A história do Carnaval em Natal
Foi ainda no século XIX que trazido do Rio de Janeiro, os festejos carnavalescos desembarcaram no Rio Grande do Norte. A princípio a festa era expressa em manifestações populares como os folguedos e o chamado entrudo, onde os foliões sujavam uns aos outros com farinha, areia e muitos baldes d’água. Essa combinação daria início ao carnaval moderno que conhecemos hoje.
Um dos primeiros registros históricos de comemoração carnavalesca na capital potiguar remonta ao ano de 1875. Eram tempos do entrudo, dos mascarados, do mela mela comum das primeiras festas”, conta o autor. O noticiário registrou as primeiras manifestações carnavalescas como sociedades recreativas que saíam às ruas numa bagunça regada a muita água e farinha de amido.
O famigerado mela-mela muitas vezes causava repulsa dos senhores distintos e furor das autoridades. Vez por outra alguém ia preso por algazarra. Blocos e agremiações eram assim no começo. Não havia ainda uma música específica e as pessoas dançavam no ritmo das polcas, ranchos, maxixese chulas. As primeiras brincadeiras de mela-mela aconteciam nas proximidades da Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, no Centro, na época chamada de rua Grande.
Dando seus primeiros passos na Ribeira, um dos mais tradicionais bairros de Natal, o carnaval natalense começou com desfiles de carros, como os famosos corsos, representando a elite da cidade, em contraponto às manifestações populares que tomavam as ruas. Havia também a celebração de grupos étnicos como os índios, que mostravam toda sua ritualidade durante os festejos.
Já o bairro das Rocas acabou se transformando no berço do samba natalense, abrigando as principais agremiações do gênero, como as escolas de samba Balanço do Morro, Malandros do Samba, Asa Branca e Batuque do Morro. Com origens na década de 30 e vivenciando um período de auge nas décadas seguintes, o samba das rocas mantém-se vivo até os dias atuais, como mostra essa matéria publicada aqui no Som Sem Plugs.
RIBEIRA
Uma data muito importante para o bairro da Ribeira era o carnaval, que ainda mantinha uma tradição de festas pacíficas e familiares. A Avenida Tavares de Lira, nas primeiras décadas do século XX, assumiu uma importância enorme na sociabilidade natalense, devido a sua localização geográfica e ao frequente trânsito da população pela localidade.
De acordo com o historiador Gutemberg Costa, em 1907 existiam na cidade dois locais estruturados onde se brincava carnaval: o Teatro Carlos Gomes e o Natal Club. Os grupos carnavalescos que contagiavam a juventude eram: “Vassourinhas”, “Aurora Natalense” e “Vasculhadores”. As passeatas dos clubes e cordões eram denominadas “Préstitos”. No carnaval antigo de Natal as moças de famílias mais abastardas se fantasiavam de fadas, anjos e usavam roupas esvoaçantes de filó.
O carnaval era na Ribeira, especialmente na Avenida Tavares de Lira e na Rua das Virgens, onde a serpentina, o confete e o lança perfume eram abundantes. A animação passava também pela Rua Dr. Barata ao som de bandinhas e a pequena área de concentração dava uma alta densidade de foliões por metro quadrado. Também havia movimentação na Rua da Palha (atual Vigário Bartolomeu), Cidade Alta.
Carnaval de entrudo com empapanguzados gritadores e encamisados sensaborões. Depois o carnaval vai, nos anos 1910, para a rua da Palha, atual Vigário Bartolomeu, incorporando marchinhas e frevos. Havia batalhas de confetes, gritaria e os batuques.
Um dos primeiros registros que temos é o do jornal “O Parafuso” de 19 de março de 1916, que denuncia alegremente a presença do governador Ferreira Chaves, em meio ao povão festivo do carnaval da rua da Palha, atual Vigário Bartolomeu, no centro. Circularam entre outros veículos de comunicação carnavalesca, felizmente registrados pelos escritores Manoel Rodrigues de Melo, em seu “Dicionário da Imprensa no RN”, FJA/Cortez editora, 1987 e José Ramos Tinhorão, no seu mais recente “A Imprensa Carnavalesca no Brasil”, Editora hedra, 2000: – “O Zé Pereira”, que circulou nos carnavais de 1928 até 1940.
Duas grandes marchinhas caíram no gosto do povo. “Ôi, Abre Alas” de Chiquinha Gonzaga (1899) e “Pelo Telefone” (1917) de autoria do carioca Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos). Estes são considerados os dois primeiros sambas da história. E os natalenses se esbaldavam na Rua, cantando:
“O chefe da folia / pelo telefone/ manda me avisar/ que com alegria / não se questione / para se brincar / Ai, ai, ai, / fica triste se és capaz e verás.
Tomara que tu apanhes/ pra não tornar a fazer isso/ tirar amores dos outros.
Depois fazer o teu feitiço/ ah se a rolinha/ sinhô, sinhô / se embaraçou/ sinhô sinhô / nunca sambou…”
O clube carnavalesco “Divisão Branca”, onde só os moços de dinheiro tinham “passe” tem sua origem depois da passagem por Natal em 1907 da esquadra da Marinha de Guerra denominada Divisão Branca, um grupo de rapazes e moças criou uma sociedade cultural e recreativa com esse nome. Dela participavam nomes como Deolindo Lima, Jorge Fernandes, Gothardo Netto e Ferreira Itajubá. O grupo publicou o jornal O Torpedo, que circulou entre 1908 e 1910. Não era apenas um clube carnavalesco. Ver ITAJUBÁ, Ferreira (Org. GALVÃO, Claudio). Gracioso ramalhete. Natal: Editora da UFRN, 2011.
Cabiam aos ditos jornais diários e maiores, apenas o registro dos desfiles oficiais, propagandas anunciando a chegada dos grandes centros comerciais do País como o Recife e o Rio de Janeiro, de vários produtos, tais como fantasias, confetes, serpentinas ou lança perfume, além de esporádicos convites particulares dos principais blocos, troças e bagunças, anunciado ao povo folião natalense, o dia, local e hora de sua saída, como podemos ver um destes que foi publicado no jornal, que necessariamente não era carnavalesco, mas sim recreativo e cultural, nominado de “O Torpedo”, que com destaque anunciou em suas páginas, o “ Carnaval da Divisão Branca”, do ano de 1909, com o seu roteiro saindo da Ribeira até a avenida Rio Branco, no centro, onde naquele tempo já ocorria um grande movimento momesco nas imediações da rua Vigário Bartolomeu.
Neste contexto Ferreira Itajubá foi homem de múltiplas atividades. Dono de circo, balconista de lojas de tecidos, escrevente, bedel do Ateneu e pintor letrista em várias lojas comerciais. Apesar da vida difícil, perdeu o pai ainda criança, era um dos mais conhecidos boêmios de Natal, nas noites enluaradas Itajubá estava sempre acompanhado do seu violão. Teve presença marcante nas serestas da antiga Natal.
Manoel Onofre Jr., em Literatura e Província (1997, p.60), descreve Ferreira Itajubá como:
(…) uma grande figura humana, diríamos carlitiana. Homem pobre, destacava-se socialmente mais como animador de pastoris nas ruas líricas de Natal. Ou como fundador de um clube carnavalesco popular.
A Ribeira era palco dos grandes acontecimentos, tais como os desfiles dos blocos carnavalescos e os desfiles militares. Nos vários cafés existentes na capital potiguar, políticos, jornalistas e intelectuais reuniam-se para conversar sobre assuntos diversos. Uma dessas casas comerciais era o Café Chile, de propriedade de Leonel de Barros, situado na Travessa Aureliano de Medeiros, no bairro da Ribeira. Diariamente, a casa comercial recebia deputados, senadores, magistrados e jornalistas. Além de café, o estabelecimento oferecia aos seus fregueses caldo de cana, refrigerantes, aperitivos e sucos.
O historiador Souza (2008) informa que coube ao Prefeito Omar O’Grady a abertura completa desta avenida. Parte importante da história da Cidade de Natal, a avenida Duque de Caxias é palco dos tradicionais desfiles de nossas agremiações carnavalescas.
A partir do início dos anos 1930 passou a haver o corso de automóveis na Avenida Tavares de Lira, onde batalhas de confete e serpentina praticamente cobriam toda a avenida.
As impressões sobre o movimento da Tavares de Lyra demonstram como a vida na cidade tornou-se mais complexa e agitada. Toda essa diversidade de atividades e possibilidades de deslocamentos transformou o ritmo das atividades cotidianas. Os poemas do natalense Jorge Fernandes, em seu único livro intitulado “Livro de Poemas”, cuja primeira edição é de 1927, perpassam pelas novas sensibilidades provocadas na relação com inovações tecnológicas presentes no espaço. O poeta tentou dar sentido às experiências vividas na cidade em transformação, enfatizando as emoções e percepções envolvidas, a exemplo da experiência da velocidade que anima o poema a seguir:
Ligo a chave propulsora dos meus nervos
Pra melhor sentir toda a emoção que me rodeia…
Que vontade de produzir sonetos…
Trancar-me nos quatorze versos
E berrar sonoridades aos quatros ventos
Pra sensibilizar os românticos…
Mas o diaxo do ganzá das ruas me pertuba…
Jazibande de uma figa! Que doidice
De vai e vem de overlandes, buísques e chevrolés…
Ó do cassitete – pára este clube carnavalesco
Que estamos na quaresma! Eu sou grande poeta
De mil oitocentos e noventa e tantos…
Trago a imaginação milhares de sextilhas
E uma miríade de sonetos…
Quero cantar os prós homens… fazer a apologia
De Gutembergue – do incêndio de Roma – das aventuras
De Dom Quixote –
Passam bufando motocicletas e os bondes chiando as rodas nos
trilhos… (FERNANDES, Jorge. Livro de Poemas. 4° ed. Natal: EDUFRN, 2007.)
No poema, os bondes, as motocicletas e os automóveis dominam a cidade, que é conquistada por roncos e pela fumaça dos motores. A agitação advinda do vai e vem dos meios de transporte pelas ruas é comparada ao êxtase do carnaval, e descrita como perturbadora, levando o poeta a buscar referências na tradição. Em meio a tantos sons que vem das ruas, ele tentava pensar sobre textos clássicos da literatura universal, sem êxito frente à impossibilidade de ignorar o mundo ao seu redor.
Percepção que baseava na maior dinâmica da vida urbana, da obrigação social do footing, das danças modernas – como o charleston, o rag-time, o two-step – de ritmo sincopado, cuja vibração parecia corresponder à agitação e a velocidade atribuída à cidade moderna; na introdução do automóvel na vida cotidiana, o que implicaria inclusive na mudança do carnaval – evento que se deslocaria para as avenidas estruturadas a receber um corso de veículos –, substituindo paulatinamente o popular “entrudo patuscador”; na vida social noturna mais diversificada, dos bailes elegantes no Natal-Club ou, a partir de 1928, no Aero-Club; na constância da passagem e pouso dos aviões e hidro-aviões que cruzavam os ares da cidade devido às aventuras dos raids aéreos ou à incipiente rota comercial que se estruturava ao longo da costa atlântica das Américas; na diretriz “progressista” do governo estadual, que incentivava a difusão do feminismo e possibilitara o voto feminino nas eleições de 1928.
Mais agremiações foram incorporadas, as primeiras tribos de índio e o festejo transferiu se para a Ribeira, na av. Tavares de Lira. Alí ficou entre os anos 20 e 1930, décadas consideradas de “ouro” para a folia com seus grandes bailes, blocos de rua e aditivos como a lança-perfume, usados a princípio de forma inocente. A trilha sonora, adereços e indumentárias chegavam de navio, via Vapor Brasil, vindo de Recife ou Rio de Janeiro. A elite, antes alheia, passou aos pouco a integrar-se à festa aproveitando o surgimento dos bailes como o Natal Club, Teatro Carlos Gomes, Grande Hotel e Aero Clube. Entre Pierrôs, colombinas, russas, carmens, marinheiros, baianas e homens vestidos de mulher, o carnaval se tornava a festa mais libertária da cidade.
Em 1934 o carnaval da Ribeira foi marcado por fortes exageros nas insinuações dos textos dos painéis expostos no corso, atingindo moralmente figuras da sociedade e da política local. Em consequência, ocorreram muitas brigas e tiroteios. Só então, a Prefeitura e a Secretaria de Segurança assumiram a organização e controle do carnaval natalense e tomaram uma série de medidas rígidas para evitar excessos. Uma dessas medidas foi a mudança do carnaval para o centro da cidade, a partir de 1936, com a disponibilização de uma área maior e com melhor condição de controle.
CIDADE ALTA
Na cidade alta também havia realizava seus carnavais. O Natal-Club realizava soirées dançantes, bailes de carnaval, festas de final de ano, conferências, entre outros importantes eventos que contavam com a participação de parte significativa da elite local.
Um evento de relevância realizado pelo Natal-Club foi o carnaval de 1911. Manoel Dantas e José Pinto, então presidente do club, foram pessoalmente à residência do Dr. Alberto Maranhão, governador do Estado, para convidá-lo a comparecer ao baile que estavam organizando com toda energia. O governador aceitou prontamente o convite (A REPUBLICA, Natal, 22 fev. 1911). Afinal, o evento comemorava não só o período carnavalesco, como também o festejo pelos melhoramentos pelos quais a cidade vinha passando, como a iluminação e os bondes elétricos, e a inauguração da Avenida Hermes da Fonseca (a avenida oitava no plano de Cidade Nova), obras patrocinadas pelo Estado. O baile era, ainda, uma prévia das comemorações de aniversário do governo Alberto Maranhão, que se realizariam em 25 de março daquele ano.
Ainda na Cidade Alta, A Potyguarania foi o café mais representativo do fin-de-siècle em Natal. Seus salões eram já ponto de encontro de velhos e moços desde o século XIX. Durante o carnaval estava sempre bem ornamentado, iluminado, fazendo-se parada obrigatória dos foliões que desejassem brincar os festejos do Rei Momo na Cidade Alta ( Além d’ A Potyguararia outros cafés apresentavam programação especial nos dias de carnaval, como o Bilhar Cyclista que contava com banda de música e batalha de serpentina em frente a sua porta no carnaval de 1900. Ver: O CARNAVAL. A Republica, Natal, 25 fev. 1900.).
O Terpsychore-Club era mais um clube recreativo que funcionava em Natal. O clube tinha lugar na rua Coronel Bonifácio, também situada na bairro de Cidade Alta. Desde 1917, ofereciam aos seus sócios saraus, pic-nics, festas de aniversário e bailes carnavalescos. O Terpsychore ajuda a construir na cidade a imagem do moderno, não apenas por promover em seus salões a circulação do ideal de cidade moderna desejado pelas elites, mas também por introduzir no espaço urbano mais um “bello prédio”, (TERPSICHORE-club. A Republica, Natal, 29 jun. 1923.) edificação condizente com os padrões arquitetônico desejados por essa classe. A adoção dos estilos neoclássico e eclético nas novas edificações feitas em Natal, como o Teatro e o Palácio do Governo. indica que a influência francesa não se ateve apenas à moda e literatura.
O Terpsychore não era propriamente um clube pequeno, pois possuía sede própria e atingia um considerável número de sócios. No entanto, lendo a coluna social d’A Republica, tudo indica que esse clube não fazia sombra ao Natal-Club, que ainda nos anos 1920 reinava soberano na capital do Rio Grande do Norte. Esse quadro só se reverteria no final da década de 1920, mais precisamente em 1928, quando se deu a inauguração do Aero-Club, no bairro do Tyrol.
O estabelecimento Grande Ponto adquiriu popularidade, podemos encontrar em jornais da década de 1930 menções ao local e ao seu proprietário Francisco das Chagas Andrade. Em fevereiro de 1936, durante o carnaval uma nota do jornal levantou suposições acerca da fantasia do proprietário do estabelecimento, se teria a forma de uma interrogação. Esse questionamento em relação ao ponto estava relacionado a desenho do sinal ortográfico na fachada do espaço (A REPÚBLICA, 19.02.1936: 8).
O Aero-Club reunia, num mesmo ambiente, o charme dos salões, as aventuras da aviação e a competitividade dos esportes. Representava uma reordenação dos ideais das elites locais, que precisavam de um espaço moderno, capaz de unir a sofisticação dos salões às modernas práticas aeronáuticas e esportivas. Na opinião do colunista da Cigarra, o Aero-Club era uma “aggremiação que reúne actualmente sob a sua bandeira os ideaes da elite da sociedade natalense, no que representa de melhor em esforço, devotamento á terra commum e espirito progressista” (A AVIAÇÃO no estado. Cigarra, Natal, ano 2, n.3, p. 24, abr. 1929.) O glamour do tradicional baile de carnaval, em 1929, foi transferido da Cidade Alta, onde estava localizada a sede social do Natal-Club, para o novo bairro do Tyrol, onde estava instalado o Aero Club. Em nota sobre o mesmo carnaval, o redator da Cigarra afirma em 1929 que “O Aero Club já se vae tornando indispensável á alegria natalense, e á sociedade da capital. Os seus salões cheios de distincção fidalgas terrão sempre o prestigio de nossas demoiselles” (COMMENTARIOS. Cigarra, Natal, ano 2. n. 3. p. 2, abr. 1929.).
No seu primeiro ano de funcionamento, o Aero Club já passava pelo mesmo inconveniente, que levou um dos integrantes da diretoria do clube, o Sr. Ulysses de Medeiros, nas vésperas do carnaval de 1929, a disponibilizar aos sócios um posto da tesouraria do clube no guichê do cinema Polytheama, facilitando assim o pagamento das mensalidades, dispensando a necessidade do longo deslocamento dos sócios habitantes do centro ao bairro do Tyrol. E justifica a ação argumentando que “esta providencia impõe-se em virtude da deliberação da Directoria de só ser permittido o ingresso nos bailes de Carnaval, aos sócios quites com a Thesouraria” (AERO- Club do Rio Grande do Norte. A Repubilica, Natal, 7 fev. 1929.). A inconstância no pagamento leva a crer que não apenas os mais abastados se associavam aos estabelecimentos recreativos, mas também muitos membros de uma classe média urbana, que tentava fazer parte das mesmas atividades sociais dos grupos mais abonados.
O mais animado mesmo no Natal Club eram os bailes e as programações carnavalescas, todos os sócios fantasiados saíam em um bonde enfeitado e com a melhor orquestra do estado. Durante os “assaltos” (paradas estratégicas para invadir as casas dos amigos) eram oferecidos verdadeiros banquetes.
O culto ao físico não foi o único princípio dos clubes esportivos. Estas associações interferiam na vida da cidade de diferentes modos. No carnaval, por exemplo, não era incomum encontrar atletas e sócios empenhados em organizar festas ou pontos de parada das bandas marciais em suas sedes, como o Baile do Carnavalesco organizado pelo Centro Náutico em 1923. Ao comentar a festa organizada pelos atletas, o jornalista d’A Republica anunciou: “sabemos que uma grande comissão constituida por elementos de alto commercio da Ribeira, com o concurso de rapazes do “Centro Nautico potengy”, acaba de tomar a frente dos festejos carnavalescos a serem realizados na Avenida Tavares de Lyra.” (CARNAVAL. A Republica, Natal, 28 jan. 1923.)
NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Nos anos 1940 o desfile subiu para a av Rio Branco, na Cidade Alta, palco do corsos e a presença de jovens, famílias e crianças que desfilavam em cima dos automóveis. A obra registra a primeira decoração futurista ambientada pelo artista Eramo Xavier no baile de 1929, no Aero Clube; os primeiros fotógrafos que cobriram o carnaval e os jornais alternativos, pois na época ainda era discriminado.
Entre as décadas de 40 e 50, a capital potiguar viveu o auge de seus tradicionais bailes de carnaval. Os chamados baile de máscaras eram sediados em espaços como o teatro Alberto Maranhão; o antigo Natal Clube, onde hoje fica o CCAB-Norte; além do Clube de Radioamadores e do Aeroclube. Essa tradição também é mantida viva até hoje, celebrada, por exemplo, no baile máscara do largo do Atheneu, que abre oficialmente a programação do carnaval em Natal.
Entre todas as festas tradicionais da cidade, o carnaval foi a que mais se manteve nas páginas do Jornal A República. Mesmo sob impacto, a população continuou participando dos festejos entre os anos de 1939 a 1942. Nesse período, a festa foi referida como se estivesse na normalidade e utilizasse os mesmos espaços públicos, fosse festejada com a mesma animação nos clubes e vivida com a mesma alegria pelas pessoas que dela participavam. Segundo o jornal, as ruas mantiveramse iluminadas, cheias de pessoas como se, a cada ano tivesse a mesma normalidade dos anos anteriores.
A Cidade Alta, naquele momento, concentrava o corso do carnaval das elites da cidade, o qual era intensamente movimentado pelos automóveis lotados de grupos familiares. Além desta, os clubes tradicionais eram bastante frequentados e, a partir de 1939, o carnaval da cidade ganhou mais um espaço festivo: o Grande Hotel.
Eram os capitalistas, os altos comerciantes. A turma do cock-tail fidalgo, do Dry-Martini, do Sweet-Martini, das misturas suaves do Gin Calvert: a turma dos foliões da elite, do Whisky Seagram’s, o rei de todos os whiskys. A convivência elegante e cordial, com a música do frevo e o alvoroço sem éter […]. Depois das dez a estrada do Aero era poeira e corrida de automóveis e um mundo de faróis subindo e descendo. Os grandes bailes, […] Duas orquestras sem parar, palmas frenéticas dos pares, as fantasias, as ricas fantasias encobrindo sacrifícios… (FRANÇA, Aderbal. Eu não compreendi o carnaval. A República, Natal, 19 fev. 1942f, p.12).
O carnaval da cidade transformou-se numa manifestação descontextualizada e em que se queria acreditar. Uma festa sem qualquer relação com as circunstâncias de perigo que cercavam a vida da população da cidade. O Jornal A República, como um instrumento intrinsecamente ligado ao Governo, pode ter agido como se quisesse ou tivesse a responsabilidade de contribuir com a construção do discurso da normalidade, que não mais existia na cidade (CARNAVAL. A República, Natal, 17 fev. 1942.). Diante disso, inferimos que no período de 1939 a 1942, o cotidiano da cidade, antes previsível e corriqueiro, deixou de existir. Em 1942, não era mais possível esconder a realidade do que se vivia e o Jornal começou a mostrar os sinais do que já era experimentado diariamente: a crise, o medo e a falência da infra-estrutura urbana, que demonstrava seu despreparo para enfrentar a nova contingência.
Em Natal, a primeira notícia dos Exercícios de Defesa Passiva foi divulgada antes do carnaval de 1942.
Esta vida é mesmo assim
Vou passar o carnaval soltando bomba em Berlim
(Música carnavalesca, Zé Poeta, Diário, 1943)
Em decorrência da expansão nazista na primeira fase da II Guerra, com número elevado de baixas nos países aliados, foi discutida, na capital federal, a possibilidade de cancelar o carnaval no Brasil, em 1942. O Rio de Janeiro chegou a ficar sem carnaval. Essa possibilidade não teve o menor eco em Natal, pois foi rechaçada pela imprensa local e pelos foliões potiguares. A se considerar também o fato do então prefeito Gentil Ferreira ser também presidente da Federação Carnavalesca de Natal.
No carnaval, nenhum dos militares estadunidenses conhecia e muitos nunca tinham ouvido falar nesse folguedo brasileiro, era uma loucura. Entravam nas danças de rua, pulavam, imitando os natalenses, cantavam, gritavam e tentavam dançar o “passo Pernambuco”, o que provocava divertimento e alegria principalmente para as crianças.
“Vamos brincar o carnaval como os natalenses estão brincando”, dizia a chamada do “Foreign Ferry News”, jornal publicado em Parnamirim Field, ativo entre 1943 e 1945. A publicação, editada pelos americanos, era impressa nas oficinas do jornal A República e trazia ano a ano registros regulares dos bailes realizados nos clubes USO e nas ruas da capital.
“A maioria dos rapazes teve a chance de ver brasileiros celebrar do seu próprio modo. As danças de rua eram os principais assuntos do clube, com os membros vestindo-se como garotas e também com várias outras fantasias. O perfume foi a principal atração do carnaval…”, dizia uma das reportagens.
Em 1942, o Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda (DEIP) abarcou uma série de atividades, tradicionalmente desenvolvidas por órgãos e instituições locais, inclusive de preparação da população da cidade nos Exercícios de Defesa para a Segunda Guerra Mundial e de organização do carnaval da capital (O D.E.I.P e o carnaval. A República, Natal, p. 8, 10 fev. 1943.).
O segundo jornal mais antigo que circulava na cidade era o jornal A Ordem O conteúdo dava a impressão de que a Igreja Católica estava diante de
uma série de inimigos ideológicos, sociais e morais e seu posicionamento aguerrido refletia as circunstâncias transformadoras que a Igreja local vivia naquele momento, em que sua renovação parecia necessitar posicionar-se para se afirmar frente […] ao protestantismo, ao espiritismo, à maçonaria, ao comunismo etc. Tom moralizante também é percebido com investidas contra o carnaval, bailes, neopaganismo, má imprensa, jogatina, enfim, contratodos os inimigos da ordem moral (FERRARI, Alceu. Igreja e desenvolvimento: o movimento de Natal. Mimeo, s/d., p.47).
“O Frevo”, foi outro jornal famoso, embora com vida breve entre 1939 e 1942. Um dos mais antigos em circulação me parece que foi “O Bombo”, que representava oficialmente o Bloco “Balança Porém Não Cai”, que era patrocinado pela então Federação Carnavalesca e circulou entre 1946 e 1956.
As festividades também são um acontecimento à parte do cotidiano da cidade, conhecidas no período por reunirem brasileiros e americanos, dos bailes às festas de carnaval, no dia 14 de maio de 1943 realizou-se o primeiro baile no clube U. S. O (SMITH JR, 1992).
O policiamento o proibia, mas o povo folião sempre burlava a decisão policial e o mela –mela resistia alegremente atacando todo mundo que saia às ruas em dias dedicados ao carnaval. Tivemos inúmeros carnavalescos que reinaram como soberanos Reis Momo, como Cavalcante Albuquerque Maranhão – apelidado de ‘Cavalcante Grande’; Odilon Garcia; Amaro Andrade; Luizinho Doblechem; Zé Areia; Severino Galvão – o eterno Rei de Protesto; Paulo Maux – que reinou dezessete anos sem concorrência oficial alguma; Givaldo Batista – radialista, e tantos outros saudosos.
Os grandes clubes da cidade como Aeroclube e Hípico reuniam as confraternizações de oficiais e civis graduados da Base, dançava-se de tudo, de afoxés a jazz (MELO, 2015). Quanto aos festejos carnavalescos, no período havia uma preocupação em manter as especificidades potiguares, desde fantasias como a dos grupos papangus e as modinhas genuinamente regionais (PEDREIRA, 2012).
José Antonio Areia Filho – o Zé Areia – era boêmio, humorista nato e não tinha trabalho fixo. Embora fosse barbeiro e vivesse de vendas avulsas de produtos, tudo que conseguia vender era imediatamente gasto com bebidas. No carnaval virava Rei Momo, era uma figura extremamente conhecida e popular na cidade. O aspecto marcante nele era a grande criatividade para sátiras e repentes. Infalivelmente alvejava oralmente quem pretendesse humilhá-lo.
Em fevereiro de 1941 Waldemar de Almeida participou de uma comissão, juntamente com Maurilo Lira e Aderbal de França, e mais os tenentes Luís Gonzaga César da Silva (da banda da Polícia Militar) e José Porfírio da Silva (da banda do 29º Batalhão de Caçadores), para julgar o “Concurso de Marchas Carnavalescas”, promovido pelo Diário de Natal e realizado no dia 12, no Teatro Carlos Gomes.
A Waldemar de Almeida
Gente do samba e da embolada,
Gente do coco e do cataretê,
Ó selvagens e bárbaros da batucada,
Vinde ver dançar minh’alma
A valsa de grande estilo,
Ondulante, nervosa, espiritual!
Gente do frevo,
Gente azougada dos maracatus,
Guardai os rudes instrumentos
Desse grotesco carnaval!
Vinde ver dançar minh’alma
Ao garboso compasso
Do tango altivo e nobre!
Gente do frevo pernambucano,
Mandai parar tanto alarido, que minh’alma
Vai dar-vos mais um número, dançando
O divino minueto!
Esmeraldo Siqueira
ESMERALDO Homem de SIQUEIRA (Pedro Velho, RN, 16/08/1908 – Natal, 20/06/1987). Médico, professor, poeta.
A República, 13 de junho de 1948
As troças saiam da Tavares de Lira e percorriam todas as outras ruas, portando bastante serpentina e lança perfume. Mulheres e crianças fantasiadas, bandinhas tocando marchinhas carnavalescas, deixando resquícios daquela época nas antigas escolas de samba, como a Balanço do Morro, que surgiu através do Mestre Lucarino que havia saído da Malandros do Samba por motivos pessoais, decidindo montar a sua própria escola no seu bairro (Rocas) pra competir com a Malandros do Samba.
Logo no primeiro ano a escola foi campeã e hoje ocupa lugar de destaque no cenário carnavalesco da cidade. O lugar de destaque ocupado pela escola de samba Balanço do Morro é tão expressivo no carnaval natalense que seu barracão hoje serve de ponto turístico para os bairros da Ribeira e Rocas. Havia também outras festividades no bairro, como a festa do Padroeiro, São João, com quermesses e terços religiosos, e mesmo diante da paz reinante no bairro, algumas brigas aconteciam quando nessas festividades grupos distintos se encontravam, como, por exemplo: existia uma rivalidade entre o bairro da Ribeira e o das Quintas, e quando essas gangues se encontravam sempre havia medo e caos, fato de proporção diante da calmaria do bairro. Mas o carnaval era sempre pacífico, por onde os blocos carnavalescos, por exemplo, o bloco “Pinto Molhado”, que saía da comunidade próxima de Brasília Teimosa e se deslocava até a Ribeira arrastando multidões.
Ali passavam as famílias, outras se reuniam em suas varandas para apreciar a beleza do evento, porque a Ribeira mesmo não sendo hoje, já foi um bairro residencial. Câmara Cascudo, Januário Cicco foram figuras ilustres que residiram por lá.
Sobre a presença dos visitantes na folia natalense, tem até uma história curiosa sobre o carnaval da vitória, em 1945. Neste ano, a festa ocorreu na av Rio Branco, lotada de potiguares e estrangeiros nunca mistura de comemorações. Na Quarta feira de Cinzas, eis que chega um soldado no Grande Ponto atrás de festa. Não vendo ninguém e já “triscado”, virou-se para um transeunte e perguntou: ‘Ei amigo, por que não mais Cecília?’ O nome não era de nenhum afair de carnaval, mas deum dos hits daquele ano, a marchinha de autoria de Roberto Martins e Mário Rossi.
“Pra mostrar que braço é braço/ Eu Conquistei Cecília/ Enfrentei balas de aço/ Masconquistei Cecília/ Ai Ai, Cecília…
Carnaval de Natal e a Segunda Guerra Mundial
PÓS-GUERRA
E foi das ruas que surgiram os principais elementos de toda essa festa. Os blocos, em toda sua diversidade, começam a ganhar destaque a partir dos anos 60, quando Natal recebe massiva influência dos frevos e marchinhas pernambucanas. Após um grande hiato carnavalesco nos anos 80 e 90, a festa de momo retornou às ruas natalenses que hoje em dia conta com uma vasta programação cultural no chamado carnaval multicultural de Natal. São vários blocos e shows que se estendem por todos os dias de folia e arrastam um bom público pelas ruas da cidade, mantendo acesa a tradição carnavalesca.
A Praia de Ponta Negra foi, nos anos de 1950, ocupada pelos moradores da Vila de Ponta Negra e por veranistas, membros de famílias da elite natalense, que construíram casas na orla marítima, para ocupá-las nas férias escolares e durante os feriados, a exemplo da Páscoa e do Carnaval.
A Cidade Alta se notabilizou como centro social da cidade. Os grandes desfiles de carnaval ocorriam nesse bairro, além dos melhores cinemas, e as mais frequentadas sorveterias e lanchonetes encontravam-se no Grande Ponto e nas suas imediações. Os boêmios encontravam-se na Confeitaria Cisne, no Granada Bar, no Bar Dia e Noite, Bar e Café Expresso, entre outros estabelecimentos.
No carnaval de 1958, o corso que acontecia na Avenida Deodoro. Lá, havia um cordão de isolamento e as famílias se sentavam nas cadeiras ao longo da calçada para assistirem a passagem dos blocos, dos papangus e dos carros de passeio com pequenas alegorias, que desfilavam solenemente ao som de marchinhas de carnaval. Era o tempo da tribo de índios Carijós, dos “Malabaristas do Samba”, muita lança perfume e dos blocos de elite como: “Jardim de Infância”, “Bacurinhas” e “Xamego”.
O engraçado é que entre final dos anos 1950 e início dos anos 1960 existiam dois Reis Momos em Natal: Paulo Maux era o oficial – gordo, bochechas rosadas e salientes, muito alegre – e havia um de protesto: Severino Galvão, mais magro, também alegre, mas abusado, boêmio e irreverente.
No carnaval as crianças se fantasiavam de índios, o corso já era na Avenida Deodoro e os blocos de elite apareciam como novidades. Em 1961, os primeiros sinais de mudanças nas características dos espetáculos chegaram com a peça da Companhia de Comédia Leila Diniz, que se exibiu na Base Aérea de Parnamirim.
Era uma festa relativamente tranquila. Os foliões eram moderados e só abusavam na alegria do confete e da serpentina. Naquela noite de carnaval, nossos pais permaneceram lá o tempo sufi ciente para que Fred dormisse, o que provocou nossa volta para casa. Assim seguimos: Papai com Fred nos braços e mamãe segurando minha mão.
Houve também o “Chico Folia”, que trazia impresso como informação aos seus leitores, letras de marchas, sambas e frevos de sucesso da época, ou seja 1960. A partir daí pode até ter existido algum jornal ou informativo entre as dezenas de blocos chamados de elite, que de tão organizados que eram, com música, sede e poder aquisitivo, não seria difícil ter o seu veiculo de informação entre os seus sócios ou componentes foliões.
Os clubes eram locais de destaque da sociedade natalense, principalmente o Aero Clube e o Clube América.
A FILMOGRAFIA DO CARNAVAL NATALENSE (1960)
Em 1960 o carnaval de Natal é filmado pela segunda vez. Ano bissexto, com o domingo de carnaval no dia 28 de fevereiro. Realezas: O Rei Momo foi o gordo carnavalesco – ‘Paulo Maux’ e a Rainha a jovem – ‘Diva Nóbrega’.
Nos Clubes sociais ‘AERO’, ‘ASSEN’ ‘ABC’, ‘Alecrim’ e ‘América’ os bailes foram animadíssimos e começaram logo na sexta-feira, todos devidamente decorados para chamar à atenção dos seus sócios e foliões avulsos. Rádios: O jornal ‘A República’ de 25 de fevereiro, já divulgava as duas equipes das Rádios ‘Poti’ e ‘Nordeste’ que iriam fazer cobertura no carnaval.
Carestia e apoio oficial ao carnaval: Os ‘preços altos’ deste ano chamavam à atenção dos leitores do jornal e data acima citados, com a seguinte manchete: “Com cerveja a 50 e lança perfume a 200, natalense vai precisar de bom dinheiro para brincar o carnaval”.
Apoio oficial: O então Prefeito ‘José Pinto Freire’ não poupou apoio ao carnaval de rua, segundo o presidente da ‘Federação Carnavalesca’, ‘Omar Pimenta’.
O comércio local colaborou, cedendo as taças ás agremiações campeãs. Djalma Maranhão, forte candidato a prefeitura de Natal, esteve presente ao lado das agremiações e do povo folião. Mais de quarenta agremiações foram inscritas na dita organização: ‘Xamêgo’, ‘Cacareco’, ‘Azes da Folia’, ‘Na Base do Amor’, ‘Karfagestes’, ‘Imperadores do Samba’ – tri-campeão, ‘Bandoleiros do Amor’, ‘Aza Branca’, ‘Imperadores do Ritmo’, ‘Malandros do Samba’, ‘Serralheiros na Folia’, ‘Bambelô do Calixto’, ‘Inocentes do Samba’ e ‘Índios Tupinambás’, ‘Favela Chegou’, ‘Animadores do Samba’, ‘Dominados pelo Amor’, ‘Índios Carijós’, ‘Índios Guaiacurus, ‘Satélite’, ‘Bloco Urso’, ‘Índios Aimorés’, ‘Acadêmicos do Samba’, ‘Milionários’, ‘Pirilampos’, ‘Malabaristas’, ‘Shangay’, ‘Xamego’, ‘Bacurinhas’, ‘Jardineiros’, ‘Índios Amararís’, ‘Bossa Nova’, ‘Carnaval do Passado’, ‘Brotinhos na Folia’, ‘Cancioneiros do Amor’, ‘Filhinhos do Cacareco’, ‘Teleguiados’, ‘Peraltas’, ‘Hi Fi’ e ‘Índios Flexa Ligeira’.
Corso e comissão: O palanque oficial do carnaval foi armado na Rua Deodoro, Cidade Alta. A comissão julgadora dos desfiles foi constituída dos nomes: ‘Grimaldi Ribeiro’, ‘Omar Pimenta’, ‘Antônio Pio Cavalcanti’, ‘Serquiz Farkat’, ‘Benivaldo Azevedo’, ‘João Gomes da Rocha’ e ‘Rubens Massud’. O Governador ‘Dinarte Mariz’ passou o carnaval no interior do Estado.
Boato no carnaval: O jornal ‘A República’, de 03 de março, na quarta feira de cinzas dá um tópico sobre uma acontecida ‘rebelião’ com nossa oficial majestade. Antes mesmo de reinar, o Rei Paulo Maux, teve conhecimento de uma rebelião para derrubá-lo do trono. A dita rebeldia teria sido ‘comandada’ pelas ex-majestades: – ‘Zé Seabra’, ‘Aureliano Medeiros Filho’, ‘Luizinho Doblecheque’ e ‘Zé Areia’ que visava recolocar no trono, o mais célebre Rei – ‘Luizinho Doblecheque’… pretendiam atirar o Rei Momo Paulo Maux, da ponte de Igapó sobre o rio Potengi”. Apesar do citado boato, o nosso Rei ‘Paulo’ reinou com tranqüilidade por muitas décadas à frente desses citados concorrentes.
Paz e almoço: Talvez sentindo esse acirramento, o então deputado federal Djalma Maranhão promoveu entre todas as majestades uma farta confraternização, segundo o jornal Tribuna do Norte, de 29 de fevereiro de 1960.
O ainda incansável folião Djalma Maranhão, conforme a imprensa teria visitado muitas residências de amigos durante o período momesco, nas ilustres companhias dos jovens foliões – Newton Navarro e Walflan de Queirós. Historicamente, Djalma foi o Prefeito de Natal, que mais participou e apoiou o carnaval. A Escola campeã de 1960 foi a “Imperadores do Samba”.
Na entrega das taças aos campeões, houve um destacado incidente, quando a Escola “Azes da Folia”, em segundo lugar, teria amassado a sua taça e a jogado em direção ao palanque oficial das autoridades. Já os clubes mais animados segundo a crônica social do jornal ‘A República’ foram: AABB, ASSEN, CSSA, Alecrim Clube, Clube dos Sargentos da Polícia Militar, América e Clube dos Caçadores.
O carnaval de 1960 foi historicamente filmado e este filme em preto e branco e com sonoridade, não se sabendo até o momento quem o teria dirigido (cineasta). Esta citada cópia, nos chegou através do pesquisador e médico Ernane Rosado, em 2009. São imagens que retratam alegria de rua com o seu prefeito José Pinto e o Rei Momo Paulo Maux.
OS CÃO
A praia mais procurada pela elite natalense no período do Carnaval, em meados do século XX, era a da Redinha.
Para o escritor Onofre Jr. (2002) a Redinha é considerada por muitos uma senhora praia, uma vez conhecendo sua beleza surge, então, um eterno namoro. Lugar de mil e umas histórias, lá encontramos o antigo cemitério dos ingleses e diversas manifestações da cultura popular, como por exemplo, o tradicional Bloco dos Cãos, que por mais de 40 anos, anima o carnaval do litoral norte.
Tradição é tradição e, quer você goste, ou não, uma das manifestações mais tradicionais, autênticas e originais do moderno carnaval de Natal é o irreverente bloco “Os Cão”.
Em 2016 “Os Cão” (no singular mesmo) comemorou 52 anos de tradição e muita folia na região da Praia da Redinha, na Zona Norte da capital potiguar. Segundo Francisco Ribamar de Brito, Seu Dodô, um dos criadores do bloco, tudo começou quando ele, Zé Lambreta, Chico Baé e mais dois amigos brincaram a festa de Momo de 1964 em um bloco chamado “Brasinhas”, que só saia nas ruas até a segunda-feira de carnaval. Eles resolveram esticar a festa até a terça, mas não tinham nenhuma fantasia para usar naquele último dia de folia!
Enquanto pensavam em como resolveriam esta questão, os rapazes resolveram pegar camarões para servir de tira gosto em um local conhecido como Porto D’água, na área de mangue do estuário do Rio Potengi. Quando lá estavam Chico Baé melou seus cabelos de lama, querendo estirar o cabelo crespo. Todos acharam idéia engraçada e igualmente melaram o corpo de lama. Completaram a fantasia com pedaços de galhos e saíram se divertindo pelo mercado e ruas da Redinha.
Logo quem passava, ou se recusassem a dar cachaça ao grupo, eles assustavam e as pessoas diziam – “Lá vem os cão!”. Nos anos seguintes eles repetiram a brincadeira e o grupo foi crescendo.
É patente que o “Grand Monde” natalense jamais teve maiores simpatias por este bloco carnavalesco da Redinha. No máximo eles e sua lambuzada festa são vistos como “exóticos” e aturados, pois os políticos da cidade dos Reis Magos não podem ficar indiferentes a uma festa que arrasta mais de 2.000 pessoas para as ruas. Mesmo com pouco apoio os “Os Cão” vão resistindo com sua festa original. Sempre brincando pela Redinha, acompanhados por uma legião de demônios usando como fantasia basicamente a lama do mangue do Potengi, muitos portando tridentes, chifres de animais e galhos de árvores. Sempre pedindo cachaça nas terças-feiras de Momo e com muita irreverência.
ALECRIM
Confetes, lança-perfumes, serpentinas, fantasias (as indumentárias e os devaneios), tambores, batucadas, desfiles, blocos… Quando se ouvem esses nomes, a imagem de alegria é associada ao que grande parte do povo brasileiro manifesta em relação ao carnaval. O amor e a paixão por essa festa que retrata a identidade cultural do país estão presentes em todo o Brasil. Poucos são aqueles que não desenvolvem essa paixão.
E com o povo alecrinense não seria diferente. Os carnavais de outrora deixaram saudades nos moradores do bairro, representando, para muitos, as melhores lembranças da infância. José Normando Bezerra ressalta a grande importância que o carnaval do Alecrim tinha enquanto manifestação cultural. Segundo Bezerra(2010), ele era “nota 10”, entre as décadas de 1970-1990.
Assim como em outros locais onde o carnaval tem mais tradição e envolve um número maior de foliões, no Alecrim também havia (e ainda há) os blocos, as escolas de samba, as tribos de índios e os grandes desfiles, nos quais os moradores divertiam- bastante; e existiam aquelas figuras ilustres, que tanto contribuíram para a realização do carnaval, como Severino Galvão, Cacique Bumbum e Mestre Guedes.
Severino Galvão participou da fundação do Alecrim F. C., foi vereador e, além disso, um homem ativo no carnaval do bairro, sendo mencionado por Zito Borborema na canção Forró do Alecrim: “Severino Galvão, nosso vereador / Faz um forrozinho bom/ Pra ninguém arreclamá…” (NASCIMENTO NETO apud CARVALHO, 2004, p.256). Ele também é pai do compositor Babal, que escreveu a música Avenida 10, que relata algumas de suas memórias e homenageia o Alecrim.
João Galvão do Nascimento Neto, um dos filhos de Severino Galvão, conta um pouco sobre a história de seu pai, que nasceu em Pedro Velho e, desde muito jovem, estava envolvido com política. Tanto que certa vez, foi perseguido em sua cidade natal por causa de uma opinião emitida. Assim, Severino Galvão saiu de lá, indo para Rio Tinto, na Paraíba, onde trabalhou em uma tecelagem. Por seu anseio de melhorar de vida, veio para Natal e alistou-se na Polícia, onde estudou. Gostava de festas, carnaval e política, atuando como vereador, realizando inúmeras benfeitorias para o bairro. Além disso, também exerceu um importante papel nas festas da paróquia de São Sebastião e de São Pedro.
No que concerne ao carnaval, Severino Galvão foi Rei Momo oficial, desfilando com a chave da cidade na Av. 2 (Presidente Bandeira). Entretanto, nem sempre ele foi eleito, ficando como o “Rei Momo do protesto”, agrupando amigos e foliões, criando o Ministério Paralelo e mandando “prender” o Rei Momo oficial, que era Paulo Maux, segundo João Galvão do Nascimento Neto. Tal brincadeira possuía tanto prestígio que chegava a ser noticiada em
jornais, pois a população valorizava essa relação de proximidade que havia entre Severino Galvão e o carnaval, mostrando a riqueza cultural do bairro. Severino Galvão morreu em 1994, e, segundo Evaldo Rodrigues Carvalho, em Alecrim ontem, hoje e sempre, ele foi homenageado no livro Natal 400 nomes, como um dos verbetes elencados no mesmo.
Outra personalidade alecrinense de grande expressão foi o Cacique Bumbum, que também aparece na música Avenida 10 de Babal. Era ele quem comandava a Tribo de índios Guarani, que ganhava constantemente; chegando a ganhar dez vezes seguidas e a ser, por essa razão, impedida de competir, destacou José Normando Bezerra.
Não se sabe bem ao certo o local onde as tribos de índios desfilavam no carnaval. Alguns afirmam que os desfiles aconteciam inicialmente na Av. 7 (Rua dos Caicós); outros, que era na Av. 2 (Avenida Presidente Bandeira); e uma outra fonte indica que ocorria na praça Gentil Ferreira, próximo ao bar Quitandinha.
Para cada rua que recebia o nome de uma tribo (as chamadas avenidas 6 – Rua dos Canindés –, 7 – Rua dos Caicós –, 8 – Rua dos Pajeús –, 10 – Rua dos Paianazes –, e 12 – Rua dos Paiatis), havia um bloco de carnaval, homenageando os “nativos da terra” (SÁ, 2011), que por muito tempo dominaram o território norte-rio-grandense. Nesses desfiles eram usados os trajes, as pinturas no rosto e no corpo. Os grupos que dão nome a essas ruas do Alecrim são provenientes de uma tribo maior, habitante do interior do estado: os Cariri, caracterizados por serem tristonhos, arredios e de pele mais clara que os Potiguara (índios do litoral). Os Caicó viviam em Caicó, Florânia e parte de Cruzeta; os Pajeú, vindos de Caraúbas, Olho D’Água dos Borges, Augusto Severo e Upanema; os Canindé, oriundos das cidades de Mossoró, Areia Branca, Carnaubais, Pendências, Macau. As outras tribos também são originárias do interior do estado. Assim, esses grupos puderam ser lembrados, reavivando a memória, através dos desfiles de carnaval.
No Alecrim, a festa de carnaval e as escolas de samba não tinham tanta tradição quanto em outras localidades de Natal, mas nesse bairro morava o Mestre Guedes, grande apreciador da cultura popular, que criou o Bambelô Asa Branca, a escola de samba Asa Branca. João Galvão do Nascimento Neto explica ainda que o bambelô era “uma variante de coco de roda” (NASCIMENTO NETO, 2010); e menciona também as qualidades de Mestre Guedes, dizendo como enxergava tal personagem: um homem que dançava com classe e com tanta suavidade que era como se estivesse flutuando. As escolas de samba do Alecrim não possuíam tanta tradição como em outros locais da cidade. Mas apesar disso, a beleza delas é constatada por grande parte da comunidade:
Carnaval, eu posso lhe dizer claramente que isso não é uma fantasia de criança, carnaval na minha época de criança era um carnaval muito mais elaborado, as escolas de samba elas tinham uma participação de famílias inteiras às vezes, de pessoas comuns (…). Era uma coisa que você via pai, mãe, filho, vovó, sentada lá na calçada pra ver o desfile, pra assistir o desfile, pra participar e esperar até o resultado da escola campeã. (MAFRA, 2011)
Os desfiles aconteciam primeiramente na praça Pedro Velho e passaram para a Av. 2 (ou Presidente Bandeira) no ano de 1981, durante a gestão de José Agripino (1979-1982). Posteriormente, foram transferidos para a Avenida Duque de Caxias (no bairro Ribeira), onde acontecem até hoje.
Asa Branca, Aí vem a Marinha, Imperadores do samba, Mangueira do samba, Imperatriz alecrinense, Salgueiro eram as escolas de samba que havia no bairro e o movimentavam significativamente. A “Asa Branca” foi fundada pelo Mestre Guedes. Havia também a “Imperadores do samba”, na Av. 11 (Avenida Manoel Miranda), entre as Av. 4 (Avenida Presidente Sarmento) e 5 (Avenida Presidente Leão veloso); a Mangueira do samba; a Imperatriz alecrinense, que, para Evânio Janeílson Mafra, “até hoje ainda encanta o povo do bairro” (MAFRA, 2011); e a Salgueiro.
Aí vem a Marinha constitui-se como uma escola de samba bastante particular, frequentemente lembrada e apontada por Francisco Derneval de Sá como “uma influência do Rio de Janeiro, nos 50 [década de 1950]” (SÁ, 2011). Tal escola, organizada pela Base Naval, recebia pessoas de fora do estado, ligadas ao samba, e despertava grande admiração na população do bairro. É isso que mostra André Luiz Santana Marinho em A praça de Novo, volta a ser do povo: um estudo etnográfico do espaço e da prostituição na praça Gentil Ferreira, através da fala de uma antiga moradora do Alecrim, “Dona Belquice”. Era forte o encantamento que se tinha pela escola de samba da Marinha, pelo navio que se construía com o nome “Aí vem a Marinha” e pelos marinheiros vestidos com sua roupa quadriculada, suspensório, turbante, cantando “Ai! Ai! Ai! Isaura!”
No carnaval do Alecrim também existiam os blocos, que, segundo José Normando Bezerra, eram de elite, para aqueles mais endinheirados, “porque pagava e era um trator que puxava uma carroça, estruturas com as pessoas em cima pulando”. (BEZERRA, 2010). Esses blocos eram o Magnata, o Psiu, o Arrastão e, para Evânio Mafra, havia também um que se chamava Refoliê. Segundo Francisco Derneval de Sá, eles começaram a surgir na década de 1950. Ele narra sobre um, cujo nome não se recorda, que era muito famoso e saía ou na Av. 9 (Avenida Coronel Estevam) ou na Av. 10 (Rua dos Paianazes), sendo um dos primeiros com guitarra. Outro bloco existente no Alecrim é o “Cheiro de Alecrim”, fundado em 2000.
Assim como outros espaços urbanos, no Alecrim também havia peculiaridades, que ficaram marcadas pela memória dos moradores: eram as “batalhas” e os “assaltos”, que hoje apresentam um aspecto demasiadamente distinto da que havia na época. Os “assaltos” aconteciam quando um desses ricos, que faziam parte dos blocos carnavalescos de elite, chamava os outros integrantes do bloco para a sua casa e lá oferecia comida e bebida aos convidados, e sentia-se orgulhoso pela festa que organizava.
As “batalhas” funcionavam como prévias carnavalescas, nas quais se desfilavam com as vestimentas do ano anterior. Montava-se um palanque e instalava-se uma comissão julgadora. Já Magno Fernando Vila afirma que “era um encontro dos blocos que vinham de outros bairros fazer a batalha da Vila Naval”. (VILA, 2010). Esses eventos foram, inclusive, muito incentivados durante o governo de Djalma Maranhão (1956 e 1959, e depois, 1960 e 1964).
Outro evento bastante lembrado pelos moradores é o carnaval nos clubes: Atlântico, localizado na Avenida Alexandrino de Alencar; Alecrim Clube; Cobana, que era o dos oficiais da Marinha, ao qual todos tinham acesso; e o Clube Tiradentes (da Polícia Militar), situado na Av. 2 (ou Presidente Bandeira). Até hoje esses clubes ainda existem, mas a diferença é que antigamente eram mais e melhor freqüentados, na opinião de Evânio Mafra Havia ainda a figura do “Papangu”, que “era o ‘cara’ que se vestia com aquelas roupas” (BEZERRA, 2010) bastante extravagantes, coloridas, e usava máscaras, deixando todo o corpo e o rosto cobertos pela fantasia e escondendo sua identidade, graças ao disfarce. Isso despertava nas crianças um grande medo, durante o domingo de carnaval no Alecrim.
Portanto, todo o amor, a beleza e a admiração que percorria a “festa da carne”, o carnaval, podem, mais uma vez, ser constatados nas falas dos moradores, como Evânio Janeílson Mafra:
(…) E os carros alegóricos eram coisas belíssimas, tinham estruturas muito bonitas. Na minha rua tinha um senhor que construía carros alegóricos, a gente participava da construção desse carro vendo, admirando. Não chegávamos muito perto porque ele era sempre muito rígido, eu não me recordo o nome dele. (MAFRA, 2011)
No início do século XXI, o carnaval do Alecrim, segundo afirma o próprio Evânio Mafra, “é uma coisa de gueto, de comunidades mais específicas”. (MAFRA, 2011), diferentemente de como era durante o século XX. Embora ainda haja certo envolvimento da comunidade, ela não participa mais tão ativamente das festividades, o que se deve, principalmente, ao fato de os desfiles acontecerem na Ribeira. O que movimenta ainda hoje o bairro, apresentando-se nas suas ruas, é o bloco Cheiro de Alecrim.
Se o carnaval por si só já desperta tanta emoção, como pôde ser visto, no Alecrim a nostalgia é ainda mais intensa. Chico Buarque de Holanda já dizia em “Sonho de um carnaval” que “No carnaval, esperança / Que gente longe viva na lembrança / Que gente triste possa entrar na dança / Que gente grande saiba ser criança”. Esse sentimento estava presente também nos alecrinenses, que se guardam para quando o carnaval chegar. De fato, é difícil não se entusiasmar com essa festa que ameniza e faz esquecer momentaneamente as dificuldades, pelo menos até a quarta-feira de cinzas.
Carnaval 1991 – Aero Clube
O SAMBA NAS QUINTAS
Fundada no Bairro das Quintas a Escola de Samba ‘Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperadores do Samba’, em 25 de setembro. Iniciativa do carnavalesco ‘Rubens Pessoa’, ex-fotógrafo profissional e aposentado da Assessoria de Imprensa do Governo do Estado. A citada ‘Escola’ durante sua existência foi campeã em diversas oportunidades.
A mesma tinha em seus quadros a mais famosa baiana de nossas Escolas, a saudosa – ‘Mamãe Dolores’. A citada agremiação é oriunda de outra Escola – ‘Pioneiros do Samba’, também fundada pelo incansável – ‘Rubens Pessoa’. Apesar da crise financeira no país, da inflação dos produtos carnavalescos e da proibição da então Igreja, o nosso carnaval de 1954, foi filmado pelo que se sabe pela primeira vez, embora não se saiba aonde esteja este histórico filme.
O carnavalesco Rubens Pessoa participou de inúmeras troças quando criança, e teve destacada participação quando, com outros carnavalescos, fundou a Escola de Samba Pioneiros do Samba, na década de 1940. Seu maior feito histórico, no entanto, deveu-se a fundação e participação direta na Escola de Samba Imperadores do Samba, no bairro das Quintas, a partir de 1955 até o ano de 1999, de onde recebeu agremiação carnavalesca com vários títulos e troféus entre as campeãs do passado.
Rubens conta que o carnaval de Natal na década de 1940 era tão animado e sadio, que todos brincavam. “Hoje, o Dia de Finados talvez seja até mais alegre do que o carnaval em Natal”. Sobre a ideia de resgatar os antigos carnavais, o carnavalesco diz achar difícil, embora não seja impossível. “É preciso preparar o espírito do povo primeiro”.
O CARNAVAL DE 1975
Outra vez o carnaval natalense foi filmado. Era o ano de 1975, com o dia 9 de fevereiro sendo o domingo gordo de carnaval. Os desfiles oficiais ocorreram nas Avenidas Deodoro e Floriano Peixoto.
O Órgão responsável pelos festejos foi a Secretaria Municipal de Turismo e Certames. O secretário era ‘Paulo Macedo’. O Rei Momo foi outra vez o já veterano ‘Paulo Maux’ e a Rainha, a Jovem ‘Iolanda Ferreira da Silva’. O Prefeito da cidade do Natal era ‘Jorge Ivan Cascudo Rodrigues’, que apoiava o carnaval e era muito amigo dos carnavalescos.
As agremiações que fizeram parte do programa oficial foram as: Índios: “Igaporés, Guainazes, Bororós, Tupinambás, Apáches, Tabajaras, Potiguares, Guaranis, Surubajás e Gaviões”.
Escolas de Samba: “Pirilampos, Império Serrano, Mangueira, Berimbau, Império do Samba, Caboclinhos, Esperança, Império do Salgueiro, Cacique no Samba, Balanço do Morro, Imperadores, Malandros e Asa Branca e Bafo da Onça – de Macaiba”.
Clubes: O ‘América’ começou com a festa dos ‘Trópicos’, uma tradicional do jornalista ‘Jota Epifânio’. Outros clubes que realizaram bailes: Aero Clube, Assen, Albatroz, Atlântico e Alecrim Clube, Intermunicipal da Cidade da Esperança, Redinha Clube e Racing das Rocas. Blocos e Bagunças: O ‘Ynrra’ era constituído de vários componentes, entre eles: “Amador, Marcílio, Flavinho, Sérgio Sapo, Lourenço, Tasso, Nelson, Paulo Freire, Eduardo, Marcelo, Galego Solon, Gondim, Wilsinho, Eudes, Wilson, Chagas e Niltinho”, segundo o colunista social Epifânio. ‘Cafargestes’ – esse do Bairro das Rocas, ‘Bagunça do Careca’ – do Bairro do Alecrim, ‘Saca-Rolha’ – com 48 componentes, ‘Turma do Sereno’ – do Bairro das Rocas, ‘Donzelos’ – da família Gosson, ‘Os Anjos’, ‘Jardineiros’, ‘Lunik’, ‘Xafurdo’, ‘Deuses’, ‘Apaches’, ‘Ressaka’, ‘Jardim de Infância’, ‘Filhos de Mãe’, ‘Zamby’, ‘Rapazes da Moda’, ‘Arrocho’, ‘Terríveis’, ‘Magnatas’ e ‘Os Lordes’. Glória: Nossa famosa cantora ‘Glorinha Oliveira’, animou o clube Albatroz e o então – ‘Carnaval da Saudade’, uma popular prévia carnavalesca da ‘Rádio Cabugi’ e do jornal ‘Tribuna do Norte’, foi realizada sob o comando do saudoso radialista ‘Assis de Paula’, na Avenida Tavares de Lira, onde recebeu as ilustres presenças de ‘Câmara Cascudo’, ‘Newton Navarro’, ‘Governador Cortez Pereira’ e o Vereador folião – ‘Érico Harckadt.
Meia proibição: Na coluna do jornalista ‘Woden Madruga’, do dia 7 de fevereiro, o seguinte destaque foi dado: “O Secretário de Segurança proibiu o uso de tangas… Nas praias pode, no carnaval, não!…”. A Escola de samba campeã 75 foi a ‘Malandros do Samba’. Festa nas Rocas na porta do mestre Melé.
E o nosso carnaval estava sendo filmado pela terceira vez, agora com patrocínio das lojas ‘A Sertaneja’, do saudoso empresário ‘Radir Pereira’. Foram feitas imagens dos clubes América e Aero – segundo o jornal ‘Tribuna do Norte’, na coluna de Jota Epifânio, do dia 13 de fevereiro. E as filmagens que foram feitas mostram o grande carnaval que houve nos referidos Clubes. Lamentável que não se saiba até o momento quem teria sido o responsável pelas filmagens, nem onde as mesmas estão ou se ainda existem. Natal é mesmo, como definiu o mestre Câmara Cascudo: “Não consagra, nem desconsagra!”.
BANDA GÁLIA
No início dos anos 80 existiam em Natal os gauleses. Mas se engana quem achaque estamos falando aqui dos celtas do continente europeu. Os gauleses potiguares são uma espécime bem diferente. São filhos da classe-médianatalense, alguns professores, médicos, engenheiros, arquitetos, sociólogos ,advogados, economistas, poetas, músicos, todos boêmios, farristas calejados, contestadores da Ditadura Militar, mas sobretudo adoradores do carnaval.
Essa turma foi responsável por uma das manifestações mais instigantes que essa cidade já curtiu. Quando o carnaval de Natal vivia a mesmice dos blocos de elite e dos bailes de clube, eles propuseram algo anárquico, inclusivo, provocativo, com percurso que incluía desde a Praia dos Artistas, até a Ribeira e Petrópolis, passando por todo tipo de bar, em becos e passagens como a rua do Motor. Era uma loucura das boas! E essa loucura atendia pelo nome de Banda Gália! No entanto, o marco zero dessa loucura não foi o carnaval. A estreia da lendária banda foi no Sábado de Aleluia de 1981, logo após o grande blecaute que colocou Natal às escuras por uma semana. No mesmo ano, no Réveillon, o grupo foi novamente pra rua, sem cordas e com muita irreverência. E foi sucesso absoluto.
Era algo sem precedentes na cidade. A partir dali, a grande programação da virada de ano na capital potiguar era seguir a folia da Banda Gália até o amanhecer na beira da praia. Afinal, atrás da Banda Gália só não vai quem já morreu.
O primeiro Carnaval da turma só foi acontecer em 1984, quando a prefeitura não pôde mais ignorar aquela manifestação genuína dos gauleses e convidou os organizadores da Banda para pensar o carnaval da cidade. Embora Natal vivesse o luto da Tragédia do Baldo, a Banda Gália se tornou uma das principais atrações do carnaval de Natal, saindo sempre nas sexta e na terça. Mas isso durou só até 1989,porque na virada para o ano de 1990, na já tradicional folia de Réveillon, o assassinato de um folião no meio do percurso da Banda pôs fim para sempre à brincadeira dos gauleses.
TRAGÉDIA DO BALDO
Avalie aí viver num mundo onde um cidadão mata 19 pessoas e nunca é realmente punido por isso. Pois é, essa história aconteceu em Natal no ano de 1984, cerca de uma semana antes das festividades de Carnaval da capital potiguar. Vamos relembrar um pouco dessa tragédia que marcou pra sempre a história de nossa cidade.
Para entender tudo direitinho é importante contextualizar o momento. Na década de 80, as festas de Carnaval por aqui eram extremamente relevantes. As ruas eram tomadas por multidões que se divertiam em blocos. Pessoas da época relatam que Natal começava a entrar, inclusive, no calendário carnavalesco do Nordeste.
O bloco “O Cordão do Puxa-Saco” contava com cerca de 5 mil foliões naquele fatídico dia, um número considerável para os dias de hoje, imagine naquela época. E esse era apenas um de inúmeros blocos que desfilavam por toda a cidade nos dias de Carnaval.
25 de fevereiro de 1984 era um sábado, cerca de uma semana antes do Carnaval. Naquele ano Carnaval foi em março, sendo a quarta-feira de cinzas o dia 7 daquele mês. A Prefeitura de Natal disponibilizava transporte para os foliões e as escolas de samba. Naquele dia o motorista da empresa Guanabara, Aluízio Farias Batista, recebeu a notícia que deveria trabalhar além do expediente para cumprir o compromisso da empresa com a Prefeitura. Ele ficou enfurecido com a ordem, mas, provavelmente pensando na manutenção do seu emprego, assumiu o comando do ônibus e partiu para a sua ‘última viagem’ da noite. O percurso seria do Alecrim ao bairro das Rocas, onde Aluízio deixaria os integrantes da escola de samba Malandros do Samba.
Aluízio estava irritado e pegou uma escola de samba em plena euforia daquele pré-Carnaval. Não demorou muito tempo para acontecer um desentendimento. Os integrantes da escola de samba começaram a puxar a ‘cordinha’ do ônibus, o que irritou ainda mais Aluízio, que passou a conduzir o veículo em alta velocidade pelas ruas de Natal. A velocidade chegava a 70km/h, o que pode não parecer muito, mas lembre-se de que havia muitas pessoas nas ruas, embora o Carnaval ainda não tivesse de fato comecado. Além do mais o motorista não respeitava sequer os semáforos e quando os passageiros reclamavam ele respondia: “se tiver que morrer, morre todo mundo”.
Nas proximidades do então recém-inaugurado Viaduto do Baldo, ao fazer uma curva a traseira do ônibus bateu em um fusca que estava parado em um canteiro na Av. Rio Branco. Sem o controle do veículo, Aluízio viu o ônibus que dirigia causar uma das maiores tragédias da história da cidade. Dezenas de pessoas foram atropeladas após o veículo invadir o lado da pista onde os quase 5 mil foliões se divertiam.
O desespero tomou conta do local e a tragédia ainda foi agravada após Aluízio fugir do ônibus sem puxar o freio de mão. O veículo voltou de ré e atropelou novamente dezenas de pessoas. Há relatos de que era possível ouvir o estralar de ossos das vítimas. A tragédia só não foi maior devido à atitude heroica de um rapaz chamado Adailson Pereira de Oliveira, conhecido como “Batata”, que era goleiro de futsal. Ele subiu no ônibus e puxou o freio de mão. No meio do desespero as pessoas ainda tentaram linchar o “salvador” após confundirem-no com o motorista.
Um laudo do ITEP na época afirmou que não houve nenhuma falha mecânica no ônibus. Os sistemas de segurança e direção estavam funcionando perfeitamente.
O saldo foi 19 mortos, 11 feridos gravemente e uma das cenas mais trágicas de nossa história. A cidade parou por uns dias e o Carnaval de Natal não aconteceu e ficou enterrado pelo trauma. Algumas pessoas falam que o Carnatal, a maior micareta do mundo, surgiu exatamente dessa lacuna deixada pela falta de bons Carnavais nos anos posteriores à tragédia.
O histórico de Aluízio não era dos melhores. Em 1980 ele já havia atropelado e matado uma mulher de 19 anos em Natal. Quando dirigiu de forma irresponsável e agressiva naquela noite de Carnaval ele estava assumindo totalmente o risco de voltar a matar pessoas. O ato covarde de fugir foi fundamental para agravar o acidente.
Alguns dias depois da tragédia ele se apresentou à Polícia, prestou depoimento e foi surpreendentemente liberado – parece que a Justiça naquela época já era um verdadeiro “cabaré”. Depois disso ele nunca mais foi visto em lugar algum.
Em 15 de maio de 2009 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado, mas a prisão nunca aconteceu. Se estiver vivo, hoje Aluízio está com 60 anos de idade.
Em 2005 o Linha Direta, que passava na Globo, fez um programa sobre a tragédia do baldo. Ao final do programa colocou uma foto do culpado, em busca de denúncias que levassem ao foragido. Apesar da grande audiência do programa na época, Aluísio não foi encontrado.
Será que Aluízio já morreu? Será que ele vive com a culpa até hoje? Enfim, provavelmente nunca saberemos, mas esperamos que essa história de impunidade nunca mais se repita.
CURIOSIDADES:
Manga: Logo na entrada do “Sítio São Cristóvão”, onde hoje se encontra a Avenida Deodoro, no início da Rua Potengi, havia dois lindos pés de manga. O maior de todos que dava uns frutos grandes, era “bacuri”, o que lhe seguia era “rosa” e o que ficava em frente da casa era “espada”. Na prática, os seus proprietários eram Clovis, Raymundo e Otávio. No período de festas de Natal, Ano Novo, “Reis” e, sobretudo, na época de carnaval, os “proprietários” brigavam muito e trabalhavam ainda mais. Tinham compradores certos para o produto. A qualidade mais procurada era a manga rosa. Era também de maior cotação.
Caboclinhos: Manifestação popular expressa nos dias de folia carnavalesca. Dança que lembra os grupos indígenas.
Micareme: Realizada 40 dias após o carnaval a festa é realizada na Praça das Flores, no bairro de Petrópolis. Consta na programação do evento, a apresentação de shows com a participação de bandas locais e de blocos carnavalescos.
Nike Apache – Denominação dos primeiros foguetes lançados na Barreira do Inferno nos anos 1960. Posteriormente, foi denominação também de um bloco de elite carnavalesco.
Viúva Machado: A casa comercial ainda não hesitava em investir na propaganda de produtos que fizessem menção a datas comemorativas, como é o caso dos artigos Carnavalescos divulgados no jornal A República do dia 17 de Janeiro 1923 que anuncia na M. Machado e Cia que pertencia a Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado, a venda de lanças-perfume de marcas: “Vlan”, “Paris”, “Royal”, “Brasil”, “Rodo” e “Rigoleto”, a venda a preço de fabrica com grandes descontos para
CALENDÁRIO CARNAVALESCO
Carnaval – data móvel – Festa de cunho popular e profano. Consta em sua programação prévias carnavalescas. Na quinta-feira que antecede o carnaval realiza-se o Baile da Cidade; na primeira semana antes do carnaval, na Praia da Redinha, ocorre o Ensaio Geral, e, ainda, o baile das Kengas, com a escolha do rei momo e da rainha do Carnaval, o Baile de Máscaras e a Noite de Ouro. No sábado à noite, realiza-se o desfile de blocos, escolas de samba e tribos de índio, não bairro da Ribeira, realizado pela Prefeitura do Natal, através da SECTUR.
Muitos Carnavais – data móvel – Carnaval fora de época com o objetivo de resgatar antigos carnavais, com a participação de bandas de sopro, charangas e blocos carnavalescos. É realizado pela iniciativa privada, com apoio da Prefeitura através da SECTUR, geralmente acontece no corredor cultural, entre a Cidade Alta e a Ribeira.
Carnatal – data móvel – Carnaval fora de época, realização da Destaque Promoções e Eventos, apoio da Prefeitura do Natal, com a participação de trios elétricos da Bahia e artistas locais. Localizado no Espaço de Eventos do Arena das Dunas.
RESISTÊNCIA
Tivemos grandes nomes que ardorosamente lutaram pela resistência da nossa festa momesca, como Yoiô Barros, Zerôncio e seu filho Tota, Bum- Bum, Brasil, Mestre Severino Guedes, Mestre Melé, Mestre Lucarino e Raimundo Amaral, entre tantos outros que partiram deixando cada um a sua valiosa contribuição para a história carnavalesca da cidade do Natal. Na música, o destaque merecidamente maior ficará sempre para o nosso ‘Dosinho’, que lamentavelmente é muito mais conhecido e prestigiado pelo Estado de Pernambuco, do que em sua própria terra papa jerimum.
Digo sempre que se houvesse mais resistência e criatividade o nosso carnaval voltaria, como no passado, com o povo nas ruas pulando ao som do irresistível frevo nas diversas Bandas, Blocos e Troças. A Redinha é uma prova inconteste de resistência à famigerada invasão dessa franquia baiana que só afastou o verdadeiro folião de rua e em muito desvirtuou o nosso característico som pernambucano, tão defendido por Nelson Ferreira, Capiba e nos dias atuais pelo nosso Dosinho.
O Trio elétrico baiano ‘matou’ nosso músico e nosso folião de rua…A Banda carioca de Ipanema, fundada em 1965, inspirou outras tantas no Brasil afora. Em Natal surgiram entre outras as existentes: Siri, Baiacu na Vara, Independente da Ribeira, Cheiro de Alecrim e Antigos Carnavais. Todas estas, devendo uma justa reverência a nossa saudosa Bandagália.
Hoje estão vendo que sem à volta do alegre frevo, o verdadeiro folião não sai de casa… E parodiando eu dou por encerrada essa conversa comprida feito final de tarde no ‘Café Cova da Onça’: Só não vai atrás de uma Banda que já morreu!
DICA DE LEITURA
FONTES:
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A MODERNIZAÇÃO DA CIDADE DO NATAL: O AFORMOSEAMENTO DO BAIRRO DA RIBEIRA (1899-1920). LÍDIA MAIA NETA. NATAL/Dez/2000.
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Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado: a esposa, a viúva e a lenda na Cidade do Natal (1900-1930). / Ariane Liliam da Silva Rodrigues Medeiros – Natal, RN, 2014.
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ANUÁRIO NATAL 2013 / Organizado por: Carlos Eduardo Pereira da Hora, Fernando Antonio Carneiro de Medeiros, Luciano Fábio Dantas Capistrano. – Natal : SEMURB, 2013.
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Cantos de bar: sociabilidades e boemia na cidade de Natal (1946-1960) /Viltany Oliveira Freitas. – 2013.
Centelhas de uma cidade turística nos cartões-postais de Jaeci Galvão (1940-1980) / Sylvana Kelly Marques da Silva. – Natal, RN, 2013.
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Mapeamento Grupos Organizados da Sociedade Civil: Ribeira. Plano de Reabilitação de àreas Urbanas Centrais. Pesquisadores: Maria do Livramento Miranda Clementino e Silvana Pirillo Ramos. Arquiteta e Urbanista. Mestranda Programa da Pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo / UFRN.
Memória minha comunidade: Alecrim / Carmen M. O. Alveal, Raimundo P. A. Arrais, Luciano F. D. Capistrano, Gabriela F. de Siqueira, Gustavo G. de L. Silva e Thaiany S. Silva –Natal: SEMURB, 2011.
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Natal também civiliza-se: sociabilidade, lazer e esporte na Belle Époque Natalense (1900-1930) / Márcia Maria Fonseca Marinho. – Natal, RN, 2008
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