Campina da Ribeira
Natal surgiu na “Cidade Alta” onde hoje é a Praça André de Alburqueque. Com o crescimento do Porto que se localiza na Ribeira, na embocadura da barra do Rio Potengi, o núcleo de desenvolvimento urbano de Natal começou a se expandir em direção à “Cidade Baixa”. Assim, a Ribeira passaria à ser um dos primeiros e um dos mais importantes bairros da cidade do Natal. Também, se destacam bairros como Petrópolis e Rocas. Este último, localizado ao Norte da Ribeira.
Ao pensar sobre o surgimento do comércio da Ribeira o Sr. Josué Botelho, mais conhecido como “Pelotas”, morador de um dos únicos (ou últimos) bangalôs do local relata que o comercio deste bairro “iniciou-se pela venda de cereais e depois diversificou-se”. O horário de funcionamento do comércio era das 7:00h às 11:30h com pausa para o almoço e reabriria às 13:30h fechando as 17:30h. Este período entre a década de 50 até meados da década de 80, foi um período de luz ( muito auspicioso) da Ribeira.
Segundo, Sr. Pedro, funcionário há mais de cinqüenta anos do teatro Alberto Maranhão, havia um sério problema de alagamento nas proximidades do mesmo, causando sérios transtornos aos moradores e aos amantes da sétima arte. Conta-nos a Sra. Ednalva (uma moradora ) que no local onde é sua atual residência, a rua: Engenheiro Hildebrando de Góes, era uma área úmida. É tanto que não havia casas naquele local. Segundo outra moradora, a arquiteta que desenvolveu um trabalho sobre a modernidade da cidade do Natal também constatou o problema da unidade daquela rua dando ênfase ao Grupo Escolar Augusto Severo.
E que para resolver tal problema, em 1904, Herculano Ramos, arquiteto e construtor que empreendeu várias obras públicas e particulares nas primeiras décadas do século XX na Ribeira, fez o aterramento e ajardinamento do espaço público da Praça Augusto Severo. Esta área era chamada de: Campina da Ribeira, segundo, conta a arquiteta Ana Zélia Moreira que concluiu recentemente seu trabalho de mestrado sobre prédios escolares da fase modernista, dando ênfase ao Grupo Escolar Augusto Severo. O senhor Paulo Macelino, aposentado pela Rede Ferroviária, afirma que para ir da sua casa, localizada no Alto da Castanha, até o teatro Alberto Maranhão era necessário tirar os calçados e levantar a bainha da calça para poder caminhar sem molhar tanto suas vestes. Mas, mesmo assim, ainda, as molhava, pois a água chegava à altura da panturrilha. Seus filhos, quando queriam brincar nesta época, pegavam um barquinho, que eles possuíam, e saiam remando por estas ruas anteriormente citadas.
Fonte: Mapeamento Grupos Organizados da Sociedade Civil: Ribeira. Plano de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais. Pesquisadores: Maria do Livramento Miranda Clementino e Silvana Pirillo Ramos.