Rua Vigário Bartolomeu

A primeira referência documental sobre a atual Rua Vigário Bartolomeu, na Cidade Alta, em Natal, data de 30 de junho de 1814, quando foi concedida uma terra, pelo Senado da Câmara, a José Manuel Reis. O beneficiário pretendia “erigir uma morada de casas de taipa, térreas, na rua da Palha”. Observa-se que a primitiva denominação daquele logradouro público de Natal, era Rua da Palha. Segundo o historiador Luís da Câmara Cascudo, aquele topônimo “configura o material empregado na construção”.

Em 11 de setembro de 1827, foi concedida a Antônio Pereira dos Santos uma data de terra “na Rua da Palha… ao norte da casa de Bartolomeu da Rocha Fagundes”, o Vigário Bartolomeu, também morador na mesma rua que depois receberia seu nome. O último registro existente de concessão de terras pelo Senado da Câmara de Natal, naquela rua, data de 7 de março de 1829, cujo beneficiário foi Manuel Fabrício.

A atual rua Vigário Bartolomeu fazia parte do percurso dos sentenciados à forca. Serviu também de cenário para apresentações de artistas amadores, que se utilizavam de teatrinhos improvisados. Era a rua onde ocorriam os grandes carnavais de Natal. Além de via Vigário Bartolomeu ainda nomeia uma escola Estadual situada na Av. Xavier da Silveira, 978 – Lagoa Nova.

Rua Vigário Bartolomeu: Lenilson Jonas Júnior.

CARNAVAL

Das festas populares, era o carnaval uma das mais animadas. Podemos dizer que se mantém a tradição, pois é a única festa em que todos são iguais, sem distinção de raça, idade, sexo ou classe social. São três dias de liberdade e de direitos iguais.

No século XIX, já era usual jogar-se água e farinha de trigo em quem caísse na folia. A diferença dos velhos carnavais da rua Vigário Bartolomeu para os atuais, revelava-se na espontaneidade e ingenuidade de outrora, quando ninguém faria comércio ou tiraria proveito próprio, sendo realmente uma festa popular. Os blocos dos jovens e adultos fantasiados desfilavam pela rua. A animação musical era proporcionada, principalmente pelas marchas carnavalescas, não existindo o som estridente e eletrizado de hoje.

O carnaval saiu da rua Vigário Bartolomeu e perdeu a identidade com as novas gerações.

Um decreto municipal mudou, em 1888, a antiga denominação de rua da Palha para Vigário Bartolomeu, no seu trecho compreendido entre o antigo Quartel da Tropa de Linha (espaço atualmente ocupado pelo Colégio Winston Churchill) até os alicerces do mercado que existia na atual praça Padre João Maria). O trecho seguinte, em direção ao Baldo e que também pertencia à antiga rua da Palha, recebeu a denominação de rua 21 de Março, correspondente à atual Gonçalves Ledo.

Antiga Rua Palha em festa.

Vê-se na foto brincadeira do São João, com as pessoas cobrindo a roda enquanto que outros apenas olhavam. Naquele tempo, a rua era chamada Rua da Palha hoje Rua Vigário Bartolomeu, na Cidade Alta. O significado do seu nome: Rua da Palha era porque as casas eram feitas ou cobertas com palhas de coqueiros. Nesse mesmo local, bem antes, quando Natal se resumia apenas a Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, que ainda não tinha nem essa Santa para cultuar, e as ruas próximas, como a Rua Santo Antônio, Rua da Conceição, e outras ruas como a Rua da Cruz, depois Rua Junqueira Aires e hoje Câmara Cascudo a cidade vivia em uma tranquilidade que fazia dó.

Quando se tirou essa foto, a cidade já mostrava certo progresso, tendo até o 1º Cartório de Natal, pertencente ao Sr. Miguel Leandro, o velho. Porém era uma rua de casas residenciais, algumas um pouco mais altas que as outras ou casarões chamadas “cachorro de cócoras”, pois tinham o seu telhado caindo para frente. De qualquer jeito era uma rua, com as moradias, algumas com quatro janelas e uma porta do meio, separando as janelas em duas e duas. Outros casarões com apenas uma porta e três janelas, enquanto que outras tinham apenas duas janelas separadas por uma porta. Algumas casas, só tinham uma porta, não tendo janelas. Na foto vemos que a rua já era pavimentada, vendo-se muito bem as calçadas das residências, todas em um só prumo, bem diferente do que se vê agora na cidade, em desalinho e em diferentes níveis em desrespeito aos transeuntes. No alto da foto, do lado esquerdo de quem olha, do lado do sol, como se chama, vê-se a sede da Maçonaria 21 de Março. Hoje, esse prédio não existe mais. No entanto, a Maçonaria ainda está no mesmo local, em um edifício com o mesmo nome. Na foto, vemos as pessoas brincando em uma Festa Junina com a rua enfeitada com bandeirinhas. A foto foi tirada logo do seu inicio, perto da Rua Ulisses Caldas.

(* Alderico Leandro – Jornalista, poeta, crítico, literário e escritor – com pequenas alterações do texto original.)

BARTOLOMEU DA ROCHA FAGUNDES

A denominação concedida à antiga rua da Palha rua Vigário Bartolomeu representou uma homenagem póstuma prestada ao Vigário Bartolomeu, seu antigo morador. Bartolomeu da Rocha Fagundes nasceu no distrito de Vila Flor, Canguaretama/RN, em 8 de setembro de 1813. Foi criado em Natal, pois a sua família mudou-se muito cedo para a capital, devido aos negócios do pai. Este senhor, também chamado Bartolomeu, era Maçom regular. Membro da Loja “Sigilo Natalense”, tinha o nome simbólico de Talleyrand, e incentivava o filho a ler tudo que estava ao seu alcance. A sua mãe, Florência Gomes de Jesus Fagundes, o educava com grande rigor e disciplina. Estes factores explicam o carácter íntegro, guerreiro e de bons costumes que viria a manifestar no futuro.

Antes da instalação da Assembleia Provincial, o nome de Bartolomeu da Rocha Fagundes constava da relação dos treze membros do Conselho Geral da Província, empossado no dia 6 de novembro de 1830, e instalada solenemente a 1° de dezembro e sessões prolongadas até 10 de fevereiro de 1831. A primeira eleição da futura Assembleia Legislativa Provincial ocorreu em 10 de novembro de 1834. O liberal Vigário Bartolomeu foi deputado provincial em quatro legislaturas.

Após terminar o curso primário, matriculou-se no Seminário de Olinda, que era o grande centro de formação cultural e intelectual da época, naquela região. A ênfase nos ensinamentos com base humanística, ministrados nesta instituição, iriam influenciar as suas ideias de maneira marcante ao longo de toda a sua vida. Aos 24 anos de idade, em 1839, recebeu o sacramento da Ordenação, pelas mãos do Bispo de Olinda, Dom João da Purificação Marques Perdigão. A Diocese de Olinda englobava a província do Rio Grande do Norte neste período. Sagrou-se Vigário da Paróquia de Vila-Flor, chamada Nossa Senhora do Desterro, que depois passou a ser denominada Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação. A sua primeira missa foi celebrada em 6 de Janeiro, dia de Reis.

Ordenou-se sacerdote, sendo nomeado em 1839 coadjutor e vigário encomendado da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação de Natal. Passou por todos os estágios da carreira eclesiástica: coadjutor, pró-pároco, vigário encomendado e vigário colado, na mesma freguesia, no decorrer de 34 anos.

Era extremamente bem-conceituado na comunidade, pelo seu espírito incansável de defesa dos menos favorecidos, além da sua capacidade ímpar de liderança na condução de inúmeras iniciativas filantrópicas. Ficou conhecido como um legítimo pastor de almas, na acepção mais sagrada e virtuosa do termo. Tinha marcante influência social e frequentava todos os lares da cidade, orientando os fiéis nas questões mundanas e espirituais. Também actuava como professor e mestre, alfabetizando os mais humildes e trazendo cultura e informações nas suas prelecções. Como era um grande orador, agregava multidões. As suas falas tornaram-se famosas e uma referência na sociedade local. Exercia actividade político-partidária, tendo ingressado no Partido Liberal, onde foi líder destacado.

Como consequência natural deste perfil, acabou iniciando-se nos mistérios da Arte Real na Loja Simbólica “Conciliação”, da cidade de Recife. De seguida transferiu-se para a Loja Simbólica “Sigilo Natalense”, a mesma de seu pai, no oriente de Natal. Adoptou o significativo apelido de Guilherme Tell. Rapidamente galgou os degraus da escada de Jacó, sendo nomeado 1º Vigilante em pouco tempo.

Assumiu a Presidência do Legislativo no período de 10 a 25 de junho de 1864. 

Em 1866, sob a direção do padre Bartolomeu da Rocha Fagundes, as lojas maçônicas “Sigilo Natalense” e “Fortaleza e União”, se uniram para formar a loja “21 de março”, onde ficou decidido que a data de sua fundação retroagiria a 1836, sendo a loja “21 de março” a mais antiga instituição maçônica do Rio Grande do Norte. Com a fundação da Loja Simbólica “21 de Março”, foi eleito seu primeiro Venerável-Mestre. Foi seguidamente reconduzido ao cargo, por dez anos. Infelizmente passou ao Oriente Eterno em 2 de Novembro de 1877, com apenas 62 anos de idade, no meio de uma profícua e recta carreira entre Colunas.

O Vigário Bartolomeu foi político e um grande orador. Pertencia ao Partido Liberal, tendo sido deputado provincial em quatro legislaturas. Chegou a governar a Província em 1868, como vice-presidente. No entender de Câmara Cascudo, o Vigário Bartolomeu era “chefe luzia, caridoso, devotado, cioso de sua palavra, empunhando o malhete da sabedoria nas lojas maçônicas’’.

Os caminhos do obreiro e do religioso estavam em total harmonia, até se cruzarem com a bruta realidade das relações entre Estado e Igreja, no auge da “Questão Religiosa”. O Vigário Bartolomeu foi convocado à Olinda, com urgência. Viajando 300 km a cavalo, foi recebido pelo Bispo Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira que, educadamente, determinou que ele abandonasse imediatamente a Maçonaria. A sanção prevista na encíclica do Papa Pio IX, Quanta Pura, Syllabus Errors, seria aplicada de forma impiedosa no caso de desobediência. Como citado anteriormente, esta bula determinava, dentre outras medidas, que era proibida a filiação dos membros da hierarquia do clero à Sublime Ordem. O nosso Irmão, em presença do seu superior, que detinha imenso poder e prestígio, manifestou de forma inequívoca o seu descontentamento com tal medida, e já adianta que dificilmente poderia cumprir este mandamento, uma vez que se baseava exclusivamente na materialidade das leis canónicas. Defendeu a compatibilidade entre as condutas cristã e maçónica, apesar das normas existentes. De seguida, foi-se embora da mesma forma que tinha chegado.

Regressando à Natal, foi recebido como verdadeiro herói pelos Irmãos da sua Loja. Imediatamente presidiu uma memorável Sessão, facto que chegou ao conhecimento de Dom Vital, que ficou enfurecido. Interpretando esta atitude como uma terrível afronta às suas ordens, o Bispo ameaçava caçar os direitos eclesiásticos do “rebelde”, remetendo um ofício no qual manifestava o ultimato final. Neste documento exigia que, além de abandonar as Colunas de Salomão formalmente, deveria o obreiro divulgar este facto em toda imprensa local, através de nota oficial nos jornais.

A resposta do Vigário Bartolomeu, com grande veemência e firmeza de opinião, veio na forma da carta abaixo transcrita, encaminhada ao seu superior:

Exmo e Reverendíssimo Sr, Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira.
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Assunto: respondendo ao ofício que me dirigiu, determinando que eu declarasse aos jornais que não pertenço mais à Maçonaria.
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Permita V Exa Revera que, como todo respeito que devo ao meu Prelado, lhe fale que a dignidade que todo homem de bem deve a todo transe procurar manter e o juramento que espontaneamente prestei quando fiu admitido àquela associação, me impedem de fazer a declaração ordenada por V Exa Reva. Uma semelhante declaração importa numa abjuração ou perjúrio, e não há que ser no último quartel de minha vida que eu hei de cometer um perjúrio, muito principalmente contra uma associação cujos fins humanitários são de sobejo conhecimento. Quando conferenciei com V Exa Reva, que tenho 34 anos de vida pública, a qual considerava sem manchas, graças à Divina Misericórdia, não poderia, sem quebra de minha dignidade pessoal e sem lançar uma nódoa em minha reputação de homem de bem, abjurar da Maçonaria. Portanto, pretendo continuar em meu propósito, sem querer desobedecer às ordens de meu Prelado, a quem atribuo todo respeito e acatamento.
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In Christus Jesus, Pe Bartolomeu Fagundes

Neste texto singelo se resume todo o amor e respeito que um legítimo obreiro pode manifestar pela nossa Arte Real. Não deixa dúvidas: jamais o nosso poderoso Irmão iria virar as costas à Loja. Estava disposto a pagar o preço pela sua honrada postura. Dom Vital, então, cumpriu as ameaças. O Vigário Bartolomeu teve as suas ordens e obrigações suspensas, apenas por ser ao mesmo tempo Padre e Maçom, uma vez que se recusou terminantemente a abandonar as Colunas de Hiram.

Mesmo afastado das funções eclesiásticas, o nosso Irmão manteve a sua actuação social e filantrópica na comunidade. As pessoas continuavam respeitando e dignificando a sua conduta recta e iluminada, mesmo sabendo que não se alinhava, administrativamente, à Santa Sé. Jamais foi considerado um pecador ou herege, como se poderia esperar num caso desta natureza. A sua voz e a sua alma continuaram brilhando no árido agreste.

Em 23 de março de 1873, foi suspenso de ordens, pelo bispo dom Frei Vital, por recusar-se a abjurar a maçonaria. O episódio causou intensa revolta na população de Natal, que reunida defronte à Igreja do Rosário dos Pretos, protestou contra a substituição do Vigário Bartolomeu, que nunca foi esquecido na memória dos seus paroquianos.

O Vigário Bartolomeu faleceu no dia 2 de novembro de 1877, na cidade do Recife, em Pernambuco.

Bartolomeu da Rocha Fagundes

TEATRO CAMPAL

A Sociedade Dramática Natalense realizou ao ar livre, no Barro Vermelho, no sítio do padre Memeuzinho, Bartolomeu Fagundes de Vasconcelos, na noite de 25 de dezembro de 1868, com uma duração de mais de quatro horas, dentre outras peças o dramalhão “Camila no subterrâneo ou os salteadores do Montenegro”, e a orquestra era um realejo de corda de José Macabeu. A assistência era incontável, na afirmação de Panqueca. As famílias convidadas levaram candeeiros e o Presidente da Província, Manuel José Marinho da Cunha, assistiu, firme, batendo palmas, entusiasmado. Essa peça já tinha sido levada à cena por duas vezes em Natal. Era um dramalhão de Camilo Frederici. Contamos aqui em detalhes esta história:

A primeira notícia de teatro campal no Estado do Rio Grande do Norte, é de 1858, com atores da terra e uma figura feminina que, talvez, tenha sido a primeira mulher a pisar nos palcos em meados do século XIX. Afirma Câmara Cascudo que

em 1858, um grupo de amadores terá, não se sabe como, uma peça teatral que estava fazendo sucesso. Chamava-se “Camila no subterrâneo ou os salteadores do Montenegro “. A Peça é de Camilo Frederíci e fora traduzida para o português por Antônio Ricardo Carneiro, em 1833. No mesmo ano 1858 levaram o drama em Natal. Os atores eram Dourival Açucena, Manuel Onofre de Andrade, João Manuel de Carvalho e outros. E Maria Epifânia, que ainda conheci velhinha, acompanhando os “ensaios” dos dramas de Ivo Filho no “Ginásio Dramático” (Um Teatro campal em dezembro de 1868. Acta Diurna. Natal: A República, 29.11.1939.).

Se antes de 1858 houve várias representações pelos amadores, eram sempre realizadas dentro de casa, à luz de lampiões. Em virtude da inexistência de Casas de Teatro, por causa do incêndio ocorrido em 1853, esse grupo entendeu que era possível realizar apresentações ao ar livre.

Em 1868, escolheram a peça, o melodrama Camila no subterrâneo ou os salteadores do Montenegro, que já tinha sido apresentada em 1858 pelo grupo de amadores. Feita a distribuição dos papéis, ninguém faltava aos ensaios. O local preferido foi o sítio do Padre Memeuzinho, Padre Bartolomeu Fagundes de Vasconcelos, localizado no Barro Vermelho. O elenco era formado por Joaquim Lourival Soares da Câmara, o Panqueca, Emídio Marcolino, José Macabeu de Vasconcelos, Luís de França Guaju, Secundino Câmara, Antônio Clímaco, Antônio Calixto, etc. Como o grupo era formado apenas por rapazes, o papel de Camila causou um grande desespero, por não encontrarem uma moça que tivesse coragem de subir, como afirma Câmara Cascudo, “as tábuas sagradas do proscênio”. Na peça existiam uns versinhos, musicados por Lourival Açucena, que eram cantando por Camila. Apenas o jovem Pedro Lourival, filho do Açucena aceitou, heroicamente, encarnar a vítima, mas como Pedro não tinha voz e nem queria cantar os versos, acertou-se que Maria Epifania, oculta nos bastidores, cantaria e
Pedro fingindo, dublava:

Oh! quão triste é meu fado,
Nasci para a desventura;
Existir já eu não posso
Nesta horrível sepultura.
Lidório, caro Lidório,
Tirai-me desta clausura
Que existir, eu já não posso
Nesta horrível sepultura.
Vem Rosmano, ímpio Rosmano,
Exercer tua bravura
Contra mim, ergue o punhal
Nesta horrível sepultura
(Id., Histórias que o tempo leva …. pp. 199/200.)

O sítio do Padre Memeuzinho encheu-se de cadeiras, bancos e tamboretes. Ergueram um palco. Espalharam lâmpadas de querosene, amarradas às árvores. O mundo oficial, sisudo e pausado, compareceu. O Presidente Manuel José Marinho da Cunha já estava beirando o palco antes da hora. Dr. Caetano Estelita Cavalcanti Pessoa, Chefe de Polícia não perdeu. O povo aglomerava-se, enchendo-se de rumor e vida ao arrabalde triste. O espetáculo começou às oito e
meia. Minutos antes descobriram que não havia música, fíate daqui, bate da coió, José Macabeu de Vasconcelos lembrou-se que linha um realejo-de-corda. Correu para casa e trouxe o instrumento. Deu-lhe corda e o realejo espalhou as doces melodias serenas na noite tropical e divina (CASCUDO, Luís da Câmara. Um Teatro campal em dezembro de 1868. Acta Diurna. Natal: A República. 29.11.1939).

Afirma Câmara Cascudo que o Capitão reformado Joaquim Francisco de Oliveira Relâmpago declarou no “Liberal do Norte” (1868-1872), que os considerava necessários à terra com a sua alegria, para a conservação do prazer entre os natalenses e que o Dr. Manoel Quintiliano da Silva, não querendo fugir aos ditames da velha cortesia romântica, saudou Joaquim Lourival com uma poesia donde destaco estes versos:

Artista, o vosso futuro
Vejo brilhar no horizonte
Um laurel tendes seguro
Para coroar vossa fonte
(CASCUDO: Op. cit.f p. 204.)

No dia primeiro de janeiro de 1869 repetiram “Camila” e no meio do ano, representaram outro dramalhão “O desertor francês”, de Antônio Xavier Ferreira de
Azevedo, em vários atos, desaparecendo a Sociedade em 1870.

JOAQUIM FAGUNDES

Fagundes, poeta, expoente do jornalismo literário, de temperamento ardente, vibrátil, nasceu em Natal, aos 19 de março de 1856, filho do vigário Bartolomeu da Rocha Fagundes, onde faleceu, com 21 anos de idade, com tuberculose, aos 21 de agosto de 1877. Fundou diversas revistas e jornais como o íris e o Echo Miguelinho, com orientação republicana, que viveu de julho a novembro de 1874, com apenas oito números. Além de ter sido um líder intelectual de seu tempo, defensor dos direitos da mulher, da liberdade, foi jornalista, orador inflamável, amador teatral e dramaturgo, escrevendo e representando as peças dramáticas:

“Vieira de Castro”;
“A Mão de Deus”;
“A Queda de um Anjo”;
“A Queda de Susbel”

VIA OITENTISTA

Em 1836, o Rio Grande do Norte já tinha duas comarcas (Natal e Açu) e 13 municípios. Vinte e duas eram as escolas existentes na província. Entre 1830 e 1840, a população chega a 100 mil habitantes, quase 30 mil a mais que a de 1820. Natal, capital da província era o principal centro urbano, espalhada em torno da atual Praça André de Albuquerque – a chamada Cidade Alta. Nela se situavam, além da Igreja Matriz, as outras únicas quatro construções importantes da cidade, que abrigavam o Senado da Câmara de Natal, o Palácio do Governo, a Fazenda Pública e o Quartel Militar. Algumas casas se espalharam pelas atuais Ruas Santo Antônio, Princesa Isabel, Vigário Bartolomeu, João Pessoa e Conceição. Desta última rua partia a ligação da Cidade Alta com a Ribeira, ou Cidade Baixa, onde, desde a primeira década do século XIX, já havia aproximadamente 300 moradores, dentre eles os comerciantes que faziam os negócios de importação e exportação de mercadorias da província, em seus armazéns situados na Rua da Alfândega, atual Rua Chile (MONTEIRO, 2000, p. 122).

O CEMITÉRIO DO ALECRIM

Ainda no século XIX o Alecrim não era um bairro, mas sim uma localidade na região limítrofe de Natal, que até então possuía somente dois bairros: a Ribeira e a Cidade Alta. No ano de 1855, por meio da Resolução n. 323, de 2 de agosto, autorizou-se a quantia de dois contos de réis para que fosse realizada a construção de um cemitério em Natal.

Em fevereiro de 1856, foi assinado um contrato para a construção de um cemitério no caminho da Quintas. O mestre, Manuel da Costa Reis, receberia 3.4000$, em três vezes tendo um prazo de oito meses para a construção. Em dia 24 de novembro de 1856, o Presidente Passos, nomeou uma comissão composta pelo vigário Bartolomeu da Rocha Fagundes, José Lourenço de Almeida e Canuto Ildefonso Emerenciano no sentido de verificar o exato cumprimento do contrato.

Desse modo, construir um cemitério na cidade só foi possível graças à circunstância social, o desenvolvimento científico e sanitário, e não ao processo de ocupação urbana. Essa nova conjuntura advinha de novas formas de hábitos e comportamentos.

O DESFILE DOS DEMÔNIOS

O “Jornal de Recife”, um dos principais jornais de Pernambuco na época, que em Natal tinha como correspondente Joaquim Ignácio Pereira Junior, um súdito português, que também era o Vice-Cônsul honorário de seu país no Rio Grande do Norte, informava os eventos sociais e políticos de Natal. Notícias estas do interesse de uma pequena parcela de potiguares, membros da elite local, que tinham negócios, ou estudavam na capital pernambucana. Porém a edição deste Jornal de quinta-feira, dia 17 de setembro de 1862 apresentou uma outra notícia que não tinha nenhum caráter oficial.

Cerca de vinte “marmanjões” haviam desfilado pelas ruas de terra da pequena Natal, trajando muito pouca roupa, pintados completamente de preto e figurando demônios. Durante o desfile estes homens eram “açoitados” por um figurante vestido de São Miguel, o santo guerreiro, que protegia uma pobre alma vestida de branco da ação dos pretensos membros da legião do mal.

Segundo Luís da Câmara Cascudo, em seu livro “História da Cidade do Natal” (Edição do IHG-RN, 1999, páginas 122 a 124), ninguém soube lhe dizer como começou aquele estranho cortejo, mas soube que ele não era autorizado pela igreja católica, tinha um aspecto um tanto macabro e havia sido iniciado por pessoas do povo. O evento ocorria sempre pela tardinha do dia 24 de agosto.

O Mestre Cascudo ainda aponta que existia uma pessoa fantasiada como o próprio demônio e a figura da morte.

Estranhamente o fim do cortejo acontecia diante da Igreja Matriz, na antiga Rua Grande, atual Praça André de Albuquerque, com todos os integrantes rezando uma solene ave maria.

Não sabemos a data exata, mas entre os anos de 1836 e 1838, o cortejo foi atacado pelos cães do capitão Antônio José de Moura que exercia o cargo de primeiro comandante do recém criado Corpo Policial, atual Polícia Militar. Os animais se soltaram de sua residência na Rua da Palha (atual Rua Vigário Bartolomeu, no Centro).

Ainda segundo Câmara Cascudo o cortejo caiu em desgraça diante do escárnio pelo ocorrido, perdeu força e sumiu.

Mas diante da nota publicada pelo correspondente do “Jornal de Recife”, vinte anos depois do ataque dos cães do capitão Moura na Rua da Palha, mesmo sendo vistos com estranheza, como algo diferente e burlesco, o desfile do dia de São Bartolomeu em Natal resistiu e continuou de alguma forma.

Nada sabemos quem eram seus participantes, apenas que eram pessoas “conhecidas de todos”. Mas acredito que provavelmente não pertenciam as classes privilegiadas da provinciana cidadela e não existe nada sobre a presença feminina no desfile.

Texto editado de Rostand Medeiros Via Tok de História

DO DESFILE À GUERRA DO PARAGUAI

Natal à época da guerra do Paraguai era uma cidade de aproximadamente 6.500 habitantes. No Rio Grande do Norte, o recrutamento foi feito pelo Presidente da Província Olinto Meira, um grande batalhador pelo voluntariado. Muitos autores têm visões opostas sobre a receptividade da população à convocação para fazer parte do Corpo de Voluntários da Pátria. Tavares de Lyra argumenta que a província correspondeu plenamente à convocação de Olinto Meira, fato contestado por Adauto Câmara quando alude a ação de recrutamento feita, em Natal, na noite de 15 de janeiro de 1865. Como chegavam notícias dos acontecimentos na região platina, foi “grande o alarido que faziam mulheres e crianças atrás dos recrutadores”, com noticiou o Jornal do Commercio (apud CÂMARA, 1998, p. 170).

Depois de aguardar por longas semanas o embarque para o sul do país, o 1º Corpo de Voluntários da Pátria do Rio Grande do Norte, formado por 463 homens, “distribuídos por 4 Companhias, sob o comando do tenente-coronel da Guarda Nacional, José da Costa Vilar”, embarcou no Jaguaribe, a 9 de junho de 1865, depois de desfilar pela rua da Palha (atual Vigário Bartolomeu), largo da Matriz, rua da Conceição, “donde partiu para o local do embarque que foi o cais da Alfândega, na rua do mesmo nome, atual rua Chile” (CÂMARA, 1998, p. 183-184). Cascudo apresenta outros dados: 2.197 norte-rio-grandenses foram enviados para os campos de batalha platinos, dos quais “500 perderam a vida na defesa da Pátria” (1984, p. 180). Foram aproximadamente 2.000 norte-rio-grandenses para os campos de batalha, dos quais 1.200 morreram.

NOVAS HABITAÇÕES

O discurso de falta de habitações e da necessidade de adequar as edificações natalenses aos padrões de salubridade e modernidade, respeitando os ideais de regularidade simétrica, espaçamento entre os prédios, entre outras prerrogativas, era utilizado para fomentar a legalização de privilégios. Assim, a Resolução n.128, publicada em março de 1909, determinava que as construções e reconstruções de prédios em determinadas avenidas da Ribeira e da Cidade Alta que seguissem os padrões estipulados gozariam de redução de 50% de todos os impostos municipais a que estivessem sujeitos por um prazo de 20 anos10.

O trecho era formado pelas avenidas Rio Branco, Tavares de Lyra e Sachet, pela praça Augusto Severo, praça André de Albuquerque e praça Padre João Maria, e pelas ruas Frei Miguelinho, Doutor Barata, Rua do Commercio, rua Chile, rua São Tomé, rua Vigário Bartolomeu, rua 21 de Março, rua Coronel Pedro Soares, rua Conceição, rua Junqueira Ayres e rua Ulisses Caldas, artérias importantes da cidade. Ver: A REPUBLICA, 17 mar. 1909.

Para gozar do benefício, as propriedades precisavam de passeios construídos de cantaria de alvenaria, tijolos fortes e rejuntados de cimento ou feitos de concreto. Esses passeios deveriam possuir relação constante com o leito da rua, formando uma superfície contínua, possuindo 1,80 m de largura máxima, e 25 cm de altura máxima. Pequenas rampas, degraus ou ressaltos seriam proibidos. Os prédios precisavam possuir canos de escoamento de água dos telhados. O escoamento deveria ser realizado por meio de calhas horizontais ao longo do telhado e canos que passassem por baixo dos passeios e desaguassem nas sarjetas do calçamento. Na ausência de esgoto geral e de águas servidas, os proprietários deveriam construir em seus quintais depósitos ou fossas em condições higiênicas que não prejudicassem a vizinhança ou a saúde pública. A composição das fachadas seria livre, mas deveria ter seu projeto apresentado e aprovado por profissional. Ver: A REPUBLICA, Natal, 17 mar. 1909.

mapa do bairro de Cidade Alta, entre 1900 e 1920, com as indicações das principais edificações do logradouro (sublinhadas estão as três sedes da Escola: Hospital da Caridade, Natal Club e o Liceu Industrial). Fonte: arquivo do HCUrb.

A QUASE SEDE DA INTENDÊNCIA

Em 1909, por meio da resolução nº 135, o Conselho de Intendência autoriza o seu presidente, ainda o coronel Joaquim Manoel, a contratar, com o coronel João Chrisostomo Galvão, importante proprietário local, o aluguel de uma casa situada no ângulo da Rua Vigário Bartolomeu com a Ulisses Caldas, na Cidade Alta, pelo prazo máximo de cinco anos. Em algum momento entre os anos de 1909 e 1912, essa mesma casa deve ter sido comprada ao coronel João Chrisostomo, visto que a resolução de nº 167/1912 autoriza o presidente da Intendência a vender “a casa de propriedade desta Intendencia, situada no angulo das ruas Vigario Bartholomeu com a Ulysses Caldas” (RESOLUÇÃO Municipal nº 167. A Republica, Natal, 31 dez. 1912.), pelo valor de seis contos de réis. A venda do imóvel, recentemente comprado, devia-se à necessidade dessa instituição de arrecadar verba para a construção de um novo cemitério no subúrbio da capital, segunda consta no artigo 2º da citada resolução.

O novo cemitério não veio; a cidade teve de se contentar com o já existente, no Alecrim, região da cidade tornada oficialmente bairro em 1911. De 1912 em diante, não temos mais resoluções que contem a história da peregrinação do Conselho de Intendência pelas ruas da cidade, em busca de uma sede própria. Mas, vemos pelos jornais que, em algum momento da década de 1910, a Intendência mudou-se para um prédio situado na esquina da Rua Ulysses Caldas com a Avenida Junqueira Ayres. O prédio, visto na imagem a seguir, era vizinho da farmácia Torres, do farmacêutico Joaquim Torres, personagem que também integrou o Conselho de Intendência.

Foto da sede da Intendência, tirada por Manoel Dantas na década de 1910. à direita, na imagem, vê-se o prédio da farmácia Torres. Na década de 1920, essa sede, modesta em suas formas, dará lugar a um prédio mais imponente, de estilo eclético, que ainda hoje sedia a prefeitura da cidade. Ao fundo a esquina da Ulisses Caldas com a Rua Vigário Bartolomeu.
Rua Ulisses Caldas, Cidade Alta, esquina com a Vigário Bartolomeu.

ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS

No ano de 1936 foi fundada a Academia Norte-rio-grandense de Letras: a casa dos nomes imortais da intelectualidade potiguar. A instituição constituiu-se por 25 acadêmicos ocupando 25 cadeiras batizadas pelo nome de 25 patronos. Os intelectuais do estado, na década de 1930, foram finalmente selecionados sob o lema Ad lucem, que significa “em direção à luz”.

Veríssimo Melo lista os respectivos nomes dos 25 acadêmicos, encontrando-se entre eles Henrique Castriciano (presidente da instituição), Adaucto Câmara, Luís da Câmara Cascudo, Januário Cicco, Juvenal Lamartine, Sebastião Fernandes, Francisco Ivo Cavalcanti, Nestor Lima, entre outros. Mais informações consultar: MELO, Veríssimo. Patronos e Acadêmicos . Rio de Janeiro: Pongetti, 1972. Volume I.

Academia Norte-Rio-Grandense de Letras foi estabelecida no edifício do Instituto de Música do estado localizado na Rua Vigário Bartolomeu, nº 630, às 19h30 do dia 14 de novembro de 1936 (Ata da 1ª Sessão Preparatória da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Natal, 14 nov. 1936.).

O desenvolvimento da imprensa no estado do Rio Grande do Norte proporcionou um considerável aumento das redações pelos bairros da cidade do Natal. Reunimos as respectivas redações dos jornais de cunho literário da cidade do Natal, a saber: Via-láctea (1914) na Rua Vigário Bartolomeu, nº 5.

CAFÉ MAGESTIC

Na esquina das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu, existia o Potiguarânia, um café muito frequentado em Natal, no início do século XX. Defronte ao Potiguarânia, ficava o Royal Cinema, que proporcionou muita alegria, tendo sido motivo de inspiração para a valsa Royal Cinema, de Tonheca Dantas. Tratava-se de um amplo e belo prédio, que ocupava a esquina das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu, chegando até ao prédio da Prefeitura. Durante muitos anos, foi o único cinema de Natal. Os filmes mudos de então, eram orquestrados por Otávio Pinto, Jessé Café, José Herôncio e Paulo Lira. A sessão noturna somente começava com a presença de Ana Maria Cascudo, mãe do saudoso Luís da Câmara Cascudo. Nada restou dos antigos prédios da rua Ulisses Caldas. O comércio impôs a reforma total do seu casario.

Nas primeiras décadas do século XX, grupos de boêmios costumavam se reunir para beber e conversar no Café Magestic, situado da esquina da Rua Ulisses Caldas, 101, com a Rua Vigário Bartolomeu, 549. Antes, no local funcionava o Café Potiguarânia, em atividade desde o final do século XIX. O Potiguarânia possuía salão de bilhar, constituindo uma casa de propriedade do poeta, jornalista e dramaturgo Ezequiel Wanderley. Ainda no início do século XX, a casa comercial passou a pertencer a Benjamin Simonete, denominando-se Café Magestic.

O Magestic passou a ser exclusivamente café e bar, extinguindo as atividades de bilhares e jogos de outrora realizados no Potiguarânia. Houve outras modificações. O café passou a ocupar quase um quarteirão inteiro composto pela Ulisses Caldas, 21 de março e a Praça do Mercado. Na imagem abaixo podemos visualizar a Rua Vigário Bartolomeu e, no lado esquerdo, parte do café Magestic na esquina da rua.

O grêmio “Le Monde Marche” moveu esforços para transformar a estrutura do campo literário, almejando o reconhecimento interno como produtores culturais na cidade de Natal. Um grupo literário “mais jovem e mais pobre possuindo um nobre anseio de vencer” (MELO, 2006, p. 17). Reunia-se no cantão da Potyguarania, localizado na Rua Vigário Bartholomeu, e promoviam as reuniões dos membros do grêmio nos salões do colégio secundarista o Atheneu Norte rio-grandense.

O cantão do café Potyguarania era de propriedade de Ezequiel Wanderley. O cantão contava com a frequência de Uldarico Cavalcanti, Antônio Marinho, Aurélio Pinheiro, Alfredo Carvalho e os irmãos Wanderley (Renato e Segundo). “Cantão de gente moça, trocando ideias sobre jornalismo, artes e letras, tudo quanto nesse momento atraia a atenção da cidade” (MELO, 2006, p. 16).

No que respeita a sua redação, o escritório do “Le Monde Marche” era mantido em um “bureau – cubículo situado nos fundos do prédio então ocupado pela Chefatura da Polícia à Rua Conceição, número 44” (MELO, 2006, p. 18).

Café Magestic Fonte: PINTO, 1971, s/p.
A Rua Vigário Bartholomeu e o café Magestic. Fonte: Foto de Jayme Seixas. MIRANDA, João Maurício Fernandes de. 380 Anos de História Foto-Gráfica da cidade de Natal – 1599/1979, Editora Universitária, UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. p. 33.

ROYAL CINEMA

Outro cinema que surgiu pouco tempo depois foi o Royal Cinema, o qual foi inaugurado no dia 13 de outubro de 1913, na Rua Ulisses Caldas esquina com a Vigário Bartolomeu, próximo à prefeitura (onde funciona hoje a Procuradoria do município). O Royal deu nome à célebre valsa do musicista e maestro potiguar Tonheca Dantas, passando a ser o preferido da sociedade, pois tinha um bom e amplo salão de projeção, com poltronas relativamente confortáveis para o padrão da época, havia uma fila de camarotes ao alto, junto ao palco o clássico piano e a sala de espera com cadeiras e espelho.

Com o cinema mudo, a trilha sonora no Royal era conduzida por um pequeno grupo musical com base principal no piano. O cinema falado só chegou a Natal depois de 1930.

O Royal pertencia à firma Paiva & Irmão e era administrado por Petronilo de Paiva. Já havia naquela época a proibição de fumar com avisos nas paredes, mas os fumantes não respeitavam as determinações.

No auge do Royal, o cinema chegou a contar com uma orquestra de bom nível: ao piano o maestro Paulo Lira (filho do alfaiate Joca Lira), Augusto Coelho (violino), João Moraes (clarinete), Manoel Petit (flauta) e Calazans Carneiro (contrabaixo). Meu pai dizia que só a música já pagava o ingresso. As sessões vespertinas do domingo eram sempre cheias e os filmes raramente eram reprisados. Nessas sessões a algazarra era enorme comandada por José Herôncio, Jessé Café e Otávio Pinto.

Antigo Royal Cinema. Foto: Autor Desconhecido. Fonte: Natal Ontem e Hoje.
Prédio da Procuradoria do Município de Natal. Foto: Acervo SEMURB.
Foto aérea da Procuradoria do Município de Natal.

“Depois o Royal Cinema foi morrendo como um canário ao qual não dão mais água nem milho alpiste. Foi sofrendo de mal triste. De esvaziamento. E acabou-se. Derrubaram o prédio que ele ocupava, que ia da esquina da Vigário Bartolomeu até a parede da Prefeitura. Era um prédio romântico, meio ‘art-nouveau’, de muitos cochichos e conversas sentimentais. Até a saudade de pedra e cal desapareceu. Resta uma outra saudade, imponderável, que aumenta quando a gente folheia velhos álbuns ou escuta Royal Cinema.”
(Augusto Severo Neto).

Natal/RN na década de 1930. A rua é a Ulisses Caldas, onde é possível ver as casas comerciais da época, a sede da Prefeitura de Natal, a esquina da rua Vigário Bartolomeu e o Royal Cinema. Ainda se percebe um catavento ao fundo utilizado muito provavelmente para captação de água.

FARMÁCIA NATAL

Farmácia Natal; localizava-se na esquina das ruas Vigário Bartolomeu e Ulisses Caldas, quadra frontal à Prefeitura. Cloro (Clodoaldo Marques Leal), proprietário da Farmácia Natal, ponto de encontro vespertino de amigos e intelectuais. Djalma, quando no exílio no Uruguai, relembra o local, em seu poema “Evocação de Natal”: “A farmácia de Cloro na Ulisses Caldas / A última que mantém as características / Das históricas “boticas” do começo do século.” O prédio foi descaracterizado, perdendo a cidade mais uma marca de sua história. No local nasceu, em prédio anterior, o poeta Lourival Açucena.

A Farmácia Natal, nas décadas de 40 a 70, ficava na esquina das ruas Ulisses Caldas com a Vigário Bartolomeu. Nas outras esquinas as Lojas Singer, os Cafés Magestic e Nações Unidas. Era seu proprietário o Sr. Clodoaldo Marques Leal, conhecido como Cloro ou Cloro da Farmácia.

Cloro tinha um estilo de vida muito especial. Usava quase sempre camisa branca, com uma gravata de borboleta preta (daquelas que tinha que dar o laço mesmo) e um charuto na boca. Não tinha formação superior, mas conhecia tudo de farmácia. Algumas pessoas confiavam mais em sua opinião quanto ao uso de uma medicação correta para determinadas doenças do que a opinião de um médico. Mas, ele sempre dizia – “Não sou médico só entendo de remédio”. Disto ele realmente entendia.

A sua alegria, juntamente com a dos seus amigos, fazia do estabelecimento comercial em ponto de encontro diário. Senhores de várias classes sociais iam lá para prosear. Confirmavam presença: Iderval Medeiros, Paulo Brandão, Gentil Nesi, Omar Lopes Cardoso, Juvenal Faria, Rui Lucena, Lourival Pereira, Ovídio Vale, Jeno e Jairo Tinôco. Geraldo Fernandes, Miguel Dantas, Túlio, Carlos e Marcelo Fernandes, Prof. Sérgio Santiago, Professor Celestino Pimentel, Veríssimo de Melo, Luiz Cortez, Antônio Cortez, Manoel Procópio de Moura, Paulo dos Santos, Manoel Varela, José Varela, Salviano Gurgel, Osvaldo Ribeiro, Jofre e Jaime Ariston, Inamar Dantas, Seu Pacheco (Hotel Tirol), Emídio Fagundes, Prof. Coutinho, Protásio Melo, Jurandir Costa, Geraldo de Paula e outros. Juntos, transformavam aquele local em papos sérios e também em brincadeiras constantes.

Conta-se que determinado senhor, com idade avançada, solicitou a Cloro um remédio para melhorar a sua potência sexual, pois tinha encontro marcado com uma mulher bastante jovem e estava com medo de não dar conta do recado. Cloro pediu-lhe para passar pela farmácia dez minutos antes do encontro acertado. Preparou um laxativo (purgante) violento e deu ao Dom Juan para beber (que não sabia, obviamente, o que estava a ingerir). Não deu outra, o homem borrou-se na presença da mulher. Só não matou Cloro porque este se escondeu com a conivência dos amigos.

De outra feita, chegou um homem bastante embriagado conhecido de Cloro, querendo um remédio para morrer, pois estava desgostoso com a vida. Depois de muita insistência Cloro resolve dar o veneno solicitado. Foi no laboratório pegou duas cápsulas amiláceas, feitas de trigo e sem nada dentro. Mas exigiu que o cidadão assinasse um documento dizendo que gostaria de se suicidar e doar seu montepio para os amigos.

O suicida assina o papel e logo foi deitar-se no chão da farmácia para morrer, com quatro velas acesas e os amigos rezando para a alma do futuro morto. Depois de esperar mais de uma hora pela morte, o suicida levanta-se e diz: – É o negócio parece que não é pra hoje não. O riso foi geral.

Contava Veríssimo de Melo que o plantão da Farmácia era uma verdadeira festa. Depois que o último bonde passava, por volta das 22h, a Rua Ulisses Caldas era fechada na altura da Prefeitura e então os donos dos cafés colocavam as mesas nas ruas. Cloro mandava chamar um sanfoneiro na Ribeira, e convidava algumas “senhoras” que eram inquilinas das boates do mesmo bairro e aí a festa ia até o sol raiar.

Era assim Cloro, alegre, brincalhão, e gostava da sua farmácia. Onde passou quase toda sua vida ao lado de João Dias companheiro de várias décadas, que a tudo assistia com uma paciência enorme, vendo senhores alguns já bisavôs, transformarem aquele local de trabalho em um jardim de infância. Viravam meninos, muitos já se foram, mas a lembrança permanece viva para aqueles que conheceram Cloro.

Foto e Texto: Augusto Coelho Leal

Farmácia Natal.
Cloro (Clodoaldo Marques Leal), proprietário da Farmácia Natal.
Omar (E) e “Seu Cloro (D): o primeiro e último dono da Farmácia Natal.
RUA VIGÁRIO BARTOLOMEU (Bairro Cidade Alta) Foto: CD Rom Natal 400 Anos. A Rua Vigário Bartolomeu, em 1920. Ao lado direito, na década de 40, Clodoaldo Marques Leal, (Seu Cloro), instalou a Farmácia Natal.
Rua Vigário Bartolomeu na representação do artista plástico potiguar Pedro Grilo.

MINHA RUA, MEU MUNDO

A Rua Vigário Bartolomeu, em 1920. Ao lado direito, na década de 40, Clodoaldo Marques Leal, (Seu Cloro), instalou a Farmácia Natal.

No momento em que recorro às minhas lembranças sobre a Cidade do Natal, vejo-me envolvido por instantes que sempre povoaram minhas recordações e que abraçam alegremente as minhas saudades.

No ano de 1940, Natal não tinha hospital-maternidade. As crianças nasciam em suas casas. Assim vim ao mundo. Fui recebido pelas mãos de Dona Salomé Carvalho de Albuquerque Maranhão, genitora do inesquecível Prefeito Djalma Maranhão, na Rua Vigário Bartolomeu, 606, bairro de Cidade Alta. Ali vivi e cresci. Minha rua era meu mundo.

A minha rua, quando ainda se denominava Rua da Palha, serviu de palco aos primeiros desfiles carnavalescos. Na década de 1940, constantemente passavam “jipes” transportando soldados americanos que lançavam chicletes de “apoito” à petizada, que corria descalça festejando as guloseimas. Não existia televisão para deseducar. Era um tempo de “pelada”, de bola de gude “a vera”, de patinete, de bola de meia, de pião que rodava na mão e de baladeira.

Na Vigário Bartolomeu, que era uma rua, por destinação, residencial, havia locais públicos como o Cinema Royal, a Farmácia Natal, de “Seu Cloro” (Clodoaldo Marques Leal), o Mercado Público e o Primeiro Cartório Judiciário de Nezinho Procópio, meu inesquecível pai, que exercia ali seus trabalhos tabelionais.

A visão da janela da minha casa invadia a privacidade da casa de Jorge Fernandes, poeta maior do modernismo potiguar. Outras grandes figuras como o Des. Virgílio Dantas, avô do amigo Maynard Pacheco Dantas; Cel. Joaquim Anselmo Pinheiro Filho, mais conhecido como Cel. Quincó; Cel. Celso Pinheiro; o Cônsul de Portugal – Sr. Manoel Afonso; Dr. João Medeiros Filho; Sr. João Lins Bahia; Sra. Maria Dioniso de Assis; Sra. Estefânia Monteiro de Araújo; Dr. Raul Fernandes; Sr. Gentil Nesi Barbosa; Sr. Alfredo Lauro de Oliveira; Sr. Cristino Wanderley; Sr. Augusto Carlos Galvão; Professor Severino Bezerra; Sr. Teófilo Alexandrino dos Anjos; Professora Maria Eutália Ribeiro; Radialista Genar Wanderley – pioneiro da radiofonia em Natal e sua irmã Dulce; Dr. Pelúsio Melo e seus irmãos professores Protásio e Veríssimo de Melo (“Vivi” para os íntimos). Entre outros, dos quais tive o privilégio da amizade, e que ali residiam, constituindo uma grande família. Era uma rua plena de respeitabilidade, cultura e amizade.

A Rua Vigário Bartolomeu se espraiava na Praça Padre João Maria, local onde as velas que enfumaçavam o busto do santo padre registravam as promessas alcançadas. A praça era arborizada com fícus-benjamim e circundada por bancos de pedra brancos. Ela recebia constantemente a visita do bonde que vinha da Ribeira e seguia em busca do bairro de Petrópolis, depois de enfrentar o “sabão nos trilhos”, fruto da traquinagem dos estudantes do Atheneu, na Rua Junqueira Aires.

Daquela praça se deslocava, na Semana Santa, a Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, instituição que se impõe como marco deste tempo, dando um colorido todo especial à Procissão do Encontro, que incluía, nesse ato litúrgico, a Rua Vigário Bartolomeu no roteiro do seu cortejo.

Outra praça ficava a uma quadra da minha Rua. Era a Praça André de Albuquerque. Durante as comemorações das atividades profanas da Festa de Nossa Senhora da Apresentação, Padroeira do Natal, o Parque São Luiz ali era armado, sob as copas dos goitizeiros. O Sr. Severino Francisco, dono do parque, enchia de luz e contentamento a praça que se enfeitava com rodas-gigantes, carrosséis de cavalinho, balanços e barracas.

Da Rua Vigário Bartolomeu e adjacências acorria à praça uma turma de jovens que se divertiam e executavam o ritualístico passeio circular, cujo “flerte” era o preparativo indispensável para o namoro. Posteriormente, Demócrito Coriolano de Medeiros, montando a sua “Festa da Mocidade”, assumiu, involuntariamente, a responsabilidade da distribuição da alegria, antes atributo do parque de Severino Francisco.

A minha rua foi mudando aos poucos, junto com o meu bairro. Assisti à dispersão das famílias e a minha rua foi ficando vazia de tudo. As casas foram mutiladas, e o bairro familiar foi se descaracterizando em nome do desenvolvimento.

Alguns prédios do bairro, pela sua importância folclórica, política ou religiosa, resistiram às ações do desenvolvimento e continuaram de pé, retratando, em suas fachadas, o tempo da minha mocidade. No entanto, os da minha rua não resistiram. O Cinema Royal virou repartição municipal. A Farmácia Natal reduziu-se a uma porta. O Primeiro Cartório Judiciário mudou de rua e de nome, transferindo-se para a Rua Mossoró, como 1º Ofício de Notas, agora tabelionado pelo meu irmão Jairo Procópio, e, no lugar onde foi oferecido em holocausto o velho Mercado da Cidade, surgiu o suntuoso prédio do Banco do Brasil.

Assisti a tudo, numa cumplicidade incômoda e irremediável. Vi minha rua se transformando e minha cidade crescendo, enquanto crescia junto com ela. Alcançamos a maior idade, ela ficou menos jovem, mais não menos amada.

Guardo da minha rua, as agradáveis e indeléveis lembranças da minha juventude. São recordações intangíveis que a ação do tempo jamais irá modificar. A Bíblia profetiza: “Todas as coisas têm seu tempo, e todas elas passam debaixo do céu segundo o termo que a cada uma foi prescrito” (Eclesiastes 3:1).

Por tudo isso, nas homenagens do seu 400º aniversário, ofereço à minha Cidade do Natal o que tenho de mais rico e mais puro. O testemunho de um tempo de felicidade; de um tempo em que minha rua era meu mundo.

Sobre o autor: Manoel Procópio Júnior é pesquisador, escritor, procurador aposentado da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte – ALRN, advogado, mestre maçom e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN, e da Academia Maçônica de letras do Rio Grande do Norte – AMLERN.

OS PRIMEIROS CHEQUES SEM FUNDOS E OS FIADOS DE NATAL

O Sr. Cussy de Almeida tinha comprado um estabelecimento comercial do Sr. Irineu Pinheiro. Ficava numa esquina. Entre a Rua da Palha, hoje Vigário Bartolomeu, e a Rua Ulisses Caldas. Era uma loja onde se vendiam diversos artigos. Fazendas, casimiras, sapatos, rendas, bordados, bengalas, guarda-chuvas, perfumes, entre outros.

Comprando o estabelecimento, mudou-lhe o nome. Passou a chamar-se Casa Pátria. Não esqueceu de mandar pintar as paredes exteriores a óleo e escolher as cores verde e amarelo. Não deixava de ser um golpe publicitário. Além de dar uma prova de patriotismo, as cores chamavam muito a atenção e, numa cidade onde existiam muitos analfabetos, nem todo mundo podia ler a placa com o nome da loja. Para muitos a casa passou a ser a “casa verde e amarela” e por isso ficava muito fácil de ser localizada. Não era necessário saber ler para ir à Casa Pátria. O verde e o amarelo levavam a freguesia para lá…

No geral, os mais francos eram os considerados pobres. Os fregueses de chita. Olhavam a fazenda, escolhiam a padronagem, perguntavam o preço e mandavam cortar.

A classe que comprava por intermédio de “bilhetes”, se bem que representada por gente de certa condição financeira, era a mais ordinária possível. Os “bilhetes” mofavam e jamais eram substituídos pelo dinheiro. Cansado de esperar, meu pai mandava o cobrador e vinha com a clássica resposta: “Diga lá que logo passarei por lá”. Os “bilhetes” foram assim os primeiros cheques sem fundo que se tem notícias.

INSTITUTO DE MÚSICA DE NATAL

Não seria exagero reconhecer que as atividades empreendidas por Waldemar de Almeida e seu curso deram novo e promissor impulso à vida musical da cidade. Desde os finais do século XIX davam-se os primeiros e tímidos passos em direção ao ensino da música. Tudo indica que o mais antigo se realizou com o Colégio de Educandos (fins do século XIX), iniciativa oficial de breve duração. O Clube Carlos Gomes (1892-1914) iniciou a fase das iniciativas particulares. O governo Alberto Maranhão instituiu, em 1908, a Eschola de Musica, contratando professores de fora, inclusive estrangeiros. É dessa época a chegada de nomes como Luigi Maria Smido, José Borrajo e Thomaz Babini, que trouxeram novos conhecimentos e novas técnicas para o ensino de seus instrumentos. Não é possível deixar de considerar o grande número de professores de piano que anunciavam aulas pelos jornais da cidade.

1933: nascia o Instituto de Música. Afinal, formava-se uma instituição amparada através de subvenções pelo Governo do Estado, fazendo prever uma longa e produtiva atividade. Foi assim pelo menos em seus primeiros anos. A 31 de janeiro, o Interventor Federal Bertino Dutra da Silva criava o Instituto de Música do Rio Grande do Norte através do Decreto n. 425.

A nova escola oferecia os seguintes cursos: Teoria e Solfejo,Canto Orfeônico e piano, a cargo de Waldemar de Almeida; violino e viola, professor José Monteiro Galvão; violoncelo e contrabaixo, professor Thomaz Babini; flauta e instrumentos congêneres, professor Antônio Paulino de Andrade e História da Música, Luís da Câmara Cascudo. Instalava-se num velho casarão em frente aos fundos do Teatro Alberto Maranhão.

A 15 de fevereiro, pelo Ato n. 1176, o Interventor Federal designava Waldemar de Almeida para exercer o cargo de Diretor.

Primeira sede do Instituto de Música do Rio Grande do Norte. situado na Avenida
Rio Branco, esquina com a atual Rua Sachet. Demolido.

O Instituto de Música do Rio Grande do Norte que, desde a sua fundação, funcionava numa velha casa situada na Avenida Rio Branco, esquina com a atual Rua Sachet, transferia suas atividades, em começos de setembro de 1933, para outro casarão situado na Rua Vigário Bartolomeu n. 630, esquina com a Praça Padre João Maria (Atual edifício do Banco do Nordeste).

Vista do Centro de Natal a partir da torre da Igreja Matriz para a Praça Padre João Maria. O ano é 1911 (ano em que foram instalados os primeiros bondes elétricos) e 1913 (ano da publicação da foto). Ao fundo em destaque o casarão onde em 1933 seria fundado o Instituto de Música na esquina da Rua Vigário Bartolomeu com a Rua João Pessoa.
O acadêmico de medicina José Augusto Soares de Araújo (Natal, 1893-Rio de Janeiro, 1922), poeta, pianista e compositor, estudava medicina no Rio de Janeiro quando faleceu. Por esse tempo, os pais de José Soares de Araújo moravam na Rua da Palha (Esquina da Rua Vigário Bartolomeu com a Praça Padre João Maria, onde se construiu a sede do Banco do Nordeste), numa casa de esquina, onde o destino, com sua firme vontade, muitos anos depois a transformou em sede do Instituto de Música do Rio Grande do Norte.

Já a 5 de setembro de 1952 dava-se a inauguração da nova sede do Instituto de Música, situada na Avenida Jundiaí 388 (Atual edifício do Instituto de Previdência do Estado.) No mesmo dia realizou-se a solenidade de diplomação da pianista Nara de Oliveira.

Sede do Instituto de Música à Rua Jundiaí, 388. Demolida. Local onde foi construído o Instituto de Previdência do Estado – IPE.

FONTES SECUNDÁRIAS:

CÂMARA, Adauto. Diversos e Dispersos. Rio de Janeiro: Edição do Autor. 1998.

CASCUDO, Luís da Câmara. História do Rio Grande do Norte. 2 ed. Natal: Fundação José Augusto; Rio de Janeiro: Achiamé, 1984.

MELO, Pedro de Alcântara Pessoa de. Natal de ontem: figuras e fatos de minha geração. Natal/RN: Sebo Vermelho, 2006.

MONTEIRO, Denise Mattos. Introdução à História do Rio Grande do Norte. Natal: EDUFRN, 2000.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.

“Em cada esquina um poeta, em cada rua um jornal”: a vida intelectual natalense (1889-1930) / Maiara Juliana Gonçalves da Silva. – Natal, RN, 2014.

Caminhos de Natal / Jeanne Fonseca Leite Nesi ; ilustrações, Urban Sketchers Natal. – Dados eletrônicos (1 arquivo PDF). – 2. ed. – Natal, RN : IPHAN, 2020.

Cantos de bar: sociabilidades e boemia na cidade de Natal (1946-1960) /Viltany Oliveira Freitas. – 2013.

Cidade, terra e jogo social: apropriação e uso do patrimônio fundiário natalense e seu impacto nas redes de poder locais (1903-1929) / Gabriela Fernandes de Siqueira. – Fortaleza, 2019.

Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.

Entre a ordem e o progresso: a escola de aprendizes artífices de Natal e a formação de cidadãos uteis (1909-1937) / Renato Marinho Brandão Santos. – João Pessoa/PB : IFPB, 2019.

Entre a cruz e a Loja – a saga do Vigário Bartolomeu (II) / Freemason – https://www.freemason.pt/entre-a-cruz-e-a-loja-a-saga-do-vigario-bartolomeu-ii/ Acesso e 09/09/2023.

Galvão, Claudio. O nosso maestro : biografia de Waldemar de Almeida [recurso eletrônico] / Claudio Galvão. – Natal: EDUFRN, 2019.

História do Rio Grande do Norte / Sérgio Luiz Bezerra Trindade. – Natal: Editora do IFRN, 2010.

Natal, outra cidade! [recurso eletrônico] : o papel da Intendência Municipal no desenvolvimento de uma nova ordem urbana na cidade de Natal (1904-1929) / Renato Marinho Brandão Santos. – Natal, RN : EDUFRN, 2018.

Natal ontem e hoje / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal (RN): Departamento de Informação Pesquisa e Estatística, 2006.

UM SÉCULO DE CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DO TEATRO NA CIDADE DO NATAL: 1840-1940 / ÂNGELA MARIA DE CARVALHO MELO. – NATAL, 1999.

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