Praça capitão José da Penha (antiga Praça Leão XIII)

A atual praça José da Penha, em frente à Igreja do Bom Jesus das Dores, data, provavelmente do século XVIII. Inicialmente denominado largo da Igreja , recebeu o nome de Praça Leão XIII, conforme Resolução Municipal de 05 de dezembro de 1902, em homenagem ao Sumo Pontífice da época, considerado um papa adaptado ao seu tempo. Entretanto este logradouro não passava de um descampado com nome de praça.

Desde o Decreto Municipal, de 13 de fevereiro de 1888, que reviu quase toda a nomenclatura de Natal, persiste um descaso com o nosso patrimônio público e uma afronta à memória cultural da cidade. O alheamento das autoridades para com a nomenclatura urbana de Natal teve, nas últimas quatro décadas, um aumento significativo devido ao crescimento da cidade e a falta de uma política de planejamento cultural. Finalizando, relacionamos nomes do logradouro e seus antigos topônimos: Praça José da Penha (Praça Bom Jesus, Praça Leão XIII).

Logradouro em frente à igreja Bom Jesus das Dores, segundo o historiador Câmara Cascudo (1999), o quarto templo católico erguido em Natal, informando registro de sua existência desde o ano de 1774. Capela sem adornos, apesar de localizada num bairro de grande movimentação comercial, Cascudo acrescenta que a grande maioria dos fieis era composta de frente simples, autênticos canguleiros. Esta grande “devoção dos canguleiros sustinha o templo” (CASCUDO, 1999, p.105).

Desenvolvimento urbano

Durante algum tempo, foi o ponto de encontro da alta sociedade da cidade, na época e onde circulava a juventude. A denominação Leão XIII foi decidida após serem divulgadas as realizações do pontífice: antes tinha-se cogitado outro nome para o lugar.

No governo de Tavares de Lyra (1904-1908) muitos projetos de melhoria e aformoseamento urbano foram concluídos. Dentre os referidos projetos podemos destacar a inauguração do teatro, a conclusão das obras de ajardinamento da praça Augusto Severo, o aterro e nivelamento da Praça Leão XII, o calçamento da Avenida Rio Branco e outras avenidas da cidade, incluindo as novas avenidas na Cidade Nova (OLIVEIRA, Giovana Paiva de. De cidade a cidade: o processo de modernização do Natal 1889/1913. Natal: EDUFRN, 1999. p. 71-73.).

A partir de 1908, com a “Carta cadastral de Natal”, produziram-se uma série de melhoramentos de natureza profilática: aterro e nivelamento da Praça Leão XXII em 1908; calçamento da rua do comércio em 1908; abertura das ruas Sachet (atual Duque de Caxias), Almino Afonso e Tavares de Lyra em 1908; a reabertura do Hospital Juvino Barreto em 1909; a instalação de poços tubulares na capital em 1911; a construção do asilo de Mendicidade no Monte Petrópolis em 1912 e do asilo para tuberculosos São João de Deus nas Quintas em 1912; o isolamento de variolosos São Roque em 1912; a pavimentação da Avenida Junqueira Aires em 1914; a abertura de poços tubulares em 1914; a construção de galerias para escoamento de águas pluviais (1925-1926); calçamento e arborização das ruas principais da Cidade Alta (1900-1914) (ARRAIS, Raimundo; ANDRADE, Alenuska; MARINHO, Márcia. Op. cit., p.84-85).

Nesse sentido, são muito significativas as propostas de transformação da Praça André de Albuquerque em um centro administrativo, destruindo a configuração do sítio primeiro de ocupação da cidade para a introdução dos edifícios do Palácio da Justiça, do Congresso do Estado e do Palácio da Higiene e Agricultura; de aproveitamento de um coreto na praça Leão XIII, na Ribeira, como uma estação elevatória; de construção de uma Avenida do Saneamento para receber o coletor geral dos esgotos; e de construção do reservatório central (que exigiria a demolição de um quarteirão inteiro) como o principal marco visual da cidade, com sua torre de quase vinte metros de altura.

Em agosto de 1910, uma outra reclamação denunciava a presença de animais soltos na cidade, o articulista chamava “atenção do fiscal da Ribeira para dois cavalos que pastam soltos, à noite, na praça Leão XIII, os quais muito damnificam a arborização da mesma praça” (Várias. A República, 06 de outubro de 1910).

Até a primeira década atual, a praça não passava de um descampado. Em 1919, o major Fortunato Aranha, intendente municipal e livreiro construiu uma pracinha no local, incentivado pelo padre Pedro de Paulo Barbosa, vigário da Igreja do Bom Jesus e diretor espiritual do Seminário São Pedro, também jornalista, filólogo e filósofo.

A praça Leão XIII foi inaugurada em 12 de outubro de 1919, com a presença do governador Ferreira Chaves. Passou, então, a ostentar belos canteiros floridos e um coreto de alvenaria. Durante algum tempo, foi o ponto de encontro da alta sociedade da cidade, na época e onde circulava a juventude. A denominação Leão XIII foi decidida após serem divulgadas as realizações do pontífice: antes tinha-se cogitado outro nome para o lugar.

No governo de Ferreira Chaves (1895 – 1900) também foi reconstruído o Cais da Tavares de Lira e o calçamento a paralelepípedo da Avenida Tavares Lira; edificou o Prédio da Escola Doméstica na Praça Augusto Severo, aterrou, arborizou e calçou a praça Pedro Velho, gastando 62:9443814 contos de réis e embelezou a praça “Sete de Setembro” em frente ao atual Palácio da Cultura, localizado no centro da Cidade Alta.

A Praça Leão XIII, nos anos vinte do século passado, transformou-se num lugar de passeio e de eventos públicos. Os natalenses se alegravam com a banda musical no coreto e as árvores de sombras frondosas. O cronista Lucas da Costa, em seu Disfarçados (1997), relata o estado da Praça Leão XIII: “… ao longe as árvores do jardim da Praça Leão XIII, os pináculos da igreja de Bom Jesus, e alguns edifícios públicos que se elevam no Monte Petrópolis; tudo harmonicamente disposto, oferece ao expectador a perfeita ideia de uma artística tela teatral”.

O incremento das rendas municipais, atribuído a instituição desses impostos, teria desdobramentos nos anos seguintes. Primeiro, com a sistematização do processo de aquisição e da forma de pagamento do “habite-se”; (“Governo do Município: Resolução n.277”, A República, n.143, p.3, 03 jul. 1927.) e, depois, com a instituição do “código de obras” municipal, por meio da lei n.4, 2 de setembro de 1929, que finalmente reuniu as normas e prescrições urbanísticas e construtivas em um mesmo instrumento, com o intuito de facilitar a ação da administração municipal no controle do processo de urbanização de Natal.

Nesse processo, o governo O’Grady implementa algumas medidas como: a organização de uma seção de Obras Públicas, a regulamentação de diversos departamentos da Municipalidade para a conveniência dos serviços e a cobrança de taxa de três mil réis aos proprietários para emplacamento e numeração dos edifícios da zona urbana. Outras definições também foram assentidas pelo Conselho Municipal.

Assim, por deliberação logo na segunda reunião do Conselho Municipal, foram proibidas a “construção e reconstrução de predios de menos de dois pavimentos nas ruas Dr. Barata e do Commercio; Praças Augusto Severo e Leão XIII, e avenidas Tavares de Lyra e Sachet” (“Varias”, A República, n.11, p.1, 15 jan. 1925.) – os principais espaços e vias do bairro comercial da Ribeira.

No espaço público Natal no início do Século XX destacava-se pelas as construções de praças, largos e avenidas com canteiros centrais, decisivos para espraiar o sentimento de se estar vivendo em uma cidade em transformação. Foram significativas as obras de construção do Porto, o aterro e a drenagem da Praça da República, hoje conhecida por Praça Augusto Severo (Ribeira), a abertura de estradas carroçáveis e de ferro, diminuindo o isolamento da cidade com o interior, o surgimento novos bairros (Cidade Nova, entre 1901 e 1904, e Alecrim, oficializado em 1911), a retificação de algumas ruas, como a Rua do Comércio (atual Rua Chile); a abertura de novas ruas (Rua Sachet, atual Duque de Caxias, Almino Afonso e a Tavares de Lyra); o aterro e nivelamento da Praça Leão XII e o aformoseamento da Cidade Alta, com o calçamento e arborização das principais ruas e a demolição de dezenas de edifícios que não atendiam as exigências de alinhamento e salubridade.
Os bondes são a história da integração de uma Natal nascente. Eles percorriam a ainda nem tão velha Ribeira partindo do Canto, onde se faziam embarcações de pequeno porte, na Esplanada, limite da cidade; tomavam a Frei Miguelinho, antes chamada Treze de Maio, residencial, onde tinha a feira da Tatajubeira; tomavam à esquerda na avenida Tavares de Lyra ganhando prédios de até três pisos; mais adiante deparavam-se com a bela praça Leão XIII, e; na avenida Sachet, antes rua da Floresta, hoje Duque de Caxias, tomavam o rumo da cidade do Alto. Avenida Sachet, 1910. Fonte: JAECI, 2006.
Igreja do Senhor Bom Jesus das Dores. Suas origens datam do século XVIII. Segundo Câmara Cascudo, a referência mais remota “é um registro de óbito de Manuel Gomes da Silveira, falecido a 8 de agosto de 1774”. Fotógrafo: João de Miranda Galvão. Agente fotográfico: Photo Chic. Ano: Cerca de 1922.
Praça Leão XIII e igreja Bom Jesus das Dores (anos 1920)
Cartão-postal da Praça Leão XIII editado por Raimundo Dourado, entre 1915-1918, que mantinha uma papelaria na Rua Dr. Barata, Bairro Ribeira. Fonte: Jaeci Emerenciano. DVD Natal de Ontem. Natal (RN). Trecho da Praça Leão XIII. 1922.
Praça Leão XIII (futura José da Penha) arborizada e Avenida Tavares de Lyra ainda sem edificação na esquina com a hoje Avenida Duque de Caxias
À esquerda, término da hoje Avenida Rio Branco, Ribeira. Parte inferior da foto, quina da Praça Leão XIII (Praça José da Penha, hoje). Foto tirada da torre da Matriz do Bom Jesus das Dores.
Igreja do Bom Jesus das Dores, Ribeira Registro mais antigo:
“Licença para casamento”, de 5 de fevereiro de 1776. Praça A Praça Leão XIII inaugurada em 12 de outubro de 1919, a 11 de outubro de 1930 foi denominada Capitão José da Penha. Casarão de esquina na Duque de Caxias (lugar hoje do Grande Hotel) onde Cascudo foi menino e depois residência de José da Penha.
NASCE NATAL – POSTAIS DA COLEÇÃO ANDRÉ MADUREIRA. Vista de parte da praça Leão XIII, diante da Igreja do Bom Jesus. Fotógrafo: Desconhecido
Agente fotográfico: Agência Pernambucana. Ano: Cerca de 1926.
Refinaria de Açúcar. Praça Leão XIII, 1929. Foto João Galvão. Esquina da Almino Afonso.
Praça Leão XIII, hoje, José da Penha. Em frente da Igreja do Bom Jesus das Dores, o governador Joaquim Ferreira Chaves construiu, em 1919, a Praça Leão Xlll. Hoje, existe, naquele local, em dimensões bastante reduzidas, a Praça José da Penha. Fotógrafo: Desconhecido. Agente fotográfico: Agência Pernambucana. Ano: Cerca de 1926.
Praça Leão XIII, hoje Capitão José da Penha, Ribeira. Revista A Escola Doméstica, abril de 1926. Acervo Instituto Tavares de Lyra
Casa em que morou o Cel Cascudo, Cascudinho menino, e, mais tarde, o Capitão José da Penha (demolida para dar lugar ao Grande Hotel)
Praça Leão XIII, hoje Praça Capitão José da Penha.
Nessa casa morou o Cel Cascudo, Cascudinho menino. Depois, pertenceu ao capitão José da Penha. Praça Leão XIII, hoje José da Penha. Foi demolida para dar lugar ao Grande Hotel
O que era um coreto, o que seria nessa foto dos anos 30?. Praça Leão XIII, Ribeira – José da Penha
“Amigos: me desculpem o excesso de fotos que estou postando, mas a culpa é do meu amigo Eduardo Alexandre Garcia que nos disponibiliza essas raridades. Trancrevo um pouco dos comentários sobre a Procissão… João Manoel de Siqueira Estive nessa procissão quando tinha 5 ou 6 anos… Me agarrava a saia de minha mãe, assustado, pois tinha medo, ao ver aquele “homem” com uma túnica grená, uma coroa de espinho à cabeça, carregando a cruz, em total imobilização, só obedecendo ao movimento de seus carregadores… Maurilio Soares Eugenio Rsrsrs, eu tinha essa mesma sensação, JM. Minha avó não perdia uma e me levava com ela para eu aprender o “temor a Deus”. A Procissão do Encontro (de Jesus martirizado com sua mão Maria). Cada um (cada estátua) saía por uma lado e o encontro, após percorrerem várias ruas era uma coisa triste, pungente. Eu ficava horrorizado… Manoel de Siqueira Pois é, amigo Maurilio Soares Eugenio. Naquele tempo, nós éramos ensinados a crer em Deus, em Jesus Cristo e na doutrina cristã sem um mínimo de orientação à realidade e representatividade daquelas procissões. Nossos pais, infelizmente, não tinham o conhecimento psicológico para nos orientar sobre tudo aquilo. Até porque éramos”, memorialista Fred Rossiter Pinheiro.

José da Penha

Finalmente, a 11 de outubro de 1930, a praça teve seu nome mudado para José da Penha, homenagem ao militar nascido em Angicos nascido em Angicos aos 13 de maio de 1875, que atingiu o posto de alferes a 03 de novembro de 1894. Alistou-se no Exército em 1890, aos 15 anos. Foi tenente (1908) e capitão (1911).

O capitão José da Penha Alves de Sousa tinha grande espírito de justiça e pregou a justiça social e a probidade administrativa. Foi defensor dos jovens, dos trabalhadores e o primeiro militar norte-rio-grandense a apelar diretamente em favor do nosso povo. Distinguiu-se pela oratória.

O Militar era um dos favores da Proclamação da República no Rio Grande do Norte. Penha faleceu no município de Miguel Calmon (CE), no dia 22 de fevereiro de 1914. Penha também virou nome de município do Rio Grande do Norte. 

Segundo Costa (1997, p.118), “Capitão Penha, além de militar ardoroso, cheio de coragem e acrisolado amor às causas republicanas, era também eloquente tribuno e vigoroso jornalista…”.

O capitão José da Penha Alves de Sousa, homem de caráter superior e extremamente talentoso, foi um dos mais aguerridos e entusiasmados partidários e propagandistas da candidatura de Hermes da Fonseca ao Palácio do Catete. Aqui no Rio Grande do Norte, estado no qual nasceu, apareceu como um bólido, combatendo tenazmente a oligarquia Albuquerque Maranhão, seguindo os preceitos da política das salvações, engenho político criado para destronar as oligarquias tradicionais que dominavam a política nos estados praticamente desde o início do período republicano.  Até 1913, quando José da Penha se lançou à governança do Rio Grande do Norte, os candidatos ao governo do estado eram escolhidos em conchavos palacianos.

Como candidato oposicionista à governança estadual, José da Penha visitou vários municípios, despertando curiosidade e entusiasmo e sendo recebido como um líder que traria a liberdade, atraindo até a atenção das camadas populares, que, segundo Itamar de Souza, iam “ao seu encontro nas ruas, nas estradas, nas cidades e vilas”, manifestando admiração e carinho.

A campanha foi extremamente radical, apesar de gestos de civilidade, como o do governador Alberto Maranhão, quando José da Penha e seus partidários foram ameaçados em Macaíba (http://www.historiaegenealogia.com/2009/08/o-capitao-jose-da-penha.html). E enquanto o capitão viajava pelo interior do Rio Grande do Norte, fazendo discursos inflamados contra a oligarquia Albuquerque Maranhão, “os seus partidários eram presos, espancados, insultados e, em vários municípios, surrados com cipó de boi”, conforme cita Itamar de Souza, registrando, logo a seguir, que o quadro político se acirrou ainda mais depois que a polícia e aliados do capitão José da Penha se enfrentaram, de arma em punho, nas ruas de Nova Cruz.

Apesar de ter sido um entusiasta da candidatura presidencial de Hermes da Fonseca, José da Penha não aceitou se submeter às ordens do governo federal para permanecer à margem dos eventos que ocorriam no Ceará e revoltou-se com a inércia do governo federal. A sua chegada ao Ceará coincidiu com o embate entre as forças do governador Franco Rabelo e as tropas comandadas Floro Bartolomeu, aliado do padre Cícero. A ele, José da Penha, que tentara “salvar” o Rio Grande do Norte, não restou alternativa, exceto integrar-se às forças de Franco Rabelo.

Coube ao militar nascido em Angicos, Rio Grande do Norte, e parlamentar pelo Ceará, comandar as forças legalistas, depois que as duas primeiras expedições foram derrotadas pelas tropas de Floro Bartolomeu. Amedrontada, a população de Fortaleza festejou a escolha.

O capitão cumpriu a declaração que fizera quando saiu Fortaleza: “Vou porque não posso faltar. E só voltarei vitorioso ou morto”. O trem conduzindo o corpo do capitão José da Penha chegou dia 24 à Fortaleza, uma terça-feira de carnaval, 3h da madrugada. A cidade parou, a festança foi suspensa, comércio e cinemas fecharam as portas e o povo caiu num pranto coletivo e convulsivo, descreve Aluízio Alves, em trabalho biográfico sobre o militar angicano.

Em homenagem ao ilustre potiguar, Natal deu seu nome à praça da Ribeira, em frente ao Fórum Municipal do Natal (antigo Grande Hotel), local onde existiu o casarão onde morou o capitão José da Penha. Da praça inaugurada em 1919, muito já se modificou. Teve sua área reduzida, cortada para que se fizesse o prolongamento da avenida Tavares de Lira.

Capitão José da Penha

Quem foi Leão XIII

Leão XIII, O.F.S.; nascido Vincenzo Gioacchino Raffaele Luigi Pecci-Prosperi-Buzzi; (Carpineto Romano, 2 de março de 1810 – Roma, 20 de julho de 1903), foi papa de 20 de fevereiro de 1878 até à data da sua morte.

Foi ordenado sacerdote da Igreja Católica em 31 de dezembro de 1837, em 18 de janeiro de 1843 foi nomeado Núncio Apostólico para a Bélgica e ordenado bispo titular de Tamiathis em 19 de fevereiro de 1843. Em 27 de julho de 1846 tomou posse como bispo da Diocese de Perúgia, Itália, e em 19 de dezembro de 1853 foi criado cardeal com o título de Cardeal-presbítero de São Crisógono. Foi eleito papa em 20 de fevereiro de 1878 e coroado em 3 de março do mesmo ano.

Assim que foi eleito para o papado, Leão XIII trabalhou para incentivar o entendimento entre a Igreja e o mundo moderno. Quando ele reafirmou firmemente a doutrina escolástica de que ciência e religião coexistem, ele exigiu o estudo de Tomás de Aquino e abriu o Arquivo Secreto do Vaticano para pesquisadores qualificados, entre os quais o notável historiador do Papado Ludwig von Pastor. Ele também re-fundou o Observatório do Vaticano “para que todos possam ver claramente que a Igreja e seus pastores não se opõem à ciência verdadeira e sólida, seja humana ou divina, mas que a abraçam, incentivam e promovem ao máximo. devoção possível”.

Leão XIII foi o primeiro papa cuja voz foi feita uma gravação de som. A gravação pode ser encontrada em um CD do canto de Alessandro Moreschi; uma gravação de suas orações pela Ave Maria está disponível na web.[25] Ele também foi o primeiro papa a ser filmado por uma câmera de cinema. Ele foi filmado por seu inventor, WK Dickson, e abençoou a câmera enquanto estava sendo filmado.

Leão XIII trouxe a normalidade de volta à Igreja após os tumultuosos anos de Pio IX. As habilidades intelectuais e diplomáticas de Leo ajudaram a recuperar grande parte do prestígio perdido com a queda dos Estados papais. Ele tentou reconciliar a Igreja com a classe trabalhadora, particularmente lidando com as mudanças sociais que estavam varrendo a Europa. A nova ordem econômica resultou no crescimento de uma classe trabalhadora empobrecida, que tinha uma crescente simpatia anti-clerical e socialista. Leão ajudou a reverter essa tendência.

Embora Leão XIII não tenha sido radical em teologia ou política, seu papado levou a Igreja Católica de volta à corrente principal da vida europeia. Considerado um grande diplomata, ele conseguiu melhorar as relações com o Império Russo, Prússia, Império Alemão, França, Grã-Bretanha e Irlanda e outros países.

O papa Leão XIII conseguiu alcançar vários acordos em 1896 que resultaram em melhores condições para a nomeação fiel e adicional de bispos. Durante a Quinta pandemia de cólera em 1891, ele ordenou a construção de um hospício dentro do Vaticano. Esse prédio seria demolido em 1996 para dar lugar à construção do Domus Sanctae Marthae.

Em 1924 seus restos mortais foram transferidos para a Arquibasílica de São João de Latrão.

É considerado o papa mais velho da história, tendo atingido a idade de 93 anos, 4 meses e 18 dias.

256° Papa da Igreja Católica – Fotografia de Leão XIII, c. 1898

Mudanças

A Praça Leão XIII, teve a sua denominação transformada em José da Penha, através do Ato nº 5, do Prefeito Interino Pedro Dias. Esta praça sofreu diminuição de sua área após a construção do Grande Hotel que se localizava a sua frente, o qual foi inaugurado em 13 de maio de 1939. A redução foi de fundamental importância, por permitir o prolongamento a Av. Tavares de Lira, até a Av. Rio Branco, facilitando assim o fluxo de caminhões e automóveis naquela artéria. Nesta praça existia uma bomba de gasolina da “Atlantique” inaugurada pela firma M. Martins & Cia.

Estas mudanças nas praças de Natal, ocorridas na segunda metade dos anos 30, trouxeram, além da transformação visual da cidade, um grande avanço no seu desenvolvimento pela supressão dos obstáculos que impediam a locomoção dos veículos existentes, facilitando assim o fluxo dos automóveis e outros meios de transportes utilizados na época, fazendo com que a cidade caminhasse mais rápida através desses acessos, os quais são utilizados até os dias de hoje.

O “Master plan” que o sr. Omar O’ Grady entregou ao technico Palumbo é a utilisação da massa citadina num plano racional de correcção. Correcção na parte existente. Os elementos constitutivos num trabalho de urbanismo serão forçosamente aquelles que se relacionem e aperfeiçoem o aspecto esthetico da cidade aproveitando seus recursos em paysagem e conjuncto, a facilidade de circulação e viação urbanas, os transportes e recreios. A existencia do “Zoning” e a inevitável arte civica, dão a demão derradeira (A Republica, 7 de novembro de 1929).

Avenida Sachet será uma característica de belleza simples e de amplidão magnífica. Virá desde a Junqueira Ayres, cortará o parque Augusto Severo fazendo triângulos rectos e isoseles, atravessa a Tavares de Lyra, Nysia Floresta, Ferreira Chaves, 15 de Novembro (porque se mudou o nome de Triumpho?) e irá em recta até a Silva Jardim. Como a Frei Miguelinho e Commercio a Sachet fixar-se-há numa immensa avenida contornante que abraçará Natal. Luís da Câmara Cascudo .

O novo quarteirão que substituirá a praça Leão XIII terá como limites as ruas Nysia Floresta, Sachet, Tavares de Lyra e a futura praça. Nesta, no lado sul virá a Rio Branco que passando as ruas Sul e Norte (lado direito da Domestica e esquerdo do Carlos Gomes) attingirá ahi o seu terminus.

Havia já na década de 1930 em Natal a Avenida Nísia Floresta, importante artéria do bairro da Ribeira que fazia confluência com a Praça José da Penha (ex Leão XIII) e a Silva Jardim. Sabe-se lá por quais motivos o nome da avenida foi alterado para o atual Duque de Caxias. O nome de Nísia Floresta permanece apenas numa pequena travessa que passa ao lado do prédio da Tribuna do Norte, menos vistosa e importante como seria a altura da homenageada.

José da Penha também é um município brasileiro no interior do estado do Rio Grande do Norte, Região Nordeste do país. Situa-se na região do Alto Oeste Potiguar, distante 421 quilômetros a oeste da capital do estado, Natal. Ocupa uma área de aproximadamente 118 km² e sua população no censo de 2010 era de 5 868 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo então o 101º mais populoso do estado.

Grande Hotel e a Segunda Guerra Mundial

Naquele período, algumas empresas aéreas começaram a utilizar Natal como escala em viagens entre a Europa e a América do Sul. Portanto, a cidade precisava de um hotel moderno e amplo. A partir de 1935 começou o projeto do Grande Hotel, desenvolvido pelo Governo do Estado. Quatro anos depois, a construção ficou pronta e foi arrendado por Theodorico Bezerra.

A partir de 1935 o arquiteto francês Georges Henry Mournier realizou os estudos e o projeto do Grande Hotel de Natal. Mournier chegou ao Brasil no dia 26 de outubro de 1927 e marcou sua carreira com inúmeras obras pelo Nordeste.

Além do nosso Grande Hotel, esse francês foi o responsável em 1939 pelo projeto arquitetônico da Catedral Metropolitana de Fortaleza e do Cineteatro Pax, de Mossoró, construído no estilo Art déco. Coube a ele o projeto do Grande Hotel de Recife, do prédio da Prefeitura de Campina Grande, da urbanização do Parque Sólon de Lucena em João Pessoa, do Seminário de Garanhuns e outros mais.

Através do Decreto estadual nº 431, de 22 de fevereiro de 1938, o governador Rafael Fernandes contraiu um empréstimo para a conclusão da obra e o prédio foi inaugurado em maio de 1939. O total gasto na obra, segundo Itamar de Souza, foi de “1.607.856,500”. Mas o empreendimento só começou efetivamente a funcionar em setembro daquele ano.

Antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, o bairro comercial mais importante de Natal era a Ribeira. Era nessa região que se concentravam os principais órgãos de governo, onde estavam as estações ferroviárias e o porto. As avenidas Duque de Caxias, Tavares de Lira, largas e arborizadas e as praças José da Penha e Augusto Severo compunham o quadro, que mudou radicalmente com a inauguração do Grande Hotel.

Ribeira/Natal/anos 30 ou início de 40
Praça Leão XIII, atual José da Penha e ao fundo a igreja do Bom Jesus das Dores da Ribeira, 1942.
Grande Hotel.
Americanos em 1942 na sacada do Grande Hotel em 1941. Estes foram os precursores na construção da Base Americana em Parnamirim. Vejam ao fundo a Praça Coronel José da Penha (antiga Praça Leão XIII). Foto Hart Preston. Revista Time Live.
Americanos em 1942 na sacada do Grande Hotel em 1941. Estes foram os precursores na construção da Base Americana em Parnamirim. Vejam ao fundo a Praça Coronel José da Penha (antiga Praça Leão XIII). Foto Hart Preston. Revista Time Live.
Passagem de guarnição militar brasileira na Segunda Guerra Mundial pelas imediações da Praça Coronel José da Penha (antiga Praça Leão XIII) em 1941. Foto Hart Preston. Revista Time Live.
Passagem de guarnição militar brasileira na Segunda Guerra Mundial pelas imediações da Praça Coronel José da Penha (antiga Praça Leão XIII) em 1941. Foto Hart Preston. Revista Time Live.
Passagem de guarnição militar brasileira na Segunda Guerra Mundial pelas imediações da Praça Coronel José da Penha (antiga Praça Leão XIII) em 1941. Foto Hart Preston. Revista Time Live.
Casamento nas imediações da Praça Coronel José da Penha (antiga Praça Leão XIII) em 1941. Foto Hart Preston. Revista Time Live.
Casamento nas imediações da Praça Coronel José da Penha (antiga Praça Leão XIII) em 1941. Foto Hart Preston. Revista Time Live.
Militares americanos bebendo em no Grande Hotel da cidade de Natal durante a 2ª Guerra Mundial. Em segundo plano a Praça Coronel José da Penha (antiga Praça Leão XIII)

Pós-guerra

No mês de abril de 1947 foi lançada a publicação Luís da Câmara Cascudo – depoimentos, e nela se insere “Luís da Câmara Cascudo no meio da música”, texto em que Waldemar de Almeida comenta importantes detalhes sobre a vida musical do
conceituado escritor. No dia 21 de junho apresentou-se no Teatro Carlos Gomes a pianista pernambucana Josefina Aguiar (10 anos de idade), em benefício da construção do Centro Social Leão XIII, das Rocas.

Após o fim da Segunda Guerra, mesmo com o declínio econômico e financeiro que Natal sentiu com a saída das tropas estrangeiras, a projeção e referência do Grande Hotel na vida do povo natalense atingiu níveis interessantes. Um desses casos é o da praça diante do estabelecimento, que se tornou durante muitos anos uma espécie de rodoviária informal da cidade. Chamada de Praça José da Penha, antiga Leão XIII, era um local de muito movimento e central em relação ao comércio da época. Ali se concentravam pelo menos quatro linhas de ônibus para o interior. De quarta aos sábados, a partir das cinco da manhã, partia um veículo para Caicó. Já para Macaíba havia duas viagens por dia, todos os dias da semana. No caso de Nova Cruz a linha funcionava de quarta aos domingos, a partir de duas da tarde. Já para Ceará-Mirim tinha ônibus todos os dias às quatro da tarde.

Apesar de todos os esforços, o hotel não pôde resistir a decadência da Ribeira enquanto centro comercial de Natal. Na década de 1980, enquanto os hotéis da Via Costeira multiplicavam-se, o velho hotel da Ribeira se esvaziava. Em 1987, o único morador do hotel era Theodorico Bezerra. Estava cansado da hotelaria e disposto a entregar o velho Hotel às mãos do governo e de dedicar-se às suas fazendas.

Ao ser entregue ao Estado, o prédio do extinto Grande Hotel tornou-se a sede da EMPROTURN (Empresa de Promoção e Desenvolvimento do Turismo do Rio Grande do Norte).Em fevereiro de 1989, com a decisão do Estado de destinar o prédio ao uso do fórum para o Tribunal de Justiça do Estado.

Igreja Matriz do Bom Jesus das Dores e praça depois da ampliação da avenida Tavares de Lyra e construção do Grande Hotel. Para a construção do Grande Hotel, foi abaixo o antigo casarão que pertencera ao capitão José da Penha, que ganhou o nome da praça, antes Leão XIII.
Praça José da Penha, antiga Leão XIII em 2013.
Antiga Praça Leão XIII, passou à denominação de Praça Coronel José da Penha em 11/10/1930, em homenagem ao militar potiguar nascido em Angicos.

Fontes:

ARRAIS, Raimundo; ANDRADE, Alenuska; Marinho, Márcia. O corpo e a alma da cidade : Natal entre 1900 e 1930. Natal: EDUFRN, 2008.

CASCUDO, Luís da Câmara. História da Cidade do Natal. Natal: RN Econômico, 1999.

COSTA, Lucas da. Disfarçados. Natal: Departamento Estadual de Imprensa, 1997

Esta Praça Parece Do Interior Do Estado, Mas Fica Em Natal – Brechando – https://brechando.com/2017/09/30/esta-praca-parece-do-interior-do-estado-mas-fica-em-natal/ – Acesso em 28/03/2022.

José da Penha, Rio Grande do Norte – Genealogia – https://www.familysearch.org/pt/wiki/Jos%C3%A9_da_Penha,Rio_Grande_do_Norte-_Genealogia – Acesso em 28/03/2021.

NESI, Jeanne Fonseca Leite. Caminhos de Natal. Natal: Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, 2002.

O capitão José da Penha. A história está nos detalhes por Sérgio Trindade. https://historianosdetalhes.com.br/historia-do-rn/o-capitao-jose-da-penha/ – 28/03/2022.

Praça José da Penha – Ribeira – Natal de Ontem – http://nataldeontem.blogspot.com/2010/04/praca-jose-da-penha-ribeira.html – Acesso em 28/03/2022.

Bibliografia:

A CONSTRUÇÃO DA NATUREZA SAUDÁVEL: NATAL 1900-1930. ENOQUE GONÇALVES VIEIRA. NATAL / 2008

A MODERNIZAÇÃO DA CIDADE DO NATAL: O AFORMOSEAMENTO DO BAIRRO DA RIBEIRA (1899-1920). LÍDIA MAIA NETA. NATAL/Dez/2000.

Anuário Natal 2007 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2008.

Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.

Caminhos que estruturam cidades: redes técnicas de transporte sobre trilhos e a conformação intra-urbana de Natal / Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros. – Natal, RN, 2011.

Centelhas de uma cidade turística nos cartões-postais de Jaeci Galvão (1940-1980) / Sylvana Kelly Marques da Silva. – Natal, RN, 2013.

Linhas convulsas e tortuosas retificações Transformações urbanas em Natal nos anos 1920. George Alexandre Ferreira Dantas. São Carlos – SP. Outubro de 2003.

Natal: história, cultura e turismo / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal: DIPE – SEMURB, 2008.

Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.

Natal também civiliza-se: sociabilidade, lazer e esporte na Belle Époque Natalense (1900-1930) / Márcia Maria Fonseca Marinho. – Natal, RN, 2008

O nosso maestro: diografia de Waldemar de Almeida / Claudio Galvão. – Natal: EDUFRN, 2019.

Papa Leão XIII – Wikipédia, a enciclopédia livre – https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Le%C3%A3o_XIII – Acesso em 29/03/2022.

SAIR CURADO PARA A VIDA E PARA O BEM: diagramas, linhas e dispersão de forças no complexus nosoespacial do Hospital de Caridade Juvino Barreto (1909-1927). RODRIGO OTÁVIO DA SILVA. NATAL, 2012.

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