O Alecrim e o cinema: uma relação histórica

Em 2021 o Alecrim comemora 110 anos de sua criação. No Alecrim havia a maior concentração de cinemas de Natal, pouco lembrado pelos historiadores do écran natalense. Em comemoração ao centenário do Alecrim passo a listá-los em ordem aleatória.

O Cinema São Luiz

O Cinema São Luiz
Situado na Avenida 2 (Rua Presidente Bandeira), no Bairro Alecrim. Foi inaugurado no pós-guerra, em 1946, com o filme “Amar, foi minha ruína”

Situado na Avenida 2 (Rua Presidente Bandeira), no Bairro Alecrim. Foi inaugurado no pós-guerra, em 1946, com o filme “Amar, foi minha ruína”
No dia 26/10/1946 seria inaugurado solenemente o Cine São Luiz de propriedade da firma Lopes Varela & Cia.

No dia 16/10/1046 o repórter do jornal A Ordem visitou as dependências do suntuoso prédio do Cine São Luiz situado a rua Presidente Bandeira, no Alecrim em companhia do Sr. Heitor Varela, um dos proprietários.
Tratava-se realmente de uma obra importante pelo que representava para o progresso da capital potiguar, bastando dizer que até aquele momento já haviam despendido pelos proprietários do novo cinema cerca de um milhão de cruzeiros.

O prédio era de construção moderna, com fachada sóbria mais muito expressiva, o imóvel estava apto para a finalidade a que se destinava, em virtude de sua ótima localização e conforto com que foi construído.
Com ambos os lados isolados, o Cine São Luiz comportava mil poltronas no seu salão de sessões que media 30 x 19,40 metros, sendo a cobertura de telhas Eternit e forrado de selotex, que muito concorria para a perfeição do som.A tela era de porcelana e toda a aparelhagem era da RCA Victor, constituída de um Fotofone de luxo, alto-falantes reforçados, dois projetores “Brenker”, com lentes objetivas extra-luminosas, e dois movitones com estabilizadores giratórios, estando encarregados da montagem o engenheiro eletrotécnico George Gatis e seu filho Raimundo Gatis.

O Cine São Luiz dispunha ainda de um balcão destinado as autoridades e pessoas gradas, além de sala de espera, camarins e banheiros, tendo ainda janelas de ventilação. As sessões do Cine São Luiz seriam continuas nos domingos e feriados. (A ORDEM, 17/10/1946,p.6).

No dia 24/10/1946 foi exibida uma sessão especial de experiência para as autoridades e representantes da imprensa e rádio da capital, tendo sido focalizados interessantes e novas películas, tais como desenhos animados, e tecnicolor, jornais, trailers e uma parte do filme de estreia Amara foi minha ruína.

Foi notada pela imprensa a boa qualidade das máquinas com que era dotado o Cine São Luiz, pela perfeição do som e pela nitidez da focalização das películas. A nota da redação dizia que o filme era apropriado apenas para adultos de critério formado. (A ORDEM,25/10/1946,p.4).

Os frequentadores do Cine São Luiz reclamaram por meio do jornal A Ordem solicitando medidas da Cia Força e Luz no sentido da não faltar energia elétrica como estava acontecendo em certo ramal do Alecrim prejudicando o funcionamento daquele cinema e causando aborrecimentos ao que iam assistir as sessões cinematográficas (A ORDEM 06/05/1947,p.3).

Outra queixa dos frequentadores fazia apelo para dirigentes do Cine São Luiz no sentido de dotar medidas que facilitassem a entrada e saida dos frequentadores daquela casa de diversão, quando se realizavam duas sessões a noite.

Adiantavam os reclamantes que assim que terminava a sessão de 18h00 abria-se a corrente para que os que iriam assistir a 2ª sessão sem entretanto se esperar que o salão ficasse livre, o que motivava grande dificuldade para as famílias.

O Cine Alecrim

No dia 13/09/1947 foi inaugurado o Cine Alecrim as 19h00 de propriedade da empresa de Cinema Popular Ltda e situado a praça Gentil Ferreira no Alecrim. Aspecto da Praça na década de 30/40, antes do relógio.

No mesmo dia 13/09/1947 foi inaugurado o Cine Alecrim as 19h00 de propriedade da empresa de Cinema Popular Ltda e situado a praça Gentil Ferreira no Alecrim.

A aparelhagem desse cinema pertenceu ao Cine Rex e o mesmo se achava muito bem instalado em prédio próprio. A sessão inaugural foi dedicada as autoridades e a imprensa com a exibição do filme ‘Perseguidos.

Tinha como gerente do novo cinema Sr. Cristovam Bezerra. As sessões se realizavam as 15h30, 18h00 e 20h00 (A ORDEM,13/09/1947,p.1).

A inauguração do Cine Alecrim esteve presente o prefeito Silvio Pedrosa e representantes da imprensa.
Na inauguração foram servidos champagne e cerveja aos presentes e na tela foram exibidos vários jornais e slots.

O salão dispunha de 400 poltronas e conforme anunciou o gerente Cristovam Bezerra ali seriam exibidos filmes a preço populares. (A ORDEM, 15/09/1947, p.1).

O cinema paroquial do Alecrim (Cine Olde)

O cinema paroquial do Alecrim (Cine Olde) Estava localizado na rua Fonseca e Silva no Alecrim. Inaugurado no final dos anos 60. Depois demolido para construir o Salão Paroquial da Igreja de São Pedro.

A primeira exibição do Cinema Paroquial do Alecrim ocorreu as 19h30 do dia 27/06/1947 estreando com o filme “Flores do pó”, uma película que representava o triunfo de uma alma dedicada a espinhosa missão de educar.
A partir de então haveria sessões todas as noites ao preço de Cr$ 3,00 (A ORDEM, 27/06/1947, p.4).

Estava localizado na rua Fonseca e Silva no Alecrim. Inaugurado no final dos anos 60.

O Cine Olde voltou a funcionar no final da década de 1960 início da década de 1970, e tinha uma característica interessante: quando não conseguia um filme novo para apresentar, passava “Dio come te amo” (está escrito como falo, não sei italiano). Deve ter passado umas cem vezes.

No cinema “Olde” (depois transformado em Teatro Infantil de Jesiel Figueredo) assisti o filme “A Moreninha”. Uma projeção ruim e truncada. No São Luis vi muitos filmes de Tarzan, Zorro e outros capa e espada. Era ali, na calçada do São Luís onde trocávamos revistas e cromos dos belos álbuns de figurinhas. Televisão só na casa do Dr. Grácio Barbalho, onde a meninada traquina reunia na frente da
casa para brechar.

Depois demolido para construir o Salão Paroquial da Igreja de São Pedro.

Alecrim Cinema

O primeiro cinema do bairro foi inaugurado em 1918, na rua Mário Negócio, com os filmes O Triunfo, com Gaby Deslys em 7 partes e “As Modalidades de Marcos”, com Mary Doro em 5 partes.

Cine São Pedro

– Cine São Pedro, inaugurado no final do ano 1930, na Rua Amaro Barreto Nesse cinema eram exibidos os seriados O Cobra, O Homem Aranha, O Falcão do Deserto, os Tambores de Fumanchu entre outros.

O Cinema São Pedro na Rua Amaro Barreto, Alecrim, foi inaugurado no final do ano 1930. No ano seguinte lá foi exibido o primeiro filme falado na cidade “General Crack”. O filme austríaco “Êxtase”, exibido em 1936 em Natal, foi a primeira produção erótica do cinema, com exibição da nudez da bela atriz Hedy Lamar. Nesse cinema eram exibidos os seriados O Cobra, O Homem Aranha, O Falcão do Deserto, os Tambores de Fumanchu entre outros.

Cine São Sebastião

Situado na Avenida 10, no popular bairro do Alecrim em Natal – RN, o Cine São Sebastião foi inaugurado em 06 de Dezembro de 1947, com o filme “Piratas e Rancheiros”, foi fundado por José Alexandre Ferreira. Tela Panorâmica, só lotava na Semana Santa com o filme Paixão de Cristo.Também fazia muito sucesso os filmes de bang – bang protagonizados por Django, Ringo e Maciste.

A mulher do proprietário vendia os ingressos e ele os recebia. O cartaz encostado a um poste e a placa luminosa afixada na parede do São Sebastião era a forma de divulgação do filme.

Havia dias que só apareciam quatro ou cinco espectadores. Enchia quando o Seu Ferreira abria as portas.

Com pouca afluência e alguns desentendimentos com os desrespeitosos espectadores, o cinema ainda durou até a década de 1970, quando a televisão tirou o público dos cinemas para as poltronas de casa. O Senhor Josué dos Santos da
Silva era o proprietário nos últimos tempos do Cine São Sebastião.

Nos primórdios do saudoso São Sebastião o Sr Ferreira enfrentou vários desafios. Um dia faltou energia e o cliente não sabendo o final do filme resolveu agredir o dono do cinema.

Tempo bom quando muitas vezes exibíamos os filmes em casa projetados nas paredes. Era comum o filme partir nesses cinemas de antigamente. Faltar energia e a sessão ser reiniciada várias vezes. Com muita paciência e
amor ao cinema esperávamos emendar a fita.

Fontes: Alecrim Ontem, Hoje e Sempre, Prof. Evaldo Rodrigues de Carvalho, e Crônicas Taipuenses, Tribuna do Norte,

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