A ESMO

É um erro e uma injustiça suppor que a nossa capital é incapaz de civilisar-se e progredir.

É exacto que a maioria dos nossos costumes ainda se ressente de certo carrancismo; mas por outro lado, parece uma verdade incontestável a facilidade com que aceitamos a idéia de qualquer emprehendimento de accordo com as nossas forças.

Falta-nos somente, uma dúzia de homens de boa vontade, capazes de executar o que os outros querem.

Infelizmente os que podem são, em regra, os mais retrahidos; e estão promptos a acharem inexeqüível qualquer plano tendente a melhorar o aspecto physico ou moral da cidade.

Sempre que surgem idéias neste sentido apparecem os inveterados pessimistas: “Natal não é terra para isto”; cream-se dentes quando tal acontecer; ora carrapto com tosse; taes são as phrases que somos obrigados a escutar, não raro com impectos de concentrada revolta.

No entanto vamos caminhando, vagarosamente embora, porque os nossos recursos são insufficientes.

De alguns annos a esta parte, construímos o theatro, o jardim, nivelamos e calçamos diversas ruas, entre as quaes a Avenida Rio Branco, cujo aformoseamento era um dos imposiveis desta terra, concertamos o Baldo e o Mercado, a cidade substituiu os seus velhos lampeões de gaz commum pelos de acetyleno.

Tudo isso veiu se fazendo através do teimoso só vendo creio dos scepticos, alguns dos quaes não tinham o direito de assim se externarem.

Quanto à iniciativa particular ahi está o Banco, que aliás, teve o auxilio prompto do Dr. Augusto de Lyra, que tanta cousa boa realisou quando o governo; a Previdente creação do lúcido espírito do eminente chefe extincto; o Congresso Litterario e o Gremio Polymathico, de saudosa memória (com licença do Sr. Polycarpo Feitosa, que não publicaram obras primas, porem editaram livros eguaes as melhores producções da musa nortista de hoje, e uma quantidade de pequenas associações que nascem hoje para morrer amanhã, mas que estão denunciando os melhores desejos do progresso.

Por João Cláudio

Pseudônimo de Henrique Castriciano (1874-1947).

O texto apresenta grafia da época (publicado no jornal “A República”, em 04/03/1908)

ANUÁRIO NATAL 2013 / Organizado por: Carlos Eduardo Pereira da Hora, Fernando Antonio Carneiro de Medeiros, Luciano Fábio Dantas Capistrano. – Natal : SEMURB, 2013.

Legenda: Bonde no Bairro da Ribeira nas imediações da Praça Augusto Severo. Foto: Cartão Postal (autor desconhecido)

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