Jaeci Emereciano Galvão

Jaeci Emereciano Galvão  (nascido 5 de julho de 1929 e falecido em 20 de novembro de 2017) é um fotógrafo que narrou por meio da captação da paisagem uma multiplicidade de signos visuais que começaram a ser impostos sobre o espaço urbano, principalmente, com o advento da Segunda Guerra Mundial em Natal. Transitou pelos equipamentos arquitetônicos, pelos modos de socialização, pelos espaços de lazer, de trabalho, pelo urbano e pelo litoral. Deste modo, suas imagens sugerem diversas espacialidades da cidade de Natal.

O trabalho desenvolvido por Jaeci Emerenciano Galvão, “o fotógrafo dos artistas”, elaborou uma narrativa visual da cidade de Natal. As projeções e perspectivas visuais paisagísticas de suas imagens nos cartões-postais cruzam os anos de 1940 a 1980 e inscrevem esses espaços na memória coletiva. As produções fotográficas de Jaeci encenam a cidade em seu crescimento urbano. E o fotógrafo além de ser autor de um dos mais completos acervos iconográfico da cidade, é a memória viva de um período singular da história de Natal.

Fotógrafo dos Artistas

Jaeci elaborou uma das maiores narrativas visuais acerca da vida social de Natal, no período descrito, 1940 e 1980. Ficou conhecido em sua juventude, entre seus amigos e clientes como: o “fotógrafo dos artistas” (figura 18). O que corrobora o fato de Jaeci ter retratado cantores e artistas famosos que se apresentavam na cidade, fotografava também políticos e as pessoas que se destacavam socialmente.

O pesquisador e professor aposentado da UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Carlos Roberto de Miranda Gomes ao narrar à história do imigrante Italiano Rocco Rosso (1899-1997) e suas contribuições em Natal incluiu os amigos do imigrante e entre eles estava Jaeci Galvão, conhecido pelo personagem por ser “o fotógrafo dos artistas, no tempo de ouro do rádio” (GOMES, p. 164, 2012).

Sobre a alcunha, ainda vale destacar a matéria no site “Natal de Ontem”, do engenheiro civil, Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto. Na página onde o autor enumera as “110 coisas que não podem ser esquecidas em Natal”, entre os carnavais, os monumentos históricos, as escolas, as praças e os espaços de sociabilidade, na classificação de número 30, encontram-se as fotos “para a posteridade” tirada pelo “fotógrafo dos artistas”, Jaeci (Referência a Jaeci Galvão no site: “Natal de Ontem” que funciona desde agosto de 2008 e teve publicações com sequência até o ano de 2011. CAVALCANTI NETO, 2011).

“O fotógrafo dos artistas”. Fotografia da “natal” dos fotógrafos da década de 1950 em Natal, entre eles alcunhado por “fotógrafo dos artistas”, está Jaeci Emerenciano. Em: Gomes, 2012, páginas 164 e 165.
Jaeci Emerenciano Galvão.

O florescer de um fotógrafo

Jaeci Emerenciano Galvão nasceu em Natal, no dia 05 de julho de 1929, filho de Jaime e Cecília. Seu pai, Jaime Coelho Galvão, trabalhou na coletoria pública do município da Penha, hoje Canguaretama. Residiram, nesse município, por 10 anos e depois retornaram a Natal, para o ai de Jaeci exercer o cargo de fiscal aduaneiro da alfândega. E, Cecília Emerenciano Galvão, sua mãe, foi uma mulher à frente de sua época.

Nasceu em Natal, na Rua Ulisses Caldas, perdeu os pais no início da adolescência e organizou sua sobrevivência com o trabalho artesanal de bordados, após o casamento, tomou a frente da criação de gados da família e organizou um comércio de farinhas. No comércio de farinhas era responsável desde o cultivo até a venda da mandioca, possuiu ainda um armarinho no centro da cidade de Natal. Jaeci herdou da mãe o gosto pelos negócios ( As informações acima foram extraídas de diálogos realizados com a irmã de Jaeci, Teresinha Emerenciano Galvão Vaz e com a filha de Jaeci, Patrícia Grace Gurgel Medeiros em 23/06/2012).

Tem uma única irmã, mais jovem, chamada Teresinha Emerenciano Galvão Vaz (1931), hoje casada com o senhor Álvaro Vaz. Terezinha foi funcionária pública e trabalhou no palácio do governo, na Secretaria de Segurança do Interior e da Justiça e é aposentada. Jaeci iniciou seu trabalho muito cedo, ainda adolescente, na época que estudava no colégio Atheneu Norte-Rio-Grandense, seguindo o exemplo da sua família no qual todos trabalhavam.

Naquela época, seguir adiante na escola não era interessante para Jaeci, já que não demonstrava um maior interesse pelas carreiras tradicionais. “Meus pais queriam demais que ele se formasse, porém ele preferiu se dedicar à fotografia” (Teresinha Emerenciano de Galvão Vaz, depoimento de 25/06/2012.).

A escolha profissional veio sob grande incentivo da mãe de Jaeci, que preocupada com o futuro do filho, observou o interesse com que o menino manejava a máquina fotógrafa do pai e cogitou para ele a profissão de fotógrafo, visto o retorno financeiro positivo da profissão. Como relembra sua irmã: “Papai tinha uma máquina, ele começou com a máquina de papai e tio Alphéo ajudou depois” (Depoimento de Terezinha Galvão Vaz, 25/06/2012.).

O trabalho de José Seabra de Melo, que na época fazia fotografias na Praça Pedro Velho e tinha uma grande clientela, também serviu de inspiração e incentivo:

(…) naquela época foi ele quem inventou a fotografia na praça. É tanto que faziam filas para tirar retratos, àquelas árvores feito coelhinhos e cavalinhos… E minha mãe sabia que eu não era muito chegado as letras, fez eu comprar uma máquina e daí me tornar um fotógrafo seguidor daquele Seabra (Jaeci Emerenciano Galvão. Em: TAVARES, 2011.)

Jaeci objetivava comprar um bom equipamento e com o apoio da sua mãe montou um pequeno empreendimento, com o objetivo de arrecadar capital suficiente para a compra de seu equipamento fotográfico. Assim, ergueram uma pequena fábrica de sorvetes, no qual Jaeci assumiu a produção e distribuição da guloseima. Afinado com o objetivo de possuir sua câmara, Jaeci organizou um
grupo de garotos para a venda dos sorvetes nas ruas e nas praias de Natal.

Logo, quando Jaeci completou 15 anos, seu tio Alphéo, militar, em uma viagem de retorno a Natal, lhe apresentou um marinheiro que comercializava máquinas fotográficas, entre outras mercadorias. Entre as máquinas que estavam disponíveis havia uma de fole, de médio porte, de origem alemã a Voiitlender Baby Bessa. Nessa câmara fotográfica Jaeci viu à oportunidade de se profissionalizar, era uma das máquinas mais modernas e cobiçadas da época. Sobre a profissionalização a irmã Terezinha afirma que a responsabilidade e a vontade de trabalhar sempre cercou a vida de Jaeci, que muito cedo abraçou os deveres profissionais e familiares.

Casou-se ainda na adolescência em cerimônia religiosa com Albanisa Alves, união que lhe trouxe a filha Suely Alves Galvão (faleceu no terceiro ano de vida); os seus filhos gêmeos Jair e Jaime Alves Galvão e Frederico Alves Galvão (fotógrafo). Em âmbito civil constituiu seu segundo matrimônio, com Eufrosina Gurgel Santos Galvão, que a família carinhosamente chamava de Loinha ou Goia, tiveram quatro filhos: George William Gurgel Galvão; Geórgia Gurgel Galvão (Nena); Jaeci Júnior, que do pai herdou, em especial, o amor pelas fotografias aéreas (fotógrafo de paisagens aéreas) e a filha Patrícia Grace Gurgel Medeiros (Depoimento de Terezinha Galvão Vaz, 25/06/2012.). Depois dos dois casamentos chegou a constituir união estável com Maria do Rosário com quem teve o filho João Henrique, posteriormente morou com Neide e teve uma filha com o nome de Nicole e atualmente vive com Vitinha e com filho dessa união chamado Jeison.

Segundo matrimônio, com Eufrosina Gurgel Santos Galvão, que a família carinhosamente chamava de Loinha ou Goia, tiveram quatro filhos: George William Gurgel Galvão; Patricia Grace Gurgel Galvão; Geórgia Gurgel Galvão (Nena); Jaeci Emerenciano Galvão Junior .
Jaeci Galvão, a esposa Loinha Gurgel Santos Galvão e os filhos George, Geórgia, Júnior e Patrícia. Praia de Ponta Negra, em 1962. Fotografia do Acervo do fotógrafo Jaeci Júnior.
Grande fotógrafo Jaeci Galvão na década de 1940 deixando-se registrar na Praia de Areia Preta. Um momento para a posteridade em um dos cartões postais de Natal. Como já dizia Fernando Pessoa… Tudo vale apena se a alma não é pequena.
“Da época da fundação do Iate Clube, sei que tem muita gente aí que vai ser identificada. Meus pais Jaecí e Loinha, são os primeiros, da esquerda!”, Geórgia Gurgel.
Jaeci não era só com nos clicks fotográficos… pelo visto também era bom de volante… Fotos do acervo da família do fotógrafo.
JAECI EMERENCIANO GALVÃO. REGISTROU ATRAVÉS DE SUA ARTE FOTOGRÁFICA OS GRANDES EVENTOS E DEIXOU COMO LEGADO O REGISTRO A MEMÓRIA DA NOSSA NATAL DOS ANOS DE 1945 ATÉ O INÍCIO DOS ANOS DE 2000. TAMBÉM DEIXOU COMO HERDEIROS NA PROFISSÃO FOTOGRÁFICA, FRED GALVÃO (FILHO), PAULA GALVÃO E FRED FILHO (NETOS) E PATRÍCIA GRACE GALVÃO (FILHA).
JAECI, O DIVINO DA FOTOGRAFIA.
O grande Jaeci na praia de Miami ( fonte foto p&b: Jaeci Emerenciano Galvão Júnior )

Formação

Vale salientar – por causa das notas publicadas em jornais e revistas que associam de maneira equivocada o fato do profissional ter se dedicado à fotografia ao fato de não gostar de estudar (Ver Revista Palumbo, Natal, julho, 2012, p. 16 e PREÁ Revista Cultural, Natal, setembro de 2004, p. 08.) – que ser fotógrafo na época de Jaeci exigia antes de tudo estudo, dedicação e conhecimentos específicos.

Ainda no ano de 1943, foi aprovado por meio de um exame de admissão para cursar o ginásio no Colégio Atheneu: a melhor instituição de ensino do estado nesse período. O desinteresse do jovem fotógrafo estava em seguir as carreiras tradicionais, como a medicina e o direito que eram incentivadas por seus pais, como pela maioria das famílias que possuíam a oportunidade de manter seus filhos estudando.

O gosto pelo estudo e pelas leituras pôde ser observado pelas buscas que precisou empreender para ser capaz de desenvolver sua arte dentro de uma determinada estética e de técnicas necessárias para a revelação de seus negativos. Conduziu também estudos na língua inglesa, que também foi essencial para a aquisição de material fotográfico junto aos militares norte-americanos e para a leitura das principais revistas fotográficas.

“Acho que posso afirmar que antigamente as pessoas estudavam até o quinto ano primário e quem quisesse ser médico ou advogado é que continuava estudando. Vale salientar que com pouco estudo que tinham sabiam falar, ler e escrever bem. Papai fez diversos cursos, participou de congressos, tudo para poder melhorar em sua profissão ele fez e quanto ao Inglês lembro quando criança que ele comprava enciclopédias e ficava repetindo a pronúncia, depois ele praticava com os turistas que compravam na loja dele” (Depoimento de Patrícia Grace Gurgel Medeiros 13/05/2012).

Jaeci e a revista Photography. Autorretrato. Fonte: Acervo de Jaeci Galvão.

Jaeci acompanhou a evolução da fotografia e dos profissionais e ressalta que desde quando começou a fotografar era necessário o profissionalismo:

“Hoje, tiram uma foto rapidamente, tem o seu valor… Hoje, não existe mais a cobrança de antigamente… Antes, o trabalho era duro. Nunca tive um professor, comprava livros, revistas, aprendia a mexer nas câmeras, tudo sozinho. Eu fazia todo o processo: fotografava, comprava as fórmulas, as químicas, o filme, ia para o laboratório revelar, pendurava o filme para secar, fazia até a limpeza do laboratório. Um trabalho demorado levava horas… Comecei comprando com os americanos, depois comprava no Rio
de Janeiro nas viagens que eu fazia” (Jaeci Galvão, 05/11/2011).

Existia toda uma dedicação de Jaeci ao trabalho, ao desenvolvimento da técnica fotográfica. Sobre esse aspecto nos descreve o fotógrafo Francisco Barca (Francisco Barca ou Chico Canhão, como é conhecido popularmente é economiário e fotógrafo. Participava frequentemente das exposições da Galeria do Povo, nas décadas de 1970 e 1980, em Natal. É conhecedor dos fotógrafos e da fotografia, de sua época, no Rio Grande do Norte. Depoimento de 12/09/2012.), conhecido popularmente como Chico Canhão:

Jaeci fazia cartões fotográficos, subia em escadas, voava, subia em prédios, tudo isto na busca pela imagem que iria comercializar.
Documentou, muitos também documentaram, mas não do seu jeito,com o seu olhar e fazer. E, nos presenteou com imagens que contam a história da “evolução” urbana de Natal. Lembro que quando eu tinha uns 20 anos entrei no escritório dele e vi uma foto de uma pessoa com uma sombra enorme projetada, acho que era no morro de Genipabu: uma maravilha. Jaeci é um paisagista, o olhar que ele tem é inconfundível é uma marca registrada da sua obra. Na realidade um fotógrafo sem especialidades, sempre foi muito bom em tudo que fazia. Na foto social, uma referência à parte. No estúdio esmerava-se para capturar uma imagem que fosse ao encontro do referente. Sorte sua ter tido a oportunidade de realizar esse trabalho.

Genipabu. Fonte: Acervo Jaeci Júnior.

O Fotógrafo de cartões-postais e colecionador Esdras Rebouças Nobre (Esdras fotografa paisagens brasileiras para os cartões-postais, desde o final da década de 1980 até os dias atuais. É uma das referências nacionais em fotografia de postais e colecionismo, tem mais de 30.000 cartões-postais em sua coleção), que teve a oportunidade de desenvolver alguns trabalhos e de colecionar os cartões-postais fotografados por Jaeci, pôde observar uma parte da carreira do profissional. Sobre a experiência de Jaeci como profissional da fotografia, Esdras diz que:

Eu admirava muito o seu trabalho e com certeza ele foi uma grande inspiração para mim: primeiro para começar minha coleção de postais e depois outra inspiração para o trabalho que durante 20 anos venho desenvolvendo como fotógrafo de cartões-postais. Natal tem muito que agradecer a Jaeci, pois ele ajudou muito na década de 1960 a divulgar a imagem de Cidade. Eu mesmo tenho mais de 30 postais dele (Esdras Rebouças Nobre, Depoimento de 01/06/2012).

Uma pessoa que me influenciou, inspirou com suas belas fotos, foi o Fotógrafo Jaeci Galvão. Desde os meus 9 anos de idade, quando comecei a colecionar cartões postais, que comprava os postais de Jaeci e mandava muitos também para alguns familiares que residiam em outras cidades. Na época, ele tinha loja na Av Rio Branco e depois passou para a Rua João Pessoa. Dezenas de POSTAIS feitas por ele, guardo-os até hoje na coleção com muito carinho! A grande maioria em p&b.
Já depois de muitos anos, em março de 2006, recebo com dedicatória, o DVD- Álbum com muitas imagens digitalizadas de um dos grandes profissionais da fotografia do Rio Grande do Norte ! Acho que o maior acervo de paisagens do RN. Nosso Estado deve muito a ele pelos belos registros deixados. (Esdras Rebouças Nobre).

Mas, o sucesso que veio logo depois e perdura até os dias de hoje não foi de supetão, o adolescente de 15 anos de idade precisou construir o seu caminho. E a esse respeito Francisco Lira (Francisco Lira é odontólogo por formação (1980 – UFRN), filho das famílias tradicionais da capital, é muito conhecido, tem um grande interesse pelas fotografias, principalmente as de paisagem, exerce a profissão de Produtor e editor de guias de Turismo.) diz que:

A entrada de Jaeci na fotografia local demorou um pouco. Mesmo pertencendo a duas famílias de tradição ele foi fotógrafo lambe-lambe na Praça Pedro Velho. Com o tempo e a sua visão comercial a vida lhe deu conforto e status. A loja que teve durante muitos anos na João Pessoa era moderna e tornou-se referência de equipamentos fotográficos e a casa da Rodrigues Alves, em que vivia era um bangalô de rico. […] Ele tornou-se proprietário do que havia de melhor para se fotografar. Nos anos 70 tive alguma aproximação com Jaeci e lembro que estava sempre com a Nikon no banco do seu Landau. (Francisco Lira, depoimento de 25/06/2012.).

Lira refere-se ao período em que Jaeci, como a maioria dos fotógrafos da cidade, iniciou sua carreira percorrendo o colégio Atheneu e a Praça Pedro Velho, atual Praça Cívica. Nesse espaço captava imagens de famílias em passeio, de casal de namorados e jovens que queriam registrar seus momentos de lazer. À medida que a cidade de ruas estreitas, pavimentada de paralelepípedo e com prédios simples foi sendo ocupada pelos militares e civis norte-americanos, novas práticas cotidianas foram sendo imersas. E, Jaeci se inseria nesse contexto, aceitava, se relacionava e incorporava as novidades.

Procurou no inconveniente da guerra as conveniências do desenvolvimento socioeconômico local. Vendeu, comprou, aprendeu, apreendeu, frequentou e registrou os espaços que os norte-americanos iam ajudando a desbravar em Natal. Mergulhou com os militares norte-americanos na praia de Ponta-Negra, local ainda distante do imaginário dos residentes de Natal, principalmente para o lazer e a economia. É desse espaço e tempo, início de construção da sua jornada como fotógrafo, que Jaeci tem uma das suas mais surpreendentes lembranças fotográficas.

O triunfo da sua carreira iniciou-se arraigado ao avanço urbano e populacional da cidade, mas a marca da sua memória está no espaço em que se dá a relação do humano com a natureza, uma natureza ainda com a mínima interferência da técnica: A praia de Ponta-Negra da década de 1940.

Ponta Negra

Na praia de Ponta Negra, antes pacata morada de pescadores, que começou a mudar seus sentidos durante a guerra, quando recebia todos os dias soldados levados pelos caminhões do exército para momentos de lazer, Jaeci conheceu os militares. Junto com eles participou de brincadeiras, treinou o seu inglês e fez à fotografia que até o momento é o registro iconográfico mais antigo que temos conhecimento do Morro do Careca.

Chegar até a Praia de Ponta Negra, na década de 1940, era uma longa distância quando comparada as regiões centrais e econômicas da cidade, significava atravessar estradas improvisadas ou improvisá-las para contemplar o mar. Era uma aventura, era desbravar os trechos pouco habitados que para muitos ainda beirava o desconhecido.

Ao referir-se à paisagem da Praia de Ponta Negra que registrou em 1943, Jaeci acrescenta: “Ela para mim foi marcante. Eu posso até dizer que foi a fotografia que marcou a minha vida” (Jaeci Galvão, em entrevista para Anna Ruth Dantas. Coluna 3porquatro: Jaeci Galvão. Jornal Tribuna do Norte, Natal, 15 de janeiro de 2012, p.09). A panorâmica realista que fez coloca a paisagem em toda a cena, uma composição harmônica e bem fotometrada e apesar do “Ford Barata” da família Galvão, ter sido mantido no centro da cena, atraindo a atenção do olhar, a paisagem não é relegada ao segundo plano, pois logo após o olhar central o leitor é convidado a percorrer a cena, principalmente para tentar contemplar o espaço ao redor do carro.

“Papai tinha essa baratinha, com uma capota que era azul, nós viajávamos muito atrás, havia uma pequena estrada de areia e matinho e chegamos até aí”, nos revelou Jaeci (Depoimento de Jaeci Galvão, em: 20/04/2012.).

Ponta Negra é especial porque realmente Ponta Negra tem qualidade. Veja o morro do Careca, toda aquela paisagem que nós vemos, é tudo o que há em Ponta Negra, o que foi e o que é. Eu acompanhei essa evolução de Ponta Negra do que era e do que é atualmente.[…] na verdade esse encantamento a gente vê a olho nu, o que era e o que é. Aquelas paisagens de antigamente e as paisagens atuais. Tudo isso está na vida da gente: Ponta Negra, principalmente o Morro do Careca (Jaeci Galvão, em entrevista para Anna Ruth Dantas. Coluna 3porquatro: Jaeci Galvão. Jornal Tribuna do Norte, Natal, 15 de janeiro de 2012, p.09.).

A baratinha na Praia de Ponta Negra. Fotografia de Jaeci Galvão, 1943 (data revelada pelo autor da foto). Fonte: CD Room: Natal Ontem e Hoje. Esta foto é um dos clássicos registros de Natal Antiga. Mais tarde soube que o carro enquadrado na foto era utilizado pelo fotógrafo em sua atividade de campo. Percebam que o morro do careca não passa de uma trilha. Em uma época que a região não passava de uma remota vila de pescadores.

Essa foi a primeira panorâmica do profissional que se tem conhecimento e que circula em âmbito público. Imagem valiosa por revelar o espaço da praia de Ponta Negra na década de 1940, além de destacar o interesse, do ainda adolescente, Jaeci pelas paisagens e pela fotografia.

Praia de Ponta Negra. Fotografia de Jaeci Galvão.
VISTA DA PRAIA DE PONTA NEGRA (Bairro Ponta Negra). Foto: Jaeci E. Galvão. Cartão-postal: Jaeci Galvão. Paisagem da Praia de Ponta Negra, com o Morro do Careca. Década de 1950. Fonte: acervo particular de José Valério Cavalcanti. Praia de veraneio em plena formação. A ocupação urbana já aparece bem presente. O Morro do Careca ainda guarda o mesmo aspecto dos primeiros registros fotográficos do início do Século XX. Era uma distante vila de pescadores. De uma beleza que atrai até hoje por tudo que a sua natureza ainda nos reserva.
PRAIA DE PONTA NEGRA. (Bairro Ponta Negra) .Foto: Jaeci E. Galvão. As primeiras edificações litorâneas na praia de ponta negra. O registro deve ter sido feito na década 60.
CONJUNTO HABITACIONAL PONTA NEGRA. (Bairro Ponta Negra) Foto: Jaeci E. Galvão. Percebam que o morro do careca já na época da fundação da comunidade tinha a aparência atual. Mais a direita vemos a rota do sol e as praias mais ao sul.
PRAIA DE PONTA NEGRA (Bairro Ponta Negra). Foto: Jaeci E. Galvão. Nos tempos em que Ponta Negra não passava de uma pequena vila de Pescadores.
Em cena, uma Ponta Negra nativa, de veranistas, antes da Costeira. A imagem é uma das milhares documentadas por Jaeci Emerenciano Galvão, o último dos pioneiros da fotografia potiguar a registrar Natal de meados do século XX. Vá em paz. Que seu acervo seja visto por muitas gerações. Foto: Jaeci, do arquivo da TN
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Vista da Praia de Ponta Negra. Estrada de Ponta Negra. Atual Avenida Engenheiro Roberto Freire. J. Pereira e Cia. Gráfica Ambrosiana. Década de 1970.

O cartão-postal mostra a paisagem da Praia de Ponta Negra, tendo em primeiro plano a estrada de Ponta Negra, logo após sua duplicação e asfaltamento – atual Avenida Engenheiro Roberto Freire. As avaliações das potencialidades da região, baseadas no turismo sol e mar, salientavam constantemente a necessidade de criação de infraestrutura, principalmente viária.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Praia de Ponta Negra, paisagem do Morro do careca. Década de 1970 Distribuído por J. Pereira & Cia. Gráfica Ambrosiana. Fonte: Acervo de André Madureira.

A imagem do cartão-postal nº 28, da série Ambrosiana, recorta a Praia de Ponta Negra com vistas ao Morro do Careca. O primeiro plano da imagem dá destaque às folhas das palmeiras e a areia da praia, os planos seguintes seguem apreendendo as palmeiras, a areia, o mar e os banhistas. As palmeiras na fotografia dão continuidade ao olhar em paralelas, uma cortina natural, construída como signo de representação da vegetação no Brasil. As palmeiras constroem-se como fronteiras que ao serem ultrapassadas privilegiam o turista com um espaço que remete ao imaginário do paraíso tropical. Na fotografia evidencia-se poucos frequentadores usufruindo dos prazeres das águas mornas do litoral natalense.

Cemitério

Lira exemplificou o tino comercial de Jaeci Galvão. Abriu a sua primeira loja “Foto Jaeci” no ano de 1948, estrategicamente na rua do cemitério do Alecrim (Rua Amaro Barreto, no bairro do Alecrim). A proximidade com o cemitério favorecia o registro dos velórios e enterros que eram fotografados na época: algum parente ou conhecido da pessoa falecida ia até seu estabelecimento para contrata-lo a fim de fazer o registro fotográfico da família em volta do caixão.

Era comum também, segundo Jaeci (Entrevista de Jaeci Galvão dada a Preá Revista de cultura, Natal, setembro de 2004, p. 08.), que os “anjinhos”, pessoas falecidas na infância, fossem fotografados no caixão durante cortejo do velório. Vale ressaltar o grande índice de mortalidade de crianças no estado nesse período, sendo esse um negócio lucrativo para os profissionais da fotografia no início da carreira. As fotos, posteriormente, eram copiadas e distribuídas entre parentes e amigos com uma dedicatória no verso escrita pela mãe do falecido. Jaeci passou rapidamente do comércio das fotografias de “anjinhos” e de documentos para a cobertura fotográfica de eventos sociais e paisagens urbanas.

Ribeira

Foi também um momento de significativa expansão socioeconômica da cidade, o número de habitantes praticamente dobrou entre os anos de 1940 e 1950, a população residente em Natal saltou de 55 mil para 104 mil habitantes. Um cenário favorável, que associado ao respeito com os clientes, ao vínculo de relações sociais e a qualidade dos materiais que priorizava em seu trabalho levou Jaeci rapidamente a um progresso material expressivo. O que propiciou a mudança para um ponto comercial considerado mais atraente financeiramente. Logo no início da década de 1950, já estava com o “Foto Jaeci” estabelecido na Rua Dr. Barata, centro de destaque comercial da antiga Ribeira, local onde de dia destacava-se o comércio das meias de seda, dos vestidos finos, dos relógios e tapeçarias e a noite era frequentada pelos moradores que buscavam diversão no cinema, no teatro, nos bares, na zona de meretrício entre outras opções que compunham a cena urbana.

O período foi de ascensão econômica na cidade de Natal e na vida profissional de Jaeci. Nada escapava ao seu olhar: as praias, praças, ruas, monumentos, casarios, cinemas, clubes, tudo foi documentado. Momento ímpar que se iniciava na produção da imagem da cidade por meio da fotografia, entre seus suportes os cartões-postais e também na cobertura fotográfica das festas-bailes, segmentos fotográficos em que Jaeci foi um dos precursores. Os eventos sociais fotografados nos clubes pelo Jovem profissional eram frequentados, majoritariamente, pela elite local. Os clubes eram locais de destaque da sociedade natalense, principalmente o Aero Clube e o Clube América e Jaeci marcava presença em todos os eventos realizados nesses espaços.

Luís da Câmara Cascudo e amigos no reservado da Confeitaria Delícia. O ambiente é pequeno e apertado. A mesa está bem próxima às prateleiras. Fonte: Fotografia de Jaeci Galvão.
Baile de carnaval. Fotografia de Jaeci Galvão. Baile de carnaval do Aero Clube. Fonte: Acervo de Luiza Dantas. Em Tavares, 2011.
Homenagem a 2 grandes mulheres Alice Fernandes e Dra. Auzenda de Goes 1946 foto Jaeci!
1946! Fernando De Goes Filho, Alice Fernandes, dr. Fernando de Goes, meu avo, dra. Auzenda Lima de Goes ! Foto de Jaeci! Praça Pedro Velho!
Marlucia Lima de Almeida ao lado de Mário Mascarenhas, sua esposa Conchita e alunos no dia da inauguração da Academia de Acordeon Mário Mascarenhas de Natal em Abril de 1954. A única escola de acordeon no Brasil autorizada por ele. Formou mais de 700 acordeonista em Natal – Foto Jaeci.
Os Concursos de Misses no RN nas décadas de 1950,60 e 70 foram registrados por Jaeci. Nessa foto sua cunhada Socorro Gurgel, irmã de Loinha, foi a eleita. Foto de 1957, acervo de Jaeci Júnior.
Eustáchio introduzindo a novidade do Rock para alunos da SCBEU
em 1964. José Bezerra Marinho Júnior, Fernando Cysneiros Jr.
(paletó) e Leno Azevedo (óculos e camisa listrada)
aparecem curiosos (Foto de Jaeci, arquivo de Eustáchio Lima).

Entretanto, com o final da guerra, a grande parte dos militares que avolumaram o comércio local deixou pouco a pouco a cidade, permanecendo aqui somente os que necessitavam prestar serviços especiais na base aérea. Sobre essa época, o próprio Jaeci considera um detalhe: “você via dez americanos e um brasileiro. O comércio era todo voltado para as forças armadas
americanas” (Entrevista com Jaeci Galvão citada por Araújo, 2003 p. 187.).

Natal, teve que enquadrar-se ao esvaziamento ocorrido com o fim do conflito militar, com a retirada do capital estrangeiro. De todo modo, a cidade ficou marcada por novas fisionomias decorrente da movimentação promovida pelos militares que aqui residiram e ajudaram a delinear novas práticas sociais, comerciais e urbanas.

Aero Clube do Rio Grande do Norte. Foto Jaeci.

Avenida Rio Branco

Nos anos de 1960 o comércio de prestígio social já havia praticamente abandonado a Ribeira em direção à cidade alta. A Avenida Rio Branco era o ponto principal de circulação de mercadorias para a classe abastada economicamente em Natal e Jaeci acompanhou essa transformação, instalou a sua loja na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Coronel Cascudo, conhecida popularmente por “Beco da Casa Régio” e posteriormente por “Beco do Jaeci”. Sobre esse deslocamento o fotógrafo destaca:

Nós vimos uma mudança nesses dois bairros, naturalmente, naquela época a Ribeira teve uma vida bastante agitada com vários atrativos. Essa mudança que foi sentida trouxe, inclusive, a necessidade de acompanharmos. Eu saí da rua Dr. Barata, alto da loja Paulista, para a Avenida Rio Branco, ali no Grande Ponto, com Coronel Cascudo. E naquela época o Reginaldo Teófilo montou uma loja do lado e eu tinha a foto do outro lado… Inclusive foi chamado de Beco do Jaeci. Era conhecida a Coronel Cascudo como Beco do Jaeci (Idem.).

Outro ponto de interesse na redondeza era o Foto de José Seabra localizado na Avenida Deodoro, era lá que tirávamos as 3×4 para carteira de estudante e fotos de família. Seabra, juntamente com Jaeci Galvão, Germano e Rodrigues, eram os fotógrafos mais conhecidos da cidade. Seabra chegou a produzir, em 1955, um filme denominado “Amor Mascarado” com artistas locais e rodado em Natal.

O filme, levado para o Stúdio Jaeci, só era revelado em Recife, o que levava 20 dias, gerando grande expectativa nos clientes.

Nesta época era um sucesso as fotografias dos times natalenses que eram fixadas em um mostruário que havia no Foto Jaeci na Avenida Rio Branco perto da Loja Brasileira aqui conhecida como “Quatro e Quatrocentos”.

Para Jaeci as transformações que ocorreram na capital potiguar, tanto na economia, nas práticas sociais, como no traçado urbano da cidade foram promissoras. Após a mudança do endereço comercial, no ano de 1963, mudou-se com a família para morar numa confortável e elegante residência, na Avenida Afonso Pena, no Bairro do Tirol, casa projetada pelo seu amigo, o arquiteto, João
Maurício Miranda. Local, que como já pontuamos concentrava a elite da cidade, sendo assim o centro irradiador da vida social natalense. Foram transformações que deram significativo impulso à profissão do fotógrafo.

A loja de Jaeci ficava no lado esquerdo da foto.
Autoretrato de Jaeci Galvão. Acervo de Jaeci Júnior.
Studio Jaeci, década de 1960: Loinha Gurgel na loja da Av. Rio Branco, além de espaço fotográfico comercializavam discos Long Play, sucesso em Natal. Fotografia do acervo de Jaeci Júnior.
Protetor de retratos 3×4. Exemplar da loja da Avenida Rio Branco com João Pessoa. Acervo de Jaeci Júnior.
Casa de Jaeci Galvão que foi construída no início da década de 1960, na Rua Afonso
Pena, Bairro do Tirol em Natal. Arquitetada pelo amigo João Maurício Miranda. Acervo Jaeci Júnior.

Rua João Pessoa

Em 1970, comprou um prédio na Rua João Pessoa, onde instalou sua loja “Ótica Cine Foto Som Jaeci” que nessa época já era referência estadual em materiais fotográficos e cinematográficos. Possuía as marcas mais competitivas e famosas do mercado, como: Perutz, Forte, Pratica, Agfa, Orwo, konica, kodak, Fujie e a Curt Filmes. E, Jaeci expandiu seus negócios para além da fotografia.

Ótica Jaeci, Cine-Foto-Som. Fotografia de Jaeci Galvão. Década de 1970.
Fonte: Acervo de Jaeci Junior.

A loja do fotógrafo Jaeci, localizada na Rua João Pessoa, foi durante muitos anos a preferida da classe alta da cidade. Era ícone de beleza e de diversidade em materiais. Porém, quem não podia possuir os produtos oferecidos, podia ao menos, conhecer e educar o olhar direcionando-o as tecnologias mais modernas expostas nas vitrines. A empresa de Jaeci Galvão supria toda a cidade em relação aos materiais necessários para o processo da técnica fotográfica. Jaeci Galvão permaneceu na loja da Rua João Pessoa até o final da década de 1990.

Ki-Show – Primeira Lanchonete incrementada estilo norte americano que modificou os padrões até então existentes em Natal. Era localizada na Rua João Pessoa na Cidade Alta, ao lado do Foto Jaeci. O proprietário era Seu Maia, pai de Márcio e Marcos. O local era frequentado principalmente pelos jovens de classe média-alta. Gílson Pereira, filho do livreiro Walter Pereira era um assíduo da Ki-Show.

Ótica Jaeci. Fotografia de Jaeci Galvão, final de 1970. Fonte: Acervo de Jaeci Galvão.

No decorrer desse período, Jaeci empreendeu sucessivas viagens, inclusive fora do território nacional, alargou o seu mercado de atuação profissional, estendeu seu patrimônio material e social e acumulou um capital financeiro significativo. Inclusive, chegou a ser um dos fundadores do Clube dos Diretores e Lojistas de Natal – CDL, instituição com o objetivo de defender a classe empresarial da cidade. Essas conquistas o deram a possibilidade de estender seu capital material e simbólico.

Um dos carros de trabalho do Jaeci, década de 1960, já em frente a Rua João Pessoa no centro da cidade. Acervo Jaeci Júnior.
Jaeci Galvão em seu carro de trabalho, outubro de 1971. Fotografia do acervo de
Jaeci Júnior.

Câmeras

Várias câmaras fotográficas foram utilizadas por Jaeci Galvão para desenvolver sua profissão, entre as opções que surgiram no mercado passaram por suas mãos: as suecas Hasselblad 500 C e Hasselblad Super Wide, equipamento que ganhou a preferência dos profissionais principalmente pela precisão e a rapidez na velocidade de obturação, a reputação da marca aumentou quando foi escolhida pela NASA para ser utilizada no espaço; para o uso no estúdio priorizou as Mamiya Universal e a Mamiya C 330; a Fujica G690 6x9cm, Fujica 9x9cm e Fuji GF 670 6x7cm. Essas eram as câmaras de médio porte.

De grande porte utilizou a Graflex SLR 4×5 polegadas, com o flash de lâmpadas de magnésio. Das câmaras de fole deu prioridade a alemã Voigtländer Baby Bessa. Utilizou as Rolleiflex 6x6cm e comprou Nikon D90 analógica. Uma das suas últimas aquisições, para fins profissionais foi uma Pentax 6x7cm, 110 mm, que utilizava nos voos para fotografar panorâmicas da cidade. Nunca chegou a usar durante a atividade profissional uma máquina digital.

Todas as informações a respeito do equipamento fotográfico de Jaeci Emerenciano Galvão foram sendo colhidas no decorrer da pesquisa, durante as visitas à casa de Jaeci. O fotógrafo Francisco Barca em depoimento de 05/09/2012 acrescentou e detalhou as informações. As informações acrescentadas por Francisco Barca foram legitimadas por Jaeci Emerenciano Galvão Junior, filho de Jaeci e fotógrafo, em 08/09/2012.

O fotógrafo Jaeci Galvão. Autorretrato, década de 1950. Acervo: Jaeci Galvão.

No período que atuou profissionalmente Jaeci Emerenciano Galvão dividia o seu tempo entre a profissão, a família, o lazer com os amigos e as atividades esportivas. Foi o único fotógrafo de Natal que no elitizado Iate Clube de Natal, exerceu mandatos no posto de Comodoro (1981/1983 – 1983/1985), ainda faz parte do Conselho Vitalício do Clube.

Paisagens turismo

Na década de 1940, a relevância econômica do turismo em Natal era mínima, principalmente por causa da ausência de infraestrutura básica para comportar essa atividade. A iniciativa de fomento da atividade turística seguiu de forma inexpressiva até a década de 1980, ocasião em que a crise vivida pelos segmentos econômicos tradicionais desembocou na necessidade de uma maior articulação entre as políticas de turismo e as políticas econômicas em geral, proporcionando um salto importante nesse setor.

Todavia, o período que precede a década de 1980, foi importante na construção das bases ideológicas, dos pensamentos e imaginários que envolviam o turismo. Foi o período em que se difundiu as primeiras concepções e incorporação de valores que traduziram-se nos germens da história do turismo em Natal.

A ausência de materialização e planejamento nas primeiras políticas de turismo não impediu o fotógrafo Jaeci Galvão, que iniciou o processo de registro da cidade de Natal, de acreditar no turismo como atividade passível de trazer desenvolvimento para o local. E por esse motivo, iniciou em suas fotografias de cartão-postal o processo de divulgação de zonas estratégicas da capital. Assim
como a cidade ampliava as suas artérias, nessa nova lógica econômica e material que Natal experiência, era imprescindível marcar as transformações e colocá-las no mercado de imagens.

Com o alargamento da cidade favorecido pela construção de novos bairros, ruas e avenidas, não era mais possível ao morador e aos visitantes apreender a cidade com um simples olhar ou caminhar. Era necessária uma distância cada vez maior da cidade para referenciá-la, transportes mais velozes para circular na cidade e ver os espaços que se transformavam. Já, os novos espaços traçados que se abriam, passiveis de visualidade fotográfica foram sendo cuidadosamente selecionados e captados pelo jovem profissional.

Para os profissionais, como foi o caso do Jaeci, cabia registrar da melhor maneira possível às paisagens que surgiam como novas opções de fruição e de desejo. Pode-se inclusive afirmar que se criou uma necessidade turística vinculada ao desenvolvimento capitalista de formação de mercados, associado às imagens que circulavam divulgando paisagens.

São imagens e imaginários vivenciados e registrados por Jaeci, que a uma observação mais atenta, se mostram fundamentais para o entendimento dos espaços turísticos hoje vividos em Natal. Um processo que depende de toda uma construção que envolve o local e o global que se inter-relacionam a todo o momento nas imagens vivenciadas e registradas por Jaeci.

Construção que começa sendo internalizado primeiro por meio da cidade e nesses termos Jaeci organiza visualmente todos os espaços de Natal. Um roteiro, que em Natal começa antes na visualidade dada nos cartões-postais. Dessa maneira, Jaeci liga-se ao turismo, revelando a cidade para o olhar do outro, um convite temático e estruturado.

Cartões-Postais

As paisagens das fotografias de cartões-postais revelam formas direcionadas de percepção do fotógrafo em relação ao mundo que o circunda interrelacionadas a um mercado editorial. Estão ligadas principalmente aos usos que os postais mantêm em nossa sociedade. São usos que englobam o “âmbito comercial, artístico, científico e promocional”. Estratos ligados a uma estratégia de mercado editorial (KOSSOY, 2009, p. 64-65).

As imagens fotográficas de Jaeci Galvão vinculadas aos cartões-postais são paisagens que se retroalimentam em definidos quadros culturais. Além disso, transitam pela construção de identidades coletivas ligadas ao projeto natureza/civilização até a inserção do capital econômico no país. Focaliza desde a natureza pitoresca, as experiências urbanas ligadas aos espaços de lazer e
sociabilidade que se expandiam na cidade de Natal. Suas imagens percorrem dos espaços da natureza romantizada aos monumentos arquitetônicos e históricos, bem como as ruas e bairros que se formam, os caminhos que se abrem para as praias, as vias, os clubes, ginásios esportivos e etc. Registros que sugerem diversas espacialidades que com a inserção do capital se tornaram convidativas a novas práticas, entre elas o turismo, em seu momento de sistematização no país.

Em Natal o comércio de materiais ilustrados e cartões-postais estavam concentrados nas maiores livrarias da cidade, a Livraria Cosmopolita (sucessora de Fortunato Aranha) e a Moderna. Locais, onde, ainda na década de 1940, Jaeci começou a vender suas fotografias para serem editadas nos cartões- postais. Assim, as livrarias Cosmopolita e Moderna foram as primeiras a negociaram as vistas da cidade de Natal retradas por Jaeci. Os cartões-postais que temos conhecimento dessa época e do início dos anos de 1950 estão reunidos no terceiro maior acervo de coleções de postais do Brasil, que pertence ao médico José Valério Cavalcanti.

Em Natal o comércio de materiais ilustrados e cartões-postais estavam concentrados nas maiores livrarias da cidade, a Livraria Cosmopolita (sucessora de Fortunato Aranha) e a Moderna. Locais, onde, ainda na década de 1940, Jaeci começou a vender suas fotografias para serem editadas nos cartões- postais. Assim, as livrarias Cosmopolita e Moderna foram as primeiras a negociaram as vistas da cidade de Natal retradas por Jaeci. Os cartões-postais que temos conhecimento dessa época e do início dos anos de 1950 estão reunidos no terceiro maior acervo de coleções de postais do Brasil, que pertence ao médico José Valério Cavalcanti.

Muito do que produziu encontra-se com ex-clientes, em arquivos públicos como o Arquivo Sylvio Pedroza (ASP), arquivos de revistas e jornais, clubes, Instituto Histórico e Geográfico de Natal, em acervos particulares e entre os seus familiares. Para esse estudo utilizamos cartões-postais de acervos particulares, os acervos em questão são: do colecionador José Valério Cavalcanti (somente a cópia frontal, o que não prejudica a entendimento proposto); do fotógrafo de cartões-postais e colecionador Esdras Rebouças Nobre (frente e verso); do colecionador de cartão postal André Madureira (frente e verso) e do fotógrafo de cartão-postal e filho de Jaeci, Jaeci Emerenciano Galvão Junior (frente e verso).

FORTALEZA DOS REIS MAGOS (Bairro Santos Reis). Autor: Galvão, Jaeci Emerenciano. Título: Vista aérea do Forte dos Reis Magos : Natal, RN
Ano: [19–]. Série: Acervo dos municípios brasileiros Notas: A Fortaleza da Barra do Rio Grande, popularmente conhecida como Forte dos Reis Magos ou Fortaleza dos Reis Magos, foi o marco inicial da cidade — fundada em 25 de Dezembro de 1599 —, no lado direito da barra do Potengi (hoje próximo à Ponte Newton Navarro). Recebeu esse nome em função da data de início da sua construção, 6 de janeiro de 1598, Dia de Reis, pelo calendário católico. Em formato de estrela, a fortaleza foi construída pelos colonizadores portugueses em 1598. Em 1633 foi invadida pelos holandeses. Anos mais tarde, os portugueses conseguiram retomar a cidade e o forte. O monumento ainda preserva os canhões expostos na parte superior do prédio, capela com poço de água doce e alojamentos.
Praia de Pirangi na lente de Jaeci. Pescadores no manuseio de sua rede em ano não especificado.
Cartão Postal de Jaeci de 1960 tendo em primeiro plano a Avenida Duque de Caxias. Ao fundo vemos o Grande Hotel e a Igreja Bom Jesus no Bairro da Ribeira.
Praia de Areia Preta nos anos 50/60. Natal/RN. Registro de Jaeci. Uma autêntica Praia de veraneio.
Praia de Pirangi. foto Jaeci.
Cartão postal de pirangí, encontro do rio com o mar! A foto é de Jaeci Galvão, e foi feita entre 72/74.
Praia de Pirangi (Foto: Arquivo Pessoal).
Hotel Internacional Reis Magos nos tempos áureos. Natal/RN. Registro de fotográfico de Jaeci.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Hotel Internacional dos Reis Magos, na praia do Meio. Natal- RN. Final da década de 1970. Distribuído por J. Pereira & Cia. Gráfica Ambrosiana. Fonte: Acervo de Jaeci Emerenciano Galvão Junior.

O cartão-postal suporta a fotografia do Hotel Internacional dos Reis Magos, um marco no desenvolvimento do turismo na cidade, inclusive, o primeiro hotel de porte internacional no estado. Inaugurado em setembro de 1965, impulsionou a modernização urbana na praia do Meio e incentivou sociabilidades que direcionaram parte da população natalense a construir novos hábitos relacionados ao litoral. O hotel projetado pelos arquitetos pernambucanos Waldecy Pinto, Antônio Di Dier e Renato Torres é o primeiro que está de frente para o mar, em harmonia com o clima litorâneo aproveita-se da ventilação e iluminação natural.
Hotel Reis Magos, primeiro a ser construído de frente para o mar e de categoria
internacional. 1965, Praia dos Artistas. Foto Jaeci Galvão. Fonte: Natal Ontem e Hoje digital (CD).
Lagoa Manuel Felipe – Natal/RN. Foto Jaeci.
Avenida Junqueira Aires (atual Avenida Câmara Cascudo). Natal/RN dos anos 50/60. Na lente de Jaeci.
Praia de Miami – Natal/RN. Jaeci. 1967/68.
Avenida Rio Branco e o Cinema Rex em 1962 (Foto Jaeci).
Foto tipo Postal: Radio Poty. Jaeci Fotografia. Natal-RN. MBC.
Foto de Jaeci da Maternidade Januário Cicco nos anos 50.
VISTA DA ANTIGA PONTE DE IGAPÓ. (Limites entre os bairros Salinas e Nordeste). A mesma foi construída em 1913, concluída em 1915 e inaugurada em 20 de abril de 1916. Esteve em funcionamento até 1970 quando foi desativada e substituída por outra rodoferroviária no mesmo local. Foto: Jaeci E. Galvão.
Ponte de Igapó : Natal, RN. A Ponte Velha de Igapó foi construída pela inglesa ClevelandBridge & EngineeringCompany e inaugurada em abril de 1916. Hoje, o que restou da estrutura de ferro já se tornou parte da paisagem urbana de Natal.
Em 1970, após 54 anos de uso, a Ponte Velha de Igapó – erguida para servir à Estrada de Ferro Central que ligava a capital ao interior do estado – foi desativada com a inauguração de uma nova ponte de concreto. Era o fim do contrato com a companhia britânica. Na mesma década, a parte metálica foi vendida para um comerciante de ferro que pretendia lucrar com a venda do material. Mas o alto custo do desmonte acabou interrompendo a destruição.
Na década de 1990, foi tombada pela Fundação José Augusto, da Secretaria de Cultura do Rio Grande do Norte. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Primoroso registro de Jaeci do bairro de Petrópolis tendo em destaque o Atheneu.
Linda foto de Jaeci. (anos 60). T.A.M. coleção: Esdras R. Nobre.
Sequencia de fotos da Ponta do Morcego e parte das praias urbanas de Natal registrada por Jaeci feita apartir do Hospital antigo Hospital Miguel Couto (atual hospital Onofre Lopes) na décadas de 50/60. (Bairro Praia do Meio). Foto: Jaeci E. Galvão.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Avenida Atlântica. Fotografia de início da década de 1950. Avenida Atlântica – Hoje Getúlio Vargas

Enquadrando a imagem da Praia do Meio em câmara alta (ou em plano picado), onde o fotógrafo está acima do referente, com a intenção de captar a abrangência da panorâmica (aérea), apreende ainda no cenário a Avenida Atlântica – Avenida com o mesmo nome da famosa avenida que liga o bairro de Copacabana à praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, que no período era a capital federal – que recorta praticamente toda a imagem. Não é por acaso, que a avenida está no primeiro plano da fotografia.
Fábrica Guararapes, Av. Bernado Vieira. Hoje é onde está construído o Shopping Midway Mall. Foto: Jaeci.
Vista interna da Confecções Guararapes S.A
A história da Guararapes começou em 1947, quando Nevaldo Rocha abriu sua primeira loja de roupas chamada “A Capital”, em Natal. Quatro anos depois, a empresa inaugurou uma pequena confecção em Recife (PE) e adquiriu vários pontos de venda. Em outubro de 1956, Nevaldo e seu irmão, Newton Rocha, fundaram a Guararapes em Recife (PE). Dois anos depois, mudaram a matriz para Natal, onde se mantém até hoje. Foto: Jaeci Emerenciano Galvão. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Parque Industrial de Confecção Guararapes. Ano de 1976. Gráfica Ambrosiana. Fonte: Jaeci Junior.

O cartão-postal está imerso em um contexto sócio-histórico também conhecido como pós-Sudene no nordeste. A imagem vernacular desse momento da história local destacava uma paisagem feminina, visto que a indústria local absorveu em grande parte essa força de trabalho, marcando fortemente os espaços urbanos com a presença das mulheres. Observamos nesse postal, longe dos espaços aonde reside o operariado, o conhecido parque industrial de confecções Guararapes, que é destacado em sua opulência espacial. E é essa imagem que toma o cenário do postal, fotografia que chega aos funcionários como uma mensagem de Feliz Natal e próspero ano de 1977.
PRAIA DE MIAMI (Bairro Areia Preta). Foto: Jaeci E. Galvão.
Avenida Circular atual Avenida Presidente Café Filho. Foto: Jaeci.
PRAÇA DA JANGADA (Bairro Areia Preta). Foto: Jaeci E. Galvão. Anos 50/60. O registro foi feito a partir da praça da Jangada para a ponta do morcego. Nota-se como era feito o acesso para a praia. Ainda se percebe o quanto esta parte da orla conservava pedras juntos ao mar. Época em que se tinha muitas casas de veraneio. Local que já naquela época era muito valorizada.
JAECI, O FOTÓGRAFO DAS MAIS BELAS IMAGENS DE NATAL. A foto da praia de Areia Preta é do final da década de 50. O registro foi do fotógrafo Jaeci, que morreu nas primeiras horas de 20 de novembro de 2017, aos 88 anos, após sofrer um AVC em fevereiro daquele ano e conviver com complicações em vários órgãos. Jaeci fotografou Natal durante décadas. No talento do fotógrafo, o registro das mais belas paisagens de uma cidade pequena, mas cheia de charme. O acervo dele é, sem sombra de dúvida, o mais fiel arquivo fotográfico de nossa cidade.
#jaecipresente
PRAIA DE AREIA PRETA (Bairro Areia Preta). Foto: Jaeci E. Galvão. Registro feito anos anos 40/50. Vila de Pescadores cercada por dunas.
Olha esta bela foto da Praça Almirante Tamandaré (sem o viaduto). Foto: Jaeci.
Matriz de Nossa Senhora da Apresentação. A igreja foi construída na Rua Grande, atual Praça André de Albuquerque, onde ocorreu a missa comemorativa da fundação da cidade de Natal, em 1599. A data de fundação e a feição primitiva da capela não são conhecidas. Sabe-se que, após diversas obras de ampliação e melhoramentos, o templo foi inaugurado com a conclusão da torre, seguindo projeto original, em 1862. Esse importante monumento da arquitetura colonial religiosa potiguar, primeiro templo católico da cidade, foi tombado pelo Governo do Estado em 1992 e, após última restauração, devolvido à comunidade natalense, em agosto de 1995. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Foto de JAECI ano 1968 , podemos ver a Rampa com seu famoso flutuante, onde era servido um jantar delicioso na mansidão do Potengi amado!
CARTÃO POSTAL DE AREIA PRETA. FOTO / JAECI 1954. Nada além de dunas quase que intocadas. Cenário de um paraíso vivido por muitos anos por pescadores e banhistas locais.
CARTÃO POSTAL – PANORAMA DA AVENIDA CIRCULAR NATAL , RIO GRANDE DO NORTE. FOTO / JAECI, 1954. O registro foi feito a partir da Avenida Getúlio Vargas. O que eu achei incrível na foto foi a formação de lagoas nas dunas o que aliás revê uma faixa de praia considerável e hoje inexistente pela urbanização local. Relíquia resgatada de um leilão paulistano.
Praia de Jenipabu. Foto Jaeci.
Jenipabu por Jaeci 1970!
PRAIA DE AREIA PRETA (Bairro Areia Preta). Foto: Jaeci E. Galvão. Nos anos 60.
PRAIA DE AREIA PRETA (Bairro Areia Preta). Foto: Jaeci E. Galvão.
O Trampolim foi instalado na Praia de Areia Preta durante a gestão de Sylvio Pedrosa, que foi bastante criticado por construir o trampolim em um local no meio das pedras, deixando algumas vítimas de acidentes fatais. O Trampolim foi inaugurado em 1956, quando foi entregue o calçamento da avenida principal da orla. Junto com o trampolim, a balaustrada, que até hoje existe na orla da praia urbana.
De acordo com os blogs que também narram a história de Natal, uma das vítimas fatais foi o Tenente Aviador, Antonio Carlos Magalhães Alves, de apenas 24 anos. Ele, casado em março do ano anterior e chegado a cidade há poucos meses, fazia parte do 2º esquadrão do 5º grupo de aviação da Base Aérea de Natal. O acidente foi quando ele errou o seu salto e bateu com a cabeça em uma das pedras, levando-o a óbito ainda no local. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Praia de Areia Preta. Provável ano de 1947, logo após a construção da Avenida Sylvio Pedrosa. Acervo: José Valério.
Monumento da Jangada : Praça da Jangada : Natal, RN. Localizada próximo a Praia de Areia Preta.Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Praia de Areia Preta : Natal, RN. Localizada no bairro do mesmo nome, a sua denominação é proveniente de falésias de coloração escura. Também conhecida como Praia de Miami, na época que os americanos instalaram lá a base militar, a praia é bastante frequentada por moradores de Mãe Luiza, bairro periférico da cidade e é um dos sete pontos da “Área Especial de Interesse Turístico” do litoral. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
PRAIA DE AREIA PRETA Foto: Jaeci E. Galvão. O registro foi feito depois da edificação do Farol de Mãe Luíza em 1951. Sem ainda a Via Costeira que seria construída em 1985. Nota-se que já havia via de acesso a Praia que tinha várias casas de veraneio.
A foto foi feita a partir da comunidade de Mãe Luiza. Ao fundo vemos a Praia de Maiame. Nas dunas mais adiante hoje se encontra o restaurante Tábua de Carne. Próximo a ponta com os rochedos hoje está casa abandonada de Moacyr Maia, filho do engenheiro Otacílio Maia e criador do Cine Rio Grande.
A Praça da Jangada aparece bem evidente. Mais a frente o Trampolim que foi instalado durante a gestão de Sylvio Pedrosa. A obra foi bastante criticada por ser construído em um local no meio das pedras, deixando algumas vítimas de acidentes fatais. O Trampolim foi inaugurado em 1956, quando foi entregue o calçamento da avenida principal da orla. Junto com o trampolim, a balaustrada, que até hoje existe na orla da praia urbana
Uma imagem, muitas histórias para contar…
Esse é o “Castelo” da Av. Deodoro, citado na matéria do Jornal e foto do início da construção do Edif. Cidade de Natal. Aí, antes e Hoje. Foto de antes: creio que seja de Grevy ou Jaeci (no postal não é citado) Foto Hoje: Esdras Rebouças
Bairro de Petrópolis no registro de Jaeci nos anos 60.
Registro fotográfico raro de Jaeci da Ponte de Igapó recém inaugurada ao lado da ponte metálica ainda integra, mas sem uso ferroviário em outubro de 1970.
Cartão-postal: Jaeci Galvão, Natal – RN. Antigo Horto Municipal do Passo da Pátria. Inaugurado em, 1946. Década entre 1950/60. Fonte: Acervo de José Valério Cavalcanti.
Cartão-postal, Jaeci Galvão, Natal, RN. “Cidade Moderna” – O grande ponto, cruzamento da Avenida Rio Branco com a Rua João Pessoa, final da década de 1940. Local do encontro de Jovens e do comércio.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. O Riacho do Baldo. Década de 1950. Fonte, acervo particular: José Valério Cavalcanti. Série Ambrosiana. O cartão-postal da década de 1950, com a paisagem conhecida por Baldo é um exemplo da natureza encoberta por diversas intervenções humanas. O “Baldo” é segundo Cascudo (1980), uma antiga zona alagada de um riacho, de mangues e pântanos, onde foi instalada uma fonte que durante muito tempo serviu para o abastecimento de água da população.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Praia de Areia Preta pintado artesanalmente. Provável ano de 1947 (as plantas estão pequenas, acredita-se que foram organizadas recentemente), logo depois que o espaço foi inaugurado. Fonte: acervo particular: José Valério Cavalcanti. Série Ambrosiana

O plano geral da paisagem coloca a praça recentemente construída em primeiro plano, com alguns atores concentrados no passeio em distâncias diferentes, de acordo com a Patrícia Gurgel, filha do fotógrafo, era comum o pai levar os filhos e outros familiares para compor a cena, o que possibilitava ao fotógrafo um aumento da percepção e da clareza da narrativa que quer passar ao expectador. A fotografia pintada com uma técnica artesanal realça e homogeneíza a cor do mar e do céu, numa imagem que se duplica enquanto representação do real.
Grande fotógrafo Jaeci Galvão na década de 1940 deixando-se registrar na Praia de Areia Preta. Um momento para a posteridade em um dos cartões postais de Natal. Como já dizia Fernando Pessoa… Tudo vale apena se a alma não é pequena.
Grande fotógrafo Jaeci Galvão na década de 1940 deixando-se registrar na Praia de Areia Preta. Um momento para a posteridade em um dos cartões postais de Natal. Como já dizia Fernando Pessoa… Tudo vale apena se a alma não é pequena.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Paisagem da Praia do Meio com o Farol da Mãe Luiza. Década de 1950. Acervo particular de José Valério Cavalcanti.
Famoso Rio Doce que existia na Redinha!! Foto do grande Jaeci!
Domingão na Praia do Forte. Na marca registrada de Jaeci.
Cartão-postal, Jaeci Galvão. Praça Gentil Ferreira, no bairro do Alecrim. Provável data, 1965. Fonte: Acervo de André Madureira.

O enquadramento da Praça Gentil Ferreira, ao contrário dos cartões que o antecedem o espaço está preenchido com um número significativo de pessoas, o que as coloca em interação com o ambiente da praça. É a prática de “estar em público” que passa a orientar os moradores de Natal, a passagem do provinciano ao cosmopolita.
Cartão postal antigo mostrando um trecho da Av Circular (atual Av Café Filho) pela lente de Jaeci nos aos 60.
Cartão-postal: Jaeci Galvão, Avenida Deodoro da Fonseca. Visite Natal – Rio Grande do Norte – Brasil. Década de 1970.
Registro de Jaeci da Praça Sete de Setembro no Centro de Natal tendo ao fundo o Palácio do Governo do RN. Local sempre foi de grande circulação de pessoas.
“Folheando o Livro da história de Jaecí Galvão , lembrei que alguém pediu para ver o navio Hope. Achei Essa foto aérea feita por ele em 1972”, Geórgia Gurgel.
Vista parcial de praias de Natal, no início da década de 50, vendo-se à esquerda o morro de Mãe Luiza. Foto Jaeci.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Vista aérea do Centro de Turismo. Distribuidor J. Pereira & CIA LTDA. Gráfica: Ambrosiana. Provável data início de 1980. Fonte: Acervo de André Madureira.

O cartão-postal retrata a vista aérea do Bairro de Petrópolis em Natal, destacando o Centro de Turismo. O prédio que ganha lugar central na imagem, foi construído por volta do século XIX, sendo inicialmente uma casa para os desamparados, posteriormente abrigou a antiga cadeia pública de Natal e em 1976 depois de restaurado pelo Instituto de Patrimônio Histórico, tornou-se o Centro de Turismo, abrigando várias lojas de artesanato, espaços gastronômicos e para festas.
Cartão-postal, Jaeci Galvão, Natal, RN. “A Cidade do Sol” Ladeira do Sol e Ponta do Morcego. Destaque para a Vista das Praias Urbanas. Início da década de 1980.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Avenida Rio Branco. Provável data, final da década de 1970. Fonte: Acervo de André Madureira.

Avenida Rio Branco representada na fotografia em formato horizontal, valorizando a largura da via a fim de condizer com espaços de uma capital, orientando assim os moradores no sentido de vivenciar uma urbanidade adequada. O primeiro plano da imagem destaca a avenida, na cena urbana surgem às primeiras pinceladas de um cenário que pretende-se por em vias de cosmopolitano, com os carros, os transeuntes, os edifícios sinalizando o processo de verticalização, estabelecendo relações de significados entre si, impondo um ritmo mais acelerado para a cidade.
Praça 7 de Setembro, conhecida com a praça dos 3 poderes, inaugurada para comemorar o centenário da Independência do Brasil em 07.09.1922, em destaque o Palácio Potengi, antiga sede do Governo do RN, (poder executivo), ao lado do Palácio José Augusto, (poder Legislativo) e o Palácio da Justiça(Poder Judiciário). Foto: Jaeci.
Cartão Postal Aerofoto – Areia Preta Circular – Natal ( RN ) – Anos 60 Editor Foto Jaeci.
Cartão-postal: Jaeci Galvão. Vista aérea da Orla Marítima das Praias Urbanas de Natal. Final da década de 1970. Distribuído por J. Pereira & Cia. Gráfica Ambrosiana. Fonte: Acervo de Jaeci Emerenciano Galvão Junior.

A Fortaleza dos Reis Magos está em evidência, o domínio do homem é ressaltado pela construção monumental que resistiu às intempéries naturais. São novas formas visuais para os trópicos, que associam à natureza exuberante a diversidade do urbano, do que está sendo polido, civilizado, racionalizado.
RUA CORONEL JOSÉ BERNARDES (Bairro Alecrim) Foto: Jaeci E. Galvão. Ao fundo o Canal do Baldo. Notem que ainda sem o viaduto que hoje domina a paisagem deste espaço urbano.
PRAÇA DA JANGADA (Bairro Areia Preta) Foto: Jaeci E. Galvão.
Anos 70 praia dos artistas, cartão postal de Natal. Foro de Jaecí Galvão .
Cartão-postal: Jaeci Galvão.Vista aérea da Cidade Alta. Final da década de 1950. Fonte: acervo particular do José Valério Cavalcanti. Série Ambrosiana.
Lagoa Manoel Felipe à direita, à Esquerda o Quartel da Política, limite da cidade na década de 1900. Fonte: Jaeci, 2006.
Vista parcial do bairro da Ribeira. Casas da Silva e Jardim no canto inferior direito, na década de 1940. Fonte: JAECI, 2006.
VISTA PARCIAL DOS BAIRROS CIDADE ALTA E TIROL (Vendo-se ao fundo o Rio Potengi) Foto: Jaeci E. Galvão.
VISTAAÉREA DE NATAL (Em destaque a antiga Av. Junqueira Aires, atual Câmara Cascudo – Bairro Cidade Alta) Foto: Jaeci E. Galvão.
VISTA AÉREA DE NATAL (V Limite entre os bairros Cidade Alta e Tirol) Foto: Jaeci E. Galvão endo-se em primeiro plano a antiga Praça Pio X – Limite entre os bairros Cidade Alta e Tirol) Foto: Jaeci E. Galvão.
VISTAAÉREA DO BAIRRO CIDADE ALTA (Vendo-se em primeiro plano a Igreja Presbiteriana) Foto: Jaeci E. Galvão
AVENIDA RIO BRANCO (Bairro Cidade Alta) Foto: Jaeci E. Galvão.
Foto panorâmica aérea a partir da orla urbana para o avenida Hermes da Fonseca (a primeira avenida da esquerda para a direita). A avenida frontal é a Getúlio Vargas. Ainda nota-se o Atheneu…
Vista aérea [da cidade] : Instituto de Educação : Natal, RN. O antigo Instituto, atual Colégio Estadual do Atheneu Norte-Riograndense, é situado no Bairro Petrópolis e foi inaugurado em 3 de fevereiro de 1834, pelo então presidente da província Basílio Quaresma Torreão. Funcionando, na época, no largo Junqueira Aires. Em 1954 foi transferido para o prédio atual, que desde 2010 é Patrimônio Histórico, tombado pelo Município de Natal. É a primeira escola pública do Brasil.
Até 1902, o seu corpo discente era formado somente por alunos do sexo masculino, mas a partir de 1903, ocorreram as primeiras matrículas de alunas mulheres, mostrando sua grande abertura às mudanças culturais e sociais da época. A primeira mulher a administrar a instituição foi a professora Olindina Lima Gomes da Costa, que dirigiu o colégio de 1955 a 1961.Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Este registro foi feito no lado oposto da foto anterior. Trata-se do fim do perímetro urbano bairro de Petrópolis/Tirol.
Panorâmica da Cidade de Natal, 1952. Fonte: Natal Ontem e Hoje (CD)
Visão aérea do Centro de Natal.
Vista aérea do Bairro Petrópolis. Foto: Jaeci E. Galvão. Fonte: Natal Ontem e Hoje SEMURB.
Vista aérea do Bairro Petrópolis (Vendo-se, da esquerda para a direita, o Atheneu e a antiga sede do ABC F.C ). Foto: Jaeci E. Galvão
Bairro de Petrópolis nos anos 1960: Avenida Afonso Pena, sede do ABC, Atheneu, Ginásio Sílvio Pedroza, SCBEU, Maternidade e Hospital (Onofre Lopes). Foto Jaeci
Cine São Luís : Natal, RN. Situado na Avenida 2 (Rua Presidente Bandeira), no Bairro Alecrim. Foi inaugurado no pós-guerra, em 1946, com o filme “Amar, foi minha ruína”. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Última praia ao norte da cidade do Natal, a Redinha é uma antiga vila de pescadores. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Inscrição na foto: Choupana em Ponta Negra, Zona Rural. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Cais [da] Tavares de Lira : Natal, RN. Inscrição na foto: Bairro da Ribeira. Atracação de pequenas embarcações. Galvão, Jaeci Emerenciano. Inscrição na foto: Bairro da Ribeira. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Clube dos Oficiais da Aeronáutica : Natal, RN. antiga Base de Hidroaviões de Natal, hoje conhecido como A Rampa, possui importância histórica, pois representou um verdadeiro marco na história da Aviação e da 2ª Guerra Mundial. Na década de 30, utilizou-se o local como uma improvisada estação de passageiros da “Panair do Brasil”, depois desapropriada pelo Governo Federal, em 1937.
Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
As obras de construção da Base de Hidroaviões foram iniciadas em março de 1941 prolongando-se até março de 1944. Foi construído para assegurar as operações dos aviões de patrulha da Marinha Americana, empenhada na guerra anti-submarina e nas atividades de salvamento de aviões no mar, ao longo da costa do nordeste do Brasil.
Em dezembro de 1945, após o término da 2ª Guerra, a Base foi considerada sem utilidade para as forças armadas dos Estados Unidos. Foi então o prédio transformado em clube social. Posteriormente, passou a ocupar o local o Cassino dos Oficiais da Força Aérea. A área está classificada como bem patrimonial e cultural. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Inscrição na foto: Clube dos Oficiais da Marinha. Base naval. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Edifício da Saúde Pública do Estado : Natal, RN. A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) passou a ocupar o prédio do antigo INAMPS/RN no ano de 1987, na época o maior prédio da capital potiguar, transferindo, assim, suas atividades da Avenida Junqueira Aires (foto) para a nova Sede, na Avenida Deodoro da Fonseca, no Bairro Cidade Alta. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Edifício Fernando Costa : Ministério da Agricultura : Natal, RN. Inscrição na foto: Localizado na Avenida Engenheiro Hildebrando de Góis, Bairro da Ribeira. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Escola do Serviço Social : Natal, RN. Criada em 1945, a Escola de Serviço Social foi levada para Natal pela Legião Brasileira de Assistência, a qual anteriormente havia criado os Centros de Estudos Sociais que foram os responsáveis pela vinda de pessoas, em meio a Seca de 1942 e a Segunda Guerra Mundial, para colaborar com o desenvolvimento do ensino na área.
Com a fundação da UFRN em 1958, a Escola de Serviço Social agregou-se à Universidade e, graças às ações da professora Maria das Dores Costa, então Diretora da Escola, a entidade foi federalizada em 1969, passando a ser um departamento do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFRN. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Escola Doméstica de Natal : Natal, RN. Foi fundada pelo poeta Henrique Castriciano, no dia 1 de setembro de 1914. É reconhecida, inclusive, internacionalmente, pela formação educacional feminina, a Escola Doméstica foi uma instituição de vanguarda na mudança que viria a ocorrer na sociedade patriarcal vigente. Atualmente o complexo conta também com o Colégio Henrique Castriciano e Centro Universitário do Rio Grande do Norte – UNI-RN. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Escola Doméstica de Natal : Natal, RN. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Escola Normal [de Natal] : Natal, RN. Inaugurada em 1908, a Escola Normal de Natal passou a ser Instituto de Educação Presidente Kennedy em 1965. Em sua existência, migrou para diversos locais, como o Instituto de Educação da Praça Pedro Velho (visto na foto). O então Instituto de Educação Presidente Kennedy, atualmente é Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy – Centro de Formação
Profissional de Educação – IFESP, responsável pela formação de profissionais para a educação. Galvão, Jaeci Emerenciano.
Farol de Mãe Luiza : Natal, RN. O farol descortina uma das mais belas vistas da praia da Areia Preta, permitindo ainda vislumbrar as praias de Genipabu e Ponta Negra. Erguido entre 1949 e 1951 e administrado pela Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte, é movido a energia elétrica, emitindo lampejos de luz a cada 12 segundos em uma extensão que atinge 44 quilômetros. Também conhecido como Farol Natal. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Galvão, Jaeci Emerenciano.
Feira do Alecrim : Natal, RN. A Feira do Alecrim existe desde 20 de Junho de 1920, quando um grupo de comerciantes liderados pelo paraibano José Francisco dos Santos resolveram fundar a feira. A ideia era que a feira funcionasse no domingo, mas o governo não aceitou e o dia escolhido foi o sábado. Na época os comerciantes não pagavam impostos. Só a partir de 1930 é que a Prefeitura começou as cobranças.
No dia 23 de março de 1957 Câmara Cascudo apresentou José Francisco como o idealizador da feira, mas só no ano seguinte a Câmara Municipal de Natal aprovou a Lei para o funcionamento da feira e uma placa de bronze foi fixada na Rua Nove. Hoje, a tradicional feira do Alecrim possui 515 metros de cobertura (tendas) num total de 1.056 bancas, banheiros, lixeiras e placas de identificação de produtos que estão separados por tipos de produtos. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Grande Hotel : Natal, RN. No Bairro Ribeira, se depara com um pouco da história da Segunda Guerra Mundial, quando o Grande Hotel hospedou importantes personagens, como os soldados americanos, que deram um ar internacional ao bairro. O inglês, depois do português, passou a ser o idioma mais falado nos bares, restaurantes, boates e no comércio local. O Tribunal de Justiça de Rio Grande do Norte funcionou no Grande Hotel, porém devido a demanda de trabalho seria transferida para outro local. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Hospital Miguel Couto : Natal, RN. Inaugurado em 12 de setembro de 1909, com o nome de “Hospital de Caridade Juvino Barreto”. Foi instalado em uma antiga casa de veraneio, funcionando inicialmente com 18 leitos, sob a direção do médico Januário Cicco que, sozinho, administrava e prestava assistência aos doentes internados e ambulatoriais da cidade. Em outubro de 1935, o hospital passa a ser “Hospital Miguel Couto”.
Em 05 de fevereiro de 1955, é criada a Faculdade de Medicina, tornando-se o Hospital o campo das práticas para todos os cursos da área de saúde. Assim, em 1960, o Hospital assume a personalidade de Hospital-Escola, integrando-se à UFRN, passando a denominar-se “Hospital das Clínicas”.
Em novembro de 1984 sua denominação mudou para “Hospital Universitário Onofre Lopes”, em homenagem ao criador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
No contexto da UFRN, até o ano de 2013 o HUOL caracterizava-se como uma das Unidades Suplementares dessa UFRN, porém, a partir desse ano, com a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), criada por meio da Lei 12.550, a gestão do HUOL passou a ser feita por essa Empresa. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Instituto de Educação : Natal, RN. O antigo Instituto, atual Colégio Estadual do Atheneu Norte-Riograndense, é situado no Bairro Petrópolis e foi inaugurado em 3 de fevereiro de 1834, pelo então presidente da província Basílio Quaresma Torreão. Funcionando, na época, no largo Junqueira Aires. Em 1954 foi transferido para o prédio atual, que desde 2010 é Patrimônio Histórico, tombado pelo Município de Natal. É a primeira escola pública do Brasil.
Até 1902, o seu corpo discente era formado somente por alunos do sexo masculino, mas a partir de 1903, ocorreram as primeiras matrículas de alunas mulheres, mostrando sua grande abertura às mudanças culturais e sociais da época. A primeira mulher a administrar a instituição foi a professora Olindina Lima Gomes da Costa, que dirigiu o colégio de 1955 a 1961. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Praça Almirante Tamandaré : Natal, RN. Inscrição na foto: Prédio do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários do Rio Grande do Norte. Galvão, Jaeci Emerenciano.
Praça Pedro Velho : Natal, RN. Localizada no Bairro de Petrópolis, também é conhecida como Praça Cívica. Inaugurada em 24 de outubro de 1937, no governo do, então prefeito, Gentil Ferreira. Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Rádio Poti : Natal, RN. A antiga Rádio Educadora de Natal (REN) foi fundada por Carlos Farache no início dos anos quarenta. Em dezembro de 1940 foi instalada sua torre para melhorar as transmissões, mas somente em 30 de novembro do ano seguinte é que a rádio foi levada ao ar, com o prefixo ZYB-5. O radialista Genar Wanderley foi quem primeiro ocupou o microfone, lendo Ave Maria escrita por Luís da Câmara Cascudo em solenidade de inauguração.
A história da REN tem continuidade com a Rádio Poti, nome definitivo da emissora a partir de sua incorporação aos Diários Associados em 16 de fevereiro de 1944. Passou a chamar-se Rádio Poti porque todas as emissoras associadas representavam tabas indígenas características do Estado onde estavam localizadas.Galvão, Jaeci Emerenciano. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Acervo revela recorte de praias urbanas na década de 1960.
Avenida Rio Branco, 195?. Fonte: Natal Ontem e Hoje (CD)
Via Costeira, de Jaeci Emerenciano Galvão. 198?. Fonte: Natal, ontem e hoje.

Falecimento

O desenhista das lentes e mago da fotografia potiguar morreu no dia 20 de novembro de 2017, pouco depois da meia noite, no Hospital da Unimed, aos 88 anos, após processo de falência de órgãos, o fotógrafo que deixou seu nome na história de Natal, Jaeci Emerenciano Galvão. Em dezembro de 2016 ele sofreu um AVC e estava internado na UTI, Jaeci começou a registrar a história da capital potiguar durante a 2ª Guerra e em seu nome está registrado um acervo riquíssimo que contam a história da cidade.

O corpo de Jaeci foi velado uma capela do Morada da Paz, na rua São José e o sepultamento ocorreu no Cemitério do Alecrim. Uma grande perda para a fotografia potiguar.

Um homem que registrou para a posteridade, traços de Natal desde a Segunda Guerra.

A Página apresenta aos seguidores a foto de Jaeci Emerenciano Galvão. É dele grande parte das fotos aqui apresentadas nessa página e que levam todos a volta no tempo. Obrigado Jaeci pelo trabalho memorável que você fez ao registra a Natal que tanto amamos.

Ao Mestre fotógrafo Jaeci Emerenciano Galvão.
Jaeci Galvão com o filho Jaeci Júnior as netas e a bisneta. Registro de Sylvana Marques
durante reunião familiar para a pesquisa de campo, em 15 de abril de 2012

Quando se fala em registros históricos de Natal, é impossível não associar ou remeter a figura do natalense Jaeci Emerenciano (1929-2017), um dos principais fotógrafos do século passado da capital potiguar. A maioria das fotos do acervo de Eduardo Alexandre, por exemplo, é de Jaeci.

De acordo com um dos filhos de Jaeci, Fred Galvão, 66, autor do livro “Jaeci, O Divino da Fotografia”, que conta a biografia de um dos mais importantes fotógrafos do Estado, mesmo com a morte de Jaeci, muitos natalenses lembram do trabalho de seu pai, que fotografou paisagens inesquecíveis de uma Natal de outros tempos.

Quando se fala em registros históricos de Natal, é impossível não associar ou remeter a figura do natalense Jaeci Emerenciano (1929-2017), um dos principais fotógrafos do século passado da capital potiguar. A maioria das fotos do acervo de Eduardo Alexandre, por exemplo, é de Jaeci.

De acordo com um dos filhos de Jaeci, Fred Galvão, 66, autor do livro “Jaeci, O Divino da Fotografia”, que conta a biografia de um dos mais importantes fotógrafos do Estado, mesmo com a morte de Jaeci, muitos natalenses lembram do trabalho de seu pai, que fotografou paisagens inesquecíveis de uma Natal de outros tempos.

Fred Galvão relembra as paisagens inesquecíveis do pai, Jaeci.

“Até hoje é muitíssimo valorizado. Em todo canto que eu chego existem comentários sobre papai. Ele fotogravava os grandes eventos de Natal. Fez a campanha de Aluízio Alves, de Monsenhor Walfredo Gurgel. Desde a época que ele trabalhava, ele era premiado. No Brasil todo mundo conhecia ele”, comenta orgulhoso sobre o pai. Fotos icônicas da praia de Ponta Negra no início do século XX, do Forte dos Reis Magos, do Rio Potengi e de vários outros locais foram captadas pelas lentes de Jaeci. Filhos e netos do fotógrafo seguiram o caminho do avô na profissão, como Fred Galvão e Jaeci Jr, por exemplo, e os netos Paula Galvão e Fred Filho.

Fontes:

Anuário Natal 2007 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2008.

Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.

Cantos de bar: sociabilidades e boemia na cidade de Natal (1946-1960). /Viltany Oliveira Freitas. – 2013.

Centelhas de uma cidade turística nos cartões-postais de Jaeci Galvão (1940-1980) / Sylvana Kelly Marques da Silva. – Natal, RN, 2013.

Livros, memórias, redes sociais: potiguares mantém viva história de Natal. Tribuna do Norte. 08/12/2019. http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/livros-mema-rias-redes-sociais-potiguares-manta-m-viva-hista-ria-de-natal/466740 – Acesso em 09/11/2021.

Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João.
Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007

Consultas:

CAVALCANTI NETO. Manuel de Oliveira. Natal ontem e hoje: Para não apagar de nossa memória; pessoas, fatos, artesanato, gastronomia e locais de nossa cidade. “001 a 110 Coisas que não poderemos esquecer”: Disponível em: < http://nataldeontem.blogspot.com.br/2008_08_01_archive.html >.

GOMES, Carlos Roberto de Miranda. O velho imigrante: Il Vecchio Immigrante. Natal: Editora Sebo Vermelho/ UBE, 2012.

KOSSOY, Boris. Fotografia e História. 2ª edição. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

TAVARES, Frederico Augusto Luna. Nos tempos dos brotos: Juventude e divisão em Petrópolis e no Tirol (1945 -1960). Dissertação de mestrado apresentada ao programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2011.

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