Amélia Duarte Machado (Viúva Machado) – A caridosa – Parte 4/7

Amélia tinha espaços de atuação bem definidos, eles não se retingiam apenas ao espaço privado, da casa, mas também a espaços que compreendem os seus compromissos enquanto uma dama sociedade. Durante os anos em que esteve casada Amélia teve uma vida de privilégios, acompanhava o marido em festas sociais e religiosas. As aparições nesses espaços, bem como suas atitudes, contribuíram para sua imagem de esposa exemplar, sempre atrelada a figura do seu marido Manoel Machado, imagem essa que aparece em muitas das narrativas que tratam desse momento de sua vida.

O casal, na figura de Manoel Machado, também aparece nas páginas dos jornais realizando obras de caridade, como quando o mesmo doou a quantia de 200$000 para o Fundo de irrigação também denominado Caixa das Secas: “O sr. Manoel Machado, chefe da firma M. Machado e Cª, desde praça, solidário com o movimento philantropico creado em torno da “Caixa das Seccas”, veio hoje ao nosso escriptorio trazer-nos com esse destino o importante donativo de 200$000” (A REPÚBLICA, 21/02/1920).

Mulher católica, ela frequentava assiduamente a da Igreja do Rosário dos Pretos que fica bem em frente a sua casa, e que recebia de Amélia: […] “a doação de gordos dízimos provenientes da caridade cristã de católica fervorosa […]” (DANTAS, 1999:3) A sua bem feitoria em relação às atividades religiosas também podem ser vistas no jornal A República de 22 de julho 1923 que divulgava uma lista enorme dos participantes da organização Festa da Padroeira de Natal, em sua coluna, Solicitadas.

Além de Amélia Machado, esposas de homens ilustres da cidade também participavam da organização, como por exemplo, as esposas do médico potiguar Januario Cicco, do desembargador Felipe Guerra e do jurista Sebastião Fernandes de Oliveira (A REPÚBLICA, 22/07/1923).

Fazia parte da popularidade de um casal burguês à contribuição com as festividades da Igreja Católica. A participação nesses eventos religiosos e a doação de somas monetárias destinadas a Igreja faziam com que o casal tivesse o respeito e o apoio da Igreja, bem como aumentava o prestígio social do casal. É importante lembrar a importância da Igreja e do discurso religioso dentro da sociedade do início do século XX, esse discurso afetava as concepções de família e de gênero. Juntamente com o discurso médico e higienista, a igreja disseminava seus ideais de maternidade, sua moral e sua vigilância em relação ao sexo.

Amélia enquanto esposa de um comerciante rico da cidade buscava corresponder ao que a sociedade esperava dela. Ela circulava pelos melhores ambientes da cidade, recebia personalidades ilustres em sua casa, fazia viagens como quando em 1910 viajou com seu Mario Manoel Machado de navio para conhecer os parentes dele em Portugal. Cumpria suas obrigações de esposa, nos cuidados com a casa e com o seu marido, era uma figura importante e popular na cidade, anualmente sua data de adversário era lembrada nas páginas do jornal, bem como eram divulgadas no jornal as obras de caridade que ela participava junto com seu marido Manoel Machado.

Textos compilados da dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em História, da UFRN, com título Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado: a esposa, a viúva e a lenda na Cidade do Natal (1910-1930), Ariane Liliam da Silva Rodrigues Medeiros, resgata essa personalidade histórica de nossa cidade, apontado como “morreu” a mulher e nasceu a lenda.

: O aniversário de Amélia Machado noticiado na coluna Álbum do Diário de Natal de 8 de dezembro de 1910 e na coluna Vida Social do jornal A República de 8 de dezembro de 1921.
Viúva Machado
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