Da Campina da Ribeira para a Avenida Duque de Caxias
A avenida Duque de Caxias era primitivamente conhecida como a “Campina da Ribeira”, figurando em um mapa desenhado da cidade do Natal, na sétima década do século XIX. Sua denominação definitiva ainda não seria essa, a referida avenida passou depois a ser denominada rua do Bom Jesus , cuja extensão iniciava na atual rua José Alexandre Garcia prolongando-se até a rua que hoje recebe o nome de Ferreira Chaves. A rua do Bom Jesus teve seu nome alterado para rua 25 de dezembro, de acordo com o decreto municipal de 13 de fevereiro de 1888, e em 31 de julho de 1903 a Intendência Municipal passou a denominar aquele logradouro de rua Sachet, em homenagem ao mecânico do balão.”Pax”, explodido em Paris, que matou Augusto Severo e Sachet. Posteriormente, aquele logradouro recebeu o nome de Avenida Duque de Caxias. NESI, Jeanne Fonseca Leites Praça Augusto Severo, em Natal, p. 14.
CAMPINA DA RIBEIRA
Assim como as atuais Avenidas Duque de Caxias e Tavares de Lira, e as ruas Chile, Frei Miguelinho e Câmara Cascudo, que formavam a planície da Ribeira no último quartel do século XVIII, ainda não existia uma denominação definida para a rua Dr. Barata, esta, localizada entre a Praça Augusto Severo e a Avenida Tavares de Lira, defronte à Igreja do Bom Jesus.
Já no dia 7 de agosto de 1604, o então capitão-mor do Rio Grande, Jerônimo de Albuquerque, concedia ao padre vigário Gaspar Gonçalves Rocha trezentas braças em quadra, na campina junto à Cidade. Foram doadas diversas concessões de terras naquele logradouro público, a última das quais, segundo os registros sobreviventes, ocorreu no dia 8 de fevereiro de 1812. Conforme informava a requerente Mariana da Costa, o terreno por ela desejado, media cinco braças de frente por dez de fundos, “fazendo frente para a Igreja do Senhor Bom Jesus, com o fundo para o poente’’.
Em um mapa relativo à Cidade do Natal, desenhado na 7ª década do século XIX, figura a antiga Rua da Campina, cuja extensão principiava na atual rua José Alexandre Garcia, prolongando-se até a rua que hoje recebe a denominação de Ferreira Chaves.
A contratação, nesse 1904, do arquiteto Herculano Ramos para conclusão das obras do teatro, além da sua decoração e cenografia, e para projetar, desenhar e conduzir a construção da Praça Augusto Severo– construída em frente ao teatro, sobre a antiga e “miasmática” Campina da Ribeira, tornar-se-ia um dos símbolos principais desse primeiro ciclo de reformas urbanas, um espaço elegante, salubre e civilizado, em uma cidade tematizada como infecta e incivil, local para olhar e ser visto, para a realização do footing, antes e depois das apresentações teatrais.
No período do primeiro governo de Alberto Maranhão (1900-1904), várias ações públicas foram realizadas visando intervir no direcionamento da expansão da cidade. A reforma do bairro comercial da Ribeira, com a retificação de algumas ruas, como a do Commercio, a abertura de novas, como a Sachet (atual Duque de Caxias), a Almino Afonso e a Tavares de Lyra, e o aterro e nivelamento da Praça Leão XII; o “aformoseamento” da Cidade Alta, com o calçamento e arborização de suas principais ruas e a demolição de dezenas de edifícios que não atendiam às exigências de alinhamento e salubridade; e a continuidade das obras de desmatamento e abertura das ruas projetadas para a Cidade Nova.
Daquelas referidas avenidas, Cascudo relata que a autoria da av. Sachet é dada ao Ramos:
[..] Herculano Ramos transforma os trechos arenosos em parques frondosos, como fez na praça André d’ Albuquerque, Augusto Severo e muitas avenidas, como a Sachet, hoje Duque de Caxias. […] (CASCUDO, 1968, p.69)
Comentando o Plano Geral de Sistematização de Giacomo Palumbo, Câmara Cascudo (1929b) diria: “O prolongamento da [Av.] Sachet aceitou o plano inconsciente e primitivo do começo do xadrez. Manoel Dantas que morou no Natal velho sonhou em 1909 a Ribeira ‘enxadrezada”.
Avenida Sachet será uma caracteristica de belleza simples e de amplidão magnifica. Virá desde a Junqueira Ayres, cortará o parque Augusto Severo fazendo triangulos rectos e isoseles, atravessa a Tavares de Lyra, Nysia Floresta, Ferreira Chaves, 15 de Novembro (por que se mudou o nome de Triumpho?) e irá em recta até a Silva Jardim. Como a Frei Miguelinho e Commercio a Sachet fixar-se-ha numa immensa avenida contornante que abraçará Natal. (CASCUDO, Luís da Câmara. O Novo plano da Cidade – II – A Ribeira no ‘Master Plan. A República, Natal, n.252, p.01, 07 nov. 1929.).
Depois da Dr. Barata, seguia-se-lhe a Rua das Virgens, hoje Câmara Cascudo, que se comunicava com aquela, através da atual Travessa México e de uma outra passagem que foi absorvida pela Tavares de Lira. Em seguida vinha a antiga Rua do Bom Jesus, atual Avenida Duque de Caxias, a qual se comunicava com a Rua das Virgens através da presente Travessa José Alexandre Garcia. A Rua do Bom Jesus ligava-se à Rua da Tatajubeira, através da atual Rua Nísia Floresta.
RUA BOM JESEUS
A Rua do Bom Jesus teve a sua denominação alterada para a Rua 25 de dezembro, pelo Decreto Municipal de 13 de fevereiro de 1888.
REFORMAS URBANAS
No início do século XX começa então a reorganização da Ribeira com a implementação de duas ruas projetadas que foram a Rua Sachet e a Avenida Almino Alfonso (Conforme OLIVEIRA, Giovana. De cidade a Cidade, p.69) além de alinhamento da rua do Comércio (Atual rua Chile.) com a Rua Doutor Barata para evitar empoçamento de água de chuva. Nas palavras da Giovana Paiva, essas ações visavam entre outras “intervir para direcionar a expansão da cidade e reformar o interior das áreas ocupadas” (Idem). A construção de praças, jardins e teatros possuíam um sentido de prover a cidade de mais espaços de convívio social quase inexistentes no início do século XX e fariam parte das reclamações da elite letrada.
O povoamento das zonas Norte e Leste da Ribeira tomou grande impulso a partir de 1902, com a instalação da “Comissão das Obras do Porto”. As avenidas Tavares de Lira e Duque de Caxias são as mais novas. A Tavares de Lira foi concluída no governo de Ferreira Chaves, em 1919. A Duque de Caxias, que abateu ruas e vielas até encontrar a esplanada Silva Jardim, teve suas obras iniciadas em 1929, na gestão do prefeito Omar O’ Grady, somente foi concluída em 1939, após 10 anos de serviço, na gestão de Gentil Ferreira de Souza.
Em entrevista publicada em fevereiro de 1929 no jornal A Republica, o arquiteto Giacomo Palumbo, contratado por O’Grady para elaborar o novo plano da cidade, destacou as principais diretrizes do Plano de Sistematização de Natal:
Assim, na Ribeira, deve ficar localizada toda a vida comercial da cidade e a sua parte alta, com os bairros de Petropolis e Tyrol, pode-se destinar para o corpo de habitação […]. Na Ribeira […] o principal aspecto a ser encarado pela Prefeitura deve ser o trafego bem como a uniformização das ruas, que devem ser adaptadas ás exigências do movimento comercial. […] Assim, pela actual avenida Sachet ou por outra artéria larga que será talvez aberta, deverá se fazer futuramente o trafego através da Ribeira, livre, então, de qualquer congestionamento (grifo nosso) (A REMODELAÇÃO de Natal. A Republica, Natal, 24 fev. 1929. p. 1.).
RUA SACHET
Assim como Santos Dumont e outros pioneiros, Augusto Severo almejou conquistar os céus com as suas invenções. O cenário para essa ousadia seria Paris cujo glamour, à época, atraía inventores e aeronautas de todo o mundo. Augusto Severo foi um dos pioneiros da aviação estudioso dos assuntos aeronáuticos, inventou o dirigível “Pax”. “Se por grande acaso eu vier a cair, os senhores me verão em pedaços, porque não tenho medalha milagrosa. Creio na Ciência unicamente e não na proteção divina”.
Em 12 de maio de 1902, na Cidade Luz, seus propósitos desvaneceram com o desastre do balão Pax, dirigível por ele concebido (ONOFRE JR., 1998). No mesmo acidente faleceu o mecânico Sachet. Após dez minutos, ocorre uma explosão e o “Pax”, precipita-se de 400 metros em plena Avenida du Maine, nas proximidades do Cemitério de Montparnasse (LIMA, 1999).
O mecânico Sachet morreu carbonizado e Augusto Severo, com a cabeça e o tronco quase intactos, e os sapatos atravessados pelos ossos das pernas, faleceu cinco minutos após o impacto. Este trágico acidente encerrou a trajetória desse nosso grande inventor. O registro de uma rua com o seu nome, no bairro Ribeira, reverencia a memória do companheiro de Augusto Severo nas origens dos feitos aeronáuticos.
Determinadas resoluções, sobretudo durante a gestão de Quincas Moura, inscreveram em ruas, praças e avenidas da urbe natalense nomes ligados aos Albuquerque Maranhão. Em 31 de julho de 1903, a Intendência Municipal passou a denominar aquele logradouro de Rua Sachet, em homenagem ao mecânico do “Pax’’, o balão que explodiu em Paris, matando Augusto Severo e seu amigo Sachet.
A Avenida Sachet foi construída no triênio de 1905 a 1907 para interligar a Praça Augusto Severo – onde se localizava o parque da Great Western – à Esplanada Silva Jardim – localização do parque da E. F. Central – e a Avenida Tavares de Lira.
Em 1908, foi lançada pelo Governo Estadual, a proposta de construção da avenida do porto, projeto idealizado por Pedro Velho, que havia falecido no ano anterior. O projeto consistia na abertura de uma nova avenida, entre a Tavares de Lyra e a Rua Sachet. (MELHORAMENTOS da cidade. A Republica, Natal, 12 de fev. de 1908.).
A imagem da sala de espera, representava uma nova percepção em relação ao porto e a sua articulação com a cidade. O porto não seria um espaço apenas de entrada e saída de mercadorias. O porto assumiria outras funções. No mesmo ano da matéria publicada por Manoel Dantas no periódico republicano, foi publicado no jornal um artigo referente a um projeto idealizado pelo ex-senador, governador e chefe do Partido Republicano falecido no ano anterior, 1907, Pedro Velho. O projeto foi dedicado à construção da avenida do porto. Uma avenida aberta entre a avenida Tavares de Lyra e a rua Sachet.
É verdade que já alguns armazenários construíram frentes para o rio; mas é indispensável que os restantes o façam para que dentro em breve tempo possamos inaugurar a avenida do porto, numa pitoresca, suave e elegante curva que, ligando os pontos acima referidos, abra nos visitantes uma sala de espera modesta porém digna de uma sociedade que se desenvolve, desejosa de afirmar que aqui também a civilização industrial já plantou as suas tendas (MELHORAMENTOS da cidade. A Republica, Natal, 12 fev. 1908.).
No entanto, no Brasil, o ecletismo na arquitetura, diferentemente do contexto europeu, foi acompanhado por um movimento de contraposição a um passado colonial. O desejo de se representar enquanto moderno, levaria os grupos dirigentes locais a intervir nas antigas habitações, fazendo restrições até aos produtos utilizados em suas construções. Em 1913, em uma matéria publicada no jornal A República, podemos perceber um pouco dessas exigências. O alvo da matéria foi um edifício situado na avenida Sachet, que, segundo o periódico, nada teria de moderno. Naquele trecho, onde já existiriam “alguns prédios bonitos,” esperava-se que as futuras administrações prosseguissem com essas construções, “fora desse comum de casas coloniais”. (CONVERSA AFIADA. A República, Natal, 13 de nov. de 1913.).
Em 1929, o então Prefeito de Natal, Omar O’Grady, iniciou as obras de calçamento da antiga Rua Sachet. O governador do Estado, àquela época, era Juvenal Lamartine de Faria.
O governo O’Grady implementa algumas medidas como: a organização de uma seção de Obras Públicas, a regulamentação de diversos departamentos da Municipalidade para a conveniência dos serviços e a cobrança de taxa de três mil réis aos proprietários para emplacamento e numeração dos edifícios da zona urbana. Outras definições também foram assentidas pelo Conselho Municipal:
Ainda por deliberação do Conselho ficaram proibidas a construcção e reconstrucção de prédios de menos de dois pavimentos nas ruas Dr. Barata e do Commercio, Praças Augusto Severo e Leão XIII e Avenidas Tavares de Lyra e Sachet. […]. Na policia das construcções, para exemplo, a actuação da Municipalidade é de resultados inestimáveis para o seu progresso, não somente pela fixação dos padrões convenientes aos diversos bairros, senão ainda mediante a prescripção de condições de esthetica reclamadas instantaneamente em nosso meio. As providencias para esse fim, instituindo restricções legaes ao direito de propriedade, despertam, frequentes vezes, a animadversão de alguns suppostamente molestados, mas logo se incumbem os fatos de registrar o acerto das attividades assumidas pelo poder publico, com a mira exclusiva no interesse geral (A REPUBLICA, Natal, 15 jan. 1925., p. 01).
As novas edificações da capital deveriam atender determinados padrões considerados pelos administradores como modernos. Já em janeiro de 1925, o governo municipal autorizou a criação de uma seção de obras públicas, posteriormente transformada na Diretoria de Obras, e proibiu a construção e reconstrução de prédios com menos de dois pavimentos em importantes artérias da Ribeira. O’Grady, em sessão de 01 de janeiro de 1927. Natal: Imprensa Diocesana, s.d. 1572 Rua Doutor Barata, Rua do Comércio, praça Augusto Severo, praça Leão XIII, avenida Tavares de Lyra e Sachet, ver: A REPUBLICA, Natal, 15 jan. 1925.
O calçamento da antiga rua Sachet, trecho compreendido entre as ruas Nísia Floresta e 15 de novembro, somente foi inaugurado em 3 de outubro de 1934, na gestão do prefeito Miguel Bilro. No mesmo dia foram inaugurados os calçamentos da Rio Branco (até a atual Rua do Saneamento) e 15 de novembro. As solenidades foram iniciadas às 8:30 horas, na presença do Interventor Federal Mário Câmara, do Prefeito Miguel Bilro e de diversas personalidades, como Neiva Júnior, Comandante Aluísio Moura, Juvenal de Carvalho, os prefeitos de São José de Mipibú, São Gonçalo do Amarante e Papari, além de secretários de Estado, altas autoridades, funcionários da prefeitura e uma grande multidão.
Percebendo que o número de veículos já estavam provocando congestionamento na cidade do Natal, Gentil Ferreira procurou encetar algumas obras que permitisse facilitar o tráfego, abrindo ruas e avenidas; alargando outras, em parte ou totalmente, ao mesmo tempo em que algumas praças foram reduzidas para permitir o surgimento de ruas. Depois da Dr. Barata, seguia-se-lhe a Rua das Virgens, hoje Câmara Cascudo, que se comunicava com aquela, através da atual Travessa México e de uma outra passagem que foi absorvida pela Tavares de Lira. Em seguida vinha a antiga Rua do Bom Jesus, atual Avenida Duque de Caxias, a qual se comunicava com a Rua das Virgens através da presente Travessa José Alexandre Garcia. A Rua do Bom Jesus ligava-se à Rua da Tatajubeira, através da atual Rua Nísia Floresta.
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canto esquerdo. Fonte: Centro Norte-Riograndense de Documentação.
Nobre).
GEORGES SACHÉ
Georges Saché (Besançon, 10 de novembro de 1876 – Paris, 12 de maio de 1902) foi um mecânico francês.
Aluno estudioso, Saché conquistou cedo o seu diploma, tendo deixado a escola aos 15 anos. No curso de modelagem, ele ganhou uma medalha de bronze, a qual recusou por considerar a recompensa acima do seu mérito. Seu gosto pronunciado por invenções levou-o a se tornar aprendiz de um eletricista chamado Cromer. Depois de trabalhar para um fabricante de bicicletas de nome Soreau, ele foi aceito como mecânico por Buchet, conhecido fabricante de motores leves.
Em 5 de novembro de 1897, ele foi incorporado ao quadragésimo regimento de artilharia em Saint-Mihiel. Um ano depois, ele saía primeiro canhoneiro, dispensado como arrimo de família. Logo ele reintegrava as oficinas Buchet. Em 1901, o inventor Louis Roze levou-o ao seu gabinete para a montagem da parte mecânica do balão que projetara. Esse balão, construído no aeródromo de Colombes, jamais foi terminado. Com a suspensão dos trabalhos, Saché, que tinha adquirido uma grande prática nos motores Buchet, ofereceu a sua colaboração ao brasileiro Augusto Severo de Albuquerque Maranhão na construção do dirigível Pax, que a aceitou imediatamente.
Saché não fez qualquer ascensão em balão. Severo propôs-lhe uma viagem aérea de preparação, mas ele disse ser essa prova inútil, assegurando que não lhe faltaria sangue-frio durante os testes do dirigível. Na manhã de 12 de maio de 1902, no voo inaugural do Pax, a aeronave pegou fogo e explodiu, matando Saché e Augusto Severo.
Em Natal (Estado do Rio Grande do Norte) existe uma logradouro em sua homenagem, “Rua Sachet” (grafia Francesa) no bairro de Petrópolis/Ribeira que passa ao lado do Teatro Alberto Maranhão
FATOS DE UMA TRAGÉDIA
Em 27 de julho de 1899, no Rio de Janeiro, Severo patenteou um novo balão dirigível, o Paz (posteriormente o nome foi latinizado para “Pax”), e em 23 de julho de 1901, uma “máquina a vapor rotativa e reversível”, com a qual os navios poderiam atingir velocidades maiores.
Em fins de 1901, Severo licenciou-se da Câmara para viajar para a França e aí se dedicar à construção de um novo semirrígido, o Pax, inflado a hidrogênio. Esse novo dirigível era um desenvolvimento do seu anterior, o Bartolomeu de Gusmão, e Severo introduziu uma grande quantidade de inovações. Manteve a ideia de fazer uma aeronave integrando a quilha que levava os tripulantes e o grupo motor ao balão. Abandonou o leme de direção e introduziu três pequenas hélices que teriam a função de dar direção ao aparelho e controlar sua inclinação.
O novo aparelho não tinha leme de direção, para o deslocamento o Pax tinha duas hélices, uma à frente e outra na popa, com os eixos centrados ao eixo de simetria do balão, evitando assim a cabragem. Sem ter conseguido qualquer auxílio externo, Severo teve que assumir toda a despesa para a construção.
Pretendia usar motores elétricos, mas a falta de recursos e de tempo fez com que optasse por dois motores a petróleo tipo Buchet, um com 24 CV e o outro com 16 CV. O invólucro tinha a capacidade de 2.500 metros cúbicos de hidrogênio, com 30 metros de comprimento e 12 metros no maior diâmetro. O aparelho pesava cerca de duas toneladas. Ele queria concorrer ao Prêmio Deutsch, que premiaria com 100.000 francos aquele que fizesse um voo comprovadamente dirigido.
Finalmente Severo depois de muita luta, de muito sacrifício, consegue construir em paris, o seu dirigível “PAX”, com a valiosa ajuda de Pereira Reis e de Sachet, técnico da fabrica de motores Buchet, que seriam utilizados em seu aparelho. Com o “PAX”, Severo efetuou vôos de experiência, em paris, nos dias 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11 de maio de 1902. Certo da eficiência do seu invento, Severo anunciou o seu vôo oficial para o dia 12 de maio. Toda a imprensa mundial estava presente, inclusive George Melies, amigo dos irmãos Lumière e igualmente pioneiro do cinema, que iria conseguir filmar o sinistro, como primeiro furo cinematográfico da humanidade.
Tudo estava pronto. Somente uma coisa preocupava Severo: a proximidade dos dois motores de explosão do imenso bojo, contendo 9.000 metros cúbicos de gás inflamável. Sobre isso ele falou a Pereira Reis: “sei o quanto é perigoso subir aos espaços com aqueles motores tão próximos do hidrogênio. Infelizmente não disponho do tempo nem de meios para fabricar os motores a pilha que já tenho desenhado e o meu compromisso com o mundo é muito grande. Sabe Pereira? Às vezes é necessário até morrer, para provar à humanidade a validade de uma idéia”. E, sempre fiel à sua predestinação, A. Severo subiu mais uma vez.
No dia 12 de maio, tendo como mecânico de bordo o francês Georges Sachet, o Pax iniciou seu voo às 5:30h saindo da estação de Vaugirard, em Paris. Elevou-se rapidamente, atingindo cerca de 400 metros. Acontece o que ele previra. O dirigível move-se graciosamente no ar.
Realizou diversas evoluções que mostraram aos inúmeros espectadores que as ideias de Severo estavam corretas. Cerca de 10 minutos após o início do voo, contudo, de repente o estrondo da explosão violenta ressoa nos céus de Paris.
O Pax explodiu violentamente. O dirigível envolve-se em chamas e Augusto Severo atirado fora da barca pela força da deslocação do ar, cai de pé na Avenida do Maine, realizando a premonição de Ícaro o homem pássaro da Grécia lendária e heróica, quando aproximando-se do Sol, perdeu as asas e fez seu último vôo vertical até as águas profundas do mar Egeu.
Os restos do dirigível caíram na avenida du Maine, diante de uma grande multidão que seguia com interesse a demonstração. Severo, então com 38 anos, morreu na queda. Seu mecânico, o francês Saché, foi carbonizado. A catástrofe do Pax teve um impacto enorme. Natália, que assistiu à queda, não se recuperou e, após retornar ao Brasil, suicidou-se com um tiro no coração em 23 de junho de 1908, aos 30 anos de idade. A configuração proposta por Severo, de um dirigível semirrígido, foi revolucionária e influenciou o desenvolvimento dos dirigíveis nas décadas seguintes.
O corpo carbonizado de Augusto Severo transladado de Paris a bordo do navio Brésil foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, aos 18 de junho de 1902, dia em que foi inaugurado o monumento para a sepultura daquele que pagou com a vida o seu intenso amor e pressa na tentativa de resolver o problema da navegação aérea. Por coincidência, embarcado para o Rio de Janeiro neste mesmo paquete, faleceu em 1906 no porto do Recife, o Senador Pedro Velho, seu irmão mais velho.
Em todo o Brasil Severo é celebrado como Pioneiro da Aviação Brasileira, e em Macaíba é considerado o filho mais ilustre.
Quanto à causa do acidente a hipótese mais provável é de que o problema ocorreu devido a proximidade entre o motor à combustão com a válvula do balão de hidrogênio. Com uma provável pane na válvula, o hidrogênio entrou em contato com as faíscas do motor possibilitando a explosão.
Uma segunda hipótese, com menos defensores, indica que uma mudança no projeto ocasionou o acidente. O inventor trocou o material de uma das peças da barca que seria de alumínio, por bambu. Ela então quebrou em virtude do excesso de peso e furou o invólucro de hidrogênio.
Em qualquer uma delas o resultado foi o mesmo o fim dos dois passageiros do balão. No Museu Aeroespacial temos a máscara mortuária do inventor e o pedaço do bambu quebrado, que teria sido o responsável pelo trágico acidente.
EDIFICAÇÕES
Em dezembro de 1908, Bueno Junior também creditou a Pedro Velho a idealização de uma sociedade edificadora na capital. A Companhia Construtora anunciada em setembro de 1907 não foi concretizada, talvez devido ao falecimento de Pedro Velho poucos meses depois, em dezembro do referido ano.
Apesar dessa empresa construtora não ter sido concretizada, a isenção de impostos que beneficiavam os grupos que dominavam a política local, sob o pretexto de fomentar a edificação na capital, foi transformada em realidade em resoluções no início do século XX. O discurso de falta de habitações e da necessidade de adequar as edificações natalenses aos padrões de salubridade e modernidade, respeitando os ideais de regularidade simétrica, espaçamento entre os prédios, entre outras prerrogativas, era utilizado para fomentar a legalização de privilégios. Assim, a Resolução n.128, publicada em março de 1909, determinava que as construções e reconstruções de prédios em determinadas avenidas da Ribeira e da Cidade Alta que seguissem os padrões estipulados gozariam de redução de 50% de todos os impostos municipais a que estivessem sujeitos por um prazo de 20 anos.
Para gozar do benefício, as propriedades precisavam de passeios construídos de cantaria de alvenaria, tijolos fortes e rejuntados de cimento ou feitos de concreto. Esses passeios deveriam possuir relação constante com o leito da rua, formando uma superfície contínua, possuindo 1,80 m de largura máxima, e 25 cm de altura máxima. Pequenas rampas, degraus ou ressaltos seriam proibidos. Os prédios precisavam possuir canos de escoamento de água dos telhados. O escoamento deveria ser realizado por meio de calhas horizontais ao longo do telhado e canos que passassem por baixo dos passeios e desaguassem nas sarjetas do calçamento. Na ausência de esgoto geral e de águas servidas, os proprietários deveriam construir em seus quintais depósitos ou fossas em condições higiênicas que não prejudicassem a vizinhança ou a saúde pública. A composição das fachadas seria livre, mas deveria ter seu projeto apresentado e aprovado por profissional. Ver: A REPUBLICA, Natal, 17 mar. 1909.
O trecho era formado pelas avenidas Rio Branco, Tavares de Lyra e Sachet, pela praça Augusto Severo, praça André de Albuquerque e praça Padre João Maria, e pelas ruas Frei Miguelinho, Doutor Barata, Rua do Commercio, rua Chile, rua São Tomé, rua Vigário Bartolomeu, rua 21 de Março, rua Coronel Pedro Soares, rua Conceição, rua Junqueira Ayres e rua Ulisses Caldas, artérias importantes da cidade. Ver: A REPUBLICA, 17 mar. 1909.
Para fomentar o cumprimento do novo código de obras, o município oferecia algumas isenções, ficando autorizado a dispensar, quando achasse conveniente, qualquer exigência relativa às construções na zona urbana de Natal, caso fossem efetivadas em “logradouros ainda quase sem edificações, formando, como que núcleos isolados, dentro da própria zona Urbana” (ROLNIK, Raquel. A cidade e a lei. Op. cit., p.50.). O prefeito também estava autorizado a isentar do imposto predial por um período de cinco anos o sujeito que se dispusesse a edificar o primeiro prédio de mais de um pavimento após a vigência dessa Lei nos seguintes logradouros: avenida Tavares de Lyra, rua Silva Jardim, avenida Sachet, praça Leão XIII, rua Dr. Barata, avenida Junqueira Ayres, praça Augusto Severo e Rua do Comércio. A Lei n.4 ratificava a determinação da municipalidade vigente desde 1925, estabelecendo que apenas poderiam ser erguidos prédios de, no mínimo, dois pavimentos nos pontos citados.
As construções de novos edifícios e as reformas dos que existiam partiam tanto da iniciativa privada como pública. Os investimentos visavam a, principalmente, modificar a aparência das edificações adotando um “novo” padrão que, internamente, tinham ambientes amplos, claros, flexíveis e adaptáveis a diversos usos. Dentre as construções privadas, destacaram-se o “Edifício Campelo” – construído para escritórios – e o “Edifício Varela” – reformado para instalar a agência do Banco do Brasil no térreo e escritórios nos pavimentos superiores (Ambos de propriedade do Sr. Francisco Varela.). E entre os edifícios construídos pelo poder público, o Banco do Rio Grande do Norte era o mais importante. Este tinha três pavimentos e estava localizado na esquina da Avenida Tavares de Lira com a Sachet e ao ser concluído, em janeiro de 1939, tornou-se “um dos prédios mais bonitos da cidade” (FRANÇA, Aderbal. Novo aspecto. A República, Natal, p. 12, 17 jan. 1939a.), só sendo superado pelo edifício do Grande Hotel, o qual será referido posteriormente.
Na Crônica “Mais um Hotel na Cidade” (14/06/1941), quando observou o seu despertar para o crescimento, que viveu nos anos imediatamente posteriores, quando a demanda por hospedagem “de qualidade” cresceu e vários comerciantes adaptavam seus edifícios, para que funcionassem como locais de hospedagem. Neste caso, destacou a adaptação do “Edifício Varela”, uma edificação de dois andares na Av. Sachet, no bairro da Ribeira, com duas salas amplas térreas para restaurante e 60 quartos, com instalações próprias e próximo ao Cais do Porto.
Francisco Varela da Silva, fazendeiro e proprietário em Assu e Natal, construiu o segundo e terceiro edifícios da cidade (Varela e Campielo, na avenida Duque de Caxias, em 1937). Personagem relembrado por Djalma, quando do seu exílio no Uruguai, através de seu poema “Evocação de Natal”: “A quixotesta espada de Varela, à frente da milícia, / Vai, em 1932, enfrentar a rebeldia cívica dos paulistas, / Desfilando desembainhada pelas ruas.” Organizou e liderou quatrocentos homens para lutar contra os paulistas na revolução constitucionalista de 1932, que voltaram sem lutar, por haver terminado o conflito.
O ofício n° 34, da CMN, de 6 de outubro de 1948, não deixa margem a dúvidas: “O Presidente Olavo João Galvão da Câmara Municipal do Natal comunica ao Prefeito Silvio Piza Pedroza que a Câmara funcionou em caráter provisório no Teatro Carlos Gomes e está novamente de mudança para outro endereço. No conteúdo do ofício em referência, o Presidente Olavo João Galvão comunica ao Prefeito Silvio Piza Pedroza que a Câmara Municipal está instalando-se na sala n° 11 do Edifício Quinho, localizado na Avenida Duque de Caxias no bairro da Ribeira”.
Ao longo de sua história a Câmara Municipal de Natal funcionou em diversos locais da cidade. Há que se notar o seu constante deslocamento físico, pois ela não tem uma sede própria desde os primórdios administrativos da cidade. Foto e Fonte: Memorial da Câmara Municipal de Natal.
BONDES
Queixava-se com relação à falta de educação ou imperícia dos condutores, o descumprimento dos horários divulgados, a falta de manutenção, as constantes falhas técnicas e acidentes, por vezes fatais. Essas queixas são reveladoras dos valores buscados pelas elites; o descumprimento dos horários rompia com a racionalização da vida cotidiana e as falhas técnicas inspiravam a desconfiança.
Esse “ambiente de risco” aparece nos eventos narrados por jornais da oposição ao governo, por exemplo, o Diário de Natal, que noticiou vários acidentes com os bondes, sobretudo choques e atropelamentos desses equipamentos que se movimentavam pelas ruas da cidade “em vertiginosa disparada sem dar pelo break” (O BONDE. Diário de Natal, n. 4.209, 13 de junho de 1911, p. 1.). Desde a inauguração dos serviços de transporte que a ocorrência de acidentes ganhou espaço na imprensa local. Por exemplo, uma notícia de março de 1912 sobre um choque entre dois bondes na Avenida Sachet atribuía tal fato “à imperícia do motorista Severiano”. Por isso, afirmava o jornal, não era prudente confiar esta função a “empregados que não têm a precisa prática e que, em ocasiões tais, não sabem fazer uso do guarda freio automático que têm os veículos”.
Em maio de 1911, o edifício da Usina do Oitizeiro já se encontrava pronto, feito todo em estrutura metálica. Além disso, a terça parte do circuito central dos bondes já havia sido assentada, bem como, montado o primeiro tramway. Apesar disso, os trabalhos de assentamento dos trilhos ocasionavam diversos inconvenientes, especialmente em relação à remoção do calçamento, como pode ser constatado por meio das frequentes reclamações dos moradores, caso da Avenida Sachet, e das irregularidades deixadas após a passagem dos trilhos (A REPUBLICA, 1911d).
Tal intenção, no entanto, não viria a se concretizar nos anos subsequentes. Em contrapartida, o novo serviço de ônibus urbano ganharia paulatinamente novos
trajetos. Novas paradas de auto-ônibus passam a ser requisitadas por parte da população com mais frequência, como a reivindicação de mais um ponto entre os dois existentes na Avenida Junqueira Aires, especialmente, a fim de servir a Capitania do Porto.
A gerencia da “Força e Luz” correspondendo aos justos apelos dos habitantes das ruas Silva Jardim e Frei Miguelinho, resolveu pôr dois omnibus em circulação naquellas artérias. Ao que nos informou, hontem, o sr. Jack Romanguera, a começar de hoje, entre 7 e 17 horas, os carros das tabelas “Petropolis” e “Tyrol”, ao emvez de contornarem a avenida Tavares de Lyra, seguirão diretamente pela Nysia Floresta (antiga Sachet) até á Silva Jardim, retornando pela rua Frei Miguelinho, em direção á Cidade Alta (A REPUBLICA, 1930e, p. 02).
O mau funcionamento da infraestrutura dos bondes faz com que os acidentes se tornem cada vez mais constantes. Em contrapartida, os automóveis se popularizam. Nesse mesmo mês de abril é inaugurada a primeira agência da Chevrolet em Natal, situada na Avenida Nysia Floresta, antiga Sachet, e de propriedade do Sr. Alves Billa (A REPUBLICA, 1937f).
CENTENÁRIO DE FREI MIGUELINHO
O dia 12 de junho de 1917 em Natal amanheceu chuvoso, o que não alterou a princípio o início das comemorações naquele dia. Segundo a Revista do IHGRN, apesar do mal tempo a população não havia deixado de se deslocar para a esplanada da Rua Silva Jardim, onde iria realizar-se a primeira parte das comemorações cívicas, com uma missa campal no lugar onde havia nascido Frei Miguelinho; local este demarcado em 1906, quando as comemorações do 89° aniversário da morte do herói norte-riograndense – organizadas pelo IHGRN – haviam tido ali seu ponto alto com a inauguração de uma lápide. (Rev. IHGRN, vol XV, n° 1e 2, 1917; 80.).
O cortejo, organizado na esplanada da Rua Silva Jardim, partira assim, com uma missa, da casa onde Miguelinho teria nascido, seguindo toda a extensão da rua (desde 1906, nomeada de “Frei Miguelinho”), em seguida, percorreu a Av. Tavares de Lira, tomando a Avenida Duque de Caxias, a Avenida Sanchet, seguindo, por fim, após contornar a Praça Augusto severo, para a Avenida Junqueira Aires, a caminho da Cidade Alta, passando em frente ao Palácio do Governo, contornando-o em direção à Praça André de Albuquerque.
ÁRVORE DA CIDADE
No cruzamento da Duque de Caxias com a Esplanada Silva Jardim existia, até 2010, uma árvore bicentenária conhecida como a “Árvore da Cidade”. Trata-se de uma tradicional castanhola (Terminalia Catappa Linn, da família das Combretáceas). A referida árvore, já centenária em 1904, foi plantada no quintal da casa que pertenceu, a partir de 1764, ao português Manoel Pinto de Castro, casado com Francisca Antônia Teixeira. Do casal nasceu dentre outros filhos, Miguel Joaquim de Almeida Castro, Frei Miguelinho, mártir norte-rio-grandense da Revolução Republicana de 1817.
AVENIDA NÍSIA FLORESTA
Demasiado seria dissertar sobre a importância de figura de Nísia Floresta, sobretudo nestes tempos onde está em voga o debate sobre o protagonismo feminino.Muitos já se debruçaram sobre esse tema.
Hoje trataremos sobre a falta de memória (ou do apagamento dela) na capital potiguar da figura de Nísia Floresta.Muitos poderão argumentar que já não basta a mudança de nome do município de Papari para o de Nísia Floresta ocorrido em 1948 para homenageá-la? Sim é inegável esse gesto daquele município em homenagear sua filha mais ilustre, porém em Natal outras homenagens se fizeram antes dessa e que foram apagadas pelo tempo (no mínimo).
Havia já na década de 1930 em Natal a Avenida Nísia Floresta, importante artéria do bairro da Ribeira que fazia confluência com a Praça José da Penha (ex Leão XIII) e a Silva Jardim. Sabe-se lá por quais motivos o nome da avenida foi alterado para o atual Duque de Caxias.
O nome de Nísia Floresta permanece apenas numa pequena travessa que passa ao lado do prédio da Tribuna do Norte, menos vistosa e importante como seria a altura da homenageada.
A baixo aspectos atuais da Avenida Duque de Caxias onde fora outrora a Avenida Nísia Floresta. Por fim e menos gloriosa, a rua Nísia Floresta no bairro da Ribeira.Foi o que restou a ilustre potiguar em Natal.
Há atualmente debates, discursos, discussões, simpósios e mais simpósios, congressos, seminários, audiências públicas para se mudar o nome da Avenida Salgado Filho (que nada tem a ver com o RN) para Nísia Floresta.Pelo andar das coisas, ficará somente no campo das discussões.
GRANDE HOTEL
O bairro da Ribeira em Natal era considerado como porta de entrada da cidade devido ao porto e à estação ferroviária. Com a iminência da II Guerra Mundial, esse
aspecto do bairro foi ainda mais avultado, uma vez que a cidade passou a receber inúmeros visitantes ilustres. Por esse motivo, o Interventor Federal Rafael Fernandes Gurjão decidiu financiar construir um hotel com a participação do engenheiro Gentil Ferreira de Souza, prefeito de Natal, que modificou o projeto original e administrou a obra, que atendesse às necessidades da nova demanda.
O edifício mais festejado foi o Grande Hotel, que era uma antiga reivindicação local, cuja realização foi tratada como uma prioridade e entendida como a obra que permitiria e garantiria o desenvolvimento econômico local. Provavelmente, devido à importância do Hotel para as elites locais, o Escritório Saturnino de Brito, que não possuía corpo técnico para elaborar os projetos arquitetônicos, encomendou o seu projeto ao arquiteto francês George Munier que, segundo Dantas (DANTAS. Ana Caroline de C. L. Sanitarismo e planejamento urbano: a trajetória das propostas urbanísticas para Natal entre 1935 e 1969. 2003. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)– Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2003.), apresentou uma proposta com características protomodernistas. O terreno escolhido também foi privilegiado, na esquina da Avenida Tavares de Lira com a Avenida Sachet (atual Duque de Caxias), ou seja, em frente ao centro comercial mais movimentado da cidade, a Avenida Tavares de Lira. A execução da obra ficou sob a responsabilidade do prefeito Gentil Ferreira e, mais uma vez, a cobertura jornalística da inauguração do edifício Grande Hotel, com desfaçatez, justificou efusivamente a participação do Prefeito, informando que este sentira-se inseguro e intimidado diante do projeto quando este lhe foi apresentado. E mesmo que, no primeiro contato em que teve com a proposta, pensou em contratar um responsável técnico e uma equipe mais experimentada em São Paulo, ao final resolveu aceitar o desafio de construir sem recorrer a outros especialistas. Segundo o mesmo jornal, sua “competência e eficiência” superaram as dificuldades e o Hotel foi construído com mão-de-obra local e, mais uma vez, deixou de explicitar a participação de Holanda, que neste empreendimento, já era sócio da construtora do Prefeito.
O Grande Hotel, construído em estilo arte déco, foi inaugurado em 13 de maio de 1939, na Avenida Duque de Caxias com a Praça José da Penha. Neste, realizavam-se grandes recepções, banquetes, homenagens, dentre outros eventos sociais (A República, Natal, 13 maio 1939.).
Foi construído numa época em que a cidade necessitava de locais destinados a hospedagem, logo se transformou no “porto seguro” daqueles que visitavam a capital potiguar. Segundo a pesquisadora Nesi (1994), antes do Grande Hotel, os aviões da Condor e da Panair regulavam os seus horários com pernoites em Recife e em Fortaleza.
Após alguns entraves burocráticos, foi realizada uma concorrência pública tendo como vencedor o Sr. Theodorico Bezerra que passou a administrar o maior Hotel da cidade. Logo se transformou no lugar de acolhida e repouso de personagens ilustres da política e da cultura. Dentre os hóspedes destacavam-se: o almirante Ary Parreiras, durante a construção da base naval; o presidente Juscelino Kubistchek; Tyrone Power; Nelson Gonçalves; Carlos Galhardo; Vicente Celestino e muitos outros.
O natalense desde os anos vinte do século passado, se habituou à aviação. O Rio Potengi, cenário de encontros de mundos diferentes – potiguares e europeus, é parte da história da navegação. Em suas águas pousaram “centenas” de aeronaves, vôos de aventura e comercial que a cada pouso ou decolagem, eram motivo de alegria de crianças e adultos, que admirados olhavam desejando boas vindas e para outros, boa viagem.
Desde 1991 o antigo Grande Hotel é parte do Patrimônio Histórico Estadual, como monumento Tombado preserva parte da História da cidade de Natal. Hoje funciona como juizado de pequenas causas.
AVENIDA DUQUE DE CAXIAS
Antiga Campina da Ribeira, denominada de rua Bom Jesus, hoje avenida Duque de Caxias. Conforme Nesi (2002), existem registros deste logradouro datados de 1604. Há nesta avenida algumas construções de meados do século XX, bem conservados.
Na verdade, esta avenida recebeu outra denominação, como por exemplo rua dos Coqueiros, avenida Sachet e finalmente Duque de Caxias, durante a administração do prefeito José Varela, Lei promulgada em 6 de maio de 1944. Aquele logradouro público recebeu a denominação de Avenida Duque de Caxias,
que permanece até os dias atuais, uma homenagem prestada ao Patrono do Exército Brasileiro.
O historiador Souza (2008) informa que coube ao Prefeito Omar O’Grady a abertura completa desta avenida. Parte importante da história da Cidade de Natal, a avenida Duque de Caxias é palco dos tradicionais desfiles de nossas agremiações carnavalescas. Lugar de folia em noites de carnavais, é lugar de memória da terra de Cornélio Campina.
Como principal artéria da Ribeira, a avenida Duque de Caxias foi palco de grandes acontecimentos. Pelas suas calçadas circularam figuras de destaque internacional, como os artistas americanos que se hospedaram no Grande Hotel, à época da 2ª Guerra Mundial, além de políticos importantes e boêmios inveterados.
lvanaldo Lopes, em seu livro “Natal do meu Tempo”, conta um fato curioso ocorrido naquela avenida. Certa vez houve um tiroteio na Duque de Caxias, nas proximidades da Tavares de Lira, que por pouco não ocasionou uma tragédia. Uma bala perdida varou a cartola de um passante, e para espanto geral e susto maior para a vítima, o projétil passou à distância de um centímetro da cabeça do transeunte! Este foi apenas um dos milhares de fatos curiosos, ocorridos na nossa “Ribeira Velha de Guerra”.
QUEM FOI DUQUE DE CAXIAS?
Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, nasceu na fazenda Taguaraçu, no atual município de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 25 de agosto de 1803. Era ele filho do tenente Francisco de Lima e Silva e de Cândida de Oliveira Belo. Aos 15 anos, ingressou na Academia Real Militar, criada por Dom João VI em 1814. Caxias recebeu a patente de tenente em 2 de janeiro de 1821. Em dezembro do mesmo ano, concluiu o curso de oficial, passando então a servir no 1º Batalhão de Fuzileiros. Em 1822, incorporado ao Batalhão do Imperador, combateu na Bahia, contra os soldados portugueses, adversos à lndependência do Brasil.
Aos 21 anos, recebeu do Imperador Dom Pedro I, a Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul, as insígnias de major e as Comendas da Ordem de São Bento de Aviz e Hábito da Rosa.
Em 1836, Caxias convolou núpcias com Ana Luiza, filha do intendente de polícia Paulo Fernandes Viana. O casal teve três filhos: Luiza de Loreto, Ana de Loreto e Luís. Em 1837, foi ele promovido a tenente-coronel. Em 1840, a General Brigadeiro, quando recebeu também o título de Barão de Caxias, um referencial à cidade maranhense onde ele combatera e sufocara a Revolta dos Balaios.
Segundo Tavares de Lyra (1998, p. 290), como reflexo do que se desenvolvia no centro-sul do país, dois grupos políticos foram formados no Rio Grande do Norte, os “nortistas e sulistas, que correspondiam, respectivamente, aos partidos conservador e liberal”, que monopolizaram o jogo político-eleitoral durante todo o Segundo Reinado. Aqui não era em nada diferente do que ocorria no resto do Brasil. Os partidos políticos eram iguais, com “programas semelhantes e processos idênticos” (CASCUDO, 1984, p. 172). A participação do Rio Grande do Norte num fato relacionado à fase das regências, e mais precisamente às grandes rebeliões daquela quadra histórica, restringese, mais proximamente, a algo subalterno: ter hospedado Luís Alves de Lima e Silva (futuro Duque de Caxias), quando este se dirigia ao Maranhão para combater os balaios.
Em 1852, combateu Rosas (Argentina) e Oribe (Uruguai). Retornando vitorioso, recebeu o título de Marquês.
Em maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai “assinaram um tratado de Aliança contra o Paraguai”, estabelecendo três metas principais: pôs um fim à ditadura de Solano Lopez, garantir a livre navegação nos rios da região platina e conquistar, secretamente, territórios a que o Brasil e a Argentina julgavam ter direito no Paraguai. A invasão do Paraguai começou em 1866 e terminou em 1869, quando, sob o comando de Caxias, Assunção, capital do Paraguai, foi invadida pelas tropas brasileiras. O esforço de guerra nunca contou com a simpatia da população brasileira, como está dito acima. O recrutamento era difícil e, muitas vezes, forçado. O Império brasileiro foi minado pela crise financeira, resultado dos elevados gastos com o conflito platino.
O ideal republicano não era novo no Brasil. Porém, somente com o fim da Guerra do Paraguai, as críticas à Monarquia brasileira e às suas instituições e privilégios começaram a se intensificar. A propaganda republicana crescia entre a elite econômica brasileira, principalmente entre os cafeicultores de São Paulo. Muitas associações republicanas foram formadas. O Exército, fortalecido com a Guerra do Paraguai, passou a participar dos debates políticos, fazendo a balança pender para o lado dos republicanos.
Depois do triunfo, realmente, se não houve, tão súbito e tão grave, o perigo do desequilíbrio de direção pelo aparecimento de um ou mais grandes chefes vencedores – porque a evolução foi lenta e subterrânea – isso não afastou a realidade do advento de uma força no cenário do Brasil. Se a guerra não revelou o caudilhismo, isso indica, de uma parte, a consciência da supremacia da ordem civil, de outra parte os vínculos que uniam os chefes eminentes do exército aos partidos existentes: Caxias aos conservadores, Osório aos liberais, Gastão de Orleans ao poder moderador personificado no sogro (SODRÉ, 1998, p. 306).
Aos 66 anos, foi agraciado com o título nobiliárquico de Duque de Caxias. O grande militar que ficaria conhecido como ‘”O Pacificador”, faleceu no dia 7 de maio de 1880.
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
No dia 02 de outubro de 1892, surgiu a Associação Comercial. Nasceu para congregar os comerciantes do bairro da Ribeira, sob a presidência de Fabrício Gomes Pedroza. Foi criada pelos empresários locais entre os quais Manoel Machado visando à defesa de interesses comuns e divulgando a mensagem da Defesa da Livre Iniciativa. Na sua fundação, a associação foi instalada em prédio situado na Praça Marechal Deodoro. Em 1927 a associação mudou-se para Rua Dr. Barata .
Em 1929, o então presidente da associação planejou um empréstimo mediante a subscrição de ações. No mesmo ano, o Governador Juvenal Lamartine doou um terreno na então Rua Sachet (atual avenida Duque de Caxias) para a construção da sede própria.
Em 1940, nova ajuda foi acrescentada aos recursos já existentes, permitindo a construção da sede própria. O prédio foi projetado e construído pelo engenheiro Gentil Ferreira apresenta planta retangular, em três pavimentos, de aspecto harmonioso e simétrico em relação ao acesso principal, feito pelo hall de entrada com cobertura apoiada em quatro colunas encimada por capitéis de massa. O edifício teve suas obras concluídas na gestão do presidente da Associação Comercial, Manoel Gurgel do Amaral em 19 de abril de 1944.
A Associação Comercial do Rio Grande do Norte, está localizada na Av. Duque de Caxias, antiga Rua Sachet, no local denominado antes de Palácio do Comércio, hoje, Casa do Empresário (ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO RIO GRANDE DO NORTE (ACRN). Disponível em: http://www.acrn.org.br/historico.php. Acesso em: 01/07/2012.).
EDIFÍCIO BILA
O Edifício Bila foi inaugurado em 23/01/1944 que havia sido recentemente construído na Avenida Sachet (Atual Duque de Caxias), na Ribeira.
Em sua alocução o bispo de Natal congratulou-se com o Sr. Severino Alves Bila, que dava mais uma prova de seu espírito dinâmico e empreendedor com a edificação daquele primoroso prédio. Em seguida o interventor federal declarou inaugurado o Edifício Bila.O prédio foi visitado pelo público deixando essa visita ótima impressão sob todos os aspectos técnicos.
O Edifício Bila com seu cunho de majestade, seria para Natal um relevante melhoramento urbano, segundo o jornal A Ordem.Durante a solenidade ouviu-se a banda de música da Força Pública Policial. (A ORDEM, 24/01/1944, p.1).
Trata-se de um edifício de características Art Déco para o funcionamento de salas de escritório. Na fotografia da Avenida Tavares de Lira, o edifício não encontra-se em destaque. Esta fotografia provavelmente remete à década de 1950, sendo pertencente à um momento posterior, com relação às demais fotografias do início do século XX. Conforme se pode perceber na imagem, o bairro ainda é bem movimentado.
TIPOGRAFIA POTENGI
A cidade do Natal, entre os anos de 1889-1930, possuiu muitos estabelecimentos tipográficos, entre os quais a Tipografia de O Potengi que confeccionou o periódico O Potengi (1906-1908) na Rua da Campina, S/N (posteriormente Rua Sachet, e depois Duque de Caxias). A Tipografia pertencia a Manuel Pimenta e Pedro Pimenta, tipógrafos profissionais.
RÁDIO CLUBE BANDEIRANTES
O Clube de Radioamadores do RN, que foi inaugurado em 20 de outubro de 1947, localizava-se na Avenida Duque de Caxias, nº 118, na Ribeira55, migrando para o
bairro do Tirol dois anos depois, sendo inaugurada a nova sede em 22 de outubro de 1949. A Ribeira perdia gradativamente o seu prestígio e a sua representatividade social nos anos que se seguiriam, com a migração da elite e das suas instituições.
BANCO DE NATAL
Em frente ao antigo “Wander Bar” funcionou o Banco de Natal (futuro BANDERN), quando o mesmo saiu do prédio da Dr. Barata. No local onde funcionou a Livraria Universitária, da firma Livraria e Papelaria Walter Pereira S.A., funcionou a Sapataria Nolasco. Naquela importante rua foi instalado o notável estúdio fotográfico de João Alves de Mello, em um prédio atualmente desativado. O Banco de Natal, posteriormente transformado em BANDERN, foi fundado na rua Dr. Barata. Com sua transferência para a sede própria, na esquina das atuais avenidas Duque de Caxias e Tavares de Lira, o local foi ocupado pela Livraria Cosmolita,
propriedade de Fortunato Aranha.
No local, funcionou o Hotel Internacional, que pertenceu a Milcíades Bandeira, José de Carvalho, Theodorico Bezerra e Guilherme Lettieri. Era um hotel bastante frequentado, que mantinha um bar de intenso movimento, com afluência de industriais, comerciantes, políticos, fazendeiros etc.
O Banco de Natal, posteriormente, BANDERN, foi erigido nesta rua. E com sua transferência para a sede própria, na esquina das atuais avenidas Duque de Caxias e Tavares de Lira, o local foi ocupado pela livraria Cosmopolita, tendo como proprietário Fortunato Aranha.
O antigo prédio do BANDERN, construído na esquina com a avenida Tavares de Lira, foi inaugurado em janeiro de 1939. O prédio, desenvolvido em três pavimentos, ostenta belas colunas com capitéis caprichosamente trabalhados, que servem de apoio à marquise que separa o segundo do terceiro pavimento.
O projeto de construção do Banco foi confiado ao prefeito da Capital, o engenheiro Gentil Ferreira de Souza. À época da sua construção, constituía-se uma das mais belas e sólidas edificações de Natal. Apresentava partido de planta retangular desenvolvido em três pavimentos, com cobertura arrematada por platibanda com balaústres. A única modificação verificada naquele prédio, foi a retirada de um belo frontão curvilíneo que valorizava sobremaneira o seu pórtico de entrada. O Banco foi extinto e, posteriormente, o prédio foi reinaugurado como Central do Cidadão. Atualmente, este prédio encontra-se desocupado.
A construção do prédio obedeceu a direção técnica do prefeito Gentil Ferreira, que era engenheiro também, sendo despendido na obra, incluindo o mobiliário, 239:000$.O mobiliário com as divisórias e balcões, era todo novo,sendo executado pela Casa Holanda, do Recife e custou 57:000$.
Na década de 50 os bancos do estado do Rio Grande do Norte estabeleceram suas sedes no bairro da Ribeira. A Cooperativa Central de Crédito Norte Riograndense Ltda situava-se na Rua Doutor Barata, nº. 208. O Banco do Povo S.A. possuía sua sede na Avenida Duque de Caxias, nº. 0106. O Banco do Rio Grande do Norte estabelecia-se na Avenida Tavares de Lira, nº. 109. A Caixa Econômica Federal encontrava-se na Avenida Duque de Caxias, nº. 124. Os bares e os cafés dessa esquina eram prolongamentos dos escritórios de corretores, negociantes, políticos e funcionários das repartições públicas, a exemplo dos bancos, situados no bairro da Ribeira. Os bares e os cafés eram espaços que assumiram uma função que ia além do fornecimento de lanches, refeições e bebidas. Os frequentadores desses bares e cafés eram homens que buscavam esses espaços para se estabelecer socialmente e defender seus interesses particulares.
As crônicas sobre a história dos grupos dirigentes locais, onde podemos encontrar um grande número de relatos de vida de políticos, a exemplo da Acta Diurna publicada em 04/09/1957, sobre o ex-deputado Olímpio Tavares:
“Foi Presidente do Banco do Natal, da Junta Comercial da Intendência Municipal, 1889-1901. Deputado Estadual nos triênios de 1898-1900, 1904-1906, 1907-1909, 1910-1912. Comerciante poderoso. Uma das figuras prestigiosas, influentes, dominadoras no velho Natal desaparecido.”
“Viveu trinta e quatro anos como um legítimo papa-gerimun, participando da vida industrial, política, social, econômica do Rio Grande do Norte, do Império e da República.”
“Lembro-me muito bem dele. Forte, robusto, corado, cara fechada, que um leve sorriso irônico dava uma breve nota acolhedora, tinha fama de mordaz, dizendo pilhérias que fugiam e feriam como dardos. Era nosso vizinho na saudosa Rua Sachet, hoje Duque de Caxias.”
“Nós morávamos onde se ergue o Grande Hotel e o Coronel Olimpio Tavares onde está o Hotel Avenida. Singular destino das duas grandes casas agasalhadoras e fartas em título gratuito. São hotéis…Era, realmente, uma vocação funcional.”
“Foi um dos grandes animadores para a Cidade Nova, hoje Petrópolis e Tirol, e sonhava transformar o pequenino Banco do Natal num financiador agrícola, libertando algodão e açúcar dos empréstimos escorchantes. Meu pai era muito amigo dele, recordando-lhe a verve feliz.” (CASCUDO, Luís da Câmara. Olímpio Tavares. A República, 04 de setembro de 1959.).
CASA PAULISTA
Na esquina com a atual Duque de Caxias existia o sobrado da “Casa Paulista”. No mesmo prédio, hoje totalmente descaracterizado, funcionou o escritório da Construtora A. Azevedo, e posteriormente, o BANDERN Crédito Imobiliário.
Nota-se ao fundo a antiga sede da unidade Estadual do Procon. O prédio foi construído no final da década de 1930 para abrigar a sede do Banco do Estado do Rio Grande do Norte (Bandern).
Em 1993 o prédio passou por uma reforma que só seria finalizada no ano seguinte. Um desabamento de parte da fachada motivou a reparação. Na ocasião uma vistoria técnica constatou que o prédio estava acometido a um processo de corrosão avançada, em virtude da falta de conservação, assim como presença de infiltração e madeira umedecida.
Em 2014 nova interdição pelas instalações oferecerem riscos aos funcionários e demais pessoas que transitavam pelo local. Na ocasião o teto corria risco de desabar. Ratos e insetos infestavam o local.
Não sei como se encontra a situação do prédio nem que destino tem nos dias de hoje.
ANTIGA RESIDÊNCIA DE FORTUNATO ARANHA
Fortunato Aranha, livreiro, proprietário da “Livraria Cosmopolita”, segundo o pesquisador Deífilo Gurgel: a Cosmopolita não era, no entanto, apenas uma livraria. A simpatia e o espírito cordial do seu proprietário, conseguia reunir, diariamente, na calçada do estabelecimento, uma roda de amigos que compreendia intelectuais, magistrados, boêmios, empresários.
Amante dos livros, Fortunato Rufino Aranha possuía uma das maiores bibliotecas de Natal. Homem da cultura, por “pressão” dos amigos exerceu a presidência da Intendência Municipal, promovendo, segundo informa Deífilo Gurgel, a reforma e ampliação do prédio da Intendência Municipal, transformando-o no atual Palácio Felipe Camarão.
A pesquisadora Jeanne Nesi, em seu “Caminhos de Natal”, afirma que: a casa de Fortunato Aranha, imponente palacete, serviu até pouco tempo atrás, de sede ao Instituto do Açúcar e do Álcool. A casa, valorizada por uma escadaria de acesso, apresenta porão e mirante. Sua cobertura é toda arrematada por platibanda com balaustrada, ostentando na fachada belos arcos ogivais. Desde 1989 passou a ser uma das dependências da Fundação de Assistência do educando.
A casa de Fortunato Aranha, outro imponente palacete, que já serviu como sede do Instituto do Açúcar e do Álcool, abriga atualmente a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Superintendência do Rio Grande do Norte. A casa, valorizada por uma escadaria de acesso, apresenta porão e mirante. Sua cobertura é toda arrematada por platibanda com balaustrada, ostentando na fachada belos arcos ogivais com cercaduras de massa.
ANTIGA RESIDÊNCIA DE JANUÁRIO CICCO
O prédio da Rua Duque de Caxias nº 190 era o palacete onde morava o Dr. Januário Cicco. No térreo ficava o consultório e, no andar superior, a residência. O sobrado data do ano de 1908 e foi construído por João Alfredo. Posteriormente, serviu de residência para o renomado médico que, desde as primeiras décadas do século XX, preocupou-se com o desenvolvimento ordenado da cidade (NESI, 1994).
Nesse contexto instável e de transformação, emerge a figura do Dr. Januário Cicco, médico formado na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1906, voltando a Natal para clinicar, instalando seu consultório na Avenida Duque de Caxias, na Ribeira.
Para Nesi (1994), no aspecto arquitetônico, a casa segue os padrões da época. A fachada tem estilo neoclássico, com falsas colunas, detalhes de frisos, simetria nas janelas e arcos plenos nas portas, embora o referido estilo não se verifique no restante da arquitetura do conjunto.
Em 1927, de acordo com Cascudo (1999), Januário Cicco fundou a Sociedade de Assistência Hospitalar para famílias pobres de Natal. Por sua insistência, o Governo do Estado adaptou uma casa de veraneio em Petrópolis e fundou o Hospital de Caridade Juvino Barreto, atualmente Hospital Universitário Dr. Onofre Lopes.
Depois promoveu campanhas visando angariarem fundos e, em 12 de outubro de 1950, fundou a Maternidade-Escola que hoje recebe seu nome.
O Dr. Januário Cicco preocupou-se em exercer a medicina preventiva, implantou importantes medidas sanitárias na cidade e foi também um dos primeiros cirurgiões de Natal. Faleceu em novembro de 1952 (CASCUDO, 1999).
A Avenida Duque de Caxias ainda conserva belos e imponentes casarões históricos, alguns construídos na primeira metade do século XX, como as casas residenciais de Januário Cicco e Fortunato Aranha. O primeiro morou em um palacete imponente, que atualmente funciona como albergue. A parte térrea da casa era destinada ao consultório de Januário Cicco residia ele com a família, no pavimento superior
BANCO DO POVO DE NATAL
O banco do povo era instituição bancária com sede em Recife-PE instalado em 27/04/1920 que abriu agências filiais em Natal e em outras cidades do nordeste. Em Natal a filial do Banco do Povo foi aberta em 07/08/1942 e funcionou provisoriamente por 2 anos no primeiro andar do edifício Mossoró, na praça Augusto Severo, 107, na Ribeira.
Entre 1942 e 1944 um imponente edifício foi construído para ser a sede própria do referido banco, prédio este que segundo o jornal A Ordem viria a enriquecer o patrimônio urbanístico da cidade(A ORDEM,17.08/1944,p.6). O novo prédio sede do banco do povo foi erguido na av Duque de Caxias, 106, esquina com a rua Nísia Floresta, na Ribeira.
A inauguração do novo prédio da filia do banco do povo ocorreu no dia 17/08/1944 as 08h00. Segundo o jornal Diario de Pernambuco “não foi um acontecimento apenas de significação local, mas de repercussão em todo o Nordeste, onde se exerce, cada vez mais,, amplas e proveitosas, as atividades do conceituado estabelecimento de crédito […]”.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO,20/08/1944,P.9).
Distinguindo-se cada vez mais com a preferência dos homens da agricultura, da indústria, do comércio e do público em geral teve que abrir filiais e escritórios em vários estados e no interior de Pernambuco, de modo a atender a sua grande clientela.
Atualmente o prédio onde funcionou a agência do Banco do Povo é a sede do jornal Tribuna do Norte. Fonte: Crônicas Itaituenses.
JUNTA COMERCIAL
Apesar do ar provinciano que pairava sobre a cidade do Natal, o bairro da Ribeira(um dos principais bairros da cidade na época) não poderia deixar de acompanhar aevolução estrutural do país, os principais comércios e órgãos públicos se instalavam ali. Por ser um bairro genuinamente comercial, a Associação Comercial não poderia ter surgido em outro lugar, assim como, praticamente, nasceu no bairro o CDL (Clube dos Diretores Lojistas). A Junta Comercial também estava localizada na Rua Dr. Barata. Foi, na gestão do governador Cortez Pereira que passou para o cruzamento da Avenida Duque de Caxias com a Praça Augusto Severo.
DELEGACIA FISCAL
O prédio da Delegacia Fiscal foi edificado em meados do século XX, na esquina da Silva Jardim com Duque de Caxias. A Delegacia Fiscal foi oficialmente inaugurada às 15:00 horas do dia 10 de julho de 1955, na presença de autoridades civis, militares e eclesiásticas. Trata-se de um prédio de expressivo valor arquitetônico. Apresenta fachadas principal e laterais assumindo um único bloco. Acha-se implantado no alinhamento da rua e possui planta quadrangular, desenvolvida em três pavimentos. Seu aspecto externo é harmonioso e monumental. Uma barra de mármore, com aproximadamente 1,80 metro, reveste toda sua parte inferior externa. Possui cobertura arrematada por platibanda e uma única marquise, que contorna toda a parte superior do prédio. Logo abaixo da marquise, sobre a entrada do edifício, encontra-se o brasão da República e, nas laterais, inscrições que identificam o prédio: Ministério da Fazenda.
Em 1948 foi concedida a verba pelo Governo Federal para a construção do prédio da Delegacia Fiscal do Ministério da Fazenda no Rio Grande do Norte, após uma espera de quase 20 anos dos administradores que lutaram pela sede própria da referida repartição.
A obra foi orçada em 3 milhões de cruzeiros, tendo sido autorizada a diretoria de patrimônio da abrir concorrência para a obra.
Em 1954 estavam praticamente concluídas as obras do grande edifício da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional no Rio Grande do Norte.Faltavam apenas os retoques finais de acabamento e a instalação do elevador assim como a aquisição do mobiliário.( O POTI,07/11/1954, p.22).
A inauguração do prédio sede da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional no Rio Grande do Norte ocorreu em 10/07/1955 as 15h30 tendo o ato solene contado com a presença de altas autoridades civis, militares e eclesiásticas, inclusive do ex-interventor federal no Rio Grande do Norte, Mário Câmara, que representou o Presidente da República, João Café Filho, o Ministro da Fazenda José Mário Whitaker e o diretor da Fazenda Nacional.
O prédio da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional no Rio Grande do Norte foi considerado um dos mais bonitos e elegantes edifícios de Natal a época de sua inauguração, impossível é não sentir a mesma noção a quem presentemente passa pela Av. Duque de Caxias na Ribeira e se depara com o edifício de linhas modernistas dominando a paisagem urbana da Capital potiguar.
HOTEL AVENIDA
“Na esquina com a Duque de Caxias, o Estado construiu o prédio que ainda la se encontra, que foi ocupado pela Recebedoria de Rendas Estaduais.
Sendo transferida para outro setor, foi ocupado pela Junta Comercial do Estado. No outro Lado, esquina também com Duque de Caxias, encontrava-se o Hotel Avenida, que conforme já indicado, foi adquirido pelo Sr. Teodorico Bezerra, que ali ficou até a aquisição do Hotel Internacional”.
(ANDRADE, 1989, p.26)
ESCRITÓRIO SATURNINO DE BRITO
Na realidade, Natal/RN não é cenário de grandes obras modernistas, até porque os exemplares sobreviventes são acanhados, descaracterizados e imprensados na cidade que cresceu rápido e não se preocupou muito com preservação de seu patrimônio. Mas, dentre poucas obras modernistas, a meu ver, uma se destaca de forma muito especial. E rara. É o octogenário PRÉDIO DA CAERN-RIBEIRA, chamado originalmente INSTITUIÇÃO DE SANEAMENTO DE NATAL.
Essa construção é uma das maravilhas do modernismo brasileiro – verdadeira referência para o Brasil. Na realidade, o texto que se seguirá abaixo se baseia mais nas imagens que no próprio prédio atual, que está muito descaracterizado. Essa obra detém uma singularidade excepcional. E é admirável que há 80 anos, tenha chegado à pacata Natal uma proposta tão a frente do tempo.
O prédio da INSTITUIÇÃO DE SANEAMENTO DE NATAL foi obra do famoso engenheiro Saturnino de Brito, de Recife/PE, o qual recebeu influências de genialidades como GREGORI WARCHAVCHIK, LÚCIO COSTA, A. E. REIDY, OSCAR NIEMEYER e S. BERNARDES. Em 1935 Natal estava fortemente estimulada para inovar e modernizar a sua urbanização. Desse modo o governador Rafael Fernandes contratou os serviços do ESCRITÓRIO PERNAMBUCANO F. SATURNINO DE BRITO para o Plano Geral de Obras, visando construir inúmeras obras, dentre elas o citado prédio.
Na realidade o engenheiro SEBASTIÃO SATURNINO DE BRITO (pioneiro da Engenharia Sanitária e Ambiental no Brasil) chegou a desenhar vários prédios (conforme veremos nesse texto), como o Grande Hotel, Estação Ferroviária, Palácio do Governo, Aeroporto Secretarias, bairros residenciais etc, mas muito disso só ficou no desenho.
Mas, como “tudo o que é bom dura pouco”, como diz o ditado, o deus moderno da arquitetura potiguar foi mutilado pela ignorância.
CARNAVAL
Parte importante da história da Cidade de Natal, a avenida Duque de Caxias é palco dos tradicionais desfiles de nossas agremiações carnavalescas. Os desfiles carnavalescos aconteciam primeiramente na praça Pedro Velho e passaram para a Av. 2 (ou Presidente Bandeira) no ano de 1981, durante a gestão de José Agripino (1979-1982). Posteriormente, foram transferidos para a Avenida Duque de Caxias (no bairro Ribeira), onde acontecem até hoje.
FONTES COMPLEMENTARES:
Caminhos de Natal / Jeanne Fonseca Leite Nesi ; ilustrações, Urban Sketchers Natal. – Dados eletrônicos (1 arquivo PDF). – 2. ed. – Natal, RN : IPHAN, 2020.
CASCUDO, Luís da Câmara. História da Cidade do Natal. Natal: RN Econômico, 1999.
CASCUDO, Luís da Câmara. História do Rio Grande do Norte. 2 ed. Natal: Fundação José Augusto; Rio de Janeiro: Achiamé, 1984.
NESI, Jeanne Fonseca Leite. . Natal: Fundação José Augusto; APEC, 1994.
LYRA, Augusto Tavares. História do Rio Grande do Norte. Natal: Nordeste Editora Gráfica, 1998.
OLIVEIRA, Giovania P. De cidade a cidade: o processo de modernização de Natal 1889/1913. Natal: EDUFRN, 1988.
ONOFRE JR, Manoel. Guia da cidade do Natal. Natal: EDUFRN, 1998.
ROLNIK, Raquel. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo. São Paulo: Studio Nobel, 1999.
SODRÉ, Nelson Werneck. Panorama do Segundo Império. 2 ed. Rio de Janeiro: Graphia, 1998.
REFERÊNIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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A MODERNIZAÇÃO DA CIDADE DO NATAL: AFORMOSEAMENTO DO BAIRRO DA RIBEIRA (1899-1920) / LÍDIA MAIA NETA. – NATAL/Dez/2000.
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Um artífice mineiro pelo país: formação, trajetória e produção do arquiteto Herculano Ramos em Natal / Débora Youchoubel Pereira de Araújo Luna. – NATAL/RN, 2016.
Um espaço pioneiro de modernidade educacional: Grupo Escolar “Augusto Severo” – Natal/RN (1908-13). Ana Zélia Maria Moreira. – Natal, RN, 2005.