Os limites de Natal Antiga
A Fortaleza dos Reis Magos, construção iniciada em 6 de janeiro de 1598, significou o marco definitivo do domínio Português. Vencidos os confrontos iniciais com os Potiguara, foi fundada a Cidade de Natal, no dia 25 de dezembro de 1599. Nasceu no alto, onde hoje se localiza a Praça André de Albuquerque. Cascudo (1999, p. 51), em sua História da Cidade do Natal, descreve os limites iniciais da cidade:
O chão elevado e firme à margem direita do rio que os
portugueses chamavam Rio Grande e os potiguares o Potengi
compreende o pequeno platô da colina que sobe pela rua
Junqueira Aires e desce pela avenida Rio Branco até o Baldo,
praça Carlos Gomes. A demarcação foi feita com os cruzeiros
de posse tão comuns. Uma cruz no monte […] A cruz ficara
chantada no lado esquerdo da elevação […] [atual Praça das
Mães] A Cruz do Sul fincou-se no declive do Baldo, margem de
um córrego […] o velho Rio da Bica, Rio de Beber […]
Resistência indígena
A conquista do território brasileiro pelos portugueses entrou em uma nova fase quando ocorreu a União Ibérica. Período em que o rei da Espanha, D. Filipe II, assumiu o poder do império lusitano, encerrando a disputa pelo trono de Portugal ocorrida após a morte de D. Sebastião (1578). Ao assumir o poder da Península Ibérica unificada, D. Filipe II adota medidas que objetiva garantir a integridade da
América Portuguesa. Neste sentido é editada uma Carta Régia, determinando a conquista da Capitania do Rio Grande. Nesta época, as terras potiguares sofriam uma constante presença francesa, fato, este, gerador de preocupação por parte da Coroa Ibérica. Conforme o historiador Trindade (2007, p. 35):
O Governador Geral Francisco de Sousa (1591-1602) recebeu
a incumbência de expulsar os franceses e apaziguar os índios.
Para consolidar a conquista, deveria ser construída uma
fortaleza. Para cumprir a missão foram escolhidos, por Carta
Régia de 15 de março de 1597, o fidalgo português Manuel de
Mascarenhas Homem, Capitão-mor de Pernambuco e Feliciano
Coelho, Capitão-mor da Paraíba, auxiliados pelos irmãos João
e Jerônimo de Albuquerque, sobrinho de Duarte Coelho,
primeiro donatário da Capitania de Pernambuco.
A marcha da conquista era irreversível, a ocupação da Capitania do Rio Grande representava a materialização do processo colonizatório português. Iniciava, então, a construção da máquina de moer gente (RIBEIRO, 1995). Os Potiguara, habitantes das margens do Potengi, distinguiram objetivos diferentes, entre os franceses que aqui apartavam e os lusitanos vindos das Capitanias de Pernambuco e Paraíba. Segundo Monteiro (2000, p. 31):
Os indígenas locais com certeza percebiam que, ao contrário
da relação periódica e transitória que caracterizava seu contato
com os brancos no escambo de pau-brasil, a instalação de
europeus em suas terras significava uma ameaça concreta,
que se confirmou com o tempo. O início da colonização
correspondeu, assim, ao início da própria resistência indígena.
Fonte: Natal: história, cultura e turismo / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal: DIPE – SEMURB, 2008.