A Coluna Capitolina
Esta coluna foi presenteada à cidade pelo então líder italiano Benito Mussolini para comemorar o vôo Roma/Natal, realizado em 1928, com a travessia do Atlântico sem escalas, pelos aviadores Arturo Ferrarin e Carlo Del Prete. De acordo com matérias da época, a intenção do Governo Italiano era bem mais simbólica, retomando o tempo em que o Império Romano marcava sua presença com marcos deste tipo, no extremo Oriente, Espanha, Bretanha, Asia Menor, África, Egito, entre outros locais.
Com 5,80 metros de altura em mármore cinza, a coluna está apoiada numa base com cerca de 3 metros quadrados. O monumento é uma coluna extraída das ruínas do templo sagrado de Júpiter, com cerca de 3.000 anos de idade, cuja localização fica no Monte Capitólio, em Roma. Daí a sua tradicional denominação (NESI, 1994).
Foi isto que ocorreu na então pequena Natal de 35.000 habitantes, em 1928, quando recebemos dois pilotos italianos que aqui chegaram com a intenção de bater um importante recorde, na época em que voar era uma ação pioneira e perigosa.
A FAÇANHA
Del Prete sabia que os ventos em direção a Natal são mais os favoráveis para a missão desejada. Tem o conhecimento que a cidade possui certa infraestrutura de apoio, comunicação e que um novo campo de pouso criado pelos franceses está em operação, em um lugar que ficaria mundialmente conhecido como Parnamirim.
Mas antes do “raid” para o Brasil, os dois pilotos batem na Itália o recorde de duração e de distância de voo em circuito fechado. Ferrarin e Del Prete seguiram então sem maiores problemas para a costa mediterrânea da África. Eles sobrevoaram sem paradas a colônia britânica de Gibraltar, depois Casablanca, Villa Cysneiros, Lãs Palmas, São Vicente, Porto Praia e depois iniciaram a travessia do grande Oceano Atlântico.
O aeroplano pesava 6.800 kg, tinha 27 tanques de combustível e estava equipado com rádio que transmitia código Morse. Mas não recebia. O motor era um Fiat A22T, 12 cilindros e 550 HP de potência, o que lhe permitia voar a uma média de 163 quilômetros por hora.
Já no dia 27 de junho os jornais de Natal informaram a partida de Ferrarin e Del Prete da Itália e a partir de então crescia a tensão para a chegada dos pilotos.
Conforme nos conta Paulo Pinheiro de Viveiros, em seu livro “História da aviação no Rio Grande do Norte”, na manhã do dia 5 de julho a estação de rádio da Marinha, localizada em Réfoles, as margens do Rio Potengi, captou a informação que os italianos estavam a apenas 50 milhas náuticas do Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Depois de ser confirmada a notícia por uma estação telegráfica particular, não houve mais informações sobre os aviadores.
A população natalense prestava bastante atenção aos céus, aguardando com ansiedade a chegada do Savoia-Marchetti S-64. Por ironia do clima e para dificultar a situação dos italianos, desde o dia 3 de julho chovia muito forte no nosso litoral. Durante todo dia 5, Natal estava coberta pôr pesadas nuvens e o povo já dava como certo que o avião italiano seguiria para Recife.
Após alcançarem o litoral os aviadores vagaram por várias áreas, existindo a suspeita que chegaram até mesmo a alcançar estados vizinhos. Retornaram a região onde avistaram primeiramente a costa brasileira e finalmente, ás 16:10 da tarde, sobrevoaram Natal. Da cabine Ferrarin e Del Prete viram as pessoas que acenavam com lenços brancos das ruas.
Após sobrevoarem Natal, buscaram o campo de Parnamirim, que sabiam ficar ao lado de uma estrada de ferro, mas sem resultado positivo. Seguiram então a baixa altitude em direção norte, passando sobre as praias em busca de um local de pouso. Ao sobrevoarem a praia de Genipabu foi observado pôr um fazendeiro, que prontamente reportou o fato para a sede do jornal “A Republica” e para as autoridades da cidade.
Sejam motivadas pelo relato deste observador, ou pela falta de maiores notícias, as autoridades da cidade aprestaram rapidamente o rebocador do porto de Natal, o “Lucas Bicalho”, para tentar ajudar os italianos que estariam em alguma das então desertas praias do litoral norte. Faziam parte da tripulação o engenheiro Décio Fonseca, chefe do porto de Natal, o comandante da Escola de Aprendizes de Marinheiros, Nereu Chalreu, o piloto da Marinha do Brasil, Djalma Petit e outros.
O rebocador estava preste a partir quando a tripulação foi informada que o aeroplano e seus aviadores encontravam-se na cidade costeira de Touros, hóspedes do vigário local, o padre Manuel da Costa.
Na manhã seguinte, dia 6 de julho, um avião Breguet XIV, número 158, da C. G. A. (Compagnie Generale Aeropostale) pilotado pelo francês André Depecker, acompanhado pelo mecânico Chaulat, decolou do aeródromo de Parnamirim, seguindo a linha litorânea até Touros, a 80 quilômetros de Natal.
As autoridades locais e os visitantes foram ao encontro do avião que estava a dois quilômetros da pequena cidade litorânea, sobre uma área de dunas, entre 600 metros e a um quilômetro da beira mar.
O aposentado Geraldo Lopes de Oliveira, nascido no então vilarejo de Touros, tinha oito anos à época do pouso forçado do Savoia-Marchetti S-64 naquela localidade. Em declarações ao jornal “Diário de Natal” (25/01/1998), disse que “acompanhou de perto a chegada dos pilotos italianos”. Declarou que na ocasião “o vilarejo tinha cerca de 800 habitantes e o barulho causado pela aeronave assustou a população local”.
No outro dia, já mais repousados, os aviadores italianos conseguiram que dois pescadores ficassem como vigias junto ao avião, até que pudesse o mesmo ser transportado. Essa tarefa coube aos pescadores Antônio Marcolino e Antônio Pereira, segundo relato do Sr. Geraldo. Em troca, os improvisados vigias poderiam consumir a farta alimentação trazida a bordo, juntamente com seus familiares. Esta alimentação, com estoque para 15 dias de viagem, fora preparada pelo renomado restaurante “Casina Valadier”, localizado na área da Villa Borghese, mais precisamente na Piazza Bucarest, em Roma. Seguramente foi uma degustação bem diferente a qual as famílias dos improvisados vigias estavam acostumadas.
Vale salientar que essa façanha teve repercussão mundial. Era a terceira travessia aérea do Atlântico, segundo Paulo Viveiros, em seu livro “História da Aviação no Rio Grande do Norte” (Natal: Editora Universitária, 1974). Foram 7 158 quilômetros de distância, em 58 horas e 30 minutos de voo direto, a uma velocidade média de 175km/h.
Com o auxílio de cerca de 80 homens da cidade, foi aberta uma picada que possibilitou o deslocamento da aeronave do local do pouso à praia. No dia 7 de julho, Del Prete e Ferrarin estavam a bordo do rebocador “Lucas Bicalho” com o objetivo de transportar o Savoia-Marchetti S-64 para Natal e submetê-lo aos reparos necessários. Como o rebocador não tinha condições de aproximar-se da praia, o avião foi primeiramente colocado numa balsa e depois atado ao valente “Lucas Bicalho”. Em seguida iniciou-se o lento e cuidadoso deslocamento para a capital potiguar.
NATAL E SUA HOSPITALIDADE HISTÓRICA
Enquanto o avião era consertado os dois heróis foram muito homenageados. Eles foram os únicos aviadores estrangeiros deste período que receberam títulos de “Cidadão Natalense” em solenidade realizada no palácio do Governo. Eles foram entusiasticamente saudados pela comunidade e autoridades, entre elas o então governador Juvenal Lamartine.
Foram remetidas notícias para todo o mundo do pouso dos italianos em Touros. No total foram completados 7.158 quilômetros de distância, em 58 horas e 30 minutos de voo ininterrupto, a uma velocidade média de 175 km/h. Os recordes foram homologados a partir de cálculos fixados pela Comissão Técnica do Aeroclube do Brasil e encaminhados ao Embaixador da Itália no Brasil, através de ofício datado de 9 de julho de 1928. Os resultados foram também comunicados ao Real Aeroclube da Itália e à Federação Aeronáutica Internacional, para fins da necessária homologação.
Os pilotos ficaram hospedados no Palace Hotel, no bairro da Ribeira, sendo carinhosamente assediados pela população local e recebendo diversas homenagens. Naquele momento a cidade também recebia a visita da líder feminista brasileira Bertha Lutz, que promovia a campanha do voto feminino. Os pilotos tiveram um encontro com a Senhorita Lutz e explanaram a necessidade das mulheres participarem da aviação, no que foram muito elogiados nos jornais locais.
Ferrarin e Del Prete encantaram a população potiguar pelo extremo cavalheirismo e atenção, participando de diversas atividades sociais.
Banquete na Assembleia Legislativa, oferecido pelo Presidente do Estado (Governador), Juvenal Lamartine, discursos, brindes… A revista “Cigarra” apresenta um bom registro dos memoráveis fatos, inclusive com fotografias. Sob o título “A Águia Latina” começa nota nos seguintes termos:
“O avião que em uma tarde brumosa de julho passado singrou, numa expressiva trajetória de aço e alumínio, o céu potiguar, trazendo em suas asas gloriosas a afirmação mais robusta da vitória da latinidade, foi bem uma demonstração segura de que a Itália, a pátria mater dos guerrilheiros de Albalonga, ansiava por beijar os ares patrícios em uma caricia longínqua de fraternidade”. (!!) (“Cigarra”, nº 1, Natal, novembro de 1928).
Câmara Cascudo em seu livro “No Caminho do Avião… – Notas de Reportagem Aérea (1922-1933)”, ressalta a boa acolhida que Ferrarin e Del Prete mereceram:
“Os únicos a quem Natal concedeu oficialmente as honras de filhos, os dois italianos são inesquecíveis pela cordialidade fidalga, a palavra pronta, aproximação fácil e generosa.
“Os dias de Natal foram muitos e puseram os aviadores na vida pacata da província” (…) (“No Caminho do Avião…” Natal: EDUFRN- Editora da UFRN, 2007).
Levaram vários dias para o Savoia-Marchetti S-64 ficar em condições para realizar uma decolagem e seguir em direção sul. O jornal “A República” informa que o hidroavião batizado como “Potyguar”, pertencente à empresa Sindicato Condor, trouxe do Rio de Janeiro as peças e os mecânicos para ser feita à manutenção e realizar uma nova decolagem. Este mesmo jornal relata que o Savoia-Marchetti S-64 ficou na Gamboa Jaguaribe, no lado esquerdo do Rio Potengi, próximo ao Porto do Cajueiro. Tudo indica que o concerto do avião foi realizado neste local, onde o terreno é plano, mas o solo não é muito rígido. Na pressa de seguirem o Rio de Janeiro, então a Capital Federal, os italianos decidiram arriscar a decolagem nesta área. Quando procediam à manobra, o trem de pouso enterrou na areia e pôr pouco o avião não capotou.
Diante do ocorrido e passados vinte e três dias após a chegada ao Rio Grande do Norte, Ferrarin e Del Prete viajaram de Natal para o sul do país a bordo de um avião Bréguet, da Aeropostale.
No dia 1 de agosto de 1928, os jornais locais informam que o avião S-64 será transportado para o Rio de Janeiro no vapor “Macapá”. Tudo indica que esta aeronave foi doada ao Governo Federal, sendo a informação não confirmada.
Em 2009, quando fazia parte da Fundação Rampa, junto com Fred Nicolau criamos o livro “Os Cavaleiros dos Céus-A Saga do Voo de Ferrarin e Del Prete”. Esta obra possui 184 páginas, mais de oitenta fotos e mapas, com tiragem de 1.150 exemplares, projeto e coordenação editorial de José Correia Torres Neto e está inscrito na Biblioteca Nacional com ISBN 978-85-909424-0-5, com direitos autorais pertencentes aos autores.
FALECIMENTO DE CARLO DEL PRETE
Na então Capital Federal, os aviadores eram os heróis do momento, mas o destino lhes seria cruel e traria uma nova e triste situação. Em uma ocasião, em companhia do Suboficial Raul Inácio de Medeiros, os pilotos italianos decolaram com um aeroplano Savoia-Marchetti S-62 (similar ao S-64), para um voo de testes. A aeronave evoluía numa altura calculada em 50 metros quando subitamente, numa curva fechada para o lado direito, projetou-se contra as ondas.
Os três tripulantes foram encaminhados imediatamente à enfermaria para receberem os primeiros socorros. A amputação da perna direita não impediu que a infecção se generalizasse e Carlo Del Prete faleceu ao amanhecer do dia 16 de agosto, oito dias após o acidente.
O corpo foi embalsamado, levado a Embaixada Italiana, onde ocorreu o velório. A romaria à representação diplomática foi impressionante para a época. Cálculos efetuados mostraram que cerca de dez mil pessoas passaram em frente à urna funerária, em um último adeus ao herói que deu a vida na conquista de um ideal.
Com o retorno de Ferrarin a Itália, o mesmo passou a se dedicar a descrever sua viagem em companhia de Del Prete. Logo lançou um livro intitulado “Voli por il Mondo” (Voando pelo mundo), que foi um estrondoso sucesso de vendas. Em sua obra Ferrarin enaltece a atenção recebida dos brasileiros, especialmente os fatos ocorridos em Touros e o tempo em que estiveram em Natal, criando na Itália a ideia de presentear o Rio Grande do Norte pelo apoio ofertado aos seus pilotos.
Para o governo de Mussolini, a morte de Del Prete significou o fim dos “raids” com apenas uma aeronave. No futuro, apenas esquadrilhas italianas seriam patrocinadas pelo governo e, desta forma, Natal receberia a sua “Coluna Capitolina”.
Dois anos depois, Benito Mussolini, chefe do Governo Italiano, mandou de presente aos natalenses a coluna comemorativa. Entregou-ao General Italo Balbo, Ministro da Aviação italiano, que aqui chegou em novo raid, desta feita espetacular: nada menos de quatro esquadrilhas de hidroaviões sob o seu comando.
A CHEGADA
Extra, extra! Os hidroaviões foram vistos sobrevoando a ilha de Fernando de Noronha; imediatamente os aparelhos radiotelegráficos fizeram a notícia chegar a Natal.
Quatro horas da tarde do dia 06 de janeiro de 1931, a população natalense correu ansiosa para as margens do rio, aguardando a chegada da esquadrilha aérea italiana, sob comando do General Italo Balbo, Ministro italiano da Aeronáutica, que fazia a travessia do Atlântico Sul, enquanto um navio de guerra italiano transportava no seu porão o nosso mais importante regalo presenteado a Natal por uma nação estrangeira.
Dos quatorze hidroaviões S55 que partiram de Bolama (Guiné-Bissau), após dezessete horas de voo, dez amerissaram sobre o Potengi, próximo ao porto de Natal e seus tripulantes foram saudados efusivamente por prolongadas buzinas de carros, acenos de chapéus e repicar dos sinos da cidade.
A visita da esquadrilha italiana teve a clara missão de aproximação com o povo brasileiro. Considere-se que, antes da chegada da esquadrilha, já um navio italiano trazia para Natal, como doação de Mussolini, uma antiga coluna que pertencera a um templo romano. A “coluna capitolina” foi inaugurada solenemente e passou por diversos lugares até ser instalada nos jardins do Instituto Histórico e Geográfico.
Recebido pelo major Nery da Fonseca, representante do Ministério do Exterior, e demais autoridades locais, o General italiano e o Alto Comando foram acomodados na Vila Cincinato (antiga residência dos Governadores na Rua Trairi) e os demais oficiais na Escola Doméstica e no edifício da Alfândega Nova.
A façanha foi comemorada com telegramas de congratulações do Rei italiano, Vittorio Emanuele III; do Presidente do Conselho de Ministros da Itália, Benedito Mussolini; do chefe do governo provisório da República, Getúlio Vargas, e várias autoridades brasileiras e estrangeiras.
A INAUGURAÇÃO
Entre 6 e 9 de janeiro, o General Italo Baldo e os demais aviadores cumpriram intensa programação social na capital potiguar, que incluíram recepção oferecida pelo Interventor Irineu Jofilly, jantar no Aero Clube, concerto de piano, coquetéis, missa campal e benção de monumento.
Trazida a bordo do navio Lanzeroto Mlocello, a Coluna Capitolina foi inaugurada em 08 de janeiro de 1931, às 7:30 horas, após uma missa campal em ação de graças na esplanada do Porto, no bairro da Ribeira, em Natal. O General Balbo falou em nome da Itália, oferecendo o monumento em homenagem a Carlo Del Prete.
A Coluna Capitolina foi trazida especialmente para agradecer ao povo do Rio Grande do Norte a hospitalidade oferecida aos italianos Carlo Del Petre e Arturo Ferrarin, após a travessia do Atlântico Sul, realizada em 05 de julho de 1928, quando pousaram na praia de Touros, devido às más condições de visibilidade da pista de Parnamirim.
Segundo Nesi (1994, p.97), “a solene inauguração do monumento ocorreu com a presença e discursos do general Ítalo Balbo, Ministro da Aeronáutica” da Itália e do prefeito de Natal, Pedro Dias Guimarães, bem como com a benção do bispo Dom Marcolino Dantas. Tornada monumento, na coluna afixou-se um pedestal epígrafe, em italiano, da lavra de Nello Quilici:
PORTATA IN VN BALZO
SOPRA ALI VELOCI
OLTRE OGNI TENTATA DISTANZA
DA
CARLO DEL PRETE
E ARTURO FERRARIN
ITALIA QVI GIVNSE
IL V LVGLIO MCMXXVIII.
L´OCEANO
NON PIV DIVIDE MA VNISCE
LE GENTI LATINE
D´ ITALIA E BRASILE*
Tradução de Paulo Viveiros, ob. cit.:
“Trazida de um só lance sobre asas velozes, além de toda a distância tentada, por Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin, a Itália aqui chegou a 5 de julho de 1928. O oceano não mais divide e sim une as gentes latinas do Velho e Novo Mundo”
Noutra face do pedestal, uma placa referia-se ao feito das esquadrilhas italianas.
No dia 09 de janeiro de 1931, a esquadrilha partiu com destino a Bahia e depois ao Rio de Janeiro, onde foi recebida com euforia na então capital federal. Por enquanto, estava selada a boa relação entre a Itália de Mussolini e o Brasil de Getúlio Vargas no novo tabuleiro geopolítico pós Primeira Guerra Mundial e Natal, como ponto estratégico, seria cobiçada pelas potências mundiais.
PERSEGUIÇÃO E VANDALISMO
Em 1935, o movimento comunista em Natal derrubou a coluna, alegando tratar-se de um monumento do governo fascista. Na ocasião, as referidas inscrições, constantes no pedestal do monumento, foram destruídas.
Existe outro relato de que a população de Natal havia danificado a coluna durante a Segunda Guerra Mundial pelo mesmo motivo. A coluna permaneceu em lugar ignorado, até ser reencontrada e, novamente, erguida, desta vez na praça João Tibúrcio, e, posteriormente, na praça Carlos Gomes, no Baldo.
Tempos depois, foi transferida para a Praça Carlos Gomes, no Baldo e, atualmente, encontra-se no Largo Vicente Lemos, em frente ao Instituto Histórico e Geográfico, na Cidade Alta.
De relevante valor artístico e histórico, a Coluna Capitolina foi tombada como Patrimônio Histórico Estadual em 17 de fevereiro de 1990.
QUESTIONAMENTOS
Pode-se argumentar que neste período o governo Italiano desejava uma aproximação diplomática mais forte com o governo brasileiro e que a Coluna nada mais era que um “mimo” para sacramentar esta relação. Mas já que a ideia era esta, por que então não doar a antiga Coluna para a Capital Federal, o Rio de Janeiro? O monumento ficaria ótimo em alguma praça de Copacabana.
Outra argumentação poderia ser que a Coluna Capitolina foi doada pelos italianos a Natal para “amaciar” a instalação de uma futura agência de aviação comercial daquele país na cidade. Com isso os italianos desejavam marcar sua posição em uma das mais importantes estações de aviação a nível mundial, fazendo companhia as empresas de aviação de franceses, alemães e norte-americanos já instaladas por aqui. Mas este fato só ocorreria alguns anos depois.
Daí surge uma questão; para conseguir a instalação deste ponto de apoio aeronáutico, os italianos necessitariam doar um dos seus preciosos artefatos históricos com 2.000 anos?
Mesmo sem receber igual homenagem, em novembro de 1999, a Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou um busto homenageando o piloto Carlo Del Prete, em uma praça que leva o seu nome, no bairro das Laranjeiras.
Já em Natal, até há pouco tempo, a Coluna Capitolina, nosso maior presente, estava embaixo de um viaduto e apenas por iniciativa dos membros do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, esta peça atualmente repousa ao lado desta casa que preserva a memória da nossa terra.
De relevante valor artístico e histórico, a Coluna Capitolina foi tombada como Patrimônio Histórico Estadual em 17 de fevereiro de 1990.
FONTES:
NESI, Jeanne Fonseca Leite. Natal Monumental . Natal: Fundação José Augusto; APEC, 1994.
BIBLIOGRAFIA:
A INAUGURAÇÃO DA COLUNA CAPITOLINA – Blog de Elza Bezerra – https://elzabezerra.com.br/a-inauguracao-da-coluna-capitolina/ – Acesso em 26/04/2023.
Anuário Natal 2007 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2008.
Coluna Capitolina: um pedaço de Roma em Natal – Papo Cultura – https://papocultura.com.br/coluna-capitolina-historia/ – Acesso em 26/04/2022.
Coluna Capitolina – Wikipédia, a enciclopédia livre – https://pt.wikipedia.org/wiki/Coluna_Capitolina – Acesso em 29/04/2022.
Natal: história, cultura e turismo / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal: DIPE – SEMURB, 2008.
Natal ontem e hoje / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal (RN): Departamento de Informação Pesquisa e Estatística, 2006.
O nosso maestro: biografia de Waldemar de Ameida / Claudio Galvão. – Natal: EDUFRN, 2019.
O VOO DE ARTURO FERRARIN E CARLO DEL PRETE A NATAL EM 1928 E O NOSSO MAIS IMPORTANTE PRESENTE – Tok de História – https://tokdehistoria.com.br/tag/coluna-capitolina/ – Acesso em 26/04/2022.