Sempre alerta! O escotismo potiguar

O Alecrim deve prestar sempre homenagem aos fundadores da Associação de Escoteiros do Alecrim, eles já desaparecidos, o Sr. Henrique Castriciano, Dr. Manuel Dantas e o grande e inesquecível professor Luiz Correia Soares de Araujo, com uma página ininterrupta de Araujo, com uma página ininterrupta de serviços prestados, não só ao Alecrim, mas a toda mocidade de Natal e ao Magistério do Rio Grande do Norte, foi um grande trabalhador, nunca medindo esforços em colaborar a favor dos estudantes do estabelecimento que dirigia.”
(Davi Francisco da Silva).

Festa da Bandeira no Grupo de Escoteiros e Associação de Escoteiros do Alecrim. Foto: Dr. Manoel Dantas. Fonte: ACERVO iconográfico do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Natal, 1927.
Acervo SEMURB. Escola Estadual Padre Miguelinho
Foto aérea da antiga Associação dos Escoteiros.

O Movimento Escoteiro foi criado em 1907, na Inglaterra, por Baden Powell. Chegou ao Brasil em 1910, por intermédio de oficiais e praças da Marinha Brasileira que estavam na Europa e se impressionaram com a nova metodologia de educação complementar. Esses oficiais fundaram, no dia 14 de junho de 1910, no Rio de Janeiro, o primeiro grupo de escoteiros brasileiros. Já no Rio Grande do Norte, atendendo as solicitações do poeta Olavo Bilac, grande admirador do Escotismo, o então vice-governador Henrique Castriciano, se articula aos amigos, o diretor da Escola de Aprendizes Marinheiros, comandante Monteiro Chaves, professor no Atheneu Norte-Riograndense, Manoel Dantas, e o professor Luiz Correia Soares de Araújo, então diretor da Escola Padre Miguelinho, e em 24 de junho de 1917 fundam oficialmente o Movimento Escoteiro no Rio Grande do Norte.

Professor Luiz Soares

Luiz Correia Soares de Araújo nasceu em Assu no dia 18 de janeiro de 1888 – Ano da Libertação dos Escravos no Brasil. Professor Luiz Soares era formado pela Escola Normal de Natal, onde em 1910 foi o orador da primeira turma de diplomados. Uma notável vocação de educador, que se projetou pela vida toda. Homem simples e austero, perseverante e dinâmico, digno chefe de família, tornou-se, principalmente, o paladino insuperável do escotismo na terra potiguar. Combateu tenazmente o jogo, o alcoolismo, o fumo e todos os males que podem comprometer o futuro da juventude.

Seus pais eram primos. Ele, Pedro Soares de Araújo (1855-1927), também açuense, dos Soares de Macedo do pé da Serra da Estrela, (Vila do avô), perto de Coimbra, e da Ilha de São Miguel (Ponta Delgada), nos Açores, tenente-coronel da Guarda Nacional, político muito hábil e de grande influência, exerceu por mais de vinte anos, seguidamente, o cargo de Inspetor do Tesouro do Estado (Secretário da Fazenda) e, em diversas legislaturas, o mandato de deputado estadual, quase sempre integrando a Mesa da Assembleia. Ela, Ana Senhorinha Soares de Araújo (1855-1941), dos Pereira Monteiro, de Serra Negra do Norte, onde nasceu, parenta próxima, também, dos Saldanha e dos Dantas, estes últimos da Serra do Teixeira, na Paraíba.

Luiz Soares, como diretor e professor, iniciou as atividades no Grupo Escolar Almino Afonso, de Martins ( inaugurado em 07 de setembro de 1911 ), sendo removido, no ano seguinte, para o de Açu, cujo patrono, tenente-coronel José Correia de Araújo Furtado (1788­ 1870), seu bisavô, fizera parte da Junta de governo Provisório da Província, após a Independência (1823). Depois de dois anos a frente do referida instituição educacional, Luiz Soares foi para Natal.

Todavia, o destino do jovem mestre estava no bairro do Alecrim, criado na Capital em 1911 e ao qual veio dedicar cinquenta e quatro anos de suas múltiplas atividades.  Inaugurou em 21 de abril de 1913  o Grupo Escolar Frei Miguelino, a Escola Profissional na qual dirigiu por  durante 54 anos  e só teve de deixar no dia de sua morte, em 12 de agosto de 1967, com o estabelecimento já transformado em Instituto Padre Miguelinho.

Sendo reconhecido como um dos mais brilhantes educadores do Estado. Tão longa a ininterrupta permanência, no cargo de Diretor, na mesma casa de ensino público, talvez seja, caso único no Brasil. De início, com ele lecionavam as professoras Natália Fonseca, Carolina Wanderley e Beatriz Cortez. Luiz Soares chegava num burrinho, vindo de seu pequeno sítio Taba-Açu, na rua Apodi. As aulas começavam as 10 e terminavam às 14 horas. O porteiro era o poeta Antônio Glicério.

Ainda colaborou com a fundação da Associação de Escoteiros, recebendo a comenda Tapir de Prata – a mais alta insígnia mundial do escotismo. A Associação Escoteira do Alecrim também foi dirigida durante 54 anos pelo professor Luiz Soares.

Luiz Soares foi um grande desportista. Em sua administração, na Federação Norte-rio-grandense de Desportos, em 1929, inaugurou o estádio de futebol Juvenal Lamartine, em Natal.  Como homem influente na sociedade, contribuiu decisivamente para a criação da Policlínica do Alecrim em Natal, que hoje tem seu nome, e para criação da Faculdade de Farmácia e Odontologia e da Faculdade de Direito de Natal. Atuando na política foi vereador em Natal e presidente da Câmara. A sua intelectualidade o fez Sócio das seguintes instituições: Associação dos Professores, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, do Conselho de Educação e Cultura, da Academia Potiguar de Letras.

O professor Luiz Soares foi o fundador do Escotismo no Rio Grande do Norte – Organização mundial masculina (atualmente é mista) de educação extraescolar, voluntária, fundada pelo general inglês Baden-Powell. O professor Luiz Soares aproveitou a oportunidade e trouxe o escotismo para o Assu. Por esta razão a rua onde esta edificada a primeira sede de escoteiros desta cidade, possui o seu nome.

Luiz Correia Soares de Araújo faleceu em Natal aos 79 anos. Atualmente, em Assu, existe a Rua Professor Luiz Soares – esta inserida no complexo comercial da cidade do Assu. Conta ainda com prédios residências, no entanto, um bom número de pontos comerciais ocupa aquela artéria tendo a sede dos escoteiros na esquina com a Av. Senador João Câmara.

Professor Luiz Soares
O professor Luiz Correia Soares de Araújo, diretor do Grupo Escolar Frei Miguelinho, no bairro do Alecrim, que foi convidado a participar do projeto inicial do movimento escotista, na terra potiguar e sua obra continua de pé, há 104 anos.

Educação

A implementação da educação física nas escolas demonstra uma atenção e uma preocupação do Estado em usar o esporte como complemento da formação dos cidadãos norte-riograndenses ( MENSAGEM do Presidente de Província 1894, S 5-4.). Essa atenção especial para com os futuros cidadãos republicanos seria intensificada com o surgimento do primeiro grupo de escoteiros de Natal.

O escotismo, aliado aos ideais de saúde e disciplina dos corpos, difundidos pelas associações esportivas, seria responsável pelo desenvolvimento de cidadãos patrióticos e saudáveis, aptos a servir a sociedade desde a infância. A idéia de se criar em Natal uma associação de escoteiros no Estado surgiu em 1916.

Os interesses pela educação levaram o professor no Atheneu Norte-Riograndense, Manoel Dantas,  juntamente com o professor Luis Soares e Henrique Castriciano, ex-secretário do governo no primeiro mandato de Alberto Maranhão e idealizador da Escola Doméstica de Natal a participar da fundação do grupo de escoteiros do Rio Grande do Norte. O que se buscou mostrar através desse nó de nomes, cargos e profissões foi o alto grau de entrelaçamento das relações pessoais, entre os membros das elites natalenses. O escotismo deveria proporcionar aos membros mais jovens das elites uma educação moral, física e cívica.

Com a criação do primeiro grupo de escoteiros da cidade, a Associação de Escoteiros do Alecrim, em 1917, respondeu-se a alguns anseios das elites natalenses, que demonstrava preocupação com o futuro da nação, caso o Brasil se envolvesse em uma guerra.

Portanto, o envolvimento do Brasil na Primeira Guerra Mundial causou alvoroço na imprensa local,  multiplicando-se os apelos pela educação moral e física dos jovens natalenses. A criação da associação de escoteiros em 1916 e a fundação do Tiro de Guerra natalense em 1917 refletem as preocupações das elites com a segurança nacional.

Henrique Castriciano de Souza (Macaíba, RN, 1874-Natal, 1947), Vice- Governador da gestão Ferreira Chaves, de 1915 a 1920 e de 1920 a 1924, no governo de Antônio de Souza. O vice-governador Henrique Castriciano de Castriciano de Souza, que deu o ponta-pé inicial para a chegada do Escotismo Potiguar, através de uma carta do poeta Olavo Bilac, em 1916.
Oficial Antônio Afonso Monteiro Chaves (1877-1950), em sua permanência em Natal foi comandante da Escola de Aprendizes Marinheiros no período de 1912 a 1917, e capitão-dos-portos nos anos de 1921 a 1922, época em que prestou relevantes serviços à cidade,  fundou a Sociedade de Escoteiros do Rio Grande do Norte.
Fotografia no dia do encerramento do ano letivo em 30 de novembro de 1913.

Espaço da socialização

No populoso bairro do Alecrim encontramos poucos registros sobre locais de sociabilidade. Esse era provavelmente um bairro pouco atraente para as elites de Natal, por se tratar de um bairro habitado em sua maioria por operários, de ruas apertadas que cresciam desuniformes e sem planejamento. Mas ainda assim podemos destacar no mapa do Alecrim a Associação de Escoteiros do Alecrim, a sede do Alecrim Foot-ball Club e o Recreio juvenil, como lugares de sociabilidade das elites.

O Recreio Juvenil, fundado em 1919, era um clube destinado ao mais jovens membros das elites. As crianças que desejassem possuir o “cartão ingresso” do Recreio Juvenil precisariam persuadir seus pais a pagar uma mensalidade de 500 réis. O professor Luís Soares, também responsável pelo grupo de Escoteiros do Alecrim, coordenava as atividades realizadas por aquela casa de diversão.

Esporte

Entre os defensores de uma nova relação dos indivíduos com o mundo natural estava o pedagogo Henrique Castriciano. Humanista, educador, consciente do seu papel cidadão de formador e construtor da nova ordem burguesa no Brasil, defensor do ensino público irrestrito com salas de aula mistas, incentivador da prática de esportes e do escotismo como estímulo para a formação moral e cívica dos jovens, e da convivência com a natureza a fim de providenciar melhor saúde e capacidade física e mental para esses jovens, de forma que os mesmos possam se transformar nos construtores da nova pátria brasileira.

Os esportes, especialmente o remo e o futebol e, as práticas de escotismo tornaram-se, no início do século XX em Natal, uma atividade cotidiana, e muitos jovens da sociedade natalense, especialmente entre os jovens das classes sociais mais abastadas, passaram a adotá-la, tanto para conviver com a natureza na busca de uma saúde melhor, quanto, como pregava Castriciano, para se educar no sentido do patriotismo.

Ao mesmo tempo em que defendia a prática do esporte, Henrique Castriciano se tornava um dos maiores incentivadores da criação de agremiações de escotismo no estado. Ele acreditava que essas atividades provocariam o surgimento de uma geração preparada para dirigir os interesses da nova nação republicana. Segundo ele, o seu maior interesse “pelo exito da victoria dos sports em Natal vem justamente da convicção de que muitos dos futuros escóteiros poderão sahir das associações sportivas já formadas por moços capazes de commandar e obedecer” ( CASTRICIANO, Henrique. Op. Cit. p. 323). Pensando dessa forma, ele procurou, em seu texto, se apegar às experiências tanto no esporte quanto do escotismo na Europa, que ilustravam o ideal de civilidade do povo daquele continente.

Sobre a prática do escotismo, Henrique Castriciano refutou o pensamento da época e a fala de muitos conservadores para os quais o escotismo era visto como “um brinquedo de vadios”. Foi a partir dos exemplos da Inglaterra, da França e da Itália que ele explicou a importância que essa prática havia tido na formação moral, bem como na formação cívica dos indivíduos daquelas nações.

No caso brasileiro, Castriciano constatava que as agremiações esportivas e a prática do escotismo estavam começando a ser vivenciadas em muitas partes do país. Por fim, ele procurou conclamar a todos para somar esforços na multiplicação das associações e agremiações esportivas e de escotismo no Rio Grande do Norte: “nós, os  rio-grandenses do norte, não podemos ficar atrás, quer em relação aos sports, propriamente ditos, quer em relação ao escotismo” ( Idem, p. 326).

Assim, como os esportes e o escotismo, as formas de diversão e de sociabilidade introduzidas no início do século XX estiveram fortemente ligadas a um novo sentido do mundo natural.

Movimento

O movimento escotista empolgou toda a cidade. A meninada assanhou-se. Todos queriam ser escoteiros. A farda era muito bonita. Convidava. Sentia-se vontade de vestir uma e tomar parte nos desfiles que muito de propósito eram realizados pelas principais ruas da cidade. Os pais de família de orçamento limitado sofreram o diabo. Os filhos pediam. Imploravam. Choravam,  queriam ser escoteiros. As mães interferiam pedindo aos maridos  inscreverem os filhos na Associação de Escoteiros. Os esposos relutavam alegando despesas. Não era só a farda. Era o chapéu, era o lenço, eram os sapatos, as meias, sem contar com o varapau e os demais aprestos para os acampamentos.

Apresentação da Banda dos Escoteiros em celebração ao dia 23 de abril de 1953, Dia do Escoteiro – acervo Museu dos Escoteiros do RN

“Meu pai não deixou que pedisse duas vezes. Sentei praça no escotismo. Fiz parte da patrulha do gato. Foi uma alegria quando vesti pela primeira vez a farda e tomei parte num desfile. Senti-me empolgado. Qualquer cousa se passava dentro de mim. Pensei que era muita cousa. Durante a marcha a vaidade e o orgulho tomaram conta de mim até o fim do desfile. Só me senti eu mesmo quando voltei para casa sozinho” lembra Waldemar de Almeida (GALVÃO, 2019).

A primeira referência a Waldemar de Almeida publicada em jornais natalenses data de 12 de maio de 1921, quando acompanhou ao piano o recital do violoncelista e cantor Luís Valério de Souza Brandão, realizado no dia 18, no Theatro Carlos Gomes (atual Alberto Maranhão) em recital patrocinado pela Associação dos Escoteiros do Alecrim. Em seu texto anterior, Waldemar de  Almeida relata seu engajamento entre os escoteiros de Natal. É até possível que ainda pertencesse à instituição, pois na ocasião, tinha 18 anos de idade.

Mais um evento mereceu a colaboração de Waldemar de Almeida. No dia 14 de julho de 1933 comemorou-se o 15o aniversário da Congregação Mariana de Moços e da Associação dos Escoteiros do Alecrim. Waldemar pertenceu à Congregação, tudo indica que desde a sua fundação, em 1919, conforme relata em sua autobiografia.

Nesse período os grupos de escoteiros se proliferaram em Natal. A participação de jovens, em especial dos jovens que estudavam nas escolas públicas. O mais importante dos grupos de escoteiros da cidade  era o grupo da escola “Frei Miguelinho” no Alecrim, que era sempre convocado para auxiliar nas mais diferentes tarefas que deveriam ser empreendidas pelo poder público, dentre as quais: campanhas de vacinação, campanhas de educação sanitária ou ainda para se incorporarem nos eventos cívicos.

A instalação do Grupo de Escoteiros do Liceu Industrial ocorreu durante a gestão de Jeremias Pinheiro da Câmara Filho, em dezembro de 1939 tendo contado com o incentivo do Professor Luis Soares, chefe da Associação dos Escoteiros do Alecrim. O objetivo da prática do escotismo na escola era a formação do caráter da juventude de então.
O escoteiro Waldemar de Almeida.
Corso – Efetuou-se na Avenida Tavares de Lira e Praça Leão XIII. As tardes decorreram frias, quase sem movimento, intensificando, porém, de maneira crescente, a vida noturna, das 18 às 21 horas. Tocaram durante os corsos duas afinadas bandas de música, a dos Escoteiros, defronte da redação d’República, e a banda da Polícia Militar, diante da casa M. Machado. Estiveram animados combates de serpentina, confete e lança perfume, sobretudo na última noite, quando mais concentrada se fez a multidão de carnavalescos nos passeios da avenida […] (A República, Natal, 18 fev. 1926).
Esta Bandeira Nacional vista nesta foto, em pleno desfile cívico, no ano de 1957 e sendo conduzida pelo ilustre chefe José Lourenço dos Santos, que trabalha no grupo escoteiro, o (12° GE. Prof. Luiz Soares). É uma relíquia, que temos guardada aqui, no nosso Museu dos Escoteiros dos Alecrim e anteriormente, recebemos de doação feito por um general do Exército: Oreste Rocha de Lima, no dia 21 de Abril de 1947.
O estimado chefe José Lourenço dos Santos, o memória viva do Escotismo do RN e ainda trabalha conosco aqui nesta casa desde o tempo do saudoso professor Luiz Soares falecido, em 13 de Agosto de 1967. Este cidadão fundou o Museu dos Escoteiros do Alecrim, no dia 27 de Agosto de 2011, que guardam os documentos históricos, acervos e mais relíquias; na data do nosso centenário, em 24 de Junho de 2017 foi condecorado com o Tapir de Prata, o grau mais alto do escotismo como receberam anteriormente os finados: monsenhor João Penha Filho e Luiz Soares, o nosso patrono.

Datas memoráveis do escotismo

Associação – No dia 14/07/1917 foi fundada a Associação Brasileira de Escoteiros do Alecrim, por Henrique Castriciano de Souza, com sugestão de Olavo Bilac. A 14/07/1919 passou a denomina-se Associação de Escoteiros do Alecrim, sob a direção do professor Luiz Soares de Araújo (MELO, 1976).

Raid – Partida do raid a pé Natal – São
Paulo – No dia 14/01/1923 teve início o “raid a pé Natal – São Paulo, pelos escoteiros andante Aguinaldo Mendes de Vasconcelos, José Alves Pessoa, Humberto Lustosa da Câmara, Henrique Damasceno Borges e Antonio Gonzaga da Silva. O percurso de 1013 léguas foi vencido no dia 02.09.1923 (MELO, 1976).

Condecoração – A partir de 21 de abril de 1913, o diretor do colégio foi Luíz Soares, que realizou diversas benfeitorias para a juventude do Alecrim, tanto que em 18 de janeiro de 1954, segundo Evaldo Rodrigues Carvalho, ele recebeu uma condecoração, a Medalha de Ouro, dos moradores do bairro. Soares participou ativamente também da criação da Associação dos Escoteiros, em 1919, que funcionava no prédio do Grupo Escolar e auxiliava enormemente a população não somente do Alecrim, mas de toda a Natal. Outro benefício trazido por Soares ao povo do bairro foi a Escola Profissional do Alecrim, criada em 1922 como anexo ao Grupo Escolar, e onde se ensinava marcenaria, sapataria, serralheria e artes gráficas.

Telégrafo – O decreto estadual nº 156 de 18 de novembro de 1921 do governador Antônio J. de Mello e Souza restabeleceu o serviço “Telégrafo Óptico” operado pelos escoteiros do Alecrim. Tratava-se de um sistema de sinalização com bandeiras efetuado a partir da torre da igreja Catedral (ponto mais alto da cidade) onde eram indicadas informações como: saída e entrada de navios, se eram de guerra ou de transporte, nacionalidade, se havia enfermo a bordo, se pediam o prático, nome da embarcação e até se o navio batera na “baixinha”, a pedra famosa onde encalharam várias embarcações.

Guerra – As Forças Armadas promoveram vários cursos de enfermagem. A Maternidade Januário Cicco foi transformada em hospital militar, o Hospital de Caridade Juvino Barreto (hoje, Onofre Lopes) foi ampliado e reequipado. Médicos, escoteiros e voluntários ficavam de prontidão nos postos de socorro. O Quartel do 16º Regimento de Infantaria começou a operar em fevereiro de 1942.

Em 3 de outubro de 1932 foi inaugurado em Uruaçu o primeiro monumento em homenagem aos Mártires, promovido pela Associação de Escoteiros do Alecrim, até hoje o monumento continua intacto, localizado no centro da comunidade de Uruaçu. Boa parte da conservação do monumento devemos ao chefe Lourenço que por muitos anos foi responsável por sua manutenção, se deslocando da sede dos Escoteiros no bairro do Alecrim em Natal, até a comunidade de Uruaçu em São Gonçalo do Amarante, percorrendo a pé, junto com uma patrulha, uma distância de aproximadamente 25 Km, levando consigo tinta, pincéis e outros utensílios para preservar e manter tão valioso monumento.
Embarque dos escoteiros para o interior do estado na estação provisória da EFCRGN. Salvo engano a ocasião foi as festividades do centenário da independência do Brasil realizada em Natal em setembro de 1922 onde todos os grupos de escoteiros do interior vieram participar das referidas festividades.
#fatosefotosdenatalantiga
Fonte: Estradas de Ferro do Nordeste.
Bonde em circulação pelas ruas de Natal durante a Segunda Guerra Mundial. Pelo visto absolutamente lotado com escoteiros.
#fatosefotosdenatalantiga.

Referências bibliográficas:

A CONSTRUÇÃO DA NATUREZA SAUDÁVEL: NATAL 1900-1930. ENOQUE GONÇALVES VIEIRA. NATAL / 2008.

Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.

AO MAR GENTE MOÇA!: O ESPORTE COMO MEIO DE INSERÇÃO DA MODERNIDADE NA CIDADE DE NATAL. Márcia Maria Fonseca Marinho. Recorde: Revista de História do Esporte Artigo volume 2, número 1, junho de 2009. Natal, Brasil.

Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.

LUIZ SOARES, EDUCADOR EXEMPLAR, por Raimundo Nonato da Silva – Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN. Publicado originalmente na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, edição de número 70, páginas 25 a 30, Ano – 1980.

MELO, Veríssimo de. . Natal: Conselho Estadual do Rio Grande do Norte, 1976. Natal século XX.

Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/ Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação,
Pesquisa e Estatística, 2007.

Natal também civiliza-se: sociabilidade, lazer e esporte na Belle Époque Natalense (1900-1930) / Márcia Maria. Fonseca Marinho. – Natal, RN, 2008

Memória minha comunidade: Alecrim / Carmen M. O. Alveal, Raimundo P. A. Arrais, Luciano F. D. Capistrano, Gabriela F. de Siqueira, Gustavo G. de L. Silva e Thaiany S. Silva – Natal: SEMURB, 2011.

O nosso maestro: uma biografia de Waltemar de Almeida. Cláudio Galvão. Natal. Edufrn. 2019.

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