Rua Padre Pinto
A primeira referência documental de concessão de terras na atual Rua Padre Pinto, data de 18 de dezembro de 1766, cujo beneficiário foi Ponciano da Silva. Após aquela primeira concessão, houve várias outras doações ao longo da 2ª metade do século XVIII, até a década de 20 do século XIX.
A denominação original, rua do Fogo, apareceu pela primeira vez em 22 de agosto de 1818, em um registro de concessão de terras pelo Senado da Câmara do Natal, feita a José Florêncio de Albuquerque, “na rua do Fogo, onde tem um rancho de palha’’.
ANTECEDENTES
A cidade de Natal foi primitivamente edificada “num chão elevado e firme” a cidade pouco se desenvolveu. Devia ficar compreendida na faixa em que atualmente funciona o Tribunal de Justiça em sentido transversal na direção do rio Potengi pela rua Quintino Bocaiúva (Gonçalves Dias, até poucos anos atrás) ao norte. Pelo sopé da mesma elevação, terminais das atuais ruas Padre Pinto, Santo Antônio, Voluntários da Pátria, Gonçalves Ledo, Vaz Gondim e Av. Rio Branco, ao sul.
No século XIX no bairro da Cidade Alta constatamos a presença de diversas ruas e travessas. Estas, que eram orientadas perpendicularmente em relação ao Rio Potengi, atingiam o número de cinco. A primeira dessas travessas, cujo nome não pudemos encontrar, correspondia à atual Rua Apodi (trecho estreito), ligando as atuais Avenida Rio Branco e Rua Padre Pinto.
No sentido paralelo ao curso do Rio Potengi, verificamos a existência de algumas ruas. A Rua do Fogo, hoje chamada de Padre Pinto, que se estendia da atual Rua Interventor Rafael Fernandes até a travessa existente no oitão esquerdo da Igreja de Santo Antônio.
RUA DO FOGO
Antes de 1818, a rua era indicada apenas, como “paralela à rua de Santo Antônio”, ou ‘’rua nova por detrás de Santo Antônio’’. É desconhecida a razão do primeiro topônimo, sabendo-se apenas que era muito comum a denominação – rua do Fogo, em logradouros públicos, em diversas cidades brasileiras.
Existia em Portugal uma rua com esse nome. Pode também ter ocorrido um grande incêndio em uma das velhas cidades portuguesas, servindo o topônimo para recordar o pavoroso acidente.
FESTEJOS
Ainda no final do século XIX, a rua do Fogo natalense era um logradouro elegante e muito frequentado pela rapaziada da cidade. Ficaram famosas as serenatas e as festas noturnas daquela rua. Nas noites de luar, a rua se enchia de alegria, animada pelas belas e românticas modinhas de então.
As festas eram geralmente frequentadas pelos velhos conhecidos: Manuel Joaquim Açucena, João Manuel de Carvalho (futuro padre), Francisco Atílio, Jesuíno Rodolfo do Rêgo Monteiro (pai do historiador Tobias Monteiro), Pedro de Alcântara Deão e tantos outros, que constituíam a Geração do Recreio, órgão que em 1861 publicou a primeira obra literária da província.
O padre Pinto morou muitos anos na rua do Fogo, tornando aquele logradouro mais conhecido como a rua do Padre Pinto.
No dia 03/05 faz alusão a Santa Cruz da Bica que está situada no final das ruas Voluntários da Pátria, Santo Antônio e Padre Pinto. Considerada milagrosa, está sempre rodeada de fitas e flores. Festejada com novenário, missa, apresentação de banda de música e grupos folclóricos.
RUA PADRE PINTO
Em 13 de fevereiro de 1888, a Câmara Municipal do Natal procedeu a uma revisão da nomenclatura urbana, substituindo quase todos os topônimos da cidade. O padre Pinto tornou-se oficialmente o Patrono da rua, satisfazendo assim a vontade popular, já consagrada.
PADRE PINTO
Manuel Pinto de Castro nasceu em Natal, a 3 de agosto de 1773. Era filho do português capitão Manuel Pinto de Castro e de Francisca Antônia Teixeira. Teve ele muitos irmãos, entre eles três padres: Inácio, Joaquim e Miguelinho (frade e padre).
Quando criança, morava o futuro Padre Pinto em um casarão implantado em um sítio, na esquina das atuais ruas Frei Miguelinho e Silva Jardim.
Conciliava suas atividades eclesiásticas, como coadjutor da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação do Natal, com sua vocação de político decidido. Por três vezes foi ele membro do Conselho da Província e do Conselho Geral do Governo, além de Secretário do Governo, na gestão do tenente-coronel José Inácio Borges, vice-presidente da Assembleia Provincial e presidente da Junta do Governo, no período de 1822-1824.
Padre Pinto presidiu os festejos oficiais da proclamação da Independência do Brasil, jurando fidelidade ao Imperador D. Pedro I.
O historiador Luís Câmara Cascudo, assim o definiu: “O Pe. Pinto era uma criatura pequenina, gorda, andando depressa, gostando de ouvir histórias e achando graça nas anedotas. Esperava a hora da ceia debaixo das gameleiras da Praça da Alegria”.
Faleceu em 2 de agosto de 1850, à véspera do seu septuagésimo-sexto aniversário. Foi sepultado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, em Natal. Anos depois, seus restos mortais foram transladados para o Cemitério Público.
O Padre Pinto faleceu em casa, na rua de Santo Antônio, local onde residira nos seus últimos anos de vida, na mesma casa onde nascera seu sobrinho e afilhado, o coronel Bonifácio.
Passeio pelas ruas históricas da Cidade Alta de Natal/RN tendo como pontos de referência os marcos que marcavam a área de povoamento da capital potiguar: Praça da Santa Cruz da Bica e a outra na Praças das Mães. Vemos como se encontra a Rua Padre Pinto e seus redores.
FONTES:
Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.
Caminhos de Natal / Jeanne Fonseca Leite Nesi ; ilustrações, Urban Sketchers Natal. – Dados eletrônicos (1 arquivo PDF). – 2. ed. – Natal, RN : IPHAN, 2020.
Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/ Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.