Vila Amélia
Francisco Justino de Oliveira Cascudo (1863-1935), conhecido como Coronel Cascudo, o pai de Câmara Cascudo, foi um importante foreiro do bairro de Cidade Nova (atuais bairros de Petrópolis e Tirol), também participando do mercado de terras que foi desenvolvido com os terrenos da região. Francisco Cascudo foi morador do bairro, vivendo na denominada Vila Amélia, conhecida pela denominação Principado do Tirol.
Francisco Cascudo, pelos diversos cargos que ocupou e pelo seu prestígio no comércio, tendo sido indicado às eleições para compor a Intendência da capital na década de 1920, foi um homem influente na cidade, que frequentou os lugares mais ilustres e, como visto, tinha ótimas relações com os Albuquerque Maranhão.
Segundo Câmara Cascudo em O tempo e eu, Francisco Cascudo comprou essa propriedade em 1913 do arquiteto Herculano Ramos, dispendendo a quantia de 20.000 réis. Provavelmente o baixo preço pago pela propriedade deve ter resultado de uma transição característica de um mercado pessoal ou de um possível erro do autor ao mencionar o valor dessa transação em sua obra.
Essa residência era localizada entre as avenidas Campos Sales e Rodrigues Alves, tendo a rua Apodi aos fundos e a rua Jundiaí à frente (CASCUDO, Luís da Câmara. O tempo e eu: confidências e proposições. Op. cit., p.60.).
Ainda segundo Câmara Cascudo, o Principado do Tirol era uma extensa propriedade e, ao adquiri-la de Herculano Ramos, a família Cascudo instalou-se confortavelmente na residência, equipando-a com móveis que pertenceram a Pedro Velho, “sofás imensos e cadeirões fofos, dignos das saias-balão” (Idem).
Existia ainda na residência uma sala de visitas com pinturas a óleo realizadas pelo pintor espanhol Rafael Fuster, dois salões de jantar, uma ampla biblioteca, moinho de vento que abastecia a casa com água encanada e uma extensa área com árvores frutíferas.
Segundo a carta de aforamento, Herculano Ramos alienou um terreno de 3.053m² para Francisco Cascudo em 1915, tendo como limite norte a rua Jundiaí, como limite sul terrenos de Pedro Cardoso, como limite leste a avenida Rodrigues Alves e tendo como limite oeste terrenos de Rodolpho Menezes (NATAL. Prefeitura Municipal do Natal. Carta de aforamento n.56A, de 10 de maio de 1905. Natal: s.d.).
Conforme visto, o terreno constante na carta 56A tinha limites semelhantes aos do terreno em que o Principado do Tirol foi construído. Contudo, não é possível afirmar com segurança que o terreno da carta 56A realmente abrigou essa propriedade, já que dois limites foram descritos em relação a propriedades existentes, não explicitando as ruas, de modo que não se tem como precisar com detalhes a localização exata do terreno. Além disso, o terreno constante na carta 56A foi alienado para Francisco Cascudo em 1915 pelo valor de dez contos de réis (10:000.000), ano e valor diferente dos mencionados por Câmara Cascudo.