Depreciação do antigo casario de Waldemar de Almeida
Mais um casario antigo da Cidade de Natal encontra-se em ruínas. Desta vez na Avenida Deodoro da Fonseca. Edificação centenária que em tempos áureos foi a primeira residência do mastro Waldemar de Almeida após seu casamento. Triste fim. A história se apaga. Fica o registro e o sentimento de perda por algo que foi durante muito tempo uma referência na localidade. Deixo abaixo uma breve descrição histórica da residência que hoje segundo o jornalista Osair Vasconcelos @osairvasconcelos encontra-se em péssimo estado de conservação.
A 1º de maio de 1932 realizava-se o casamento de Waldemar de Almeida com Hylda Rosemary Wicks, (Hylda Rosemary Wicks (Tampico, México, 25/12/1912 – Recife, 10/08/1987) na matriz de Natal. Foram residir em um dos sobrados (o do lado esquerdo) de propriedade do pai, Cussy de Almeida, situado à Avenida Deodoro n. 358. Foi nesta residência que no dia 20 de fevereiro de 1934 nascia Hylza, a primeira filha do casal, (Hylza faleceu no Recife, a 17 de janeiro de 1993).
O eclodir da intentona comunista em novembro de 1935 trouxe preocupações e vexames para Waldemar de Almeida e família. Chefiando a Ação Integralista no Estado, tornava-se um elemento muito exposto a represálias pessoais. A casa em que residia na Avenida Deodoro foi alvo de uma agressão, tendo sido pichada a sua fachada e quebradas as vidraças. O movimento durou pouco tempo, o que decerto poupou Waldemar e seus companheiros de sofrerem maiores represálias.
Waldemar morava na Avenida Deodoro, bem perto da casa onde estava o Maestro: […] podemos sair a pé, dobrar a esquina da Deodoro, passar pela Praça Pedro Velho e entrar numa casa da Seridó onde um dos maiores regentes de orquestra do mundo aguardava o transporte para continuar o voo para Buenos Aires. O Maestro já havia feito um passeio pela cidade e visto as suas praias. O pianista natalense, sempre apaixonado pela sua cidade, revelou, com uma ponta de orgulho: E nós que jamais pensamos que aquele homem um dia pudesse falar de Areia Preta, Praia do Meio e rio Potengi, ouvimos com ciúmes que ele tinha ficado encantado com esses retratos, que nós, um dia, lá longe, nos lembrando deles e vendo o Spree (O rio Spree nasce perto da fronteira tcheca, tem 400 km de comprimento, dentre estes 182 km navegáveis, atravessando a cidade de Berlim. Era mesmo preciso muito bairrismo de Waldemar para compará-lo ao Potengi), gritamos para dentro de nós: Se este rio visse o Potengi ficava seco de despeito (ALMEIDA, Waldemar. “Meia hora com Furtwängler em Natal”. A República, 4 de maio de 1948.)