Cidade de Natal, há como tal apenas no início do século XX

“Officialmente existe a Cidade do Natal ha tresentos e trinta annos. Relativamente parece com este titulo há oito ou nove annos. Ou melhor, imita cidade recem fundada, se o enviesamento das arterias não denunciasse a velhice”.

Cascudo, 1929

A exemplo de muitos, Luís da Câmara Cascudo não se furtou, ou escapou, de pronunciar ou escrever algo sobre o Plano Geral de Sistematização de Natal, exposto à visitação pública no prédio da Intendência Municipal em outubro de 1929. Vivenciando, e tentando compreender, como poucos, o processo de transformação por que Natal passava nos anos 1920, Cascudo esteve invariavelmente, em maior ou menor grau e mesmo à distância, envolvido com as principais discussões que mobilizaram o meio intelectual, artístico, técnico e político local.

Em meio aos mais variados artigos, desde o debate eminentemente técnico até as colunas sociais e as correspondências ao jornal “A República”, os artigos de Câmara Cascudo se destacam e chamam a atenção para uma discussão que, tomando como mote “o novo plano da cidade”, articularia também a cultura, a memória e a história de Natal.

As muitas imagens evocadas por Cascudo fala de uma cidade em transformação nos anos 1920, processo no qual o plano seria um arremate, um ponto de culminância; sintetizam, de certo modo, uma das representações mais consistentes que se formou sobre o passado colonial das cidades brasileiras e que, no caso de Natal, ajudou a articular uma narrativa sobre a história da cidade que se tornaria hegemônica. A “atitude moderna” do plano de traçar retas, contra os “caminhos tremulos e indecizos das cidades”, contra a “tortuosidade das ruas [que lembravam] um delírio de linhas convulsas”, marcaria um momento que seria lido depois como crucial dentro do processo mais longo de modernização urbana por que Natal passou desde o final do século XIX e durante as primeiras décadas do século XX.

Linhas convulsas e tortuosas retificações Transformações urbanas em Natal nos anos 1920. George Alexandre Ferreira Dantas. São Carlos – SP. Outubro de 2003

Legenda: Panorâmica dos bairros da Ribeira e Rocas, c. 1910s. Fonte: Lyra, 2001, p.24.

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