Ascenção e queda dos bondes em Natal
Desde 7 de setembro de 1908, circulavam em Natal oito bondes puxados a animal da Empresa Ferro Carril de Natal, presidida pelo coronel Romualdo Galvão. As obras foram levadas a cabo pelo engenheiro Sá Barreto e comunicavam a Ribeira à Cidade Alta.
Com a instalação da Usina Elétrica do Oitizeiro pela Empresa Melhoramentos do Natal, em 1911, apareceram os primeiros bondes elétricos, ligando a Cidade Alta ao bairro da Cidade Nova e, posteriormente, ao Alecrim, o mais novo bairro da cidade (1911). Alcançaram o Monte Petrópolis em 1912, onde ficava o hospital. Em 1926, a linha foi expandida do Alecrim para Lagoa Seca. Os bondes ajudavam a integrar alguns bairros da cidade. Na década de 1940, no auge do “elétrico”, como eram chamados os bondes, Natal possuía quatro linhas funcionando: Petrópolis, que se estendia para depois de Areia Preta; Tirol, que se ligava ao Aeroclube; Alecrim, até Lagoa Seca; e o Circular, conectando a Cidade Alta à Ribeira. Em 1945, a frota reunia 15 bondes elétricos percorrendo 13 km de extensão de linha (PINHEIRO, Carlos Sizenando Rossiter. Natal do séc. XX: memória, fatos e fotos marcantes. Natal, 8 Editora, 2019. p.26 et seq.).
Os serviços, todavia, nem sempre respondiam bem. O material rodante e a infraestrutura das linhas constantemente apresentavam problemas. Em alguns trechos, as chuvas inviabilizavam os ramais, danificando as margens dos trilhos que, escavados pelas torrentes de água, ameaçavam provocar acidentes. O acesso a determinadas áreas da cidade era topograficamente difícil, e a manutenção da tecnologia empregada, como a reparação de carros e a substituição de dormentes, era demorada e cara, sem falar que o número de carros se mostrava, não raro, insuficiente. Em 1921, os serviços da Empresa Tração, Força e Luz foram paralisados e seu contrato encerrado com o Estado, sendo retomados apenas em 1923, agora sob a coordenação direta da recém-criada Repartição de Serviços Urbanos de Natal, que administraria, dali em diante o sistema de bondes.
Os bondes como meio de transporte coletivo no interior da cidade funcionou até meados de março de 1956, quando a Companhia Força e Luz desmobilizou os trilhos das linhas.