Século XX

Quando os leitores do jornal natalense, A Republica, passaram os olhos pelo primeiro exemplar do jornal, no ano de 1901, se depararam com um grande artigo de capa, intitulado “Século XX”. Tratava-se do retrospecto de alguns eventos políticos, científicos e militares, que na opinião do autor, tiveram importância decisiva para a civilização ocidental.

O século XIX era lembrado pelos avanços da ciência, tecnologia, e “pelas doces esperanças que trazia essa grande aurora do tempo da Encyclopedia. As descobertas de um cuvier, de um Bichat, de um Lavoisier”.

Todo o entusiasmo trazido pelo desenvolvimento da indústria moderna se projetava num porvir não muito distante: “Entre todos os povos do mundo civilizados, surge o seculo XX com a nota alviçareira da esperança e do progresso”. E com sua chegada as especulações sobre o futuro: “O seculo XX verá o apparecimento de forças já pressentidas que mudarão a face do viver de hoje. O ar liquido, os fluidos, a propria vontade, são forças que estão em via de uma applicação pratica.”

Apesar de esperançoso, Mazarem, autor do artigo, lembra ao leitor que a história havia mostrado que “ninguem pode jogar confiantemente sobre o futuro”. Após a leitura desse artigo, o leitor mais atento era convidado a refletir sobre o medo do fracasso e a esperança no futuro.

As idéias de Mazarem, tipografadas pelo jornal natalense, eram, certamente, compartilhadas por muitos contemporâneos, de outras partes do país e do ocidente. A crença no progresso mobilizava muitos brasileiros, mas o futuro da nação era ainda incerto. Entre a incerteza e a esperança, encontrávamos muitos brasileiros e muitos natalenses, que sonhavam, que agiam e desejavam que o Brasil acelerasse a marcha, iniciada ainda no século XIX, rumo ao tão sonhado progresso.

Em Natal, uma parte das elites exigiam que a cidade apresentasse aparatos modernos, para que a capital do Estado consumisse também as novidades consumidas, com todo glamour, nos grandes centros do mundo.

A reforma do porto e a ampliação das linhas férreas além de auxiliar a escoação da produção agrícola do interior do estado, também foram definidores no aumento do consumo de mercadorias importadas, como máquinas de costura, gramofones, alimentos industrializados, pianos, automóveis, vestimentas, livros e revistas. Esses produtos entravam na cidade de Natal com uma crescente frequência, vindos estados do sul, ou diretamente da Europa.

Natal também civiliza-se: sociabilidade, lazer e esporte na Belle Époque Natalense (1900-1930) / Márcia Maria Fonseca Marinho. – Natal, RN, 2008.

João Sizenando Pinheiro, ou como era conhecido “Major” Sizenando, natural de Santana do Matos (RN), folheando o jornal “A República” ao lado um amigo não identificado, Natal, 1926. Foto do acervo da família Rossiter Pinheiro. #fatosefotosdenatalantiga
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