A “conquista do Rio Grande no Brasil” pelos holandeses

A Figura reproduz uma estampa de autor não identificado, Veroveringe van Rio Grande in Brasil, ou a “conquista do Rio Grande no Brasil” pelos holandeses, em 1633. A Fortaleza dos Reis Magos está visivelmente superdimensionada.

Há um acampamento holandês e uma edificação por trás das dunas próximas à fortaleza. Navios holandeses estão fundeados na foz do Rio Potengi e no mar; tropas avançam em direção à fortaleza, por meio de dois caminhos, um dos quais passando perto da cidade.

Entre a fortaleza e a cidade se localiza um córrego ou afluente do Potengi, com sua nascente numa lagoa; sobre o córrego há uma ponte, que faz parte de um dos caminhos utilizados pelas tropas holandesas se dirigindo à fortaleza. O recorte mostra a cidade do Natal, aparentemente com alguma cerca ou paliçada em parte dela, com alguns soldados margeando a cerca, talvez representando portugueses tentando defendê-la.

As casas são dispersas, com diferentes dimensões. Há outra estampa do período holandês, intitulada Afbeelding van Tfort opRio Grande ende Belegeringhe, publicada no livro do geógrafo holandês Joannes de Laet, em 1644 (LAET, 1912, p. 340-341), que também ilustra o cerco da fortaleza, mas difere levemente da estampa da Figura.

O riacho entre a fortaleza e a cidade que tem como nascente uma lagoa é denominado, no livro de Laet, de “rio da cruz” (kruy’s rivier); um caminho, e não dois, liga a cidade – chamada de “aldeia dos portugueses” (het dorp van de portugezen) – à fortaleza, antes denominada de Forte Três Reis, agora Forte Ceulen.

A cidade também é representada de forma aproximada à da Figura, mas sem caminhos ou paliçada no seu entorno, e com destaque para uma edificação de grande porte. Perto da fortaleza se encontra o mesmo acampamento militar, mas com três baterias de morteiros sobre as dunas; a edificação que lhe fica próxima também é representada, mas é identificada como o alojamento de Mathias van Ceulen, comandante da expedição holandesa que conquistou a capitania em 1633 e em homenagem ao qual a fortaleza foi renomeada.

Do outro lado do rio, há outro assentamento. Essa estampa é acompanhada de um texto bastante detalhado sobre a conquista do Rio
Grande, de autoria de Joannes de Laet, na mesma obra. No seu relato, ele descreve o ataque e rendição dos soldados da fortaleza, bem como a ocupação da “vila de Natal” (p. 341-346). Diferentemente dos portugueses, os holandeses parecem não dar muita importância à hierarquia urbana das localidades, pelo menos é o que ocorre no caso de Natal. Neste e em outros escritos, os termos “aldeia”, “vila” ou “cidade” são usados para designá-la, a crer nas traduções dos textos originais para o português.

A estampa não está sendo reproduzida aqui em razão das delimitações do artigo. Uma reprodução em boa resolução se encontra em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:AMH-
6715-KB_Bird%27s_eye_view_of_the_fort_of_Keulen_near_the_Rio_Grande_and_environs.jpg. Acesso em 7 mai. 2018.

Os desenhos da cidade: as representações da cidade do Natal no século XVII por Rubenilson Brazão Teixeira.

Veroveringe van Rio Grande in Brasil (1633). Estampa completa e recorte ampliado.
Seção de Mapoteca e Iconografia do Ministério das Relações Exteriores no Rio de Janeiro, sob a
notação: VEROVERINGE VAN RIO GRANDE IN BRASIL (1633).
Fonte: Seção de Mapoteca e Iconografia do Ministério das Relações Exteriores no Rio de Janeiro. Cópia digital disponível em http://www.sudoestesp.com.br/file/colecao-imagens-periodo-colonial-rio-
-grande-norte/685/. Acesso em: 5 jun. 2018.

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