Rua Chile: o coração pulsante de Natal

A rua Chile, considerada uma das mais antigas e movimentadas do bairro da Ribeira, trouxe relevantes fatos para Natal. A rua, passou por várias denominações tais como: rua da Praia. Topônimo surgido pela primeira vez, em um registro de concessão de terra, de 21 de novembro de 1769, devido à presença do rio Potengi constituiu-se o caminho natural para a Fortaleza dos Reis Magos.

Provavelmente, após o ano de 1863, essa rua passa a ser chamada rua da Alfândega, devido à construção do primeiro cais da Alfândega. Com o intenso movimento de negociantes na rua da Alfândega, o topônimo é modificado para a rua do Comércio.

A rua do Comércio, atual rua Chile, recebia um alargamento de 12 metros com a criação do plano urbanístico da “Cidade Nova” por intermédio do técnico e agrimensor italiano Antônio Polidrielli. Os pontos mais importantes do plano eram os acessos entre a parte baixa e a Cidade Alta, o estabelecimento de um Bairro Jardim na área conhecida como Limpa (Bairro Santos Reis), e a construção de um boulevard de contorno partindo da cidade baixa, com dez avenidas radicais.

Jeremias Pinheiro da Câmara demarcou e fez o
alinhamento das Avenidas projetadas por 400S000. Com a desvalorização das terras e gente para ocupá-las, as raras choupanas foram vendidas ou desapropriadas, por preço irrisório.

Com a revisão do Decreto Municipal de 13 de fevereiro de 1888, toda a nomenclatura urbana de Natal foi modificada. Assim sendo, a rua do Comércio, passou a ser chamada Tarquínio de Souza.

No decorrer do século XIX foram solicitadas 69 datas de terra naquela rua, contudo a preferência dos suplicantes justificava-se principalmente, pelo fato de margear o rio Potengi, podendo-se frequentemente, verificar a expansão de uma cidade, paralelamente ao curso de um rio.

Continuou pelo século XIX, a preferência dos habitantes da Cidade, pela Rua da Praia. Até o ano de 1829, já haviam sido doados 15 terrenos destinados à construção de prédios. As construções de cal-e-pedra foram se multiplicando servindo para o armazenamento de mercadorias, principalmente, do açúcar e algodão, que eram exportadas para outras províncias.

No registro de concessão de terra datado de 14 de março de 1829, o beneficiário Antônio Correia de Melo referia-se àquele logradouro público, como a Rua da Ribeira, denunciando a importância da mesma, para o referido bairro.

Posteriormente, a Rua Tarquínio de Souza recebeu a denominação de rua Chile sendo mantida até os dias de hoje.

Grandes Firmas exportadoras se instalaram nesta rua a partir do final do século XIX, como: a S.A. Wharton Pedroza, que se dedicava ao beneficiamento de algodão, firma inglesa cujos dirigentes eram frequentemente revezados com outros vindos da Inglaterra. A referida firma apresentava uma arquitetura interessante e ímpar na cidade, ocupando os dois lados da rua Chile, interligado por uma espécie de ponte no pavimento superior, onde passavam os fardos de algodão, após o beneficiamento. A firma M. F. do Monte & Cia., dedicava-se à compra, beneficiamento e exportação de algodão, sendo uma das principais exportadoras para as indústrias têxteis do Sul do Pais.

A Firma Fernandes & Cia., de Mossoró, beneficiava, enfardava e armazenava o algodão para exportação. Existiam ainda, as Empresas Exportadoras de peles e couros de animais como Huascar Purcell, firma inglesa gerenciada por Deolindo Lima, a firma Epaminondas Brandão, além da Empresa Monte e Rebouças Ltda., especializada na industrialização e exportação da borracha de mangabeira e de maniçoba, desativada com a morte dos seus sócios, desaparecendo assim, uma indústria de beneficiamento de matéria-prima muito abundante no Rio Grande do Norte. Na atual rua Chile, existiam firmas dedicadas ao comércio de tecidos, como a João Galvão & Cia., Alves de Brito & Cia., cujo prédio foi substituído posteriormente, por uma fábrica de sapatos de José Lagreca.

Além das grandes empresas de exportação, a rua Chile também comportava o Departamento dos Correios e Telégrafos, a Junta Comercial, em prédio atualmente ocupado pela EMPARN; a fábrica de bebidas dos irmãos Manuel e Cláudio Machado a Despensa Natalense, uma distribuidora de automóveis, da firma Faria & Pinheiro.

A rua Chile, que já foi a mais povoada e importante para nossa cidade, ainda guarda na sua paisagem urbana, belos exemplares da arquitetura do passadoo hoje, fazendo parte do contexto histórico da formação da cidade do Natal.

Assim como as atuais Avenidas Duque de Caxias e Tavares de Lira, e as ruas Chile, Frei Miguelinho e Câmara Cascudo, que formavam a planície da Ribeira no último quartel do século XVIH, ainda não existia uma denominação definida para a rua Dr. Barata, esta, localizada entre a Praça Augusto Severo e a Avenida Tavares de Lira.

A MODERNIZAÇÃO DA CIDADE DO NATAL: O AFORMOSEAMENTO DO BAIRRO DA RIBEIRA (1899-1920). LÍDIA MAIA NETA. NATAL/Dez/2000

Fotos do acervo digital de Adriano Medeiros.

Fabrica de cigarros vigilante pertenceu a meu pai Antonio do Nascimento Trigueiro e localizava-se na hoje rua Frei Miguelinho, anitgamente Rua do Comércio, esquina com o Beco da Quarentena…
Rua Commercio, atual Rua Chile, no início do século XX. Centro comercial de Natal naquela época.
A imagem que ilustra este texto foi capturada da rede mundial de computadores, em página de domínio público. Considerando as características da imagem, esta deva ser ter sido feita pelos idos do início do século XX. E, por suas características, é uma imagem realizada por fotógrafo profissional, mas não obtive os dados da autoria da obra. É uma lástima total e absoluta não podermos fazer a devida referência credencial ao autor da fotografia.
O primeiro Cais de Natal data de 1863, o da antiga Alfândega.

(Rua do Comércio, hoje Rua Chile)
Cruzamento da Rua do Comércio (atual Rua Chile) com a Av. Tavares de Lira, no final da década de 20
O cinema Polytheama exibia filmes vindos do Rio de Janeiro que eram importados pelas Companhias norte-americanas que montaram sucursal na então capital do Brasil. O local foi inaugurado pelos idos de 1915, na Rua Chile. Porém, os filmes demoravam a chegar pela falta de produção suficiente.
Estação provisória da EFCRGN em Natal

O prédio pertencia a GWBR que o cedeu para servir de estação provisória em 1909 até ser concluída a estação da Esplanada Silva Jardim. Estrategicamente se localizada próximo ao cais do porto de Natal no início da Rua do Comércio, atual rua Chile. Atualmente é o centro de treinamento da CBTU Natal. Estradas de Ferro do Nordeste
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