Alberto Maranhão e a Cidade Nova
Para saciar o desejo de progresso, que consumia as elites natalenses, o governo do Estado iniciou em Natal a reestruturação de alguns espaços físicos da cidade. Os dois governos de Alberto Maranhão (1900-1904/ 1908-1913) foram os mais entusiastas quando se tratava de reformular os espaços públicos da cidade.
Durante os dois mandatos de Alberto Maranhão, iniciaram-se importantes obras públicas na cidade de Natal. Dentre elas, se destaca a projeção do bairro de Cidade Nova, bairro que surge a partir de uma resolução da Intendência Municipal em 1901.
Obra
A criação da Cidade Nova, que seria então o terceiro bairro de Natal, reflete as intenções dos dirigentes da cidade de enquadrar Natal nos padrões urbanísticos mundiais. Seguindo a linha das principais capitais mundiais, o bairro da Cidade Nova teria largas e arborizadas avenidas, nas quais a ventilação permitiria a devida circulação do ar, além do nivelamento das casas que deveriam manter recuos laterais e frontais.
Apesar de sua construção ter sido influenciada por planos urbanísticos em voga na Europa, a Cidade Nova constitua-se não num plano urbanístico, mas num plano de expansão da cidade, que buscava ordenar e regulamentar o seu crescimento ( OLIVEIRA, Giovana Paiva de. De cidade a cidade: o processo de modernização do Natal 1888-1913. Natal: EDUFRN, 1999.). Os planejamentos urbanos pensados e executados em Natal foram influenciados pelos processos reformadores que havia sido posto em prática em outras cidades.
A construção da Cidade Nova em Natal pode ser vista como o reflexo de atitudes e pensamentos elitistas, sobre como deveria fluir a vida urbana numa cidade moderna. A Cidade Nova representava então um ousado plano de adicionar à cidade de Natal um espaço completamente novo, um novo bairro planejado, obedecendo alguns padrões de modernidade e salubridades vigentes na época, como a abertura das largas avenidas, e arborização das ruas.
A ocupação da Cidade Nova, no entanto, esbarrou em alguns entraves. A presença de barracões nos terrenos projetados para o novo bairro gerou alguns conflitos entre os antigos moradores e o governo.
Numa nota sobre os planos de ajardinamento da praça Pedro Velho, na Cidade Nova, o jornalista mencionou que além do ajardinamento o governo havia mandado “também retirar uns tres ou quatro casebres que, não sabemos por que motivo ainda afeiam o centro daquela praça”. A nota nos faz crer que por mais arbitraria que tenha sido a decisão do governo de expropriar os antigos moradores houve resistência. (A REPUBLICA, Natal. 18 jun. 1903).
Natal também civiliza-se: sociabilidade, lazer e esporte na Belle Époque Natalense (1900-1930) / Márcia Maria Fonseca Marinho. – Natal, RN, 2008