Travessa e Rua Ulisses Caldas
Diariamente você escuta esse nome: – Ulisses Caldas.
Você sabe de quem se trata?
Por que ele denomina uma rua tão importante?
Ulisses Caldas, Ulisses Olegário Lins Caldas, é um Herói norte-rio-grandense, o primeiro potiguar morto em combate na Guerra do Paraguai. O fato ocorreu há 151 anos, no dia de hoje.
RUA ULISSES CALDAS
Pode-se, numa tentativa de simplificação, dizer que a Cidade de Natal nasceu na área que se inscreve no retângulo de que um lado seria a av. Rio Branco e o outro o rio e os dois outros seriam as ruas Apodi, ao sul, e Ulisses Caldas, ao Norte.
Em fins do século XIX, toda essa extensa faixa de terra ainda não fora efetivamente incorporada ao espaço urbano de Natal. A Cidade Alta terminava no sítio Cucuí, no lado direito da rua Ulisses Caldas, terreno pertencente à viúva do dr. Carneiro; do lado esquerdo, havia o antigo palacete do juiz federal Manuel Porfírio de Oliveira Santos, adquirido pelas irmãs Dorotéas e onde foi instalado, em 22 de fevereiro de 1902, o Colégio da Imaculada Conceição pelo bispo diocesano da Paraíba Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques (MIRANDA, João Maurício Fernandes de. Evolução urbana de natal em 400 anos. Natal: [sem editora], 1999.p.64-65.). Daí em diante era capoeira, mato ralo mas contínuo até os morros. Corriam picadas abertas, levando às moradas disseminadas numa área extensa e o caminho para o Morcego, hoje Praia do Meio.
A Travessa Ulisses Caldas, localizada na Cidade Alta, inicia-se à margem direita do rio Potengi. Trata-se de um beco muito estreito, cercado de casas residenciais que não guardam nem vestígios de sua primitiva arquitetura colonial. À altura da praça 7 de Setembro, a travessa Ulisses Caldas recebe a denominação de rua D. Pedro I.
No prolongamento da rua D. Pedro I, tem início a partir da rua da Conceição, a rua Ulisses Caldas, que seguindo em direção ao nascente termina na avenida Deodoro. Daí para frente, surge a rua Mossoró, que é um prolongamento da Ulisses Caldas. Esta, originalmente era conhecida como a “Travessa do Correio de Natal”. O decreto Municipal de 13 de fevereiro de 1888, determinou a substituição daquele primitivo topônimo, para a rua Ulisses Caldas, e assim, permaneceu até os dias atuais.
Sob o título “Um absurdo”, uma nota no jornal “A República” denunciava que na travessa Ulisses Caldas havia um amontoado de trastes velhos e de lixo, os quais, segundo o informante, haviam pertencido a um doente de varíola falecido não fazia muito tempo. Para o denunciante, o fato era inconcebível, um verdadeiro absurdo, pois, como ele dizia, no momento pelo qual atravessava a cidade “em que a variola se desenvolve de maneira assustadora, parece-nos isso por demais agravante, porquanto tudo aquillo estava a exalar mau cheiro, incommodando assim não só aos moradores
daquelles arredores, como tambem dos transeuntes” (Um absurdo. A República, 27 de abril de 1905).
Em 1914, um quarteirão foi demolido, a fim de ser construída a atual Praça 7 de Setembro. Uma das casas destruídas era conhecida como a “Casa do Nicho”, a antepenúltima à esquerda, antes da atual Ulisses Caldas”. Aquela casa apresentava, na parede de sua fachada principal, um nicho “fechado com portinhas de madeira. Abrigava um vulto de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da rua e origem do topônimo”.
O trecho da atual rua Voluntários da Pátria, que conduzia à Ulisses Caldas, era conhecido como Beco da Lama. Segundo o historiador Luís da Câmara Cascudo, tratava-se realmente de um horroroso beco enlameado, que desapareceu levando consigo sua fama nauseante.
Ao longo dos anos, a rua Ulisses Caldas sofreu grandes modificações. Perdeu os trilhos onde passavam os bondes. Seu calçamento, de pedras irregulares, foi revestido com pavimento de asfalto. O casario todo modificado. Sobrevive o prédio da Prefeitura Municipal do Natal, inaugurado em 7 de setembro de 1922, por ocasião dos festejos comemorativos ao Centenário da Independência do Brasil.
Foi aquele prédio construído no local da antiga Intendência Municipal, que funcionava em um edifício de planta quadrangular, desenvolvido em um único pavimento e que apresentava uma água furtada. Posteriormente o prédio recebeu um frontão neoclássico, apoiado em colunas com capitéis jônicos.
O atual prédio da Prefeitura Municipal do Natal, de inspiração eclética, foi projetado pelo arquiteto italiano Miguel Micucci. Defronte ao prédio existiu uma bela edificação, com platibanda e ornatos de massa, a qual resistiu até a construção do novo prédio da Assembleia Legislativa, na década de setenta.
Na esquina das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu, existia o Potiguarânia, um café muito frequentado em Natal, no início do século XX. Defronte ao Potiguarânia, ficava o Royal Cinema, que proporcionou muita alegria, tendo sido motivo de inspiração para a valsa Royal Cinema, de Tonheca Dantas.
Tratava-se de um amplo e belo prédio, que ocupava a esquina das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu, chegando até ao prédio da Prefeitura. Durante muitos anos, foi o único cinema de Natal. Os filmes mudos de então, eram orquestrados por Otávio Pinto, Jessé Café, José Herôncio e Paulo Lira. A sessão noturna somente começava com a presença de Ana Maria Cascudo, mãe do saudoso Luís da Câmara Cascudo.
Nada restou dos antigos prédios da rua Ulisses Caldas. O comércio impôs a reforma total do seu casario.
De diversas maneiras a paixão pelo esporte era revelada pela torcida. O proprietário do Café ABC, que se localizava na travessa Ulisses Caldas, muito possivelmente escolheu o nome do seu estabelecimento em homenagem ao seu clube favorito. (A REPUBLICA, 1924).
CALÇAMENTO
Um dos principais problemas a resolver seria definitivamente o calçamento das ruas de Natal. As primeiras artérias a receberem nova pavimentação sistematicamente são a Tavares de Lyra e a Rio Branco, a partir da utilização do piche produzido pela Usina de Natal para calçamento em “macadame betuminoso”, cedido pelo Estado. Posteriormente, esse mesmo recurso é utilizado na Ulisses Caldas. No dia 03 outubro de 1925 é inaugurado o calçamento da Travessa Ulisses Caldas (A REPUBLICA, 1925g).
Sobre os transtornos no calçamento:
Causa má impressão aos passantes o amontoamento, nas principais ruas da cidade e nos pontos de maior circulação, como, por exemplo, no cruzamento da Avenida Junqueira Aires com a praça 7 de Setembro e da Avenida Rio Branco com a Ulisses Caldas, de pedras, trilhos e detritos de paralelepípedos. É certo que o assentamento de carris urbanos em ruas já calçadas traz necessariamente a remoção de pedras em toda a linha, e nem sempre se consegue, na recolocação dos paralelepípedos, a continuidade e o nivelamento anteriores (A PROPÓSITO, 1934, p. 01).
O mau funcionamento da infraestrutura dos bondes faz com que os acidentes se tornem cada vez mais constantes. Em 14 de abril de 1937 é noticiado mais um descarrilamento de bonde no cruzamento entre as avenidas Rio Branco e Ulisses Caldas – trecho pertencente à linha Alecrim – Cais do Porto – ponto movimentado da cidade, devido à falha no freio comum do veículo número 17 (A BONDE…, 1937). Em contrapartida, os automóveis se popularizam.
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RECORDAÇÕES
Primeiro bairro de Natal e bairro central da cidade, o bairro da Cidade Alta era espaço que condensava essas transformações vivenciadas nas décadas de 1950 e 1960 em suas principais ruas e avenidas como a Avenida Princesa Isabel, Rio Branco, Deodoro e as ruas João Pessoa e Ulisses Caldas.
No bairro do Alecrim, instalavam-se novos comerciantes e os lojistas da Ribeira abriam filiais ou transferiam seus estabelecimentos para a Cidade Alta, instalando-se nas Avenidas Rio Branco e Ulisses Caldas (FRANÇA, 1940h).
O jornal ligado ao Partido Comunista do Brasil – PCB, Folha Popular, funcionava na esquina de duas importantes ruas do centro da cidade, Ulisses Caldas com Rio Branco.
Perguntado acerca das configurações do bairro da Cidade Alta nas décadas de 1950, Pedro Grilo afirmou que havia ainda no bairro muitas residências e que aos poucos o comércio cresceu. Ele citou alguns pontos comerciais como a “famosa CIA Casa Rio Branco, Armazém Vitória ali na Ulisses Caldas com a Rio Branco. Onde hoje é o Barão do Rio Branco era o Armazém Natal” (GRILO, 11.06.2008).
O bairro era um espaço atrativo para a instalação de novas firmas. É desta maneira que foi anunciado no jornal a instalação da firma Cavalcanti & Pereira Ltda na Rua Ulisses Caldas, 124 que se destinava ao comércio de “rádios, refrigeradores, enceradeiras, fogões etc.”. (TRIBUNA DO NORTE, 23.12.1951: 5). Entre esses anúncios estão o do Dr. Heriberto F. Bezerra, pediatra e que possuía consultório na 28 Ulisses Caldas, n. 86 (A REPÚBLICA, 12.05.1950: 6).
O trânsito de Natal se intensificava levando a Inspetoria de Trânsito a instalar postes nos pontos mais importantes da cidade como no cruzamento da Ulisses Caldas com a Avenida Rio Branco. Nesses postes um “sentinela” vigiava o tráfego “nesse trecho da cidade que é, em certas horas, o mais movimentado da capital”.
Sobre a instalação de cafés na região em lista telefônica do ano de 1956 a 1957, encontramos assim como o Café São Luiz também o Café Magestic, localizado na Rua Ulisses Caldas, n. 101, que vendia café, “refrescos”, “bolinhos” e “bebidas em geral” (LISTA, 1956: 20).
Por ali nos meados dos anos 50, 60 e finais dos anos 70 era caminho obrigatório dos três mosqueteiros (por mim apelidados), Clodoaldo Marques Leal ou Cloro, Iderval Medeiros e Paulo Brandão, três amigos inseparáveis.
Saindo do começo em direção a Av. Deodoro, me recordo de um senhor que concertava bicicletas, conhecido como Zé Grilo, ou simplesmente Grilo. Já no quarteirão onde se encontra o prédio da Prefeitura ficava a Loja ou Casa das Malas, do Sr Pedro, pai do amigo Pedrinho, hoje artista plástico e professor universitário. Ainda neste quarteirão ficava o cartório do 1° Oficio de Notas e Protesto de Títulos, na época era o Tabelião o Sr. Manoel Procópio de Moura, A Sertaneja do Sr. Radir Pereira, a Sapataria Morena, do Sr João Monteiro. Havia ainda um armarinho do Sr. Porpino e outra sapataria que não me recordo do nome nem seus donos. Tinha ainda as lojas Singer, que vendia as maquinas de costurar Singer. Em frente ficava a Farmácia Natal e de tanto ir por lá gravei na memória alguns remédios e suas propagandas: Emulsão de Escott a base de fígado de bacalhau, Biotônico Fontoura – O mais completo fortificante. Pílulas de Vida do Dr. Ross – laxativo sem rival, Iodex – Um alívio para dores musculares. Melhoral – Melhoral, Melhoral, é melhor e não faz mal, Cêra Dr. Lustosa – Para dar “jeito” na dor de dente só Cêra Dr. Lustosa, e por aí afora.
Na Rua Ulisses Caldas outros pontos que marcaram: a Loja da Borracha (na esquina com Princesa Isabel) e, na diagonal dessa, as “Casas Araújo”, loja de tecidos dos meus tios Afrânio, Adauziro e Agenino Araújo. Seguindo até a Avenida Rio Branco, além do Mercado Central, e da Mercearia de seu Militão Chaves, existiam algumas lojas interessantes: Casa Tic Tac, Casa Rubi, Cantina Lettieri, O Bazar Doméstico, Casa das Máquinas, Casa Rio, Loja 4.400, Casa Régio e outras. Mas, o ponto preferido da turma era uma banca de revistas (ainda hoje existente) na esquina da Rio Branco com Ulisses Caldas, lá vendia revistas da Ebal e era o local preferido de compra e troca de figurinhas.
Apenas duas lojas em Natal poderiam encomendar esses tipos de instrumentos: a Casa da Música de Gumercindo Saraiva (Avenida Rio Branco) e a Musi-Som (Rua Ulisses Caldas).
No outro quarteirão em duas esquinas ficavam os cafés: Nações Unidas e Majestic, ao lado deste último, a joalharia do Senhor Manoel Afonso, que era Cônsul de Portugal em Natal. Mas adiante a Loja das Bicicletas do Sr. Luiz Cavalcante, que depois passou a chamar-se Casa das Maquinas. Em frente no mesmo quarteirão ficavam as Lojas Seta depois a Camisaria União, Sapataria Elite e a Girafa. Passando o Beco da Lama, as lojas Sr. Abdon Gosson e Adauto Medeiro. Na esquina com a Avenida Rio Branco estava a Casa Rio, do Sr. Alcides Araújo e na outra esquina um grande armazém do Sr. Coriolano de Medeiros. De frente ficava a Casa Machado também de sortimento em geral, e do outro lado o armazém do Sr. Militão Chaves, na esquina com a Av. Rio Branco. Confluência com a Rua Princesa Isabel, havia uma loja que vendia materiais odontológicos que não recordo o nome e a Farmácia Maia, do Sr. Adauto Maia.
No quarteirão entre a Princesa Isabel e a Rua Felipe Camarão, tinha um senhor que consertava relógio, (Sr. Rildo), a Loja Musilar do Sr. Pedro Câmara e Sr Leopoldo, Loja das Tintas também do Sr. Pedro Câmara e Seu Juca, o gerente era o saudoso amigo Francisco Assis Bezerra. Tinha ainda o Armarinho de Dona Salome e outras casas comerciais.
No quarteirão entre a Rua Felipe Camarão e a Av. Deodoro, as casas comerciais que me recordo são: A Mercearia de Seu Carlos e outra menor onde trabalhavam duas senhoras irmãs. Tinha um pequeno mercado cujo nome era O Galo Vermelho, o nome do proprietário era Juarez. Ali já começavam as casas residenciais, lembro-me bem das residências dos amigos Eduardo Marinho, Walter e Valdecilio, amigos de infância. Do outro lado o muro do Colégio Imaculada da Conceição.
Não existia a praça com o “camelódromo” e o mercado Público da Cidade Alta era um grande centro comercial, por isto as ruas laterais e perpendiculares a Ulisses Caldas eram bem movimentadas. Uma delas era a Rua Vigário Bartolomeu e sua continuação a Rua São Tomé onde ficava a Farmácia Confiança de Seu Barreto. Vizinho tinha um senhor muito forte que concertava relógios conhecido por Seu Cunha. Por ser grande e forte a “meninada” da Farmácia Natal o chamava pelo aumentativo do seu nome, ele por sua vez só fazia rir.
Próximo à esquina com a Rua Ulisses Caldas havia uma pequena banca que vendia confeitos, revistas e chocolates e ao lado existia o “Centro Israelita” que funcionou até o ano de 1968.
VOLUNTÁRIO DO ASSU
Natural de Assu-RN, Ulisses Caldas, nasceu a 5 de maio de 1846 e faleceu a 7 de novembro de 1866. Era filho do Alferes FRANCISCO JUSTINO LINS CALDAS e de MARIA GORGÔNIA HOLANDA WANDERLEY. Em sua juventude, transferiu-se para Natal, onde continuou os estudos iniciados em Assú, tornando-se popular em toda cidade, por seu espírito comunicativo.
Aos 18 anos, 10 meses e 12 dias de idade integrou o 29º Corpo Voluntário da Pátria composto por brasileiros que marcharam para a Guerra do Paraguai foi a Guerra do Paraguai, voluntariamente, combater contra o ditador paraguaio Solano López.
Eclodindo a Guerra contra o Paraguai, movido por forte gesto de patriotismo, alistou-se no Batalhão de Voluntário da Pátria, a 17 de março de 1865, integrando a primeira turma de voluntários, embarcando logo em seguida para o cenário da guerra, sendo-lhe dado a patente de alferes e no dia 4 de setembro de 1865 de Tenente. Foi o maior e mais sangrento conflito armado internacional ocorrido no continente americano. A tríplice aliança Brasil, Argentina e Uruguai, derrotaram o Paraguai. Ulisses, tinha apenas 20 anos de idade.
Ao seu irmão, João Perceval que encontrava-se no Recife e que também alistou-se como voluntário, deram-lhe o posto de sargento.
No período sangrento da Guerra do Paraguai, apesar de sua juventude, foi um “exemplo de coragem, de tenacidade, de sangue frio perfeito’’. Não se deixava abater, encorajando com entusiasmo aos seus companheiros de luta.
Logo no primeiro combate, demonstrou que era um bravo. Numa determinada ocasião, “após a explosão de uma mina e vendo dispersos os membros mutilados de companheiros mortos ao seu lado, gritou aos sobreviventes, num lance de indômita coragem, avança, camaradas! ainda é vivo Ulisses!”, e toma, ele mesmo, à ponta de espada e por entre um chuveiro de balas, duas peças de artilharia ao inimigo, sendo, do corpo a que pertencia, o primeiro que galgou as suas trincheiras”.
Por este valente feito, foi condecorado, por determinação do imperador D. Pedro II, com o hábito de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro, em reconhecimento aos seus atos de bravura e amor à Pátria. Seu nome, tornou-se uma legenda.
Sua espetacular bravura, o arrojo com que carregava, estimulando seus homens, criou-lhe uma lenda de invulnerabilidade, comenta CÂMARA CASCUDO (1984., p. 521). E essa fama parecia se confirmar no campo de batalha: Em 13.10.1886, com uma patrulha de 8 soldados, resistiu a 80 paraguaios, não cedendo terreno até que fosse reforçado (op. cit., mesma página).
Outros historiadores mencionam seus feitos com igual admiração. TAVARES DE LYRA lembra um episódio no qual ele toma, sozinho, ( … ) à ponta de espada, por entre um chuveiro de balas, duas peças de artilharia ao inimigo, sendo, do corpo a que pertencia, o primeiro que galgou suas trincheiras (1982, p.358).
A cada combate, aumentava seus atos de valor e “ao falecer, a sua fé de ofício oferecia, pelo número de elogios que continha, um verdadeiro contraste com a rapidez de sua carreira militar”.
Com sua espetacular bravura, encorajava seus homens, guiando-os de espada em punho, nas frentes de batalhas. No comando, “atirava-se às refregas acesas, criando renome, citado, apresentado aos comandantes como exemplo de coragem, de tenacidade, de sangue frio”.
Em outra oportunidade, porém, saíra com o 29º Corpo em reconhecimento quando tiveram que engajar duro combate, desta feita sendo mortalmente ferido. Ulisses Caldas, então aos 20 anos de idade, faleceu. Era o dia 7 de novembro de 1866, nas avançadas da tomada de Curuzu e com menos de dois, prestados ao serviço militar, deixando às gerações futuras, “um nome e uma tradição de heroísmo que não morrerão jamais”.
É patrono da rua onde está hoje o edifício da Prefeitura Municipal, no bairro Cidade Alta, região administrativa leste do Natal, de rua no município de Assu (RN) e de praça em Porto Alegre (RS).
Por carta, João Perceval comunicou aos seus pais, a morte de seu irmão :
“Meus caros pais, abençoam.
Acampamento em Curuzu, 8 de novembro de 1866.
Depois de ter passado por tantos trabalhos, por tantos perigos, veio a sucumbir em um tiroteio que houve entre nosso piquete e o inimigo, ontem às 9 horas e meia da manhã, o meu querido irmão Ulisses, o maior amigo que eu tinha. VV. mercês. devem avaliar a minha dor, pela de VV. mercês. Estava eu com o batalhão junto às trincheiras, quando soube que ele tinha sido baleado. Imediatamente entreguei a bandeira a outro alferes e segui para o hospital onde ele se achava. Em caminho soube que ele (baleado) foi conduzido morto; cheguei ao Hospital, com efeito, achei-o na eternidade, cercado por muitos oficiais e soldados; entrei, dei-lhe um ósculo na face, muitas lágrimas banharam meu rosto pálido, mas não desfigurado. Sai a fim de preparar o caixão, sepultura e arranjar o que era necessário para sepultá-lo com decência, para o que muito se prestaram alguns comprovincianos nossos que são meus verdadeiros amigos. O ferimento foi de lado, no braço direito quase no costado do ombro; não quebrou o osso, porém a bala foi ao coração. É doloroso esse golpe que acabamos de sofrer, porém alguma cousa aliviada pela brilhante figura que fez sempre em todos os combates em que se achou, pelo que foi sempre elogiado nas ordens do dia do seu comandante e mesmo do Exmo. Sr. General”… Tudo isto, meus caros pais devemos encarar com muita resignação. Deus o tenha em sua glória. Adeus. Aceitem o coração saudoso de seu filho obediente e amigo – JOÃO”.
No ano seguinte, Luís Wanderley, conterrâneo de Ulisses Caldas, dedicou-lhe os seguintes versos:
“Porém depois da vitória
Morreu… Que resta! Uma cruz!
Uma página da História,
Escrita com muita glória,
Cercado de muita luz!… “
OS IRMÃOS – HEROIS DO RN
Ulisses Olegário Lins Caldas era 2o sargento, sendo promovido a alferes do 36o V.P do Maranhão, após a batalha de Curuzu. Ferido na 2abatalha de Tuiuti, foi morto em ação, lutando junto ao 16o Batalhão de Infantaria. As baixas brasileiras nesse ataque foram de 148 mortos, 339 feridos e 42 contusos. É patrono de rua no bairro Bom Pastor, região administrativa oeste do Natal.
O Alferes João Perceval Lins Caldas (foto à direita), nascido no dia 15 de julho de 1847. Perceval Caldas era empregado do comércio no Recife, carreira que ele havia abraçado, quando foi ciente da resolução do seu irmão Ulisses Caldas de participar da Guerra do Paraguai.
Sentindo vibrar em sua alma o sentimento patriótico, obteve a licença de seus pais e acompanhou o seu irmão Ulisses corajoso e destemidamente. A sua ação nos campos do Paraguai foi um estimulo valoroso para as armas brasileiras devido ao grande sentimento que alentou seu peito ainda jovem, sentimento que deixava transparecer não só nos seus atos de bravura e correta disciplina como em suas palavras plenas de amor e civismo, encorajando seus companheiros.
Tomou parte em vários combates, portando-se em todos com louvável bravura e recebendo por isso manifestações de aplauso dos seus superiores. João Perceval Lins Caldas era sempre escolhido para difíceis empresas e julgava-se desvanecido por esse merecimento. Relacionava-se muito com a sua família, demonstrando em suas correspondências o prazer que o animava nas lutas e a grande veneração ao Brasil.
Relatava minuciosamente as ocorrências dos combates em que tomava parte, dando notícias de seus conterrâneos e conhecidos. Foi ele próprio quem comunicou à família o falecimento de seu irmão Ulisses Caldas. Após uma fase de glórias, faleceu no combate do Forte do Estabelecimento das linhas de Humaitá a 19 de fevereiro de 1868. Aos 20 anos de idade.
PALÁCIO FELIPE CAMARÃO
O Conselho de Intendência Municipal de Natal foi uma instituição constituída no início do regime republicano, acompanhando um movimento que se inicia neste país com a queda da Monarquia, o qual derruba as antigas Câmaras Municipais, de acordo com o discurso republicano, e institui os Conselhos de Intendência, norteados, ao menos em tese, pelo princípio da autonomia municipal expresso na primeira constituição republicana, de 1891.
O Conselho funcionou no velho casarão de linhas coloniais, sede da Intendência Municipal até 1922, pois neste ano o prédio foi demolido para edificar a atual sede da Prefeitura Municipal de Natal, localizada na rua Ulisses Caldas, 81, Cidade Alta.
A história da construção dessa nova sede revela alguns elementos da história da instituição que ela abrigará. Em 1905, em um rico relatório, o coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura trata, entre outros pontos, do paço municipal.
As palavras são de lamentação e revelam a precariedade do funcionamento da Intendência e de sua situação financeira. Relata o intendente que “Sem edificio proprio para o funccionamento de suas sessões e outras necessidades administrativas, a Intendencia desta Capital tem peregrinado por varios predios, com detrimento da bôa ordem e regularidade do serviço publico”.
Tendo consciência de que esse estado de coisas era prejudicial ao desenvolvimento das atividades da Edilidade, os intendentes elaboraram uma resolução, segundo consta no relatório citado, aprovando a compra de uma casa que servisse como sede para o poder municipal. Um prédio, em mau estado, foi comprado no início da avenida Junqueira Ayres, na Cidade Alta. Aconteceu, porém, que a Intendência teve de se desfazer da propriedade em curto espaço de tempo, transferindo-a ao governo do Estado, em virtude de dívida contraída para a reconstrução do mercado público, em 1901. Joaquim Manoel revela-se, contudo, otimista em relação à aquisição de um novo prédio para o governo municipal, afirmando que o malogro da primeira tentativa não deveria causar desânimo nos intendentes.
E não demora muito para que a Intendência busque novamente adquirir um prédio próprio. No ano de 1906, os intendentes aprovam uma nova resolução, de nº 103, autorizando o presidente a despender uma quantia de até quinze contos de réis para adquirir um edifício em condições de abrigar as atividades da Intendência. Ao que vemos das resoluções seguintes, a verba deve ter sido insuficiente ou, o que é mais provável, nunca saiu do papel.
Isto porque, em 1909, por meio da resolução nº 135, o Conselho de Intendência autoriza o seu presidente, ainda o coronel Joaquim Manoel, a contratar, com o coronel João Chrisostomo Galvão, importante proprietário local, o aluguel de uma casa situada no ângulo da Rua Vigário Bartolomeu com a Ulisses Caldas, na Cidade Alta, pelo prazo máximo de cinco anos. Em algum momento entre os anos de 1909 e 1912, essa mesma casa deve ter sido comprada ao coronel João Chrisostomo, visto que a resolução de nº 167/1912 autoriza o presidente da Intendência a vender “a casa de
propriedade desta Intendencia, situada no angulo das ruas Vigario Bartholomeu com a Ulysses Caldas”, pelo valor de seis contos de réis. A venda do imóvel, recentemente comprado, devia-se à necessidade dessa instituição de arrecadar verba para a construção de um novo cemitério no subúrbio da capital, segunda consta no artigo 2º da citada resolução.
O novo cemitério não veio; a cidade teve de se contentar com o já existente, no Alecrim, região da cidade tornada oficialmente bairro em 1911. De 1912 em diante, não temos mais resoluções que contem a história da peregrinação do Conselho de Intendência pelas ruas da cidade, em busca de uma sede própria. Mas, vemos pelos jornais que, em algum momento da década de 1910, a Intendência mudou-se para um prédio situado na esquina da Rua Ulysses Caldas com a Avenida Junqueira Ayres. O prédio, visto na imagem a seguir, era vizinho da farmácia Torres, do farmacêutico Joaquim Torres, personagem que também integrou o Conselho de Intendência.
O dito prédio foi posto abaixo em 1922, na gestão do presidente Theodosio Paiva, tendo sido construído um novo no mesmo ano, dentro das comemorações do centenário da Independência do Brasil. A nova sede era imponente por sua arquitetura e representava uma nova fase da Intendência, que vinha desde fins da década anterior reerguendo as suas finanças.
No centenário da independência a cidade viveria mais mudanças, entre as quais a tão desejada construção da nova sede do poder municipal, a qual tantas vezes havia sido adiada em razão das dificuldades financeiras enfrentadas pela edilidade. O governo do estado e a Intendência preparavam a capital potiguar para aquela que seria, certamente, a maior comemoração até então já realizada pelo regime republicano.
Antes da formação dessa comissão e do início de seus trabalhos, ainda no início daquele ano, a Intendência mandara publicar n’A Republica o edital de concorrência para a construção de sua nova sede. As propostas deveriam ser apresentadas até o dia 20 de janeiro e os proponentes deveriam seguir a planta do prédio já aprovada pelo governo municipal. Mas, os valores que a edilidade desejava pagar ao proponente vencedor da concorrência, certamente não eram muito atraentes, tendo em vista que nenhum candidato compareceu à Intendência dentro do prazo previsto. Diante disso, a municipalidade abriu novo edital, no final daquele mês.
A partir desse ponto, a construção da nova sede do Conselho de Intendência é um mistério. Os jornais locais que pesquisamos, A Republica e A Imprensa, não publicaram nenhuma matéria que tratasse do erguimento do novo prédio do poder municipal, até a sua inauguração, no dia 7 de setembro.
Nesta data e nas seguintes, até o dia treze desse mês, os jornais a que nos referimos tratam dos oito dias de comemoração programados pelo governo do Estado, com apoio do Instituto Histórico e Geográfi co do Rio Grande do Norte e da Associação Comercial, nos quais ocorreram uma regata, uma festa veneziana, um corso de automóveis, uma exposição dos principais elementos da indústria local, além da inauguração
do monumento da Independência, na Praça Sete de Setembro, ápice das comemorações. Sobre a inauguração do prédio na esquina da Ulisses Caldas com a Junqueira Ayres, os jornais serão contidos, descrevendo o ato em um parágrafo.
N’A Republica, vemos que Ás 12 horas, effectuou-se a inauguração do novo edifício da Intendencia Municipal, no seu antigo local, á rua Ulysses Caldas. Presentes o governador, secretario do Estado, membros do Tribunal e muitas outras auctoridades, em um salão do pavimento superior, e ao redor de uma mesa, o major Fortunato Aranha […] fez um discurso allusivo ao acto, saudando o exmo. dr. Antonio de Souza, o qual proferiu expressões congratulatorias, declarando inaugurado o edifício […].
Em 20 de maio de 1955, recebeu a denominação de Palácio Felipe Camarão. Este prédio possui uma rica decoração, apresenta no ângulo formado por duas fachadas: uma tribuna (NESI, 1994). Apesar de não ser Tombado, seu valor histórico e arquitetônico o faz lugar de memória da cidade de Natal.
POTIGUARÂNIA E MAGESTIC
Os cafés Potiguarânia e Magestic representam, na história dos homens de letras da cidade do Natal, dois recintos exíguos onde os literatos da cidade se reuniam. Dois ambientes sucessores, uma vez que a Potiguarânia deu origem ao Magestic a partir do ano de 1919.
Ambos podem ser identificados como ambientes que formaram redes literárias. As rodas literárias dos dois cafés foram indispensáveis, portanto, ao cotidiano dinâmico das sociabilidades entre os homens de letras de Natal.
A Potiguarânia e o Magesticcompõe a lista dos cafés mais frequentados na cidade, sendo identificados como cafés falado, comentado, frequentado por uma freguesia seleta e escolhida, no meio da qual se distinguiam relevantes figuras das nossas letras e das nossas artes.
Potiguarânia
Localizamos o Potiguarânia na topografia da cidade do Natal nos últimos anos do século XIX. Fundado em 19 de julho de 1894, o Potiguarânia é identificado como a “casa de diversões mais importante” do bairro da cidade Alta, localizado na Rua Ulisses Caldas, número 101. Foi no “antigo e acreditado estabelecimento recreativo que constituiu-se o centro das mais agradaveis diversões não para innumeros freguezes, como também para muitas Exmas. famílias”, cujo os poetas e os prosadores da cidade do Natal do século XIX costumavam se reunir.
O nome do café fazia alusão ao chão norte rio-grandense, terra do índio Poti Felipe Camarão: a potiguarânia. No que respeita às práticas recreativas, o Potiguarânia é identificado como casa de bilhar, em que “de lá saíram os melhores jogadores de bilhar”.
O café fundado por Ezequiel Wanderley ofereceu à sociedade natalense noites de animados jantares. Em dias especiais como, por exemplo, o dia de São Pedro (28 e 29 de junho), o Potiguarânia promoveu um festejo com a participação da orquestra do Batalhão de Segurança junto à exibição de um “graphophone” que tocou outras composições maestrais.Nos dias de domingo e feriados, o Potiguarânia funcionava promovendo o sistema de jantares especiais aos seus frequentadores.
O estabelecimento reuniu indivíduos como José Pinto, Celestino Wanderley, Segundo Wanderley, Uldarico Cavalcanti, Aurélio Pinheiro, Antônio Marinho, Pedro de Alcântara Melo, Francisco Palma e outros grupos de “gente moça trocando ideia sobre jornalismo, arte, enfim, tudo que no momento atraísse a atenção da cidade”. No entanto, o café era frequentado pela “finesse natalense”805. O Potiguarânia vedava a entrada, na porta, dos fregueses que não convinham, compondo assim uma freguesia escolhida.
Café Magestic
No ano de 1919, o proprietário Ezequiel Wanderley encerrou as atividades do café Potiguarânia. O literato vendeu o estabelecimento para Urbano Benjamim Simonete. Simonete, por sua vez, transformou a Potiguarânia em Magestic. A fachada do café da família natalense deu lugar às cores vivas do nome Magestic. Não sabemos o que motivou a mudança do nome do café, contudo, o novo negócio não deu certo. No ano seguinte, o
Magestic foi vendido a uma sociedade comercial composta por Jorge Fernandes, Deolindo Lima, Barôncio Guerra, Aurélio Flávio e Pedro Lagreca: um grupo de escritores. De Potiguarânia ao Magestic, é certo que o café continuava na direção de homens de letras da capital norte-rio-grandense. Característica que, a nosso ver, foi essencial às atividades que o café Magestic passou a abrigar.
Daí por diante o Magestic passou a ser exclusivamente café e bar, extinguindo as atividades de bilhares e jogos de outrora realizados no Potiguarânia. Houve outras modificações. O café passou a ocupar quase um quarteirão inteiro composto pela Ulisses Caldas, 21 de março e a Praça do Mercado. Na imagem abaixo podemos visualizar a Rua Vigário Bartolomeu e, no lado esquerdo, parte do café Magestic na esquina da rua.
A entrada no café Magestic passou a ser franca. Se o Potiguarânia funcionava das 9 horas até às 22 horas, os encontros no Magestic entravam pelas madrugadas alegres e estendiam-se até que seus frequentadores pudessem saudar o Sol. O café, constantemente, enchia sempre após às 19 horas. As animadas noites no Magestic acompanhava o desenvolvimento da vida noturna da cidade do Natal. A cidade “mal iluminada” dos primeiros anos do século XX, no ano de 1919, já contava com a iluminação elétrica.
O sótão do café correspondia à segunda fase das reuniões. No sótão, um grupo de escritores reuniu-se frequentemente nos dias de sábado, domingo e feriados. O grupo era integrado por Luís da Câmara Cascudo, Jorge Fernandes, Othoniel Menezes, Ezequiel Wanderley, Lucas Wanderley, Evaristo Souza, Edinor Avelino, Oliveira Júnior, Bezerra Júnior, Jaime Wanderley, Abelardo Bezerra, José Wanderley, Barôncio Guerra, Pedro Oscar, Renato Wanderley, João Apolinário Barbosa, Abel Furtado, Deolindo Lima, Sandoval Wanderley, Francisco Bulhões, José Tabira, Carlos Siqueira, Francisco Leraistre, Teodorico Guilherme, Pedro Lagreca, Aurélio Flávio, Carmelo Pignataro, Francisco Pignataro, João Gomes da Câmara, Luís Maranhão, Joca Lira, Waldomiro Moreira Dias, Odorico Moreira Dias, José Barbosa, Platão Wanderley, Apolônio Seabra, Eurico Seabra, Francisco Dantas, Moysés Soares, Octacílio Alecrim, Augusto Coelho, João Amorim Guimarães, Manoel Seabra, Elissósio Guimarães, Absalão Simonete, Rodolfo Maranhão, Estevam Antunes, Augusto Coelho, José Gomes, Antônio Fontes, João Galvão, Pio Barreto, Francisco Madureira, José Laurindo, José Barbosa, Jorge Dantas, Capitão Lustrosa.
Na crônica “O Grande Ponto”, Luís da Câmara Cascudo contrapõe o Grande Ponto – localizado na esquina da Av. Rio Branco com a Rua Pedro Soares – com o café Magestic. O cronista potiguar, frequentador da “academia de letras da Rua Ulisses Caldas” nas décadas de 1920 e 1930. Para o grupo de Luís da Câmara Cascudo, o Grande Ponto correspondeu a uma “fixação puramente topográfica”, o Magestic foi muito mais significativo. As atividades sociais desenvolvidas no café conferem-lhe um significado. Portanto, se o Grande Ponto é o não lugar, onde não há enraizamento, o Magestic é fixidez, inércia, lugar.
Ainda que o acesso ao café Magestic fosse gratuito, era dentro do ambiente que se realizada a seleção. A seleção se dava mediante a exclusão daqueles que não faziam parte do grupo de escritores.
Os “homens de pouco recurso nas letras” encontraram no recinto a oportunidade de aprender com os ensinamentos de escritores como Câmara Cascudo, Othoniel Menezes e Jorge Fernandes. Às vezes, as tertúlias literárias também contavam com a presença de Henrique Castriciano, compondo o quadro de “mestres”.
Foi frequentando o café que Luís da Câmara Cascudo escreveu a sua primeira obra – Joio, que Jorge Fernandes compôs seu Livro de Poemas, que Jaime Wanderley escreveu Boneca de Chocolate, que Othoniel Menezes deu origem à Jardim Tropical, que Renato Caldas compôs Fulô do Mato e Ezequiel Wanderley, a obra Balões de Ensaio. Foi ainda, frequentando as calorosas noites literárias do café que Barôncio Guerra foi cursar Direito no Recife, que Reis Lisboa deu início à carreira de jornalista, que Edinor Avelino e Bezerra Júnior ensaiaram-se seus poesia, que Damasceno Bezerra revelou-se poeta. O Magestic promoveu o conhecimento das peças compostas por José Wanderley; apresentou a literatura a Renato Wanderley; fez conhecer os poetas Adriel Lopes, Elissósio Guimarães, Oliveira Júnior, João Estevam.
FARMÁCIA NATAL
Ponto de encontro de velhos amigos, refúgio dos que acreditam nos remédios formulados e centro de conspirações para a Revolução de 1930, a Farmácia Natal, 41 anos depois de fundada, fechou as suas portas definitivamente, no dia 30/11/1975, levando um pouco da história da cidade.
Embora tenha passado ligeiramente pelas mãos de outros proprietários, a Farmácia Natal, na verdade teve apenas dois proprietários: os farmacêuticos Omar Lopes Cardoso, fundador em 1924, e Clodoaldo Marques Leal que a partir de 1933 assumiu e durante todo esse tempo permaneceu manipulado.
Para levantar um pouco da história da Farmácia Natal, a exemplo do que foi feito para a reportagem já publicada no Módulo III, a reportagem do diário de Natal reuniu as três pessoas capazes de contar a vida da farmácia: Omar Lopes Cardoso, fundador, Clodoaldo Marques Leal e João Dias de Araújo, continuadores.
Para o farmacêutico Amar Lopes Cardoso, formado pela Faculdade de Farmácia de Recife, em 1922, a Farmácia Natal, nos primeiros anos, era a mais bonita e sortida da cidade. Depois, com o tempo, as grandes drogarias foram surgindo e suplantando a velha casa, reduzida apenas ao laboratório de manipulação, como está atualmente.
De 1924 a 1930, o sr. Omar Lopes Cardoso esteve a frente da Farmácia Natal. Mas, nos primeiros meses de 1930 já participava das conspirações da Revolução de 1930, que iria estourar nos primeiros dias de outubro. Dias entes de romper o levante, deu balanço no estoque e vendeu tudo ao sr. João Ferreira, que ficou até meados de 1933.
Ainda em 1933, por três meses, a farmácia passou a pertencer ao sr. Pedro Moura, em sociedade com o sr. Augusto Pereira. E foi nessa época que o farmacêutico Clodoaldo Marques Leal. Seu Cloro, como é mais conhecido entrou para a história da Farmácia Natal, onde permanecerá até o próximo dia 30.
Ao lado de Seu Cloro, trabalha na Farmácia, como sócio, desde 1933, o sr. João Dias de Araújo, que também sabe manipular, ou seja, executar todas as fórmulas que aparecem. Em seus últimos dias de funcionamento, mesmo com toda a quantidade de drogas, a Farmácia Natal ainda preparava cerca de 20 fórmulas por dia, sendo praticamente e única no gênero.
Com seu aspecto humilde, a Farmácia Natal parece ser o refugio de quem acredita mais nas fórmulas manipuladas do que nos remédios industrializados e ninguém saia de lá sem antes perguntar a opinião de seu Cloro ou se Seu João sobre o tipo de remédio melhor ou mais eficiente.
Agora a Farmácia Natal vai fechar suas portas. Já, no velho prédio da Ulisses Caldas com a vigário Bartolomeu, foi instalada uma loja especializada em artesanato e moveis de vime. Mas ao lado, no nº 562 da Vigário Bartolomeu, o laboratório aberto em 1924 continuou existindo.
Antes todas as farmácias manipulavam e a primeira coisa era ter o Chernoviz (livro-dicionário da farmácia antiga, desde 1870).
Na Farmácia Natal, além das conspirações, em 1930, há as conversas mais tradicionais da cidade, como se fosse um novo Magestic. Lá, todos os dias estão Gentil Barbosa, Sérgio Santiago, Omar Lopes Cardoso e outros, além dos já falecidos, como é o caso do professor Severino Bezerra. Como o laboratório vai continuar, as conversas também vão.
ROYAL CINEMA
A abertura dos primeiros cinemas na capital marca uma nova fase no seu desenvolvimento. Os natalenses passam a ter contato com novas formas de culturas através dos filmes, além de fornecer uma nova forma de diversão e entretenimento constante a população.
Esses cinemas representaram uma mudança nos hábitos da sociedade de então, pois ofereciam à cidade um ponto de encontro onde as pessoas poderiam se encontrar não apenas para assistir filmes mas para desfrutar dos outros serviços que os cinemas ofereciam. Por muito tempo o cinema dominou a vida alegre da cidade.
Com o sucesso do Polyteama (1911), em 1913 inauguram-se mais dois cinemas: o Phaté e o Royal, que por muitos anos monopolizariam a exibição de filmes na cidade. O Pathé ficava na Avenida Tavares de Lira e foi inaugurado numa quarta-feira, dia 19 de fevereiro de 1913 ( mais não encontrei registos de fotos no local ). O Pathé esse nome é uma homenagem a um dos pioneiros da Sétima Arte, o francês Charles Pathé.
Cinema Royal
Voltando ao cinema Royal que por algumas décadas dominou o cenário fazendo a alegria de muitos com exibições de filmes da distribuidora Norte Americana. Era localizado no cruzamento das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu. Era o único cinema do bairro de Cidade Alta. Na capital potiguar, assistir o filme era um dia muito importante, no qual as pessoas tiravam as melhores roupas do guarda-roupa. Por isso, que os rapazes estão de terno. Foi neste cinema que inspirou a valsa de mesmo nome, do compositor Tonheca Dantas, que trabalhava no cinema.
O Cinema Royal foi inaugurado em 1913, dois anos após do Polytheama. Era lá que exibia os sucessos americanos do momento e depois do filme as pessoas utilizavam as dependências do estabelecimento para paquerar e fazer um lanchinho. No Royal Cinema eram exibidos os filmes mudos, mas apenas em 1931 começou a exibir filmes sonoros, como “O Cantor de Jazz”, considerado o primeiro filme deste gênero.
Aos domingos o canalhismo era tremendo (…) ‘o porteiro comia fogo nas mãos dos insubordinados’.” Durante aproximadamente duas décadas esses cinemas controlaram a exibição dos melhores filmes vindos das distribuidoras norte-americanas. Quando um cinema passava um filme o outro só começava suas exibições quando o anterior terminava. Sendo uma grande mistura de gêneros, as exibições cinematográficas agradavam a todos os gostos, e de maneira sutil e definitiva foram substituindo as antigas diversões do natalenses. A cidade representava um mercado consumidor ávido pelas novidades cinematográficas (Cristiane Monteiro Aragão e Rosangela Monteiro Aragão).
Música
Os pianistas mais conhecidos que tocavam no Royal foram Generosa Garcia, Garibaldi Romano e o popularíssimo Paulo Lyra; o piano solista era para as sessões comuns e dias de semana.
De acordo com o site do Gomes de Melo, nos dias especiais, com festas ou solenidades, tocava um conjunto, como o composto por Paulo Lyra ao piano, Manoel Prudêncio Petit na Flauta, Cândido Freire no saxofone, Calazans Carneiro no contrabaixo e João Cosme na bateria.
Um grupo que tocou durante longos períodos no Royal Cinema era formado por Educardo Medeiros ao Violão, Tibiro no saxofone e Tonheca no “clarinete”. O repertório era o comum para a época e as músicas se adaptavam ao tipo de cena que o filme apresentava; música alegre para filmes cômicos e langorosas valsas para cenas românticas.
Para melhorar o ambiente introduzindo músicas novas, o proprietário do Royal Cinema encomendou a Tonheca, já conhecido como compositor, uma valsa para ser tocada na abertura das sessões. Foi assim que surgiu o Royal Cinema, que ficou famosa no mundo inteiro na Segunda Guerra Mundial através das transmissões da rádio BBC. Hoje é tocada em orquestras, bailes e em todos os lugares.
O Royal Cinema fechou ainda na década de 30, por não conseguiu acompanhar a modernização dos cinemas. Hoje, sua fachada se encontra toda descaracterizada.
O maestro potiguar Toneca Dantas
A Valsa Royal Bastante conhecida pelos potiguares em festas públicas onde temos a presença da orquestra sinfônica. Mais poucos sabem que essa música é de um potiguar ela foi feita em homenagem ao cinema Royal.
A Valsa Royal era tocada antes e depois de cada apresentações. O Mestre Tonheca Dantas (assim ele era conhecido) mesmo com toda a influência e amizade nas rodas sociais da época e mesmo assim foi bastante injustiçado pelo poder publico da época e também os atuais já que seu nome é esquecido na nossa história.
A Importância de Tonheca Dantas ao cinema principalmente a popularidade que teve em todos as camadas sociais na época apesar do reconhecimento não conseguiu êxito financeiro no RN, fato que o fez procurar trabalho na Paraíba não ganhou dinheiro foi pobre, e na ultima fase da vida serviu como soldado raso na polícia Militar.
O Apelido
O prefeito Djalma Maranhão apelidou de “Strauss Papajerimum”. Suas Origens Sertanejo de origem humilde, filho de João José Dantas oficial Militar,e da escrava Maria do Espirito Santo escrava alforriada e Tonheca Dantas como era conhecido nasceu em Caraúbas dos Dantas em 1871 contrariou todos os prognósticos e ultrapassou fronteiras e hoje suas musicas é presença obrigatória no repertorio de bandas filarmônica no Brasil e no Exterior sua valsa “Royal Cinema” foi concebida especialmente para animar o publico antes e apos as sessões do cinema Royal.
A Guerra
Esta valsa foi tocada exaustivamente pela Radio BBC de Londres, durante a segunda guerra mundial, infelizmente executada como sendo de “autor desconhecido” Suas composições eram principalmente valsas, dobrados, maxixes, hinos, xotes, polcas, marchas e outros gêneros musicais orquestrados. São obras famosas também a as valsas Delírio e A Desfolhar Saudades, a marcha solene Republicana e o dobrado Tenente José Paulino.
BECO DA LAMA
A atual Rua Dr. José Ivo, popularmente conhecida como Beco da Lama, localizada no bairro da Cidade Alta, durante a sua secular existência, já mudou de nome várias vezes. Durante muitos anos, foi conhecida como Rua do Meio, por se localizar entre a Avenida Rio Branco e a Rua Gonçalves Lêdo. Com o tempo, passou a ser conhecida como Rua da Luz, pelo fato de Maria da Luz, parteira da cidade, residir na esquina daquela rua com a Rua João Pessoa. Posteriormente, em obediência ao Decreto Municipal de 13/02/1888, passou a se chamar Rua Felipe Camarão, sendo esta denominação substituída por Vaz Gondim para, finalmente, chamar-se Dr. José Ivo.
O Beco da Lama, hoje notoriamente conhecido em todos os pontos cardeais da cidade do Natal, serve como arcádia aos intelectuais, boêmios e cultuadores das artes. Palco diuturno de amizades grandes e brigas maiores, não foi, em princípio, o detentor primeiro dessa enlodada designação.
Local de memória, este logradouro desde sua origem caracterizou-se por ser lugar de alegria e das artes, antes foi denominado de Beco Novo como informa a pesquisadora Nesi (2002, p. 46):
O Beco Novo era um animado e movimentado logradouro público de Natal. Em 1841, o primeiro teatro da cidade foi destruído por um incêndio. Tratava-se de um barracão de palha situado na atual Gonçalves Ledo. Como a Sociedade do Teatro Natalense, proprietária do barracão, não dispunha dos recursos necessários à sua recuperação, os grupos amadores de então passaram a representar em teatrinhos improvisados, instalados em algumas ruas de Natal. No Beco Novo eram freqüentes aquelas representações.
Do final do séc. XIX para a primeira metade do séc. XX, a Rua Voluntários da Pátria (à época Beco Novo), prolongava-se ligando a Praça Padre João Maria (à época Praça da Alegria) à Rua Ulisses Caldas, cortando em seu trajeto a Rua Coronel Cascudo. O trecho compreendido entre a Rua Coronel Cascudo e a Rua Ulisses Caldas, e que está registrado no Mapa da Cidade do Natal, elaborado em 1864, e publicado no Atlas do Império do Brasil, de Cândido Mendes de Almeida, passou a ser conhecido como Beco da Lama, por tratar-se, segundo Luís da Câmara Cascudo, de um trecho enlameado.
Entre os anos de 1937 e 1945, o Beco da Lama foi fechado, passando esse acesso a fazer parte dos quintais das casas localizadas às Ruas da Conceição e Vigário Bartolomeu. Existe ainda hoje, na esquina da Rua Vigário Bartolomeu com a Coronel Cascudo, uma casa violentada pela ação do tempo e pelas mãos dos homens. Esse imóvel é testemunha do meu nascimento e dos meus primeiros trinta anos.
A cidade dona do título de “noiva do sol”, conhecida por suas praias e dunas, pulsa vida no Beco da Lama, lugar ideal para quem procura entender a alma do natalense.
Com o desaparecimento do Beco da Lama original, a rua hoje denominada Dr. José Ivo, no trecho compreendido entre a Rua Ulisses Caldas e Rua João Pessoa, passou a ser a herdeira natural do apelido que pertencia outrora ao acesso da Rua Coronel Cascudo à Rua Ulisses Caldas.
Revitalização
Tradicional e histórico reduto da boemia e da cultura potiguar, o Beco da Lama (Rua Vaz Gondim, Cidade Alta), passou em 2019 por um processo de transformação. E os responsáveis pela nova estética serão cerca de 40 artistas do grafitti comandados pelo renomado Dicesarlove.
O projeto faz parte de uma série de ações que a Prefeitura do Natal vem promovendo no Centro. Desde os shows inéditos no Natal em Natal (em dois palcos), passando pelo projeto Choro do Caçuá (praça Padre João Maria) e a entrega da reformada Travessa Pax que abriga o Espaço Cultural K-Ximbinho, além das ações de fomento no espaço Ruy Pereira (lateral do IFRN).
MEMORIAL DA JUSTIÇA
O Memorial da Justiça Desembargador Vicente de Lemos, abriga a história do Judiciário do Rio Grande do Norte, através de painéis descritivos, desde a década de 30 até os ano 80 além de fotos e livros.
O prédio fica na esquina das ruas Ulisses Caldas e D. Pedro I. Ali, no local onde foram erguidas as primeiras casas da cidade no início do século XVII, foi também residência de Alice China Barata (filha de Afonso de Loyola Barata) até os idos da década de 1960, pouco antes de virar Hotel Majestic.
FONTES:
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Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.
Caminhos de Natal / Jeanne Fonseca Leite Nesi ; ilustrações, Urban Sketchers Natal. – Dados eletrônicos (1 arquivo PDF). – 2. ed. – Natal, RN : IPHAN, 2020.
Caminhos que estruturam cidades: redes técnicas de transporte sobre trilhos e a conformação intra-urbana de Natal / Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros. – Natal, RN, 2011.
Cantos de bar: sociabilidades e boemia na cidade de Natal (1946-1960) /Viltany Oliveira Freitas. – 2013.
Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.
“Em cada esquina um poeta, em cada rua um jornal”: a vida intelectual natalense (1889-1930) / Maiara Juliana Gonçalves da Silva. – Natal, RN, 2014.
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Natal, outra cidade! [recurso eletrônico] : o papel da Intendência Municipal no desenvolvimento de uma nova ordem urbana na cidade de Natal (1904-1929) / Renato Marinho Brandão Santos. – Natal, RN : EDUFRN, 2018.
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