O grande farol de Natal em Mãe Luiza
O Farol de Mãe Luiza, situa-se no no Morro/bairro de Mãe Luíza, o qual tem seu nome em homenagem a uma velha parteira que também deu seu nome ao farol. Próximo à Via Costeira, o Farol de Natal teve sua construção iniciada em 1949 sendo inaugurado em 1951 sob a administração da Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte.
O farol possui uma torre de concreto de 37 metros de altura e uma escadaria, esta, com 151 degraus em espiral. A luminária no alto da torre funciona com energia elétrica, mas em caso de falha o sistema alternativo de gás, operado manualmente, entra em funcionamento. O alcance de sua luz atinge 44 km de distância, com a emissão de lampejos programados a cada 12 segundos.
Caso falte energia para seu abastecimento, o mesmo passa a funcionar a partir de baterias que são operadas manualmente. O Farol de Mãe Luiza apresenta uma das vistas mais belas da cidade a partir da Praia da Areia Preta, bem no início da Via Costeira.
Esta construção era um dos cartões postais da capital do Rio Grande do Norte, infelizmente hoje ele não está mais aberto para visitações. Para subir a torre do Farol, o visitante utiliza a escada interna em espiral com 150 degraus. Do alto da sua estrutura, fixada no Morro de Mãe Luíza, é possível apreciar uma das mais belas paisagens de Natal e praias circunvizinhas, em panorama com o encanto natural do “esplendor marinho”. O Farol é administrado atualmente pela Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte.
Perfeitamente integrado ao cenário urbano, e com localização privilegiada, o Farol de Natal tornou-se um dos mais conhecidos pontos do município. Graças a essa identificação com a cidade, a imagem do farol já foi utilizada como logomarca da Prefeitura Municipal de Natal.
Inauguração
Como no aspecto demográfico a cidade do Natal encontrava-se numa fase de intenso desenvolvimento urbano que a colocava em posição de relevo confrontando-se com muitas outras capitais nordestinas. Vez por outra surgiam empreendimentos públicos e particulares que iam possibilitando expansão e beleza com rapidez.
Focalizaremos hoje a visita feita pelo jornal Diário de Natal ao Farol de Natal construído pela Diretoria de Hidrografia e navegação do Ministério da Marinha, nas dunas de Areia Preta. O acesso ao local dava-se pelo prosseguimento da Rua Potengi indo até as antigas instalações do Exercito na praia de Mãe Luiza.
Disse o repórter do Diário de Natal sobre o local de acesso ao farol: “além da falta absoluta de conservação, pudemos observar o espetáculo desolador do desmoronamento das dunas, estas transformadas em propriedades particulares e cercadas para a ‘solta’ do gado”. (DIÁRIO DE NATAL, 08/01/1951, p.6). O repórter confessou que ficou extenuado para chegar ao local de acesso ao farol para realizar a reportagem onde o automóvel ficou encalhado e teve que caminhar boa distancia para cumprir as ordens do diretor do jornal.
O que é o farol
Tratava-se de um formidável bloco de cimento armado medindo 38 metros de altura, estando situado a 88 metros do nível do mar. Na sua construção que durou pouco mais de um ano foram empregados 35.000 sacos de cimento e 150 toneladas de ferro de diversas bitolas.
Internamente foi construído de poderosas colunas e de uma interminável escada tipo aspiral, com nove lances e 157 degraus. É para que não disponha de um elevador para facilitar o vai e vem dos esforçados servidores de permanência. Tanto o hall do pedestal, como as escadarias receberam piso de ladrilho vermelho.
Especificações técnicas
O faroleiro não estava autorizado a falar sobre as especificações técnicas do farol, no entanto, apurou que o bojo luminoso do farol era da marca BBT Anciones Etablissements Barbier Bernard Et Turrere de Paris, França. O manual sobre hidrografia e navegação esclarecia que o farol elétrico com lâmpadas de 1500 velas, produzindo 5 lampejos brancos a cada 12 segundos e períodos de ocultação.
Dispunha de um bico de emergência circular com 65mm alimentado a querosene. É um conjunto bonito todo de metal amarelo dotado de fortes lentes seccionadas. Foi instalado por uma comissão de técnicos do Serviço Especializado do Ministério da Marinha. (DIÁRIO DE NATAL, 08/01/1951, p.6).
A inauguração
Em imponente solenidade pública presidida pelo Almirante de Esquadra Raul de Santiago Dantas, Chefe do Estado Maior da Armada o farol de Natal foi inaugurado as 17h00 do dia 15/08/1951. O farol havia sido construído recentemente na capital potiguar em Mãe Luiza pela firma Gentil F. de Souza, sob a fiscalização da Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte.
No palanque oficial instalado em frente ao majestoso farol estavam presentes o governador Silvio Pedroza, o Contra-Almirante Harold Reuben Cox, Comandante do 3º Distrito Naval, os chefes dos poderes judiciários e legislativo, outras autoridades federais, estaduais e municipais. O Almirante descerrou a bandeira azul e branca expondo a placa de bronze comemorativa com um circulo contendo as seguintes palavras: Marinha do Brasil-Hidrografia, tendo ao centro o Cruzeiro do Sul e acrescida dos seguintes dizeres: Farol de Natal-Lat. 05º,47´41,6 ´´S.Long. 35º-11´,08,8´´ WCW.
Inaugurado e aceso aos 15 de agosto de 1951. O grande farol que a partir de da inauguração prestaria relevantes serviços a navegação seria mantido pela Diretoria de Hidrografia e Navegação com a assistência da Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte e sob a vigilância de três servidores, tendo a frente o faroleiro Alfredo Selfes de Mendonça, o decano dos faroleiros do Brasil, cidadão simples e modesto que embora contando 43 anos de serviço neste setor da Marinha continua disposto para trabalhar mais algum tempo no exercício da profissão (DIÁRIO DE NATAL, 16/08/1951, p.1).
Após a leitura do termo de inauguração por um oficial da Capitania dos Portos, discursou de improviso o Almirante de Esquadra Raul de Santiago Dantas em nome do ministro da Marinha dizendo que tinha a honra de entregar ao Estado do Rio Grande do Norte o moderno farol que proporcionaria navegação cada vez mais segura no Brasil. Em breves palavras o Governador Silvio Pedroza agradeceu a entrega feita com palavras patrióticas do eminente chefe militar e felicitou a Hidrografia do Brasil e a Capitania dos Portos pela construção do gigantesco farol que asseguraria sem dúvida a confiança absoluta a navegação na Costa do Nordeste brasileiro.
Após a visitação ao farol e as residências dos faroleiros as autoridades deixaram o local. Tocou durante a solenidade a banda de música da 3ª Cia Regional de Fuzileiros Navais.(DIÁRIO DE NATAL,16/08/1951,P.1).
Residências do pessoal
Para o completo conforto dos funcionários, foram construídas ao lado do grande farol, três casas modernas e bem acabadas. São unidade residenciais compostas de sala única, 3 quartos, hall, banheiro completo, cozinha, terraço de fundo e de frente, caixa d´água, rede própria de água e esgoto.
São forradas com placas de cimento armado e dotadas de armários embutidos nos quartos e na cozinha. O abastecimento de água é fornecido por um poço de 42 metros de profundidade. Todas as casas são decentemente mobiliadas com moveis de estilo colonial.
Curiosidades
A seguir algumas curiosidades sobre o farol de Natal. As cores do ABC Segundo o repórter do Diário de Natal um popular que estava também em visita as obras do farol disse que o Dr. Gentil Ferreira de Souza, dono da construtora do farol, mandou pintar o farol com as cores alvinegras para dar sorte ao ABC no campeonato daquele ano de 1951. (DIÁRIO DE NATAL, 08/01/1951, p.6).
O faroleiro Alfredo Selfes de Mendonça
O faroleiro Alfredo Selfes de Mendonça, que a época já contava 43 anos de serviço no setor de farol da Marinha disse ao repórter que durante a fase de construção ele e outros companheiros subiam de 8 a 10 vezes por dia até o topo do farol e que depois da inauguração cada um deles teria que exercer vigilância em quartos de serviços de 4 em 4 horas. (DIÁRIO DE NATAL, 08/01/1951, p.6).
Gigantesco bloco de cimento armado
O farol de Natal foi denominado de “gigantesco bloco de cimento armado”. Atualmente é conhecido por Farol de Mãe Luiza por está situado no bairro desse nome.Gastos e alcanceForam gastos em sua construção 35.000 sacos de cimento e 150 toneladas de ferro. O alcance da luminosidade refletida pelo farol é de 300 milhas.
A baixo vista aérea do conjunto arquitetônico do farol de Natal composto pelo farol propriamente dito, as três casas originais de funcionários e uma acrescida posteriomente.
Fontes do texto: anuário da prefeitura de 2009, Diário de Natal,