NOMEAÇÃO DA MISS RN
Em 1929, o Rio Grande do Norte participaria, pela primeira vez, de um concurso de beleza internacional. A competição que se realizaria na cidade de Galveston, nos Estados Unidos, pretendia eleger a mulher mais bela do mundo. A jovem que representaria a beleza brasileira no exterior seria escolhida no concurso de Miss Brasil, que teria lugar na cidade do Rio de Janeiro.
Em Natal, a escolha da Miss Rio Grande do Norte provocou agitação na imprensa e ansiedade da torcida, que acompanhava a cotação das suas candidatas favoritas pelas páginas do jornal A Republica ou pela revista A Cigarra. A candidata eleita deveria embarcar para o Rio de Janeiro e representar o melhor da beleza potiguar e disputar o título de Miss Brasil.
As votações para a escolha da representante local foram feitas a partir de um pleito popular, organizado por uma comissão do jornal A Republica. O voto popular indicou dez candidatas, das quais uma seria escolhida e nomeada miss Rio Grande do Norte, pelo então prefeito da cidade, Omar O’Grady. A movimentação social que se abria em torno do concurso, foi enorme e pôde ser acompanhada na imprensa. Para escolher a sua candidata favorita, mais de 9 mil pessoas enviaram seus votos à sede da redação d’A Republica. A campeã, na opinião dos leitores do jornal, com 2328 votos, foi Dalva Dantas.
A beleza de Dalva, de fato, encantou a muitos, mas Marilda O’Grady foi a vencedora oficial do concurso, eleita num pleito fechado, pela comissão do jornal. É possível que o parentesco com o prefeito tenha ajudado Marilda a ascender da posição de terceiro lugar, no pleito popular, para a primeira posição. Na opinião da revista Cigarra, a escolha do pleito foi imparcial.
A nota da Cigarra deixa claros os preceitos eugênicos que regiam o concurso de beleza. A escolha da Miss ia muito além da simples escolha de uma representante estadual, para o concurso de Miss Brasil, que teria lugar no Rio de Janeiro. A escolhida carregava consigo a responsabilidade de representar a imagem da mulher potiguar, provando que os ideais estéticos de beleza, que se acreditava serem atribuições das raças superiores, também eram encontradas nas terras Potiguares. Apesar da importância do concurso para a imagem do Estado, Marilda O’Grady não pode embarcar para o Rio de Janeiro a tempo de submeter-se aos exames antropométricos necessários a todas as candidatas que desejassem concorrer à faixa de Miss Brasil.