O verão de 1928 na Praia de Areia Preta
Em 1928, a mais recente revista social editada na cidade, A Cigarra, expunha a alegria e vivacidade que encontraríamos na praia de Areia Preta durante os meses mais quentes do ano:
O verão chegou e fez da cidade uma enorme estufa abafadiça, as nossas praias povoam das melhores belezas. É o prestigio do mar, que acalenta no berço azul humilde de suas vagas altaneiras as mais lindas nereides natalenses. Todas e todas as tardes, ao longo das nossas praias faiscantes á luz. (VERÃO. A Cigarra, Natal, ano. 1, n. 2, p. 15, dez. 1928)
As manhãs e tardes na movimentada praia de Areia Preta foram registradas calorosamente pela equipe de redatores e colaboradores da revista, durante os três verões que abarcam as suas edições (1928-1930). A praia, onde se destacavam as práticas esportivas, a contemplação do mar e o flirt, aparece ali como um lugar alternativo ao footing da avenida Tavares de Lyra. Em sessões como indiscretas os colunistas acabaram revelando lugares como a Rocha Encantada, uma grande rocha na encosta onde as “morenas enciumadas olhavam de lá o movimento dos banhistas no declive da praia”. (INDISCRETAS. A Cigarra, Natal, ano.1, n. 1, p. 29, nov. 1928.).
Para aqueles que não se animavam com a popularização da praia de Areia Preta restava uma alternativa: cruzar o rio e passar a estação de banho na pitoresca Redinha, praia que passou a ganhar muitos adeptos durante década de 1920. Pela sua distância da cidade, era uma praia mais calma, “preferida para a estação de repouso (VARIAS. A Republica. Natal, 7 nov. 1924.)”. Em novembro de 1924, o Sr. Plínio Saraiva, veranista da Redinha, instalou um motor de energia elétrica, que passou a prover energia à sua casa de veraneio e à mais duas casas, de propriedade do Dr. Mario Lyra e Francisco de Albuquerque, iniciativa que, segundo A Republica, foi louvada pelo governador do Estado. (LUZ elétrica na Redinha. A Republica. Natal, 20. nov. 1924.).