Sousa, após a renúncia de Eliseu Leite (PSP), em julho de 1952. Com a UDN a presidência da Câmara Municipal. Tribuna do Norte, Natal, p. 1, 12 jul. 1952.

Passeata de apoio ao Presidente Getúlio Vargas em 1938. Perspectiva da Avenida Sachet (já cortando a Praça Augusto Severo). Grande Hotel ao fundo e Estação da Great Western no canto esquerdo. Fonte: Centro Norte-Riograndense de Documentação.
A linha de bonde na Praça Sete de Setembro, com destaque a Prefeitura do Natal.
Prefeito Gentil Ferreira em gabinete no Palácio Felipe Camarão, na Rua Ulisses Caldas, janela com vista para a Ribeira.

Em 1943, segundo Machado (2003?, p.113) foi nomeado interventor Antônio Fernandes Dantas, que manteve quase a mesma equipe de auxiliares do governo anterior. Entre as mudanças, procedeu à substituição o prefeito da Cidade do Natal, nomeando no lugar do Engenheiro Gentil Ferreira de Souza, o médico José Augusto Varela. Ocorreu uma continuidade administrativa, tanto em 1937 como em 1943, sem sobressaltos ou querelas políticas, e assim permaneceu até a redemocratização do Estado Brasileiro em 1947 quando o então Prefeito da Capital, o Dr. José Varela, foi eleito para o Governo do Estado do Rio Grande do Norte.

Enfim, a partir de 1937, as oligarquias políticas locais reconciliaram-se com o Governo Federal e o Presidente da República. Em troca de apoio, permitiu que consolidassem seu controle político sobre o poder local, mas em contrapartida submeteu-as à nova hierarquia administrativa implantada pelo novo Estado Brasileiro. Esta permitia, por exemplo, que a figura do interventor se relacionasse diretamente com o Presidente da República, uma vez que as Assembleias Legislativas e o Congresso Nacional haviam sido fechados e, com isso, os interventores assumiram o poder com autonomia, prescindindo, inclusive, do apoio de suas bases, se assim o quisessem, porém mantendo-se sob o controle do Governo Federal.

Por outro lado, a classe dominante nacional, que implantara a ditadura do Estado Novo, em 1937, deixou permanecer o então governador Rafael Fernandes Gurjão e o nomeou como Interventor do Estado do Rio Grande do Norte. Essa atitude garantiu a continuidade da administração e das obras que vinham sendo executadas na capital e no interior do Estado. Ao ser confirmado no cargo, Gurjão nomeou o Engenheiro Gentil Ferreira de Souza como prefeito da capital e ambos geriram em parceria.

O Prefeito do Natal, engenheiro Gentil Ferreira de Souza, pode igualmente corresponder ás fundadas esperanças de sua atividade construtora. Inaugurou o Mercado Publico a 1º de maio de 1937 e o do Alecrim, a 10 de novembro de 1938. Remodelou o Cemitério (novembro de 1937 a outubro de 1938). Construiu a Praça Pedro Velho, inaugurada a 24 de outubro de 1937, assim como a praça Carlos Gomes, a 11 de julho de Alargou a avenida Junqueira Aires, em setembro de 1939. As estradas para as praias de Ponta Negra e Pirangí, foram entregues ao serviço público, com melhoramentos, em setembro de 1937 e novembro de 1938. Os trabalhos de calçamento e alinhamento urbano prosseguem diariamente.

No início da década de 1940, a cidade de Natal era pequena, com aproximadamente 55 mil habitantes distribuídos entre os bairros de Cidade Alta, Ribeira, Tirol, Petrópolis, Rocas e Alecrim, além das povoações do Passo da Pátria, Quintas, Guarapes e as praias da Redinha e Areia Preta. Governava o estado Rafael Fernandes de Gurjão, administrando até 1943, e o prefeito de Natal era o engenheiro Gentil Ferreira de Souza. As principais atividades econômicas do Rio Grande do Norte eram a agricultura (produção de cana-de-açúcar, frutas e algodão), o extrativismo (sal e scheelita) e a pecuária. As casas de exportação desses produtos localizavam-se no bairro da Ribeira e ligavam a capital ao interior. A inserção de Natal na Segunda Guerra Mundial provocou mudanças na sociabilidade da cidade, com a criação de vários bares e a proliferação das casas de meretrício.

Lembrando que hoje, 24 de fevereiro, nascia na cidade de Santa Cruz, Gentil Ferreira de Souza. Engenheiro civil, empresário, professor (Atheneu), político, esportista. Foi prefeito de Natal em dois mandatos (1931-1932 e 1935-1940) e vereador, também em dois mandatos (1948 a 1954). Foi presidente do Aero Clube do Rio Grande do Norte (fase áurea do clube) e diretor do ABC Futebol Clube.

Sintetizando os principais fatos de sua administração, notadamente durante o governo de Rafael Fernandes, afirma o saudoso historiador Luis da Câmara CASCUDO (1898 – 1986). Hoje, começo a compartilhar, com vocês leitores, fotos e textos, de um livro raro que foi idealizado pela Prefeitura Municipal de Natal, na segunda gestão de Gentil Ferreira de 1935 a 1940, o relatório tem como título: “NATAL E O SEU PROGRESSO” Vale a pena conferir.
” O Dr. Gentil Ferreira de Souza, Prefeito da cidade de Natal, é engenheiro civil pela Escola Politecnica do Rio de Janeiro, turma de 1925. Deixando a Universidade, seguiu para S.Paulo, em cuja capital trabalhou nas obras de abastecimento dagua até 1927. Nomeado engenheiro da Light and Power tomou parte nos serviços da barragem do Rio Grande, deixando-os em 1928, para fazer parte do quadro de engenheiros da Estrada de Ferro Oeste do Paraná, onde serviu até 1930. Foi Prefeito de Natal em 1931 e 1933, período pequeno, porém que foi inteiramente aproveitado em obras de urgência e de vulto que conseguiu realizar. Em 1933 era engenheiro da Inspetoria de Obras Contra as Secas, funções que deixou para dedicar-se a construções. Em 1935 foi convidado e aceitou novamente o cargo de Prefeito da cidade de Natal, que desempenha até hoje”.

CONSTRUÇÕES

A regularização das construções em Natal passa pela regulamentação de diversas determinações, como o Decreto nº 19, de 14 de novembro de 1935, instituído
durante a gestão do prefeito Gentil Ferreira, e que resolve regularizar as construções de novos prédios na capital. Em 15 de março de 1936 é publicada em “A Republica” uma reportagem especificando as condições de vida na capital natalense e as diferenças entre os seus bairros que, segundo o autor do artigo, teriam características distintas entre si. Os bairros então reconhecidos como parte da zona urbana eram: Rocas, Ribeira, Cidade Alta, Alecrim, Lagoa Seca, Tirol e Petropólis. As Rocas são caracterizadas como residência das classes mais pobres e de pescadores. O Alecrim corresponde à antiga área da pobreza, então favorecida pelos melhoramentos urbanos e pelo comércio. Lagoa Seca corresponderia ao local onde se situavam os currais da cidade, também denominada de “sertão em miniatura”. Em contraponto, Tirol e Petropólis seriam os bairros elegantes, onde residências “modernas” estavam sendo construídas.

É interessante ressaltar que as fontes informaram que, nesse período, quase todas as grandes obras de construção civil, de médio e grande porte, públicas ou privadas, ficavam sob a responsabilidade do Prefeito em exercício, o Engenheiro Gentil Ferreira de Souza. Este era o engenheiro responsável, proprietário de uma construtora, que executava as construções públicas e privadas, independente da existência de concorrências públicas (INAUGURA-SE hoje o novo edifício do Banco do Rio Grande do Norte. A República, Natal, p. 12, 14 jan. 1939., p.12). Na maioria das obras que receberam a cobertura do Jornal A República, os jornalistas ressaltavam sua autoria sobre a execução do projeto, assim como sua responsabilidade técnica pela construção dos edifícios.

Aparentemente as contradições não se evidenciavam. Em nenhum momento fez-se referência à existência de outros construtores na cidade. Porém, nesse período, por exemplo, o prefeito estava associado a Joaquim Victor de Holanda, pernambucano radicado em Natal, formado no Liceu de Artes e Ofício de Pernambuco e que era considerado especialista em “fachadas ornamentais, ambientação e esculturas” (CARDOSO, Rejane (Coord.). Quatrocentos nomes de Natal. Natal: Prefeitura Municipal do Natal, 2000., p.399). Apesar de ter dividido a responsabilidade em quase todas as construções realizadas nesse período, não foi encontrado qualquer registro no jornal A República que informasse sua participação em construções executadas na cidade.

O primeiro trabalho de Joaquim Victor de Holanda em Natal foi a execução do frontispício da Maternidade de Natal no início da década de 1930, a convite do médico Dr. Januário Cicco. “O edifício do Banco do Rio Grande do Norte marcou o período em que Holanda esteve associado ao engenheiro Gentil Ferreira” e, a partir dele, diversas edificações passaram a apresentar fachadas ornamentadas e elaboradas esteticamente In: CARDOSO, Rejane (Coord.). Op. Cit. Segundo Cardoso, este técnico foi o responsável pelo desenho da fachada do Edifício do Banco do Rio Grande do Norte, assim como de outros que foram construídos na cidade. Até a execução do Banco do Rio Grande do Norte, Holanda trabalhava em parceria com o Prefeito, e a partir dele, tornaram-se sócios da maioria das construções que se fazia na cidade, inclusive das militares. Esta sociedade baseavase na divisão das responsabilidades exigidas por cada empreendimento, porém, em se tratando de execuções estruturais de maior porte, a experiência de Holanda era notadamente superior. O especialista pernambucano trazia de sua vida profissional anterior, na cidade do Recife, capital do Estado de Pernambuco, a participação na construção de vários edifícios, especialmente da Praça da Justiça. O fato pode ser considerado como um indício de que as elites políticas naturalmente mantinham o poder sobre os registros que eram publicados no Jornal A República. O periódico divulgava suas ações de maneira parcial, valorizando a competência política de seus representantes em detrimento do reconhecimento do trabalho intelectual ou técnico de seus intelectuais e profissionais especializados, assim como de pessoas que não faziam parte do grupo.

Banco do Rio Grande do Norte. Grevy.
Foto do Banco do Rio Grande do Norte. Fonte: Jornal A República, 14 jan. 1938, p.12.
É o antigo Matadouro Público, construção da década de 1940. O Prefeito Gentil Ferreira, conforme Itamar de Souza, adquiriu o terreno com o objetivo de entregar aos munícipes um novo equipamento público para abrigar o velho matadouro. Veio a Segunda Guerra Mundial e os planos foram modificados. A edificação passou a servir de posto de abastecimento de combustível. Com o fim do conflito, já na administração de Sylvio Pedroza, o gado passou a ser abatido no alto das Quintas. Fonte: Professor Luciano Capistrano.

GRANDE HOTEL

O edifício mais festejado foi o Grande Hotel, que era uma antiga reivindicação local, cuja realização foi tratada como uma prioridade e entendida como a obra que permitiria e garantiria o desenvolvimento econômico local. Provavelmente, devido à importância do Hotel para as elites locais, apresentou uma proposta com características protomodernistas. O terreno escolhido também foi privilegiado, na esquina da Avenida Tavares de Lira com a Avenida Sachet (atual Duque de Caxias), ou seja, em frente ao centro comercial mais movimentado da cidade, a Avenida Tavares de Lira. A execução da obra ficou sob a responsabilidade do prefeito Gentil Ferreira e, mais uma vez, a cobertura jornalística da inauguração do edifício Grande Hotel, com desfaçatez, justificou efusivamente a participação do Prefeito (GRANDE Hotel de Natal: a impressão colhida por nossa reportagem na visita ontem feita ao monumental edifício. A República, Natal, 1 jan. 1939.), informando que este sentira-se inseguro e intimidado diante do projeto quando este lhe foi apresentado. E mesmo que, no primeiro contato em que teve com a proposta, pensou em contratar um responsável técnico e uma equipe mais experimentada em São Paulo, ao final resolveu aceitar o desafio de construir sem recorrer a outros especialistas. Segundo o mesmo jornal, sua “competência e eficiência” superaram as dificuldades e o Hotel foi construído com mão-de-obra local e, mais uma vez, deixou de explicitar a participação de Holanda, que neste empreendimento, já era sócio da construtora do Prefeito.

A reivindicação das elites locais para a construção de um hotel foi atendida e esta obra era justificada pela necessidade da cidade em dispor de um edifício voltado para as atividades hoteleiras. Para a imprensa local, a cidade possuía um potencial turístico que precisava ser assimilado pelo setor econômico e esta opinião baseava-se na percepção de que este poderia ser explorado a partir da paisagem natural da cidade, do seu entorno e das praias. Até o final da década de 30 do século XX, alguns visitantes que chegavam à cidade, estivessem em visita oficial ou a passeio, eram recebidos pelo Governo do Estado e, em geral, eram tratados como convidados oficiais. Para estes, as acomodações oferecidas (apartamentos mobiliados) estavam localizados no último pavimento do Hospital Miguel Couto, no bairro de Petrópolis.

A construção do Antigo Grande Hotel, foi financiada pelo governo estadual, na administração do Dr. Rafael Fernandes, com a participação do engenheiro Gentil Ferreira de Souza, prefeito de Natal, que modificou o projeto original e administrou a obra. Após alguns entraves burocráticos, foi realizada uma concorrência pública tendo como vencedor o Sr. Theodorico Bezerra que passou a administrar o maior Hotel da cidade.

Logo se transformou no lugar de acolhida e repouso de personagens ilustres da política e da cultura. Dentre os hóspedes destacavam-se: o almirante Ary Parreiras, durante a construção da base naval; o presidente Juscelino Kubistchek; Tyrone Power; Nelson Gonçalves; Carlos Galhardo; Vicente Celestino e muitos outros.

Desde 1991 o antigo Grande Hotel é parte do Patrimônio Histórico Estadual, como monumento Tombado preserva parte da História da cidade de Natal. Hoje funciona como juizado de pequenas causas.

Foto da Perspectiva do Grande Hotel. Fonte: HIDROESB. Acervo: HCURB/UFRN.
Planta baixa do pavimento tipo (projeto original). [FONTE: Acervo do HCURB].
Registro fotográfico: construção das fundações.
Imagem da construção do Grande Hotel. Fonte: A República, 1937.
Fato e Foto: Gentil Ferreira de Souza, nome que consta na lista das maiores lideranças políticas não apenas do Rio Grande do Norte. Nesta foto Gentil Ferreira está em primeiro plano ao lado do fotografo da revista Time Hart Preston em 1941.
Antigo Grande Hotel. Foto: Esdras Rebouças Nobre.

O TÚNEL DA JUNQUEIRA AIRES

Lembram da minha postagem sobre um túnel subterrâneo entre a avenida Junqueira Aires e o rio Potengi? Pois bem consegui junto a assessoria de Imprensa da Caern os registros fotográficos abaixo. Só lembrando… Ele foi construído em 1938 para servir as obras de saneamento da capital potiguar.O referido túnel foi construído entre esta avenida e a avenida Ocidental, atualmente avenida do Contorno.

Recordando… A inauguração do túnel

Com a presença do Dr. Aldo Fernandes, interventor interino, Dr. Gentil Ferreira, prefeito da capital, diretores de departamentos, engenheiros e outras autoridades e representantes da imprensa, foi inaugurado em 15/01/1938 pela manhã o túnel da Avenida Junqueira Aires construído pelo Escritório Saturnino de Brito par ao Serviço de Saneamento de Natal.

O canal interior foi percorrido pelas pessoas presentes na ida e na volta, causando a todos excelente impressão.

O Dr. Gouveia de Moura, engenheiro chefe da Comissão de Saneamento, após o primeiro discurso, proferiu algumas palavras sobre o túnel recém-inaugurado com a presença do interventor interino

Por sua vez o interventor interino Aldo Fernandes congratulou-se com a população da cidade, pela inauguração do citado melhoramento, estendendo as suas felicitações ao Escritório Saturnino de Brito.

O fotografo João Alves fez várias chapas fotográficas do ato. Não conseguimos encontrar tais fotos.

Atualmente o túnel é propriedade da CAERN e desconheço sua finalidade hoje em dia. (A Ordem, 16/01/1938, p.1.).

Secretário Executivo Aldo Fernandes (de paletó cinza, ao centro, ao lado do Bispo) e autoridades em visita às obras de saneamento, Avenida Junqueira Aires, Natal, 1937. Aldo Fernandes, Secretário Geral do Estado no Governo de Rafael Fernandes. 

REDINHA

O nome da praia tem suscitado controvérsias ao longo do tempo. Para alguns historiadores o nome teve origem nas diversas redes usadas pelos pescadores que depois da pescaria ficavam estendidas ao longo da praia -“Praia das Redes de pescar” – “Praia da Rede” – “Praia da Redinha”. Já o historiador Câmara Cascudo,relata que o nome Redinha faz referência à região de Pombal, em Portugal, como tantos outros em nossa cultura.”Havia a Redinha de fora, como local arruado à margem esquerda, vista de Natal, e a Redinha de dentro, na foz do Rio Doce, também denominado Guajiru, desaguadouro da lagoa de Extremoz” escreve o Mestre Cascudo em sua obra “Nomes da Terra”.

A antiga estância balneária no subúrbio da Cidade, foi incorporada ao Município de Natal, pela Lei n.º 603, de 31 de outubro de 1938, pelo então Prefeito Gentil Ferreira. Redinha teve seus limites definidos pela Lei nº. 4.328, de 05 de abril de 1993, oficializada quando da sua publicação no Diário Oficial do Estado em 07 de setembro de 1994. Hoje o bairro tem como limites: ao Norte o município de Extremoz, ao Sul, o Rio Potengi e manguezais, ao Leste o Oceano Atlântico, e a Oeste a Estrada de Genipabu.

A celebração da padroeira do bairro da Redinha que foi incorporado ao Município de Natal, pela Lei n.º 603, de 31 de outubro de 1938, pelo então Prefeito Gentil Ferreira. O bairro da Redinha teve seus limites definidos pela Lei nº. 4.328, de 05 de abril de 1993, oficializada quando da sua publicação no Diário Oficial do Estado em 07 de setembro de 1994.

ANTIGA SEDE DO BANDERN

A primeira sede própria do Banco de Natal, posteriormente o Banco do Estado do Rio Grande do Norte – BANDERN. O projeto de construção do Banco foi confiado ao prefeito da Capital, o engenheiro Gentil Ferreira de Souza. À época da sua construção, constituía-se uma das mais belas e sólidas edificações de Natal.

Inaugurado em 1939, o prédio da antiga sede do BANDERN, está situado na esquina da Avenida Duque de Caxias com a Avenida Tavares de Lyra, no bairro Ribeira.

O projeto de construção é do engenheiro Gentil Ferreira, na época, prefeito de Natal. A planta tem forma retangular, com três pavimentos com cobertura arrematada por platibanda com balaústres, e amplas dependências. Uma marquise separa o segundo pavimento do terceiro, apoiada em colunas com capitéis. Na avaliação de Nesi (1994) este prédio, de grande valor arquitetônico e expressiva importância histórica foi, na época de sua construção, uma das mais belas edificações de Natal.

A única modificação verificada naquele prédio, foi a retirada de um belo frontão curvilíneo que valorizava sobremaneira o seu pórtico de entrada. O Banco foi extinto e, posteriormente, o prédio foi reinaugurado como Central do Cidadão. Atualmente, este prédio encontra-se desocupado.

O BANDERN teve suas origens vinculadas ao Banco do Natal. Iniciativa pioneira no Estado, fundado no ano de 1906, no governo de Tavares de Lyra, cuja sede era na Rua Dr. Barata, nº 4, no próprio bairro Ribeira (NESI, 1994).

No prédio do antigo BANDERN funciona, atualmente, o Palácio da Cidadania. Edificação que abriga o PROCON, órgão de defesa do consumidor.

Antiga Sede do BANDERN (atual PROCON). Foto: arquivo da SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo.

PRÉDIO DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL

No dia 02 de outubro de 1892, surgiu a Associação Comercial. Nasceu para congregar os comerciantes do bairro da Ribeira, sob a presidência de Fabrício Gomes Pedroza. Em 1929, o então presidente da associação planejou um empréstimo mediante a subscrição de ações.

No mesmo ano, o Governador Juvenal Lamartine doou um terreno na então Rua Sachet (atual avenida Duque de Caxias) para a construção da sede própria. Em 1940, nova ajuda foi acrescentada aos recursos já existentes, permitindo a construção da sede própria.

O prédio foi projetado e construído pelo engenheiro Gentil Ferreira apresenta planta retangular, em três pavimentos, de aspecto harmonioso e simétrico em relação ao acesso principal, feito pelo hall de entrada com cobertura apoiada em quatro colunas encimada por capitéis de massa.

O edifício teve suas obras concluídas na gestão do presidente da Associação Comercial, Manoel Gurgel do Amaral em 19 de abril de 1944.

Prédio da Associação Comercial. Foto: Esdras Rebouças Nobre.

AERO CLUBE

Em 1939, o Aero Clube era um lugar de acesso restrito a poucos frequentadores e estava sob a presidência do Prefeito Gentil Ferreira. Suas instalações haviam sido reformadas e os caminhos que lhe davam acesso haviam sido adaptados aos automóveis que, naquele período, transportavam um público em torno de seiscentas pessoas a cada festa. Seus frequentadores, estimulados pelo clima de modernização por que a cidade passava, envolviam-se na adoção da sofisticação e da elegância de um novo estilo de vida. Para França (1936e, p.12), as elites locais imaginavam estar adotando um modelo que se aproximava da “aristocracia européia”, e o Aero Clube era o centro dessa atividade.

Em decorrência da expansão nazista na primeira fase da II Guerra, com número elevado de baixas nos países aliados, foi discutida, na capital federal, a possibilidade de cancelar o carnaval no Brasil, em 1942. O Rio de Janeiro chegou a ficar sem carnaval. Essa possibilidade não teve o menor eco em Natal, pois foi rechaçada pela imprensa local e pelos foliões potiguares. A se considerar também o fato do então prefeito Gentil Ferreira ser também presidente da Federação Carnavalesca de Natal.

A Inauguração do Aero Club. Fonte: Cigarra, Natal, ano 2, n. 3, abr. 1929, p. 26.
Foto do Aero Clube do Rio Grande do Norte. Acervo: Jaeci Emerenciano. Fonte: DVD Álbum Fotos Natal de Ontem.

CEMITÉRIO DO ALECRIM

O bairro quase não era frequentado pelas elites locais, a não ser nas ocasiões em que compareciam ao Cemitério Público da cidade. Este tinha uma dinâmica própria que se desenvolveu independente da área central da cidade, As notícias nas páginas do Jornal A República quase não davam repercussão ao que acontecia no bairro. Os investimentos públicos eram tratados como concessões e não como uma demanda necessária, exigida pelo próprio crescimento do bairro. A imprensa local sequer considerava a existência de pressões políticas ou reivindicações. O que se sabe, efetivamente, é que poucas obras do Plano Geral foram executadas no bairro do Alecrim e que este recebeu alguns investimentos mais significativos somente no ano de 1939, quando foram construídos o Mercado
Público e a Praça Gentil Ferreira, assim como pavimentadas ruas e instalados serviços de infra-estrutura, como energia elétrica em determinadas regiões mais densamente habitadas:

Trata-se de um acontecimento de grande significação para a vida daquele populoso e adiantado subúrbio natalense, que é, sem dúvida, dos pontos afastados da cidade, o que mais se tem desenvolvido, não apenas quanto ao coeficiente de casas e de habitantes, mas também no que diz respeito ao comércio e ao movimento social. Esse desenvolvimento, que é em grande parte fruto da iniciativa particular, encontrou no poder público um dos seus mais fortes impulsionadores, do qual recebeu benefícios de vulto do Mercado que ali se vê (2 INAUGURADOS os melhoramentos do bairro do Alecrim. A República, Natal, 24 jun. 1939., p.3).

Com o crescimento da população da cidade e a procura de pessoas de cidades próximas para sepultar seus entes queridos no cemitério do Alecrim foi necessária uma ampliação. Desde os primeiros anos do século XX já se falava em ampliação do cemitério, mas apenas em meados de 1930, incentivada pelo prefeito Gentil Ferreira de Souza, prefeito de Natal nos anos de 1931-1932 e de 1935-1940, realizou-se a grande reforma que expandiu o espaço para sepultamentos no cemitério.

Foi o prefeito e engenheiro Gentil Ferreira de Souza quem modernizou o Cemitério do Alecrim. Gentil Ferreira construiu a capela e abriu ruas no cemitério, ampliando-o. Esse cemitério que antes ficava nos confins da cidade, hoje está lotado, dentro de uma área densamente habitada.
Vista aérea da Ferira do Alecrim. Grevy. Em 10 de janeiro de 1931, através de contatos entre os líderes da comunidade e a Prefeitura de Natal, cujo prefeito a época era o Sr. Gentil Ferreira de Souza, foi doada uma quadra murada no Cemitério Público do Alecrim para que os membros da comunidade judaica fossem enterrados mediante seus rituais tradicionais. Igualmente foi fundada uma sociedade funerária chamada Chevra Kadisha.
Túmulo no cemitério do Alecrim 1986. Acervo A República.
Vista do cemitério do Alecrim Foto: Doralice Acervo A República.
Cemitério do Alecrim Acervo A República.
Túmulo do Padre João Maria Foto: Doralice
Acervo A República.
Cemitério do Alecrim.
Cemitério do Alecrim. Primeiro cemitério da cidade, foi construído em 1856. Segundo Câmara Cascudo, antes, as igrejas eram as tumularias da sociedade. Lugar de descanso, o Cemitério do Alecrim sofreu intervenções modernistas no final dos anos trinta, do século passado, na administração de Gentil Ferreira. Guardião dos mortos, é também lugar da memória da urbe.

RÁDIO EDUCADORA DE NATAL

No início de 1939, foi inaugurada a Rádio Educadora de Natal. Em pouco tempo, seu registro foi aprovado pelo Ministério da Viação e Obras Públicas, e em Natal, um terreno foi cedido pela municipalidade, um anteprojeto arquitetônico do edifício foi apresentado (também de autoria do prefeito Gentil Ferreira) e sua construção foi iniciada. Quando entrou em operação, o IAP passou a retransmitir sua programação diária, além de também cobrir as solenidades realizadas no Palácio do Governo, as apresentações de orquestras e festivais, palestras e discursos das elites políticas e, posteriormente, as aulas de inglês ministradas por oficiais das Forças Armadas estadunidenses:

Só se pode calcular o benefício que o Indicador da Agência Pernambucana está prestando aos bairros menos ricos da cidade indo ouvir às suas irradiações nesses lugares. […]. [São] atualmente sete [alto-falantes instalados na] Pracinha, Grande Ponto, Rocas, Associação de Escoteiros, nova Praça do Alecrim, rua Dr. Barata,
Avenida Tavares de Lira. O Governo do Estado e a Prefeitura contribuem com muito acerto para esse meio de distração pública. Ela faz arredar o pensamento da carestia da vida e das incertezas da safra. […]. O Indicador da Agência Pernambucana está, portanto, nos hábitos da nossa população (FRANÇA. Aderbal. O indicador da AP e a população. A República, Natal, 1 fev. 1939b, p.12).

Foi à primeira emissora de rádio do Estado, inaugurada em 1941, hoje Rádio Poti. Fundada em11/03/1940, só obteve concessão para funcionamento em 16/05/1941. Passou a integrar a cadeia das emissoras associadas a partir de 15/02/1944. Carlos Lamas, Carlos Farache e Gentil Ferreira de Souza foram os organizadores da Rádio Educadora do Natal (MELO, 1976).

A Rádio Educadora de Natal teve seu estatuto aprovado em 11 de março de 1940, e a concessão pelo Ministério de Obras e Viação dado em 16 de maio de 1941, entrando efetivamente no ar em 29 de novembro de 1941, que era composta por vários acionistas, o principal deles Carlos Faracha, tendo outros nomes importantes como o prefeito de Natal a época Gentil Ferreira de Souza e Câmara Cascudo (GOMES; RODRIGUES, 2016).

Sede da REN. Fonte: Biblioteca IBGE.
Rádio Educadora de Natal. Fonte: Jornal A República. 23 mar. 1939, p.3.

CALÇAMENTO

Podemos chamar esse período de “quarto momento de modernização” de Natal. Durante a gestão Gentil Ferreira é dada continuidade ao calçamento dos logradouros, como as ruas Felipe Camarão, Acre e Correia Teles, além disso, são construídas diversas estradas no município, como a estrada para Ponta Negra, já quase concluída em 1936 (NATAL e seus problemas urbanos, A Republica, Natal, ano 67, 22 mar.1936.). São também efetuados melhoramentos no bairro do Alecrim. Entre eles, o calçamento da Rua Amaro Barreto e a arborização e implantação de equipamentos como canteiros, gramados e bancos no local conhecido como “Mangueira” – compreendido entre a Avenida Dois e a Rua Amaro Barreto (MELHORAMENTOS do bairro do Alecrim, A Republica, Natal, ano 68, 11 mar.1937.). A Rua Amaro Barreto era considerada à época a “sala de espera de Natal”, sendo também a mais movimentada do bairro, “onde a passagem de vehiculos e outros gêneros de transporte é constante e considerável” (MELHORAMENTOS do bairro do Alecrim, A Republica, Natal, ano 68, 11 mar.1937., p. 01). Três importantes melhorias, no entanto, marcam esse período: as obras de abastecimento e saneamento da capital – de responsabilidade do Escritório Saturnino de Brito –, a construção do Grande Hotel de Natal e do novo Mercado Público.

Durante as três primeiras décadas do século XX, aconteceu o “empedramento” das ruas da Ribeira, que era feito com pedras irregulares retiradas das praias de modo bastante rudimentar. Segundo o relato de um jornalista no ano de 1930:

Estes calçamentos além da aspereza das arestas cortantes das pedras, eram completamente desnivelados, o que permitia a formação verdadeiros lagos na Cidade, após as chuvas. O que se passava a este respeito na Ribeira, especialmente, constitui história de ontem. Não é possível que haja alguém que já tenha esquecido o que ocorria, em regra, desde a fábrica de tecidos, por toda a Praça Augusto Severo, ruas Dr. Barata, José Bonifácio, Avenida Nísia Floresta etc… Fenômeno idêntico ocorria na Avenida Junqueira Aires, a via única de acesso da parte baixa da Capital à Cidade Alta… (A República, Natal, 10 jun. 1930).

A citação acima foi publicada após serem feitas melhorias na pavimentação da cidade, efetuadas no decurso da administração do então prefeito Omar O’Grady, que construiu 21.01619 metros quadrados de calçamento (paralelepípedos e macadame pichado). Observa-se que a antiga pavimentação nada mais é que “história de ontem”, o que torna claro o interesse em destruir a cidade atrasada e sobre ela, construir a cidade moderna. Fica evidente então que o bairro da Ribeira valorizou-se bastante após a pavimentação, quando foram resolvidos os problemas relativos às inundações após as chuvas. Essa pavimentação teve continuidade durante a administração do prefeito Gentil Ferreira de Souza, de 1930 a 1940.

A Duque de Caxias, que abateu ruas e vielas até encontrar a esplanada Silva Jardim, teve suas obras iniciadas em 1929, na gestão do prefeito Omar O’ Grady, somente foi concluída em 1939, após 10 anos de serviço, na gestão de Gentil Ferreira de Souza.

A falta de calçamento não era privilégio da Rua Olinto Meira. Segundo Bezerra (2005), somente 14 anos após a oficialização do bairro o calçamento começou a ser providenciado, na gestão do prefeito Omar O’Grady (1926-1930). Dez anos depois, Gentil Ferreira, na sua gestão, continuou o trabalho de calçamento e sabe-se, que entre 1960 e 1980, “quase todas as ruas do Alecrim, haviam sido pavimentadas e algumas afaltadas” (BEZERRA, 2005, p. 102).

A linha de bonde passando pela Av. Duque de Caxias, na Ribeira. Fonte: Acervo do HCUrb.

A Avenida Atlântica corresponde atualmente a avenida Getúlio Vargas. A mudança de denominação ocorreu em 1938, por meio do Ato n.116, editado durante a administração do prefeito Gentil Ferreira de Souza, ver: SOUZA, Itamar de. Nova História de Natal. Op. cit., p.398-399.

Na Cidade de Natal a infraestrutura urbana tem estado em pauta, principalmente depois da implantação da República, e acentua-se no período que compreende a Segunda Guerra Mundial, em que a necessidade de melhorias urbanísticas recebeu um novo impulso modernizador que refletia as novas necessidades geradas pelo aumento demográfico. Em 1941, lia-se no jornal A República que se realizaram uma série de obras para melhoria das ruas e praças da cidade, que com a intensificação do trânsito ficaram desgastadas e não supriam mais as necessidades do momento.

A substituição do calçamento antigo, irregular, por pavimentação moderna, com declive sensível para o fácil escoamento das águas provocadas pelas chuvas, é também uma das finalidades visadas pelos serviços a que nos referimos. As obras se estenderão por outras ruas e praças. Isso, sem prejuízo do calçamento normal da Cidade, realização em que a prefeitura se vem empenhando sem qualquer solução de continuidade, no desejo louvável de aumentar, na medida dos esforços possíveis, a área da cidade dotada de pavimentação adequada (A República, Natal, 17 ago. 1941).

Também a Rua Chile animava-se com o Wonder Bar e a Rua Frei Miguelino foi calçada com paralelepípedo em 1941 pelo prefeito Gentil Ferreira, o que evidencia os investimentos na infraestrutura do bairro no período do conflito. Todas essas atrações localizadas na Ribeira eram um grande atrativo para os visitantes, principalmente os soldados americanos que enchiam e movimentavam os estabelecimentos com seus dólares.

BONDES

As obras de pavimentação também estavam atreladas não apenas ao “aformoseamento” dos logradouros, mas também devido ao aumento na quantidade de veículos em tráfego em Natal. A hierarquia viária na cidade se tornava mais bem definida a partir da concentração do maior volume de movimento em determinadas vias, como a Avenida Rio Branco. Essas principais artérias – uma vez que concentravam a maior quantidade de fluxo – demandavam mais investimento por parte do poder público. As obras de calçamento exigiam também paralisações no tráfego de automotores em algumas ocasiões.

De accôrdo com a solicitação do sr. Prefeito da Capital, o dr. Diretor Geral do Departamento de Segurança Publica recommendou à inspectoria de Vehiculos que providenciasse no sentido de ser suspenso o trafego de vehiculos no trecho da Avenida Rio Branco, entre a Escola de Aprendizes e o Baldo, de accôrdo com edital
publicado há mezes pela Delegacia Auxiliar. Esta medida foi tomada em virtude dos damnos que a circulação de automóveis está occasionando às obras de construcção do novo calçamento da Avenida e das perturbações que causa á atividade dos operários. Só os bondes, os carros da Assistencia Publica e os caminhões da Prefeitura, que conduzem os materiaes para as obras, estão exceptuados desta providencia
(O TRAFEGO de vehiculos na Avenida Rio Branco, A Republica, Natal, ano 42, 29 jun. 1930b.).

Percebe-se que apesar da paralisação do movimento dos automóveis, os bondes não poderiam deixar de circular nesse referido trecho da Avenida Rio Branco, uma vez que essa linha era a responsável no atendimento do bairro do Alecrim e o serviço de bondes exercia até então um papel muito importante no deslocamento dos habitantes desse bairro para o centro. Apesar da importância que o bonde ainda exercia na vida das pessoas, o foco das ações públicas passa a ser prioritariamente em direção ao privilégio dos automotores, obliterando, destarte, os investimentos na infraestrutura das linhas de bonde na cidade. Em 1931, chega-se a ser publicada na imprensa a solicitação do Interventor Federal, Hercolino Cascardo, de um parecer técnico ao engenheiro Gentil de Souza, sobre a proposta da construção das novas linhas de bondes na capital. Apesar de apresentada à Companhia Força e Luz Nordeste do Brasil e depois submetida à apreciação do Consultor Geral do Estado essa medida acaba não se concretizando nos anos posteriores (NOVAS Linhas de Bondes, Diário de Natal, Natal, 06 ago. 1931).

O bonde, em contraponto a esse momento de evolução material, continua sendo alvo das críticas dos periódicos, em virtude da continuidade na prestação de maus serviços.

Quem viaja num bonde, tiver a curiosidade de verificar os pormenores das suas continuas trajectorias pelas ruas da cidade, há de, com immensa tristeza, verificar o atrazo em que, a esse respeito, ainda nos encontramos. A demora da viagem, interrompida innumeras vezes por defeitos nos vehiculos francamente evitáveis, o descuido dos motorneiros e conductores, provocando muitas vezes incidentes desagradáveis, tudo concorre para o conceito pouco lisonjeiro que esse serviço desfructa na sociedade natalense (MELHORAMENTOS do bairro do Alecrim, A Republica, Natal, ano 68, 11 mar.1937., p. 02).

Como medida no sentido de atenuar a situação, a Companhia Força e Luz adquire mais dois novos bondes, o que, no entanto, não é visto como suficiente para sanar as dificuldades no sistema, pois “dois bondes mais não vêm satisfazer as condições de funccionamento dos vehiculos que trafegam em nossas ruas, todos elles em estado precário de conservação” (MAIS dois bondes, A Republica, Natal, ano 68, n.2035, 3 dez. 1937., p. 02). Nesse momento também é vivenciada uma redução no número dos usuários do bonde, não porque esses tenham perdido a sua utilidade frente às linhas de auto-ônibus, mas porque a grande parcela do seu público – a população operária do Alecrim e de Lagoa Seca – simplesmente não pode arcar com o custo do serviço, elevado apesar das condições precárias: “o operário de Lagôa Secca, por exemplo, não tem mil e duzentos para passagens de ida e volta uma vez ao dia ou o duplo se quiser almoçar em casa” (CADA vez peior, A Republica, Natal, ano 68, n.2035, 7 dez. 1937). Esse fato, portanto, se torna o argumento principal apresentado pela Companhia contra a melhoria do serviço urbano de transporte, já que, segundo ela, o movimento de passageiros não compensaria o investimento. Em relação às obras públicas, em continuidade ao programa de gestão Omar O’Grady, o novo edil, Gentil Ferreira, enfatiza as medidas de facilitação do tráfego de Natal, a partir de investimentos em pavimentação, alargamento e abertura de novas ruas e avenidas. Essa medida parece estar em consonância com o número crescente de automóveis circulando em Natal.

A evolução do número de automóveis no Rio Grande do Norte – em Natal e no interior do estado – entre os anos de 1932 e 1936 é considerável. O Departamento de Estatística do Estado contabiliza o aumento do número de automóveis – carros e caminhões – existentes em Natal de 186, em 1932, para 321, em 1936. No interior do estado esse número evolui de 329 em 1932, para 615, em 1936. A quantidade de automóveis em todo o RN (interior e capital) contabiliza 515, em 1932, e 936, em 1936. Esse total representa um aumento de 72% em apenas quatro anos (AUTOMOVEIS e caminhões existentes no Estado no quinquênio de 1932 a 1936 com densidade da população e números índices correspondentes, A Republica, Natal, ano 68, 18 set.1937b.). Apesar disso, o número ainda refletia um acesso restrito em frente a uma população de 50 mil habitantes, o que demonstra que a grande maioria da população ainda era muito dependente do transporte público.

Percebendo que o número de veículos já estavam provocando congestionamento na cidade do Natal, Gentil Ferreira procurou encetar algumas obras que permitisse facilitar o tráfego, abrindo ruas e avenidas; alargando outras, em parte ou totalmente, ao mesmo tempo em que algumas praças foram reduzidas para permitir o surgimento de ruas. A Praça Pedro Velho, que ocupava uma grande área, foi reduzida em 1936, criando-se duas partes separadas por uma artéria para o acesso de veículos. Esta artéria, criada através do Ato nº 35, do Prefeito Gentil Ferreira, foi identificada no Ato como “Nova Rua”. As duas partes da praça dividida tiveram a seguinte destinação. Uma foi reservada para a construção de residências. A outra foi ajardinada com quadras esportivas separadas por uma construção onde se localizava um bar e sorveteria conhecido por “avião”, além de um parque infantil com apetrechos para exercícios e diversões. A praça passou a ser o local preferido para a realização de retretas e festas públicas. A Praça Augusto Severo, foi reduzida no ano de 1937, em sua parte central, quando foi aberta uma passagem para carro, ligando a Av. Junqueira Aires com a Av. Duque de Caxias. Na mesma oportunidade, foi realizado o alargamento da Rua Juvino Barreto, permitindo o acesso entre a Ribeira e a Cidade Alta, descongestionando assim o fluxo dos automóveis que diariamente ali trafegavam. A Praça Leão XIII, teve a sua denominação transformada em José da Penha, através do Ato nº 5, do Prefeito Interino Pedro Dias. Esta praça sofreu diminuição de sua área após a construção do Grande Hotel que se localizava a sua frente, o qual foi inaugurado em 13 de maio de 1939. A redução foi de fundamental importância, por permitir o prolongamento a Av. Tavares de Lira, até a Av. Rio Branco, facilitando assim o fluxo de caminhões e automóveis naquela artéria. Nesta praça existia uma bomba de gasolina da “Atlantique” inaugurada pela firma M. Martins Cia.

Estas mudanças nas praças de Natal, ocorridas na segunda metade dos anos 30, trouxeram, além da transformação visual da cidade, um grande avanço no seu desenvolvimento pela supressão dos obstáculos que impediam a locomoção dos veículos existentes, facilitando assim o fluxo dos automóveis e outros meios de transportes utilizados na época, fazendo com que a cidade caminhasse mais rápida através desses acessos, os quais são utilizados até os dias de hoje.

Desde então, a área de pavimento a paralelepípedos cresce ano a ano, dando à cidade um aspecto agradável, tendo ainda a vantagem de corrigir os graves prejuízos decorrentes da erosão, uma vez que a cidade se acha situada sobre um maciço arenoso. O prefeito Gentil Ferreira de Souza, na Interventoria Rafael Fernandes, também muito fez nesse sentido, como se constata dos seguintes informes, além do que realizou no triênio anterior: em 1939, foram calçados perto de 26 mil metros quadrados; em 1940, nada menos de 23.320 e em 1941, área também vultuosa. As praças “Pedro Velho”, “7 de Setembro”, “André de Albuquerque” e “João Maria” foram totalmente remodeladas, cujos pisos, de pedra irregulares, foram substituídos. Os antigos leitos da avenida “Getúlio Vargas” e do largo do “Hospital Miguel Couto“ desapareceram, dando lugar ao novo pavimento, também a paralelepípedos. Outras praças foram construídas, como a “Pedro II” e a “Gentil Ferreira”, no bairro do Alecrim. Novos jardins surgiram na cidade, como sejam os das praças “Pedro Velho”,”7 de Setembro”, “Augusto Severo” e “André de Albuquerque” , embora a sua conservação esteja a exigir melhores cuidados por parte da Prefeitura. Na praça Pedro Velho, além de um artístico coreto, de um “bar” em forma de avião, de um campo de basquetebol e outro de voleibol, funciona um Parque Infantil, ponto de reunião das crianças, em dias de domingo e feriados. Dois grandes e excelentes mercados públicos foram, igualmente, construídos: um na Cidade Alta e o outro no Alecrim. O cemitério público foi reformado pela Prefeitura, de 1933 a 1940, de acordo com um plano preestabelecido, sendo duplicada a sua área e dividido sistematicamente em ruas retangulares, convenientemente calçadas e designadas por nomes de Santos, com as respectivas placas. Infelizmente ainda não foi possível a realização dos trabalhos finais e instalação do amplo e moderno Matadouro da Capital em face da situação internacional, que levou o prédio a ser destinado a outros misteres. Será um notável melhoramento para a cidade.

Esta foto, extraída do portal Skyscrapercity, mostra a capital do Rio Grande do Norte, Natal, em 1956, no cruzamento da Av. Rio Branco com a Rua João Pessoa. Consta-se que é esta rua que aparece em primeiro plano na foto, onde há carros estacionados.
Praça Augusto Severo e a estação da E. F. Natal a Nova Cruz. Destaque para o bonde integrando o transporte inter ao intra-urbano. Fonte: Acervo do Centro Norte-Riograndense de Documentação, Rio de Janeiro.
O bonde subindo a Avenida Junqueira Aires, atual Câmara Cascudo.
– A Av. Rio Branco na Cidade Alta. Postes de força e trilhos para os bondes e uma fila de automóveis ladeando-a. No fundo, vê-se um automóvel em circulação.
Anúncios da Chevrolet e da Ford no periódico “A República”.
Apresentação dos novos modelos do Ford V8 no palco do Teatro Carlos Gomes. A República, 1937
Avenida Tavares de Lira, no bairro da Ribeira, em 1946.

MERCADO PÚBLICO DA RIBEIRA

Nos primeiros anos de funcionamento, o Grande Hotel estava sempre lotado e era considerado um dos centros da vida social natalense, assim como o teatro Carlos Gomes, que recebeu inúmeras festas e atrações, colocando a Ribeira no centro das atrações da capital potiguar. A ampliação do Mercado Público da Ribeira pode ser considerada como um dos indicativos do crescimento demográfico, hora em que “a população da Ribeira, pelo seu crescimento estava reclamando um mercado bem mais amplo” (A República, Natal, 1 jan. 1941). As reclamações foram atendidas durante a Administração de Gentil Ferreira. O novo mercado público foi entregue à população em 1º de janeiro de 1941.

ANTIGO MERCADO PÚBLICO (Bairro Ribeira) Foto: Dr. Manoel Dantas (fotógrafo viveu em Natal no período de 1900 até sua morte, em junho de 1924).
O Mercado público da Ribeira estava localizado na rua Ferreira Chaves com a Almino Afonso, 126 (atual sede da STTU) – de Manuel Dantas. Reproduzido de 380 anos de história fotográfica da cidade do Natal: 1579-1979, p 90.

MERCADO PÚBLICO DA CIDADE ALTA

Em 28 de outubro de 1826, Antônio José de Souza Caldas requeria terras “na Rua Nova (atual Rio Branco), junto ao curral do açougue’, o que indicava a existência de um local de comercialização o de carnes. Naquela rua ainda existiu a Praça do Peixe, local onde posteriormente foi construído o Mercado Público da Cidade Alta.

O Curral do Açougue, a Praça do Peixe e as quitandas espalhadas pela antiga rua Nova, indicavam a vocação comercial daquele logradouro público.

Em 1860, na gestão do presidente José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, foi iniciada a construção do Mercado Público da Cidade Alta, localizado na atual Avenida Rio Branco, no mesmo local anteriormente ocupado pela Praça do Peixe. Devido à escassez de recursos, o prédio demorou 32 anos para ser erguido. Foi concluído e inaugurado, no dia 7 de fevereiro de 1892, durante o regime republicano. O local onde funcionou o referido mercado, cor responde ao mesmo hoje ocupado pela agência Centro do Banco do Brasil.

Antes da inauguração do Mercado Público, a Câmara alugava casas nos bairros da Ribeira e da Cidade Alta, para servirem de quitandas. Na esquina das atuais Rua João Pessoa e Avenida Rio Branco existia uma quitanda muito freqüentada.

O prédio do mercado teve uma existência efêmera, pois apenas 9 anos depois de sua inauguração, ele já estava em ruínas… sofreu então uma restauração, sendo reinaugurado, em 24 de novembro de 1901.

Na gestão do prefeito Gentil Ferreira de Souza, o velho mercado foi demolido, sendo construído outro prédio, mais amplo, no mesmo local. A população de Natal, que ainda não contava com os modernos recursos da “era da máquina”, no campo da conservação de alimentos, era conduzida a adquirir diariamente os gêneros alimentícios.

O Mercado Público tornou-se então um ponto de encontro, um local onde eram divulgados os acontecimentos da Cidade, em primeira mão. Ali comentavam se os assuntos mais diversos, políticos, sociais e, até mesmo, “os ridículos enredos provincianos’.

O mercado da Cidade Alta foi destruído por um incêndio, e nunca mais ali foi construído um novo mercado. Todavia, aquela área da Avenida Rio Branco nunca perdeu a sua vocação primitiva. Até hoje os vendedores ambulantes insistem em expor à venda gêneros alimentícios e artigos dos mais diversos, em suas calçadas.

O JARDIM MODERNISTA

Já em 1929 foi proposta uma primeira grande intervenção na Praça Augusto Severo, quando Omar O’Grady, então Prefeito de Natal, contratou o arquiteto italiano Giacomo Palumbo para elaborar o “Plano Geral de Sistematização de Natal” com o objetivo fundamental controlar a expansão desordenada da cidade. Câmara Cascudo faz referência à divisão do espaço da Praça, enquanto materialização do Plano Palumbo, atentando para a beleza e magnificência da avenida que a atravessaria – Avenida Sachet (ARRAIS, 2005). A proposta de Palumbo não foi executada, mas O’Grady executou na Praça melhoramentos como serviços de calçamento a paralelepípedo e drenagem para conter as águas.

Em 1938, durante o governo do prefeito Gentil Ferreira, a ideia de dividir a Praça para dar passagem aos automóveis foi finalmente posta em prática. Foi então proposta a remodelação:

“[…] jardim da Praça Augusto Severo, a fim de dotar a cidade de logradouro em condições de dar algum conforto à sua população e aos que transitam pelo porto de Natal” (SOUZA, 2001). Com essa intenção foi alargada a Rua Juvino Barreto e o trecho da Avenida Junqueira Aires mais próximo à praça. Na parte central deste logradouro, foi aberta uma passagem para os carros, interligando, assim, a Avenida Junqueira Aires com a Rua Nísia Floresta (hoje Duque de Caxias). Nesse período o crescimento urbano exigiu adaptações e redimensionamento da malha viária em função dos veículos. Segundo Silvio Macedo (1999), o espaço público apresenta uma nova forma, liberta da rigidez formal eclética e dos seus ícones. O espaço é planejado funcionalmente – de acordo com as funções urbanas da Carta de Atenas: habitação, trabalho, circulação e lazer.

Nesse contexto, se situa a “época de ouro” dos nossos espaços públicos, no que se refere àqueles que reúnem atributos suficientes para almejar o reconhecimento enquanto Jardins Históricos da cidade de Natal. O ideal de cidade, em voga naquele momento, permeia esses planos urbanísticos na medida em que é proposta, além do “aformoseamento” urbano, a transformação de Natal em cidade-jardim, com a valorização da arborização urbana como elemento estético na composição das avenidas arborizadas e nas praças e parques.

Em Natal, a possibilidade de consecução de uma cidade-jardim estava portanto na delimitação de grandes parques, na construção de um sistema de jardins públicos, na implantação de uma arborização, de amplos gramados e de sombras aprazíveis que possibilitassem a vida urbana numa “cidade tropical”. (Palumbo apud DANTAS, 2006).

Ao contrário do Plano Palumbo, a proposta de Saturnino de Brito Filho foi quase totalmente executada. Infelizmente, o bairro-jardim não foi executado, ficando a área disponível à beira-mar obsoleta e posteriormente ocupada de forma aleatória. O parque proposto teve sua superfície drasticamente reduzida por diversos loteamentos e invasões, num processo marcado por uma série de atos desastrosos do poder público, incapaz de conter o mercado de terras numa área de alto valor imobiliário.

Trecho da Praça Augusto Severo em 1942.

A HERMA A NÍSIA FLORESTA

Em 1911 foi inaugurado em Natal a herma a Nísia Floresta na praça Augusto Severo, na Ribeira.Sobre esse acontecimento escreveu o jornal A Imprensa: “teve grande concorrência e solenidade a festa da inauguração do monumento a Nísia Floresta , no jardim público da Ribeira”.(A IMPRENSA, 22/03/1911,p.6).As mais graduadas pessoas de Natal assistiram a brilhante festividade”.

Segundo a Revista da Semana (1939) a herma a Nísia Floresta havia sido um presente do governo francês ao povo brasileiro.

O monumento foi demolido naquele ano de 1939 para espanto do redator chefe da Revista da Semana, Vidal de Barros, que assinava uma matéria sobre o pioneirismo do feminismo da ilustre potiguar, e as fotos foram estampadas na referida revista, tendo sido as imagens captadas pelo fotografo natalense João Alves de Melo colaborador da citada revista.

Ao enviar as fotos para a revista João Alves escreveu em carta anexa:

“É com desprazer que comunico ao prezado confrade que, em dias do ano passado, foi criminosamente retirada da praça pública, a herma de Nísia Floresta, depois de se achar em completo abandono, como provo com a fotografia junta, pelo prefeito da cidade dr. Gentil Ferreira de Souza, sem nenhum protesto do Instituto Histórico”. (REVISTA DA SEMANA, 1939, p.33).

Eis a baixo a foto enviada por João Alves a Revista da Semana mostrando o abandono da herma a Nísia Floresta.

Como a prefeitura deixou isso acontecer e por que o IHGRN não o impediu ou ao menos protestou com tamanho desrespeito a figura de Nísia Floresta?

Ao que tudo indica a repercussão da matéria publicada na Revista da Semana não foi positiva e a prefeitura tratou de reparar os danos cometidos contra o monumento, tanto que no nº 52 da referida revista de 02/12/1939 foram informações documentadas de que a herma de Nísia Floresta havia retornado ao seu antigo lugar.

Segundo a citada revista o prefeito da bela capital norterigorandense do norte (potiguar é melhor) dr. Gentil Ferreira de Souza, que tem nítida compreensão do valor do nosso patrimônio histórico,lendo a sensacional reportagem, apressou-se em reparar o erro ou descaso que tinha levado mãos menos humanas a cometer esse atentado e mandou, sem demora, reerguer o monumento que perpetua, orgulho do Rio Grande do Norte.

As imagens a baixo foram enviadas pelo fotógrafo João Alves de Melo que mostravam as fases do trabalho de levantamento da herma daquela que foi grande na sua época e que ficou na História com a gloria de ter sido a precursora do feminismo no Brasil.

É desconhecido por nós como levou fim o monumento que havia na Praça Augusto Severo da Ribeira que homenageava Nísia Floresta.

PRAÇA PEDRO VELHO

Durante o mandato do prefeito Gentil Ferreira de Sousa a Praça Pedro Velho passou por algumas reformas e inaugurada em 24 de outubro de 1937. Nesse período, a praça se tornou o maior ponto de referência da capital potiguar para os acontecimentos sociais como os desfiles militares, estudantis, comícios e exposições (MEDEIROS, Isabel Cristina Costa de. Diário de Natal, 17 jul., 2003. Caderno: Cidades.). Era justamente essa praça que se preparava para receber o busto que estava “provisoriamente” no Square Pedro Velho, inaugurado em 1909. Mas, como já citado anteriormente, só quase meio século depois ele foi para o lugar inicialmente idealizado.

A definição do local onde a Praça Pedro Velho seria erguida ocorreu em 1929, por meio de um segundo plano de urbanização da cidade, o qual era chamado de “Plano de Sistematização”, desenvolvido pelo arquiteto Giácomo Palumbo. Durante a administração do Prefeito Gentil Ferreira de Souza, ocorreu uma mudança no referido plano de urbanização da cidade, referente ao espaço onde seria construída a Praça Pedro Velho (OLIVEIRA; DANTAS, 2003).

Na Cidade Nova, a Praça Pedro Velho, antes de sua construção, já era um espaço de sociabilidade, como afirma Salomão Filgueira: “[…] sabemos que um numeroso grupo de distintos moços da nossa sociedade trata da fundação de um Club de Football. No vasto ground da Praça Pedro Velho tem havido diversos matches de ensaio, notando-se grande entusiasmo por parte dos jogadores” (apud CASCUDO, 1976, p. 119). A inauguração da referida praça será descrita no jornal A República (Natal, 26 out. 1937) da seguinte forma:

Precisamente, às 17h30, o Sr. governador do estado, acompanhado de grande número de amigos, subiu ao coreto da Praça Pedro Velho, iniciando-se a solenidade de inauguração com um discurso do prefeito Gentil Ferreira. Depois dessa solenidade, a Banda de Música Mossoroense realizou concorrida retreta, prolongando-se até às 21horas.

Essa praça se tornará o centro das principais atividades sociais da Cidade de Natal, lugar de passeios e de diversas atrações. As sociabilidades que anteriormente eram realizadas na Praça da República (Ribeira) migraram espontânea e gradualmente para o novo espaço.

Segundo Lia C. Azevedo no início do século XX no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930 “A Praça Pedro Velho, graças aos esforços empreendidos pelo Prefeito Gentil Ferreira, está se tornando um verdadeiro ponto de concentração social. Ali, sobretudo aos domingos, vemos desfilar aos nossos olhos tudo o que Natal possui de mais selecto na sua vida mundana. E agora para maior atração da Praça Pedro Velho o Sr. Carlos Lamas, (…) instalou naquelle aprazível recanto da nossa encantadora cidade uma pequena estação irradiadora, com o concurso de apreciados elementos dos nossos meios artísticos.(…) As irradiações teem sido feitas na Praça Pedro Velho,com merecidos applausos da população natalense (…) (A República, Natal, 11/02/1938.).

A praça transformou-se num local de encontros dos natalenses e logradouro preferido para realização de eventos culturais. Durante a II Guerra e nos anos seguintes, era o centro da vida cultural e ponto de encontro da cidade.

Seu patrono, foi a figura chave do Movimento Republicano no Rio Grande do Norte. Membro de uma das famílias tradicionais do estado tem antepassados ilustres como Jerônimo de Albuquerque, primeiro capitão-mor da Fortaleza dos Reis Magos e André de Albuquerque, líder do movimento de 1817.

Professor de História do Atheneu Norte-Rio-Grandense, Diógenes da Cunha Lima (1999) lembra a preocupação do educador, Pedro Velho, que escreve cartas para os pais e os alunos, praticando, já naquele tempo, uma “Pedagogia da Presença”.

Em 1969, em pleno governo militar, foi transferido para o local atual o monumento de Pedro Velho. Desde esta data, o desfile cívico-militar acontece na Avenida Prudente de Morais, passando em frente a um palanque na praça, para as autoridades civis, militares e religiosas. Foi restaurada recentemente.

A Praça Pedro Velho, inaugurada em 1937 pelo prefeito Gentil Ferreira, era o ponto de encontro principal da cidade, os pés de “fícus” eram pequenos, muito bem podados em forma de coelhos, gatos, cachorros etc. Lá circulavam os melhores fotógrafos da cidade, principalmente aos sábados e domingos. A pracinha era toda mosaicada e tinha um pequeno coreto onde as bandas militares faziam retretas. Seus tanques com tartarugas eram atrações especiais para a garotada. Havia também um parque (onde hoje tem uma estrutura para acompanhar as paradas de 7 de Setembro) com gangorras e balanços. Estruturas simples, mas onde nos divertíamos a valer. Praça Pedro Velho – 1957. Fonte: Biblioteca IBGE.
Localizada no Bairro de Petrópolis, também é conhecida como Praça Cívica. Inaugurada em 24 de outubro de 1937, no governo do, então prefeito, Gentil Ferreira.
Praça Pedro Velho. Ano e autor desconhecidos.
Praça Cívica (Praça Pedro Velho). Foto: arquivo da SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo.

PRAÇA GENTIL FERREIRA

São inúmeras as praças existentes no bairro Alecrim. Grande parte dos moradores do bairro diz ser a praça Gentil Ferreira sua maior referência quando se fala nesse tipo de logradouro público. Ainda exemplificam ser este o espaço onde as pessoas reuniam- pra conversar sobre política, futebol e da “vida alheia”, para tomar um café, uma “pinga” ou fazer algum lanche, para apreciar os transeuntes, e para acompanhar as grandes manifestações políticas e culturais de Natal, os comícios de fim de campanha e, mais ainda, os “showmícios”, que eram shows promovidos pelos candidatos do momento para entreter a população que ia em busca também de uma distração.

Nesse início do século XX, o bairro não experimentou grande crescimento e ainda funcionava como espaço extra-urbano da cidade de Natal, formado por pessoas do interior, que constituíam grande parte do bairro. Até a Segunda Guerra Mundial, o Alecrim não experimentou grandes modificações, mas recebeu algumas obras importantes como a instalação de linhas de bonde no bairro, a construção do Grupo Escolar Frei Miguelinho e diversas praças, como a Gentil Ferreira, a Pedro II e a Almirante Tamandaré. Entretanto, a Guerra mudou a estrutura do bairro.

Os grandes eventos que marcaram a memória do Alecrim foram os de caráter político no fim da década de 1950 e início da década de 1960: os embates entre Dinarte Mariz, cujo governo foi do ano de 1956 a 1961, e Aluísio Alves que governou o estado entre os anos de 1961 e 1966. Cerca de 30 mil pessoas frequentavam esses eventos e não eram só moradores do Alecrim, mas também moradores dos demais bairros de Natal, bem como de cidades circunvizinhas.

Nesse sentido, não se pode falar da praça Gentil Ferreira sem falar do Quintandinha. O Café-bar Quitandinha que se situava em frente à praça, no cruzamento da Avenida 2 (Rua Presidente Bandeira) com a Amaro Barreto, foi inaugurado em 1938, antes mesmo da própria praça Gentil Ferreira. Local dos mais variados shows e comícios políticos reunia todos os dias muitos que vinham do interior e outros tantos da capital que discutiam diversos assuntos.

Algumas pessoas afirmam que no andar superior da construção existia uma mesa de carteado. Nesse espaço plano ficava a banda e na parte de baixo, bem como em toda a área circundando a praça, ficava o público.

Dos políticos que fizeram seus comícios no Quitandinha alguns entrevistados citam Fernando Ferrari, gaúcho que foi candidato a presidente da República, João Goulart e Ulisses Guimarães, além dos já citados candidatos a governador do estado Dinarte Mariz e Aluísio Alves. Na época de campanha política muitos moradores do Alecrim encontravam- na praça Gentil Ferreira e no Quitandinha.

A praça Gentil Ferreira foi inaugurada em 1939 pelo então prefeito Gentil Ferreira de Souza (1931-1932 /1935-1940) e teve também o nome de “praça da República”. Foi considerada uma das obras de melhoramento urbano que constavam no plano geral da Cidade. A inauguração foi esperada, ao que parece, com muito entusiasmo pela população, e era notícia frequente nos jornais da época:

As festas do Alecrim nos dias 23 e 24. Inauguração da praça e jardim daquele bairro:
O Dr. Gentil Ferreira, prefeito da capital, fez no bairro do Alecrim, melhoramentos que determinaram a merecida gratidão de seus habitantes ao administrador de iniciativas proveitosas à cidade. Justificase, pois, a alegria dos alecrinenses a propósito da inauguração da praça ajardinada em frente ao mercado público, benefício este por si só bastante para evidenciar o carinho do Dr. Gentil Ferreira pelo Alecrim.
Utimado o calçamento, benefício que não só concorreu para o aformoseamento da artéria principal desse subúrbio, como também para a valorização da propriedade, entendeu o ilustre administrador que, como complemento desses melhoramentos, fosse construído o logradouro público que vai agora ser inaugurado.
No dia 23 a festividade constará de irradiações pelo indicador da agência pernambucana, várias barracas artísticas oferecendo agradável passatempo e fogos de artifício de grande efeito. De 21 às 23 horas haverá retreta na nova praça, antecipando sua inauguração que será no dia 24, às 19 horas, com a presença do Dr. Sr. interventor federal, autoridades federais e estaduais e representantes da imprensa.
Uma salva de 21 tiros anunciará a inauguração da praça, seguindo-se a apresentação de fogos de grande estilo, destacando-se uma alegoria em homenagem ao Dr. Gentil Ferreira, benemérito prefeito de Natal.
As barracas e a retreta continuarão nessa noite a manter mais viva a alegria do bairro e de seus habitantes.
(A República, 1939 )

Oficialmente a praça só recebeu a denominação de “Gentil Ferreira” em 1942, através do Decreto n°53, por determinação do prefeito interino, Mário Eugênio de Lira (1942-1943). Posteriormente, em 1948, o prefeito Sylvio Pedroza (1946-1951) modificou o nome de tal praça para “praça da República”, mas a população não aceitou o novo nome. Entretanto, a praça só retornou para seu nome original, de fato, em 1949 pela Resolução n°42, do mesmo ano.

A feira do Alecrim, por sua vez, desempenhou papel importante na dinamização da vida do bairro, especialmente por atrair uma rede de serviços de hospedagens e transportes.

No local onde hoje está a praça Gentil Ferreira existia uma ampla mangueira, nos limites da estrada que levava a São José, plantada por um senhor conhecido por nome de Manoel Lourenço. Nesse local, tempos depois, os carros de praça, carros fretados, “mistos” carregados de pessoas e objetos, e até mesmo as “marinetes” tinham seu ponto de apoio. Os que vinham do interior, em direção ao “cais do sertão” que era o Alecrim, faziam sua primeira parada em Natal na mangueira, que era como que um terminal, uma rodoviária improvisada, quase uma “parada obrigatória”.

Francisco Derneval de Sá recorda a relação entre os transportes e o contato com o interior do estado, destacando a praça Gentil Ferreira, à qual ele associa outro meio de transporte, os “mistos”. Os “mistos” eram caminhões que conduziam ao mesmo tempo passageiros e cargas:

Os primeiros ônibus, os mistos e os caminhões que vinham carregados de haveres para a feira, primeiro paravam ali na Praça… Vinham as pessoas que vinham comprar, e elas já ficavam ali porque o próprio público do interior vinha e ficava hospedado nas hospedarias, iam resolver seus problemas em Natal e depois voltavam para a hospedaria (SÁ, 2011).

Mesmo após a inauguração da Rodoviária no bairro da Ribeira, os ônibus paravam no Alecrim. Ali era um ponto fixo dos transportes intermunicipais. A inauguração do Quitandinha veio só para dar maior suporte a um local que já era utilizado pela população como uma espécie de ponto de encontro

Com a ampliação da praça Gentil Ferreira em 1973, foram demolidos um velho mercado que existia na outra extremidade da praça e o bar Quitandinha. Dizem que posteriormente foi construído um novo Quitandinha na praça, mas ele não manteve a mesma relação que existira anteriormente, por isso veio a fechar. Essa ampliação, gestão do prefeito Jorge Ivan (1972-1975), modificou a praça aumentando seu espaço. No entanto, essa reforma fez com que o bar Quitandinha desaparecesse do bairro para sempre.

No ano de 1948, o vereador Severino Galvão, pediu a instalação de um sinal de trânsito em um cruzamento central e importante no Alecrim: Avenida 2 (Rua Presidente Bandeira) com a Avenida Amaro Barreto, na extremidade da praça Gentil Ferreira. Esse local era tido por muitos como o centro do Alecrim, e ali se fazia necessário algum tipo de interferência a fim de que não houvesse acidentes de trânsito nesse ponto de constante passagem de veículos e pedestres.

Anos depois, por volta de 1965, foi solicitado um grande relógio para ser colocado nesse “centro do Alecrim”, no local em que funcionava o sinal de trânsito. Os comerciantes do bairro formaram uma comissão e solicitaram ao “Lions Clube” que fizessem uma campanha para reconstituir fundos para instalar o relógio. As entidades comerciais que contribuíram receberiam um espaço para anunciar sua propaganda na parte lateral do relógio.

Rua Amaro Barreto, no Bairro do Alecrim, vista a partir da Praça Gentil Ferreira. Notem que, no lugar do atual relógio, existia um abrigo e proteção para os guardas que disciplinavam o tráfego. A foto provavelmente é do final da década de 50 do século passado.

Surge então um relógio que tinha como objetivo além de embelezar o espaço urbano servir à população. O relógio foi instalado próximo à praça Gentil Ferreira, nesse cruzamento de tráfego tão intenso no bairro.

Nas décadas de 1970 e 1980, muitas pessoas temiam ser vistas circulando pela praça pelo fato de alguns personagens marginalizados da sociedade frequentarem esse espaço público. Os moradores utilizavam a praça apenas como passagem, já que esta se encontrava em um local central do Bairro. Ao que parece a praça tornava-se um ambiente confuso e impróprio às famílias, o que fez com que o prefeito Garibaldi Filho (1986-1988) determinasse uma operação de “limpeza” a fim de que se restaurasse a “ordem” e que se tornassem livres das barracas de vendedores informais e “pessoas da praça”, termo utilizado pela imprensa para denominar os estigmatizados da sociedade e que eram vistos por lá.

Toda a operação de “limpeza moral e social”, por assim dizer, da praça ocorreu no dia 29 de dezembro de 1987, um domingo. Em poucas horas, as construções toscas dos camelôs já estavam ao chão e o logradouro cercado por estacas e arames, isolado para que fosse iniciada nova reforma. No entanto, essa “limpeza” realmente não durou por muito tempo. Mas a falta de cuidados, de controle e segurança novamente fez deste um local que continuava a ser evitado pelos moradores.

A praça Gentil Ferreira continuava a ser um animado ponto de vendedores de raízes e “remédios”, onde inúmeras figuras folclóricas como leitores de cordel, cantadores, repentistas e violeiros faziam suas apresentações; onde os aposentados jogavam dominó e dama; onde os engraxates exerciam seu ofício e os turistas encantavam- ao visitar esse “cantinho” de tanta pluralidade.

Nos anos 1980, o grande comício das Diretas Já em Natal ocorreu na praça Gentil Ferreira, mais precisamente, no cruzamento das Avenidas 2 (Rua Presidente Bandeira) com a Avenida Amaro Barreto. Esse comício foi um grande palco aglutinador de personagens políticas.

Com o crescimento do bairro do Alecrim a praça passou a ser “um instrumento de apoio do público”, um lugar de passagem, onde as pessoas somente permaneciam para tomar seus ônibus até suas residências nos bairros das zonas Norte e Oeste.

Localizada entre as ruas Manoel Miranda e Amaro Barreto, a praça Gentil Ferreira ainda hoje é referencial tanto para a população do Alecrim quanto para pessoas de outros bairros. Todas dirigem- para aquele ponto, bem como ao comércio em seu redor, a fim de comprar, negociar e divertir- .

A praça Gentil Ferreira, conhecida por muitos como “praça do relógio” e o “coração do Alecrim”, foi e ainda é, ponto de encontro de manifestações culturais da população, lugar de memória da população alecrinense.

Praça Gentil Ferreira. Grevy.
RUA AMARO BARRETO (Bairro Alecrim) Foto: Grevy.
Ônibus Studbacker pertencente ao Sr José Bertoldo na praça Gentil Ferreira no bairro do Alecrim, anos 50.
Bar Quitandinha, situado na Praça Gentil Ferreira, Bairro do Alecrim, na confluência da Rua Amaro Barreto com a Avenida Presidente Bandeira, palco de memoráveis comícios cívicos-eleitorais. No lado esquerdo é possível ver a praça de taxi com os conhecidos automóveis DKW Vemag. Foto provavelmente do início dos anos 60 do século passado.
Praça Gentil Ferreira / década de 1980. Acervo “A República.
Praça Gentil Ferreira, Acervo “A República”.
A década de 1980 viveu a volta da normalidade democrática. Tempo da reabertura política, as praças públicas eram palco das grandes manifestações populares. A Praça Gentil Ferreira era um destes espaços a testemunhar as mobilizações político/patidarias. O Relógio do Alecrim referencia na cidade de Natal, já guardava atos culturais e políticos ocorridos no cenário composto com o Quitandinha. Em 1982 com a campanha para governador do estado Aluízio Alves e José Agripino, lideravam verdadeiros mar de gente. Outro momento, importante registro, na Praça, foi o Comício das Diretas Já. Acervo A República.
Manifestação política na praça Gentil Ferreira Década de 1980 Acervo Memorial Aluizio Alves
Manifestação política no centro do Alecrim. Década de 1980. Acervo Memorial Aluizio Alves
Populares na praça Gentil Ferreira. Acervo A República.
O Alecrim do relógio, da praça Gentil Ferreira chama atenção.
No cartão-postal temos o enquadramento da Praça Gentil Ferreira, ao contrário dos cartões que o antecedem o espaço está preenchido com um número significativo de pessoas, o que as coloca em interação com o ambiente da praça. É a prática de “estar em público” que passa a orientar os moradores de Natal, a passagem do provinciano ao cosmopolita, como no sentido dado por Sennett (1993, p.31 apud PERROTTA, 2011), “um homem que se movimenta despreocupadamente em meio à diversidade, que está à vontade em situações sem nenhum vínculo nem paralelo com aquilo que lhe é familiar”. Jaeci Galvão. Praça Gentil Ferreira, no bairro do Alecrim.
Praça Gentil Ferreira no Alecrim, com direito ao relógio funcionando e tudo mais. Anos 70 – Natal RN

FEIRA DO ALECRIM

A feira mais conhecida de Natal nasceu do desenvolvimento de pequenos comerciantes em terem um espaço para vender seus produtos. Este grupo de empreendedores, liderados por José Francisco, numa madrugada de domingo do dia 18 de julho de 1920, ergueram suas barracas e passaram a comercializar seus
produtos.

Em 1940, durante a administração do prefeito Gentil Ferreira, a feira passou a funcionar aos sábados, desde então, transformou-se em referência na comercialização de produtos fruto-granjeiro para os natalenses e moradores das cidades vizinhas.

A Feira do Alecrim é um convite àqueles que procuram o clima de cidadezinha. Hoje é lugar de memória que resiste ao tempo, local de parada obrigatória para quem deseja conhecer a “alma” dos conterrâneos de Câmara Cascudo.

Inicialmente, a feira era realizada no domingo, mas, por iniciativa do então prefeito Gentil Ferreira de Souza (1935-1940), por meio do Decreto-Lei n° 15, de 10 de outubro de 1940, a feira passou a acontecer nos dias de sábado. Infelizmente não se sabe o que motivou essa transferência.

A Feira do Alecrim existe desde 20 de Junho de 1920, quando um grupo de comerciantes liderados pelo paraibano José Francisco dos Santos resolveram fundar a feira. A ideia era que a feira funcionasse no domingo, mas o governo não aceitou e o dia escolhido foi o sábado. Na época os comerciantes não pagavam impostos. Só a partir de 1930 é que a Prefeitura começou as cobranças.
No dia 23 de março de 1957 Câmara Cascudo apresentou José Francisco como o idealizador da feira, mas só no ano seguinte a Câmara Municipal de Natal aprovou a Lei para o funcionamento da feira e uma placa de bronze foi fixada na Rua Nove. Hoje, a tradicional feira do Alecrim possui 515 metros de cobertura (tendas) num total de 1.056 bancas, banheiros, lixeiras e placas de identificação de produtos que estão separados por tipos de produtos
A feira mais conhecida de Natal nasceu do desejo de pequenos comerciantes em terem um espaço para vender seus produtos. Este grupo de empreendedores, liderados por José Francisco, numa madrugada de domingo do dia 18 de julho de 1920, ergueram suas barracas e passaram a comercializar seus produtos. Em 1940, durante a administração do prefeito Gentil Ferreira, a feira passou a funcionar aos sábados, desde então, transformou-se em referência na comercialização de produtos frutigranjeiros para os natalenses e moradores das cidades vizinhas. A Feira do Alecrim é um convite àqueles que procuram o clima de cidadezinha. Hoje é lugar de memória que resiste ao tempo, local de parada obrigatória para quem deseja conhecer a “alma” dos conterrâneos de Câmara Cascudo.

FONTES SECUNDÁRIAS:

BEZERRA, Luiz G. M. A fundação do Alecrim Futebol Clube. O Potiguar, Natal, n. 13, ago. 1999.

LIMA, Diógenes da Cunha. : biografia de uma cidade. Rio de Janeiro: Lidador, 1999.

MELO, Veríssimo de. Calendário Cultural e Histórico do Rio Grande do Norte. Natal: Conselho Estadual do Rio Grande do Norte, 1976.

NESI, Jeanne Fonseca Leite. Natal Monumental. Natal: Fundação José Augusto; APEC, 1994

OLIVEIRA, Luziane Paolino; DANTAS, Mª da Conceição Marques. Praça Cívica Pedro Velho: Ontem e hoje. Natal: Universidade Potiguar, 2003. Trabalho não publicado.

PERROTTA, Isabella. Desenhando um paraíso tropical: a construção do Rio de Janeiro como um destino turístico. Tese (Doutorado em História, política e bens culturais) – Fundação Getúlio Vargas. Natal, 2011.

SÁ, Francisco Derneval de. Francisco Derneval de Sá: depoimento [fevereiro, 2011]. Entrevistadores: Gustavo Gabriel de Lima Silva e Thaiany Soares Silva. Natal: SEMURB, 2011. Entrevista concedida ao Programa Memória Minha Comunidade.

BIBLIOGRAFIA:

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A CIDADE E A GUERRA: A VISÃO DAS ELITES SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES DO ESPAÇO DA CIDADE DO NATAL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL / GIOVANA PAIVA DE OLIVEIRA. – RECIFE – PE, 2008.

A Família do Tesouro: a monumentalização da família Albuquerque Maranhão e a luta pelo poder no Rio Grande do Norte (1889-1914) / Helensandra Lima da Costa. – 2013.

Anais do II Encontro Regional de História da ANPUH-RN, Caicó, 6 a 9 de junho de 2006 / Associação Nacional de História. – Caicó, RN : APUHRN, 2006.

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Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.

Caminhos de Natal / Jeanne Fonseca Leite Nesi ; ilustrações, Urban Sketchers Natal. – Dados eletrônicos (1 arquivo PDF). – 2. ed. – Natal, RN : IPHAN, 2020.

Caminhos que estruturam cidades: redes técnicas de transporte sobre trilhos e a conformação intra-urbana de Natal / Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros. – Natal, RN, 2011.

Cantos de bar: sociabilidades e boemia na cidade de Natal (1946-1960) /Viltany Oliveira Freitas. – 2013.

Centelhas de uma cidade turística nos cartões-postais de Jaeci Galvão (1940-1980) / Sylvana Kelly Marques da Silva. – Natal, RN, 2013.

Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.

GOMES, Adriano Lopes.; RODRIGUES, Edivânio Duarte. Rádio e Memória: as narrativas orais na reconstituição da história da Rádio Poti. Natal: EDUFRN, 2016.

História do Rio Grande do Norte / Sérgio Luiz Bezerra Trindade. – Natal: Editora do IFRN, 2010.

Memória minha comunidade: Alecrim / Carmen M. O. Alveal, Raimundo P. A. Arrais, Luciano F. D. Capistrano, Gabriela F. de Siqueira, Gustavo G. de L. Silva e Thaiany S. Silva – Natal: SEMURB, 2011.

Natal: história, cultura e turismo / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal: DIPE – SEMURB, 2008.

Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/ Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.

Natal ontem e hoje / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal (RN): Departamento de Informação Pesquisa e Estatística, 2006.

O Estado Novo no controle da informação cotidiana: o caso da cidade de Natal (1941-1943) a partir do jornal “A República” / Fernanda Carla da Silva Costa. – João Pessoa, 2019.

O nosso maestro: biografia de Waldemar de Almeida / Claudio Galvão. – Natal: EDUFRN, 2019.

Partidos, candidatos e eleitores: o Rio Grande do Norte em campanha política (1945-1955) / Jailma Maria de Lima. – Niterói, RJ, 2010.

Por uma “Cidade Nova”: apropriação e uso do solo urbano no terceiro bairro de Natal (1901-1929) / Gabriela Fernandes de Siqueira. – Natal, RN, 2014.

Remar para (re)pensar: Centro Náutico, Sport Club e o remo natalense (1900-1930) sob a ótica da educação patrimonial no Ensino de História / Matheus Câmara da Costa. – 2021.

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O Fatos e Fotos de Natal Antiga é uma empresa de direito privado dedicada ao desenvolvimento da pesquisa e a divulgação histórica da Cidade de Natal. Para tanto é mantida através de seus sócios apoiadores/assinantes seja pelo pagamento de anuidades, pela compra de seus produtos vendidos em sua loja virtual ou serviços na realização de eventos. Temos como diferencial o contato e a utilização das mais diversas referências como fontes de pesquisa, sejam elas historiadores, escritores e professores, bem como pessoas comuns com suas histórias de vida, com as suas respectivas publicações e registros orais. Diante da diversidade de assuntos no mais restrito compromisso com os fatos históricos conforme se apresentam em pouco mais de um ano conquistamos mais de 26 mil seguidores em nossas redes sociais o que atesta nossa seriedade, compromisso e zelo com o conteúdo divulgado e com o nosso público.

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