Solidão

Os mais abastados da cidade, buscando outros ares, se dirigiram para o novo bairro denominado de Cidade Nova que hoje corresponde aos bairros de Petrópolis e Tirol, onde construíram suas chácaras para descanso e veraneio. Estas propriedades tinham nomes diferenciados, tais como “Betânia”, “Solidão”, “Senegal”, “Pretória”, “Covadonga”, “Quinta dos Cajuais” e outros. Um destes proprietários era o ex-governador e líder político Pedro Velho, que denominava a região como Cidade Nova e sonhava com a expansão de Natal nesta direção. Master-plan (1901-1904).

O trajeto dos bondes seria prolongado até a Cidade Nova, no final de 1908, passando pelas atuais avenidas João Pessoa e Jundiaí, se estendendo à Avenida Hermes da Fonseca, onde se localizava a então residência do ex-governador Pedro Velho Albuquerque Maranhão, o sítio “Solidão”.

Novamente o desenvolvimento viário das linhas bonde à Cidade Nova é apontado como elemento dinamizador da ocupação do bairro dentro desse novo ciclo de modernização urbana.

Sobre este período recorda Lúis da Câmara Cascudo em Master Plan de Polidrelli

Petrópolis com águas vertentes para o mar, para a Ribeira e para o planalto que se estende para o interior da península do Natal entre o Potengi e o Atlântico. E este, o planalto, no qual existem a lagoa de Manuel Felipe e a lagoa Seca, convidava o governo à criação de outro bairro para a expansão da Capital já comprimida na Ribeira e na antiga Cidade Alta.

Aliás, já algumas vivendas vinham varando a selva no prolongamento do antigo Caminho da Saúde, depois Rua Coronel Pedro Soares (hoje não sei que nome tem), a Betânia, a Pretoria, a Quinta dos Cajuais, a chácara de Cascudo (esta já construída por Herculano Ramos em bom estilo), a casa do Dr. João Chaves, a do major Miguel Seabra, José Pinto e outras anunciavam a preferência da região para residências, o que determinou também a Ferreira Chaves construir a Vila Cincinato e a Pedro Velho a Solidão, onde depois mandei instalar o Polígono de Tiro Deodoro.

A denominação de Tirol, ao bairro, foi uma simples fantasia sem justificação real. Uma lembrança da província austríaca, qualquer coisa de reminiscência recalcada de leituras literárias, e nada mais. Era um pouco a mania do tempo. 

Pedro Velho batizou de Solidão a pequena casa que fez na vasta área que adquiriu junto à colina, e dentro dessa área havia um pontilhão de um metro sobre um riachinho de inverno com nome de Ponte de Tornis, outro Ercole, outro Lomas Valentinas, e por aí adiante uma loucura imaginativa. E dele também a denominação de Senegal à casa de Joaquim Manuel na parte baixa do Tirol, junto à Solidão, onde fazia no verão grande calor; e eu chamava de Covadonga o rancho que fiz em frente ao Senegal e vendi depois ao Artur Mangabeira. Era desse feitio a imaginação dos bandeirantes de Petrópotis e Tirol.

No Tirol morei de 1914-1932, na casa que Alberto Maranhão alude e frequentou. Vi ainda as tabuletas com os nomes dos sítios, em Tirol e Petrópolis, doces títulos de remanso que desapareceram, Pretoria, Silo, Anápolis, Solidão, Senegal, Betânia. Ainda em 1943 Alberto Maranhão foi mostrar-me sua casinha, Covadonga, perto do Solidão (Esquadrão de Cavalaria). Covadonga, reminiscência heróica de Pelaio e da resistência asturiana, é bangalô de gente rica.

Solidão, casa de Alberto Maranhão, hoje a Escola Doméstica.
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