A Esplanada Silva Jardim

A Esplanada Silva Jardim, está localizada no bairro da Ribeira, perpendicular à avenida Duque de Caxias, na fronteira com o bairro das Rocas.

A primeira data e sesmaria concedida no Rio Grande, pelo Capitão-Mor de Pernambuco, Manuel Mascarenhas Homem, ocorreu em 9 de janeiro de 1600, cujo beneficiário foi o Capitão-Mor do Rio Grande, João Rodrigues Colaço, o qual, no seu requerimento, alegava que “queria fazer umas casas no sítio que está escolhido para a Cidade, e dar princípio à povoação…”.

Ribeira, o que era a Ribeira de antigamente? Cascudo responde : … – “ era uma campina alagada pelas marés do Rio Grande, que inundava tudo até as franjas dos morros . “Era um terreno pantanoso e escorregadio que se estendia do Salgado (Praça Augusto Severo) até a Rua da Praia (Esplanada Silva Jardim), beirando o rio de um lado e os morros de Petrópolis, do outro. (Texto livre baseado na obra homônima do escritor, historiador e folclorista Luís da Câmara Cascudo – IHGRN/1999 e na matéria “Ribeira Velha de Guerra”, do escritor e poeta Anchieta Fernandes, publicada no jornal TN).

A Ribeira, depois da pontezinha do Salgado, direção ao Forte, findava no lugar que chamavam Canto, o Canto, ou Esplanada, hoje Esplanada Silva Jardim.

Já no século XIX, novembro de 1810, o inglês Henry Coster visitou Natal e escreveu sobre a Ribeira:- “ À tarde saímos passeando para ver a parte baixa da cidade. É situada nas margens do rio e as casas ocupam as ribas. Não há entre elas e o rio senão a largura da rua. Essa parte da cidade pode ter 200 a 300 moradores e é lá onde residem os negociantes do Rio Grande (Potengi).”Até 1838 a Ribeira tinhas as ruas do Aterro (Junqueira Aires), da Campina (Duque de Caxias), da Praia (Esplanada Silva Jardim), do Comércio (Chile) e o Canto (confluência da Rua da Praia com a do Comércio), lugar onde havia um atracadouro de barcos de pesca. Fora essas, algumas vielas e becos.

Um mapa da cidade de Natal, desenhado na 7ª década do século XIX, indica que o bairro da Ribeira terminava na atual Rua Ferreira Chaves e no Beco da Quarentena. A partir destes logradouros públicos, havia diversos sítios, cortados pelo chamado Caminho para a Fortaleza.

Era um terreno pantanoso e escorregadio que se estendia do Salgado (Praça Augusto Severo) até a Rua da Praia (Esplanada Silva Jardim), beirando o rio de um lado e os morros de Petrópolis, do outro.

Perpendicular a rua Duque de Caxias, está localizada a Esplanada Silva Jardim. Esta via foi aberta em data posterior ao ano de 1862, quando ocorreu a expansão do bairro da Ribeira, fronteira com o bairro Rocas . Frequentemente as marés alagavam todo o espaço ocupado pelas Rocas, chegando à atual Silva Jardim, o que obrigava os seus moradores a percorrer uma grande curva, procurando os terrenos mais elevados, quando pretendiam se locomover para outros pontos da cidade. É importante notificar que o bairro da Ribeira terminava na atual rua Ferreira Chaves e no Beco da Quarentena conforme um mapa da cidade do Natal desenhado na sétima década do século passado.

Quem foi Antônio Silva Jardim

Autorretrato de Silva Jardim

Antônio da Silva Jardim (Capivari, 18 de agosto de 1860 — Nápoles, 1 de julho de 1891) foi um advogado, jornalista e ativista político brasileiro, formado na Faculdade de Direito de São Paulo. Teve grande atuação nos movimentos abolicionista e republicano, particularmente no Rio de Janeiro.

Nasceu na vila de Nossa Senhora da Lapa de Capivari, atual sede do município que hoje leva o seu nome. Foi filho de Gabriel da Silva Jardim, filho de um modesto professor primário, com quem aprendeu as primeiras letras e de D. Felismina Leopoldina de Mendonça, neto paterno de Antonio da Silva Jardim e de sua mulher D. Luciana Maria e materno de Leandro Freire Ribeiro e de sua mulher, D. Lauriana Leopoldina do Amor Divino.

Filho de um modesto professor primário em Capivari que lecionava em seu próprio sítio, mas foi com quem aprendeu as primeiras letras. Enviado para Niterói para que pudesse estudar, foi aluno inicialmente no colégio Silva Pontes. Mais tarde, em 1847, matriculou-se no Colégio de São Bento, tendo estudado português, francês, geografia e latim.

Logo interessou-se pela política, redigindo então um jornal estudantil, intitulado “Labarum Lítteraríd’ ou Laboratório Literário. Seus ideais de liberdade já se manifestavam aos 15 anos de idade, quando escreveu, naquele jornal, um artigo condenando o Absolutismo.

Estudando com dificuldades financeiras, já que seu pai não possuía muitos recursos para sustentá-lo, mudou de residência e de escola, matriculando-se no externato Jasper. Procurou trabalho para poder pagar seus estudos e, depois de alguns empregos menores, foi chamado para trabalhar no próprio externato.

Em 1877, Silva Jardim transferiu-se para São Paulo, ingressando no ano seguinte na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Participou ativamente das sociedades literárias da época. Logo entrou no clima político da faculdade onde as ideias republicanas e a campanha abolicionista já faziam parte de debates no parlamento. Criticava os costumes acadêmicos de então e debatia abertamente as ideias abolicionistas e republicanas.

Envolveu-se completamente na campanha pela república, chegando a vender sua banca de advogado e dissolver sua sociedade com Martim Francisco. Sua vida se dirigiu para os comícios em prol da república e viagens constantes entre os estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

Modelo de bandeira brasileira proposto por Silva Jardim

Nesta época a Natal com as eras de oitenta, a política subjuga a Província. Os presidentes tratam de eleições, intrigalhas, discurseiras. Os partidos tomam a sério os programas e os lugar-tenentes se digladiam em artigalhões e passeatas. Assim, até a proclamação sonolenta da República. O fato interessante de 1889 é ter o Conde d’Eu mandado o navio esperar por Silva Jardim, galo de campina da propaganda, que tinha ido arengar em S. José de Mipibu.

Silva Jardim não se limitava a pregar a libertação dos escravos. Organizou fugas de escravos das fazendas, dedicando-se como advogado à defesa de causas dos escravos. Filiou-se ao Partido Republicano e visitou várias cidades, propagando os seus ideais.

Em sua militância, foi aclamado, apedrejado, perseguido e elogiado. Sua saúde – desde a infância frágil por causa do impaludismo – se ressentia dessa vida agitada, mas não impedia sua constante atividade política.

Chegou a Natal em 18 de junho de 1889, a bordo do mesmo vapor em que viajava o Conde d’Eu, consorte da Princesa Isabel. Silva Jardim não intimidou ­se em fazer abertamente propaganda republicana. Em Natal, Silva Jardim foi saudado por Brás de Andrade Melo, no Clube Republicano Acadêmico.

A euforia provocada pela vitória do Movimento Republicano, em 1889, influenciou a denominação daquele importante logradouro público da Zona de Preservação Histórica de Natal, que ganhou a denominação de Esplanada Silva Jardim.

Com a Proclamação da República, o exército, deixou-o de lado. Candidatou-se ao congresso no Distrito Federal e foi derrotado. Decidiu, então, retirar-se da política e viajar para o exterior para descansar, clarear as ideias e conhecer gente nova e novos lugares.

Desgostoso, partiu para a Itália, em 1890. No ano seguinte, aos 30 anos de idade, visitou Pompeia, na Itália e, curioso por conhecer o vulcão Vesúvio, mesmo tendo sido avisado de que ele poderia entrar em erupção a qualquer momento, foi tragado por uma fenda que se abriu na cratera da montanha – não se sabendo se foi um acidente ou um ato voluntário. No mesmo ano, foi publicado o seu Livro “Campanhas de um Propagandista”.

De acordo com reportagem do jornal “A Pátria Mineira”, de 30 de julho de 1891, da cidade de São João del Rei, acessível por meio do sítio do Arquivo Público Mineiro, a morte de Silva Jardim teria sido um acidente, testemunhado por um guia e seu amigo Joaquim Carneiro de Mendonça. Segundo o relato, o jornalista teria sido engolido por uma fenda junto ao Vesúvio, do que se salvou, ferindo-se, Carneiro de Mendonça, que fora auxiliado pelo guia local. O jornal menciona a fonte das informações como a “Carta Parisiense”, de Xavier de Carvalho, dirigida ao “Paiz”.

Em homenagem ao jornalista morto, foi determinado que o município fluminense de Capivari, vizinho a Araruama e Rio Bonito, passaria a ter o atual nome de Silva Jardim. A Intendência Municipal de Natal também homenageou o grande republicano, denominando de Silva Jardim aquele importante logradouro da cidade.

Além deste, outro município a ter em seu nome uma homenagem ao republicano é o de Jardinópolis, no interior paulista, assim denominado em 1896. O atual município de Palmácia também teria o nome de Silva Jardim, caso não tivesse sido extinto em 1897. No bairro do Tucuruvi, na Zona Norte de São Paulo, há uma escola estadual que o homenageia.

Desenvolvimento

Vários prédios importantes se ergueram ao longo da Esplanada Silva Jardim. O Hotel da Bimoa, a mais conhecida hospedaria de Natal, no século XIX, ficava localizada na esquina leste da rua Frei Miguelinho com a rua Silva Jardim.

A população, no entanto, não acompanhava as mudanças na mesma velocidade em que elas se instalavam, de modo que era comum a convivência entre o novo e o velho, por mais que fossem de encontro aos discursos de civilidade e progresso e acabassem surpreendendo alguns contemporâneos, como o autor da passagem abaixo, publicada no jornal A República em 1897:

Depois de regatas, prados, concertos… pau de sebo! Eu pensava que esse divertimento rèles tivesse cahido em exercícios findos, mas qual! Elle hoje
ergue-se, desafiando o enthusiasmo dos trepadores, na rua Silva Jardim. (INSTANTANEA. A Republica, Natal, 13 jun. 1897.)

A Intendência Municipal, em 1892, formulou a primeira medida no sentido de conceber alternativas de moradia à população mísera e necessitada e promover a expansão de Natal incentivando a ocupação das áreas periféricas próximas ao núcleo consolidado da cidade.

Essa ação correspondia à reserva de terreno para aforamento nas proximidades da área portuária e de um dos maiores bairros da cidade, a Ribeira, numa localidade denominada Silva Jardim. Tratava-se provavelmente da mesma localidade para onde foram transferidas as vivendeiras e os mocambos dois anos antes. Essa área seria loteada em terrenos com “60 palmos sobre 100”, a serem oferecidos à população de baixa renda por doação, para a construção de residências populares (A REPÚBLICA, 16/07/1892, p.06).

Em fevereiro de 1890, haviam mais de 3.000 flagelados em Natal, “(…) pelas estradas, pelas ruas das vilas (…), e até nas praças dessa capital do Estado (…)”, perambulando, se aglomerando e se alojando em condições precárias (NOTAS…, 15/06/1889, p.01).

Em 25 de março de 1900, inaugurava-se ali o Derby Clube Natalense, trazendo uma grande movimentação àquela rua, onde eram realizadas corridas de cavalos.

Em artigo escrito sob o título “Pântano”, em abril de 1901, o jornal “A República” pedia providências para a resolução de um problema que se instalava a cada época chuvosa, expondo da seguinte forma: “agora que o inverno se pronuncia de modo rigoroso, é preciso ter cuidado no pantano perigoso que se está formando na Ribeira ao pé do morro do sitio do Coronel Bigois para a Praça da Republica”. (Pantano. A Republica, 26 de abril de 1901.).

Segundo o texto, as águas escoavam em direção ao rio por duas valas, uma que dava para a Rua Silva Jardim e uma outra que ia cair encostada às obras do teatro. Foi, segundo o artigo, o entupimento dessas valas feito por vários proprietários de terrenos ao pé do morro que providenciou o alagamento da área e a formação de um perigoso pântano. Na fala do articulista, “a consequencia que é as aguas não poderem escoar e ficaram estagnadas, ao nascente da Ribeira, tornando inhabitaveis o Largo do Bom Jesus, a Rua de S. Amaro e da Campina” (Idem).

A Resolução Municipal nº. 15, de 30.12.1901, criou a Cidade Nova, onde hoje assentam os bairros de Tirol e Petrópolis, mas o plano foi concluído três anos depois, superfície aproximada de 1.648.510 m², subdividida em sessenta quarteirões, planejada pelo arquiteto Antônio Polidrelli. Constituía-se de avenidas e ruas transversais; as avenidas com trinta metros de largura, todas em direção a 36 graus de S SO, as ruas com vinte, entre as quais Guaratuba, com 450 m, a 35 graus a S SE, em direção a Rua Silva Jardim e Av. Alberto Maranhão, no limite do bairro da Ribeira.

Em outubro de 1903, foi construído um novo batelão, uma embarcação de piso reto e fundo chato, que serviria para o desembarque e o transbordo de carga, que, no caso dos serviços do porto, ajudaria no transporte da areia retirada pela dragagem no fundo da barra do rio. Segundo o jornal “A Republica”, “o novo batelão é sólida e caprichosamente construido, é o primeiro de uma serie que o digno engenheiro-chefe, dr. Pereira Simões, contractou com o fim de melhor aproveitar no transporte de areia o serviço da pequena draga ‘Priexmann’ de que dispõe a commissão, tem a capacidade de cincoenta toneladas” (Lançamento de embarcação. A República, 17 de outubro de 1903.).

No dia 20 de outubro do mesmo ano, o novo batelão foi lançado ao rio em meio a uma grande festa em frente à Avenida Silva Jardim. A embarcação estava toda enfeitada de bandeiras e foi jogada nas águas do rio “fluctuando airosamente”, depois de cair na água, o novo batelão a “reboque do Potengy fez uma viagem rio acima, seguida de uma flotilha de pequenos barcos, voltando a fundear em frente ao edificio das machinas” (Idem.). A festa teve fim no barracão armado pelos operários da Comissão de Melhoramentos do Porto que estava enfeitado de bandeiras e folhagens.

Em 27 de junho de 1905, foi inaugurado o primeiro trecho de Natal iluminado a gás acetileno. A iluminação abrangia o trecho compreendido entre a Esplanada Silva Jardim e a Praça Augusto Severo. Somente em novembro do mesmo ano, a iluminação foi inaugurada na Cidade Alta.

O relatório de governo municipal, de 1905, no item que comentava os melhoramentos realizados até o momento, registrou-se que a iluminação da cidade é má e extremamente escassa (…). Não sendo, pois, praticavel uma reforma rapida e completa, procurei fazel-a paulatinamente e por
trechos. É assim que, em acordo que firmei com o exmo. Governador, ficou combinado que no percurso da rua Silva Jardim à praça André de Albuquerque, as lâmpadas de kerosene, actualmente utilisadas na iluminação pública, seriam substituídas por outros tantos bicos de gaz
acetyleno, (…) já muito adiantados, os trabalhos desta instalação devem achar-se concluídos até abril próximo (A Republica, n. 12, 1905, p. 01.).

A previsão de inauguração em abril, do primeiro trecho iluminado a acetileno, da Rua Silva Jardim à Praça André de Albuquerque, conforme fora anunciado, não se cumpriu. A inauguração desse sistema de iluminação pública a gás acetileno em Natal realizou-se em 29 de junho de 1905. Nessa data a empresa de Francisco Gomes Valle Miranda deu início a sua trajetória a frente dos serviços urbanos da capital.

Durante anos, vários estaleiros de construção naval ocupavam grande extensão da Esplanada. Ali eram construídos botes de pesca, pontões e canoas. Até o início do século XX, existia o estaleiro do mestre Felipe Benício da Silva, que faleceu em 10.11.1906.

Os primeiros bondes puxados a burro começaram a circular em 7 de setembro de 1908. Pertenciam à Companhia Ferro Carril. O primeiro trecho inaugurado iniciava-se na Esplanada Silva Jardim e os bondes percorriam a Ribeira, depois vencendo dificultosamente a ladeira correspondente à atual Junqueira Aires, até atingir a Praça Padre João Maria.

O projeto de embelezamento de Natal atingiu inclusive a área situada na região portuária da cidade, denominada pelos periódicos da época de Silva Jardim, reservada no início da década para os habitantes pobres e os migrantes. Nesse contexto, o governador Alberto Maranhão interveio no sentido de modificar os aspectos físicos de algumas dessas moradias, por meio de reformas nas fachadas. Essa ação intentava dar “certo gosto de architectura” e por fim à impressão de “(…) abandono e mau gosto que actualmente fere a retina dos que do rio observam (…), a casaria mal amanhada e mal disposta que se agglomera com os fundos para a entrada, numa atitude pouco digna e mal asseiada de impossível impudor (…)”, substituindo-a por uma sensação de “vida e de progresso” (MELHORAMENTOS…, 12/02/1908, s/p). Isto é, procurava-se eliminar da visão da população mais abastada os elementos que denunciavam a falácia do projeto modernizador da elite administrativa. Provavelmente nessa mesma área e com o mesmo objetivo, a Intendência Municipal procedeu à demolição e reconstrução de vinte casas, confirmando o intento do poder público em maquiar a cidade.

Em 10 de fevereiro de 1909, ocorreu na Esplanada o primeiro acidente provocado por bonde, em Natal. O garoto Antônio Pereira Dias, atingido pelo veículo, perdeu uma perna.

A conquista das primeira praças, Augusto Severo e Leão XIII que eram pantanaes, o alinhamento da Silva Jardim que era um alagado, trouxe o pensamento do xadrez porque este partida da idéia do primeiro retangulo saneado, plantado e conquistado ao rio. A recta surgiu como uma expressão de segurança. A Tavares de Lyra já demonstra isto. Os fulcros seriam as rectas que partindo do rio subissem para o morro. O desenho geometrico iniciou-se inda timido mas coherente e seguro. Tavares de Lyra – Silva Jardim – Sachet – Dr. Barata. A lucta daria a visão do rio, inimigo tradicional e alliado consideravel. O prolongamento da Sachet aceitou o plano inconsciente e primitivo do começo do xadrez. Manoel Dantas que morou no Natal velho sonhou em 1909 a Ribeira “enxadrezada”.

Em maio de 1926, o bairro suburbano das Rocas passa a contar com o serviço permanente de limpeza das ruas e remoção do lixo. O “operoso” Omar O’Grady, segundo A Republica, estava preocupado em melhorar as condições de salubridade e estética do bairro, que começava a sentir a presença do poder público. Pouco depois do estabelecimento do serviço de limpeza, seria entrega à população das Rocas uma estrada construída pela Intendência, através da esplanada Silva Jardim, que serviria a todo bairro suburbano (A REPUBLICA, Natal, 06 maio 1926.).

A Resolução nº. 304, de 6.4.1929, autorizou o prefeito a contratar o plano de sistematização da cidade, realizado o contrato com outro arquiteto italiano, Giacomo Palumbo, a 22 do mesmo mês, os serviços devendo estar concluídos no prazo de um ano, pagando a Prefeitura ao contratante a quantia de Rs 100.000$000. Em seu relatório de 30.1.1930, à Intendência Municipal, o Prefeito Omar O’Grady explica que “não se trata de um projeto de realização imediata”, mas apenas “do delineamento de um plano geral de previsão estabelecendo normas dentro das quais a cidade deverá sistematizar-se e estender-se”. Estava já projetada uma parte do plano, “compreendendo desde o Forte dos Reis Magos, ao norte, até a rua Jundiaí e seus prolongamentos, ao sul”

E esclarece: “Partindo da rua Silva Jardim verificamos que o plano ao norte desta artéria representa projeto novo, sem preocupação de aproveitamento de arruamentos existentes, enquanto que a parte ao sul da referida rua representa mais ou menos aproveitamento do velho plano da cidade com as modificações imprescindíveis, algumas mesmo radicais, como por exemplo, o alargamento da Rua do Comércio para 12.m00, a construção de uma avenida de 16,m00 a partir da Rua Silva Jardim conquistando terreno ao rio Potengi, o prolongamento da Avenida Tavares de Lira até à cota cinco, retificação dos alinhamentos das Ruas da Conceição e Coronel Bonifácio com o aproveitamento da atual Catedral, concordância da Praça João Maria com a Rua Pedro Soares e o alargamento do cruzamento desta rua com a Avenida Rio Branco”.

Os moradores de Santos Reis não lembram com precisão quando e como se deu a instalação dos tanques de combustível no bairro. A maioria nasceu no bairro e cresceu ouvindo histórias com enredo que misturam medo e cuidado com o vizinho indesejado. Mas o livro “História de Santos Reis – a capela e o bairro”, do professor e estudioso do bairro, José Melquíades, dedica um capítulo ao fato. No livro, lançado em junho de 1999, ano em que Natal comemorava os 400 anos de existência, Melquíades relata que foi na área de Montagem – atualmente Esplanada Silva Jardim – que foi instalada a “Standard Oil”, que, mais tarde, passaria a ser conhecida como “Esso Standard do Brasil”. Não há registro do ano da instalação da empresa, no entanto, há relatos que o fato ocorreu no final da década de 40.

No cruzamento da Esplanada Silva Jardim com a avenida Duque de Caxias, existe uma árvore bicentenária, a Castanhola da Ribeira (Terminalia Catappa Linn, da família das Cobretáceas). Foi ela, há algum tempo, batizada como a “Árvore da Cidade”, uma verdadeira testemunha da história de Natal.

Nas ruas Olavo Bilac, Explanada Silva Jardim, Travessa das Donzelas, há prédios fechados. Praticamente boa parte do bairro encontra-se dessa forma, desativado.

Praça Augusto Severo – direita de quem olhava o Cais, casas de morada e de comércio chegando até O Canto, onde os pescadores reparavam e construíam seus barcos, cuidavam de redes de pesca e apetrechos necessários ao ofício, a Esplanada Silva Jardim de hoje.
Saída da Hildebrando de Góis para a Frei Miguelinho, cruzamento com a Esplanada Silva Jardim
Missa diante do Batalhão de Segurança comemorativa ao Centenário da Revolução Republicana de 1817. O local ocupado pelo quartel do batalhão teria sido o sítio onde nasceu Miguelinho. Esplanada Silva Jardim, esquina com a Rua Frei Miguelinho, Ribeira. O dia 12 de junho de 1917 em Natal amanheceu chuvoso, o que não alterou aprincípio o início das comemorações naquele dia. Segundo a Revista do IHGRN, apesar do mal tempo a população não havia deixado de se deslocar para a esplanada da Rua Silva Jardim, onde iria realizar-se a primeira parte das comemorações cívicas, com uma missa campal no lugar onde havia nascido Frei Miguelinho; local este demarcado em 1906, quando as comemorações do 89° aniversário da morte do herói norte-riograndense – organizadas pelo IHGRN – haviam tido ali seu ponto alto com a inauguração de uma lápide. 203 O lugar assim escolhido para o início do desfile cívico ligava-se ao mesmo tempo à referencia da figura de Miguelinho e ao percurso (comemorações de 1906, lápide, nome da rua, à natalidade do herói republicano) no qual esta figura estava implicada. (Rev. IHGRN, vol XV, n° 1e 2, 1917; 80.)
O cortejo, organizado na esplanada da Rua Silva Jardim, partira assim, com uma
missa, da casa onde Miguelinho teria nascido, seguindo toda a extensão da rua (desde 1906, nomeada de “Frei Miguelinho”), em seguida, percorreu a Av. Tavares de Lira, tomando a Avenida Duque de Caxias, a Avenida Sanchet, seguindo, por fim, após contornar a Praça Augusto severo, para a Avenida Junqueira Aires, a caminho da Cidade Alta, passando em frente ao Palácio do Governo, contornando-o em direção à Praça André de Albuquerque.
Bonde na Esplanada Silva Jardim, Ribeira Ao fundo, no cruzamento com a Duque de Caxias, a conhecida “Árvore da Cidade” Colorizada

O parque ferroviário

O parque ferroviário, que seria implantado na Esplanada Silva Jardim, era um importante equipamento ao desenvolvimento da capital. O mesmo constituía não só um complexo arquitetônico com funções relacionadas à administração, armazenamento e embarque de passageiros e mercadorias, mas também um complexo industrial ferroviário, onde funcionariam oficinas de montagem de vagões e locomotivas, o que representava o emprego de mão-de-obra operária, que motivaria o crescimento econômico da cidade do Natal (RODRIGUES, 2006, p. 117). Entre as obras mencionadas, o edifício que serviria de estação inicial e administração para a Estrada de Ferro Central, é um dos primeiros a ter as suas obras
iniciadas, ainda no ano de 1908, e de acordo com periódicos da época, constituiria um marco arquitetônico para a cidade:

Tivemos o prazer de visitar ha dias as obras do predio que vai servir de estação inicial da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte. Feito sob as mais rigorosas regras da architectura moderna, vai ser talvez uma das mais bellas construcções dessa capital. […]. O predio está orçado em 35.000$ já tendo sido despendida cerca de 32 contos, devendo estar prompto até meado de abril proximo. E’ uma construcção sobria e elegante que honra as habilitações do illustre moço A. Sprenger, que está encarregado de sua direcção […]

(A REPUBLICA, 1908, p. 02).

Os melhoramentos advindos da instalação do parque ferroviário abrangeriam a construção da ponte de Igapó, que viria a ser símbolo de modernidade e de um muro de arrimo que serviria de cais atracável para o porto e de ramal de ligação da linha com o parque ferroviário (BRASIL…, 1912). Dessa maneira, o parque objetivava a integração entre porto e ferrovia “sem rupturas, e de maneira a facilitar a fluidez e continuidade da rede de transportes” (RODRIGUES, 2006, p. 118). Posteriormente, no ano de 1912, é iniciada a construção de três galpões na Esplanada Silva Jardim,
assim como a instalação da “Comissão de Melhoramentos de Natal” em suas dependências, dando impulso às obras da estação central, oficinas e almoxarifado na cidade do Natal (BRASIL…, 1912).

A ligação da esplanada Silva Jardim com a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte incluía a construção de um muro de arrimo à beira rio, que partiria do pátio da Great Western até a ponte de atracação do Porto de Natal. No entanto, essa ligação não seria tão pacífica, porque dessa vez a linha se confrontaria com várias instituições locais que dependiam da servidão do rio para o desempenho de suas funções.

Em 5 de março de 1913, seria aprovado um projeto de enrocamento de pedras soltas para formar as bases da linha, que passaria por dentro do rio, próximo à rua do Comércio, na Ribeira. Não se poderia facilitar um meio de transporte em detrimento de outro, levando-se em consideração que o projeto original do parque ferroviário da esplanada Silva Jardim contemplava uma ligação plena entre porto e ferrovia.

Uma seria um acordo com a Great Western, no qual a EFCRGN utilizaria parte de seus trilhos, sendo o tráfego de passageiros das duas ferrovias transferido para a Estação Central na Esplanada Silva Jardim. A antiga estação da GWBR seria destinada a mercadorias e encomendas. A outra solução construiria uma segunda linha paralela e independente da Great Western, só que em forma de cais acostável, do mesmo tipo da ponte de atracamento do porto, o que aumentaria bastante a área do cais.

Em 1918, seria assinado um acordo com os proprietários da rua do Comércio, no qual abriam mão do acesso que tinham ao rio para a construção do referido muro de arrimo para, enfim, ligar a linha da EFCRGN à Estação Central na Esplanada Silva Jardim. Ao que parece, nenhum proprietário particular ofereceu resistência, pois uma ampla área de servidão pública com um cais acostável, bancado por investimentos federais, serviria às embarcações dos comerciantes.

O parque ferroviário da Esplanada Silva Jardim será o grande marco dessa política territorial em Natal. Foi um projeto ambicioso, com recursos federais, que organizava e integrava o transporte ferroviário e o marítimo, muito diferente do antigo parque da Natal-Nova Cruz.

Mas não era apenas o parque ferroviário que dotaria Natal de “melhoramentos”. Seguindo esse mesmo raciocínio, a construção de uma ponte que finalmente cruzaria o rio Potengi foi considerada uma obra de grande importância para a integração da capital:

Na própria cidade de Natal, afóra a linha de ligação acima indicada, ha varios melhoramentos de monta que dizem principalmente respeito ás multiplas installações da Praça Silva Jardim, e a ponte sobre o rio Potengy. (Relatório do Ministro da Viação e Obras Públicas Augusto Tavares de Lyra, 1915)

No ano de 1915 várias obras do parque ferroviário na Esplanada Silva Jardim já haviam sido concluídas, como as oficinas, a rotunda para máquinas, a ponte de atracação, o almoxarifado, o reservatório para água e os depósitos para carros. Outros trabalhos encontravam-se em iminente avanço como as obras de construção da ponte sobre o Rio Potengi e “outras instalações da Praça Silva Jardim” (BRASIL…, 1915).

Com a conclusão da ponte de Igapó, em 1916, finalmente a esplanada Silva Jardim poderia ser ligada diretamente aos trilhos da Ferrovia.

As linhas, depois de construída a ponte, margeariam o Rio Potengi em direção à Esplanada Silva Jardim, onde vários edifícios das oficinas já haviam sido erguidos e em fase de finalização estava o da estação central, também sede administrativa da companhia.

Enquanto que a instalação do parque da Central na Esplanada Silva Jardim demandava discussões acerca da propriedade das terras sob sua influência e aprofundava a segmentação espacial entre as Rocas e a Ribeira – uma vez que representava um novo elemento de fronteira entre as duas frações urbanas –, a consolidação do parque e da linha da Great Western no traçado urbano de Natal vinha ocasionando consequências significativas.

A questão das disputas fundiárias alimentadas no processo de implantação do complexo ferroviário na Esplanada Silva Jardim é reforçada, posteriormente, no ano de 1918. No dia 25 de julho de 1918, é publicada por “A República” a sentença do juiz federal Meira e Sá, julgando improcedente a ação de manutenção de posse proposta pelo Dr. Bruno Pereira – advogado de Julius von Sohsten, arrendatário dos terrenos – contra a Companhia de Viação e Construções, empreiteira da E. F. Central do Rio Grande do Norte. A disputa judicial pela posse das terras tem início a partir do momento que é iniciada a construção de um cais – feito do enrocamento de pedras – e de um depósito de materiais para a estrada de ferro pela Construtora Ferreira e Cia. no referido terreno. Esse cais seria responsável pela nova comunicação da linha da Central com o seu complexo viário, em detrimento da antiga conexão, que passava pela Rua do Comércio, na Ribeira.

Os veículos e as linhas depois de passarem pelas intervenções prometidas voltam a funcionar de maneira relativamente satisfatória. As linhas passando em frente às estações das estradas de ferro da Great Western, na Praça Augusto Severo, e da E. F. Central, na Esplanada Silva Jardim, faziam a integração entre o transporte interurbano com o intra-urbano, como demonstra o fragmento que noticia a chegada do governador Ferreira Chaves pela ferrovia (VARIAS, 1918, p. 01).

A manutenção da Estação da Pedra Preta e o acordo com a Great Western encareciam muito o funcionamento da EFCRGN. Era mais do que necessário ter uma ligação direta com a Estação Central e o parque ferroviário da Esplanada Silva Jardim, através da construção de uma estrada paralela à da Great Western, para assim suspender o custoso acordo

Na metade da década de 1920 as estruturas ferroviárias já se encontram de certa maneira consolidadas no contexto urbano da cidade do Natal. A instalação do complexo ferroviário na Esplanada Silva Jardim, da E. F. Central, já estava nessa época em pleno funcionamento, apesar de sua comunicação apenas ser possível com o restante da linha a partir da utilização de um trecho cedido pela Great Western Railway Company.

O complexo da E. F. Central de certa maneira, depois de consolidado, passa a exercer o papel de limite entre a Ribeira e as Rocas. Esse fato é reforçado quando é noticiado em outubro de 1925 o novo sistema de numeração das edificações na área urbana da cidade. Nele, é estabelecido como referência dois eixos imaginários formados pela Rua Silva Jardim e o seu prolongamento – norte-sul – e outro perpendicular à Silva Jardim tangenciando o Cais Tavares de Lyra – leste-oeste (NUMERAÇÃO…,1925).

Como a nova numeração iniciava-se a partir da Rua Silva Jardim, pode-se inferir que ela – onde se localizava o complexo da Central – representava o limite urbano da cidade, tornando-se assim o limiar entre a parte urbana e suburbana – Rocas. O complexo ferroviário e suas linhas reforçava esse papel. A comunidade das Rocas era uma fração urbana tão segmentada que apenas no ano de 1925 é que é inaugurada a energia elétrica em suas residências e logradouros, quatorze anos após a inauguração do serviço nos bairros oficiais natalenses. A solenidade do início do funcionamento da luz elétrica no “subúrbio” das Rocas, conta com a presença do então Governador do Estado José Augusto.

Nos anos subsequentes há a mobilização dos posteriores diretores da Central em solucionar esse inconveniente a partir da elaboração de propostas que permitissem um acesso mais apropriado às instalações da Esplanada Silva Jardim. Ao longo do restante da década de 1920 a principal medida nesse aspecto é o projeto de uma linha de contorno, atravessando a Cidade Nova. A linha, partindo do antigo entroncamento com a Great Western, continuava subindo o Baldo e virando na Rua Campos Salles, atravessando a Cidade Nova e se encontrando com o complexo ferroviário por sua extremidade norte. Alguns aspectos inadequados, entretanto, eram decorrentes dessa organização como o cruzamento da linha de bonde do Tirol, na Avenida Jundiaí, bem como, das avenidas Potengi, Seridó e Manoel Dantas. A linha chegou a ser parcialmente construída, tendo o seu leito preparado, porém a solução não foi de fato implementada.

Em 1934, a situação ainda gerava acaloradas discussões, em virtude da continuidade na dificuldade de acesso às instalações ferroviárias da Central. O novo diretor da estrada, o engenheiro Teixeira Brandão, discute nos órgãos de imprensa a viabilidade de novos projetos para a linha no âmbito intra-urbano da cidade do Natal. Também é relatado o porquê do abandono nas obras da linha de contorno à estação da Esplanada Silva Jardim.

A solução mais viável, de acordo com o engenheiro, seria a construção de um edifício que abrigasse as funções de estação e de administração da E. F. Central localizado no parque da Great Western. No parque da Central, na Esplanada Silva Jardim, se localizariam apenas os depósitos de tração. As oficinas seriam transferidas para Extremoz, onde segundo Brandão “há agua abundante e boas condições de vida para o operariado”. Os depósitos dos carros seriam construídos no quilômetro dois, onde haveria abundância de terreno disponível para desapropriação.

As diversas alternativas de ligação com o parque, contudo, não são colocadas em prática. A conexão com o parque continua a ser efetivada através da Rua do Comércio e pelo trecho parcialmente construído do cais de atracação até a paralisação dos serviços ferroviários na década de 1950. O agenciamento com as estações e os seus respectivos parques recebem um novo reforço a partir da abertura de novas avenidas, como a Avenida do C.G. 145, margeando a estrada de ferro e inaugurada em 16 de janeiro de 1936, na ocasião da inauguração do primeiro coletor de esgotos, projeto
incluso nas obras de abastecimento e saneamento do Escritório Saturnino de Brito em Natal – tomando como base o estudo feito pelo engenheiro Henrique de Novaes, em 1924.

Paralelamente, no campo da habitação social, o governo estadual indicou a construção, em 1910, de três vilas operárias82 com boas condições de salubridade, sendo servidas de água e esgoto, e com um grande pátio central bem iluminado, ventilado e comum às pequenas habitações (RIO GRANDE DO NORTE, 1910, p.19). Foi a partir da formulação dessa proposta que o Estado passou a atuar de forma mais diversa, propiciando soluções aos problemas do habitar, sobretudo, aos relativos às classes mais carentes.

É interessante notar que tanto a população das Rocas, quanto a do Alecrim é descrita como formada principalmente por classe operária, boa parcela dessa população sendo composta por ferroviários. Em virtude dessa forte característica e da proximidade aos equipamentos das estradas de ferro – complexo ferroviário e oficinas – serão construídas, durante a década de 1950, duas vilas ferroviárias nesses respectivos bairros, consolidando, assim, a ocupação ferroviária existente neles desde a inauguração dos primeiros mecanismos das estradas no ambiente urbano de Natal. Esse ponto corresponde justamente ao cruzamento de duas das principais avenidas da cidade: a Avenida Sachet, construída no triênio de 1905 a 1907, e que interligava a Praça Augusto Severo – onde se localizava o parque da Great Western – à Esplanada Silva Jardim – localização do parque da E. F. Central – e a Avenida Tavares de Lira, importante artéria onde se localizavam vários equipamentos como a sede dos telégrafos, da Repartição de Serviços Urbanos, o Banco do Brasil e o Cais Tavares de Lira. Ambas essas avenidas eram servidas pelo transporte intra-urbano dos bondes elétricos.

Nos anos seguintes, não haverá projetos de integração e o parque ferroviário da esplanada Silva Jardim continuará isolado do tráfego pleno da EFCRGN, o que o salvará das inúmeras modificações que esse tipo de equipamento geralmente sofre por conta das necessidades do tráfego, constituindo-se atualmente em um dos poucos conjuntos arquitetônicos ferroviários completos no Brasil.

Estação aérea do parque ferroviário da esplanada Silva Jardim. Fonte: BRITO FILHO, Francisco Saturnino de.  O problema do destino dos esgotos em Natal.  Revista Municipal de Engenharia. 
PDF, Rio de Janeiro, n.1, vol V, p.37-38, jan. 1938. (Banco de Imagens HCURB/UFRN) 
A velha oficina de trens é uma construção de formato semicircular, por isso chamada de rotunda. Foi construída no começo do século XX, e funcionou até 1974, passando depois por um longo período de abandono. Ela fazia parte do chamado Complexo da Esplanada Silva Jardim, que compreendia o escritório central (o imponente prédio onde hoje funciona o DNOCS), almoxarifado, carpintaria, a caixa d’água de ferro, e o tanque de combustível. Todo esse conjunto atuava para manter a indústria ferroviária da época – com o perdão do trocadilho – nos trilhos. Oficinas metálicas e Rotunda do Pátio da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (também conhecida como Sampaio Correia) na Esplanada Silva Jardim, anos 1940.
Fonte: Acervo HCUrb. Nota: Elaboração do autor sobre o mapa do Plano de Sistematização de Henrique de Novaes para Natal, de 1924. Cidade Nova demarcada em laranja.
Vila ferroviária das Rocas nas proximidades do parque da E. F. Central, na década de 1950, E. F. Sampaio Correia. Fonte: Google Earth (Dezembro/2011). Nota: Marcações feitas pelo autor.
Vista parcial do bairro da Ribeira. Casas da Silva e Jardim no canto inferior direito, na década de 1940. Fonte: JAECI, 2006
Esplanada Silva Jardim, Ribeira/Rocas
Esplanada Silva Jardim (Ribeira).

O prédio do antigo Quartel da Ribeira

O prédio do antigo Quartel da Ribeira, que na época se chamava Batalhão de Segurança começou a ser construído no ano de 1894 para servir de Quartel para a PM. Sua obra foi paralisada por um tempo, sendo reiniciada em 1896.

Finalmente com a finalização das obras o Quartel foi inaugurado em março de 1898, mais precisamente na esquina da Rua Frei Miguelinho com Esplanada Silva Jardim, no bairro da Ribeira em Natal/RN.

O prédio permaneceu como Quartel do Comando da PM até o final de 1907, quando o Governo do Estado resolveu vende-lo ao Governo Federal, especificamente ao Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas, a fim de servir com sede da repartição do melhoramento do Porto da Capital. Atualmente o prédio abriga um sindicado ligado à trabalhadores portuários.

Do Quartel da Ribeira a PM foi abrigada no Prédio da Avenida Rio Branco, no bairro Cidade Alta, onde permaneceu por cerca de três anos, quando foi transferida para o andar térreo do Palácio do Governo.

Segundo Consta em livros de Câmara Cascudo, Frei Miguelinho nasceu nas imediações do Prédio da Ribeira, motivo pelo qual colocaram uma placa na parede lateral do prédio alusiva ao centenário do seu nascimento.

Apesar das várias modificações feitas na estrutura do prédio, onde janelas da fachada principal foram fechadas e os torreões existentes na parte superior que marcavam seu inconfundível estilo arquitetônico foram eliminados, a placa alusiva ao centenário de Frei Miguelinho, permanece lá até hoje.

Esplanada Silva Jardim, Ribeira Uma da mais belas fotos da Natal antiga
Esplanada Silva Jardim com Rua Frei Miguelinho (antiga 13 de Maio), Ribeira.
Ao fundo, vê-se famosa árvore que dava sombra a uma das mais antigas feiras de Natal, A Feira da Tatajubeira
Rua Frei Miguelinho com Esplanada Silva Jardim, Ribeira, mostrando parte do Batalhão de Segurança e, ao fundo, a árvore embaixo da qual se fazia a feira mais antiga de Natal, a Feira da Tatajubeira. Foto publicada em 1907.
As diversas transformações ocorridas ao logo do tempo, inclusive com a abertura de vias como a Esplanada Silva Jardim, fizeram desaparecer a antiga residência da família de Frei Miguelinho. Hoje na esquina da rua Frei Miguelinho com a Esplanada Silva Jardim, onde existia o Quartel do Batalhão de Segurança (atual sede do Sindicato dos estivadores) encontra-se uma placa em homenagem ao filho mais ilustre nascido naquele local. Esplanada Silva Jardim, esquina com a rua Frei Miguelinho
Batalhão de Segurança, Esplanada Silva Jardim, Ribeira. Esquina com Frei Miguelinho.
Colorizada
ANTIGO QUARTEL DO BATALHÃO DE SEGURANÇA (Esplanada Silva Jardim, bairro Ribeira). Fonte: Coronel da PMRN Ângelo Mário de Azevedo Dantas
A placa homenagem ao Padre Miguelinho foi afixada no local em 1906. Ela ainda permanece lá.

Antigo Escritório da Estrada de Ferro

O antigo prédio da Estação Central da Estrada de Ferro, que funcionou como estação de passageiros, escritório da Estrada de Ferro Central do Rio Grande, situado na Esplanada Silva Jardim, foi construído no início do século XX. Segundo Nesi (1994), sua inauguração ocorreu provavelmente em junho de 1906, por ocasião da visita a Natal do então presidente da República, Afonso Pena.

Ainda em 1906, a inauguração da Estrada de Ferro Central contou com a presença do então presidente eleito Affonso Penna. O primeiro trem partiu no dia 13 de junho da Estação Aldeia Velha, na Ilha da Coroa, situada à margem direita do estuário do rio Potengi. Mas, a inauguração oficial aconteceu quando a comitiva composta pela imprensa, pessoas do comércio e da indústria local e representantes da construtora da Estrada de Ferro Central e da administração da “Great Western”, chegou a Estação de Extremoz. Durante a visita à Natal, o presidente participou também da inauguração do prédio do Escritório da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, localizada na Esplanada Silva Jardim, no bairro da Ribeira.

A construção do prédio foi comandada pelo engenheiro Sampaio Correia que, a partir de 1904, chefiou em Natal uma comissão de obras contra as secas com a incumbência de, entre outras atividades, construir uma ferrovia.

Um acordo feito 1913 entre Great Western do Brasil-GWBR (1901-1939) e a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN (1939-1950) permitiu que o trafego das duas ferrovias fosse realizado mutuamente pela estação da Ribeira. Até então, o trafego de passageiros da EFCRGN era feito pela estação provisória em um prédio cedido pela GWBR enquanto não se concluía a estação central da EFCRN na Esplanada Silva Jardim, nas Rocas, já o trafego de cargas era feito pela estação da Coroa na margem esquerda do rio Potengi.

A manutenção da Estação da Pedra Preta e o acordo com a Great Western encareciam muito o funcionamento da ferrovia. Era mais do que necessário ter uma ligação direta com a Estação Central e o parque ferroviário da Esplanada Silva Jardim, através da construção de uma estrada paralela à da Great Western, para assim suspender o custoso acordo.

A ligação da esplanada Silva Jardim com a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte incluía a construção de um muro de arrimo à beira rio, que partiria do pátio da Great Western até a ponte de atracação do Porto de Natal. No entanto, essa ligação não seria tão pacífica, porque dessa vez a linha se confrontaria com várias instituições locais que dependiam da servidão do rio para o desempenho de suas funções.

O projeto final era composto por dois tipos de muro, um feito de enrocamento de pedras que terminava na altura da estação provisória da EFCRGN e outro, muito mais caro, que criava um cais desse ponto até a ponte de atracação do Porto de Natal. A ferrovia agora era responsável pela regularização do contato da cidade com o rio, criando um grande muro de atracação, que em um primeiro momento, serviria aos comerciantes da rua do Comercio, mas que no futuro seria a continuação natural do moderno porto da capital.

Todos esses conflitos, enfrentados na instalação do parque ferroviário da esplanada Silva Jardim, vêm demonstrar que essas obras federais, com outra escala de impacto no tecido urbano, não foram tão bem recebidas pelos poderes locais. O processo de assimilação dessas intervenções pelos atores locais não foi unânime, e os interesses particulares de cada um deles vieram à tona em diversos momentos. A cidade funcionava estruturada em torno desses “pequenos poderes” que de certa forma tinham voz e poder de ação.

Nos anos seguintes, não haverá projetos de integração e o parque ferroviário da esplanada Silva Jardim continuará isolado do tráfego pleno da EFCRGN, o que o salvará das inúmeras modificações que esse tipo de equipamento geralmente sofre por conta das necessidades do tráfego, constituindo-se atualmente em um dos poucos conjuntos arquitetônicos ferroviários completos no Brasil.

Com a conclusão da ponte de Igapó, em 1916, finalmente a esplanada Silva Jardim poderia ser ligada diretamente aos trilhos da Ferrovia. Mas a integração com a esplanada não seria tão simples. Enquanto não se concluíam os estudos e as desapropriações necessárias para ligar a linha ao pátio, foram feitas algumas improvisações. Ali, em 1916 foram construídas as oficinas da estrada, anexas ao prédio e destinadas à manutenção dos trens.

Até 1917, a estação que recebia todo o fluxo de passageiros e mercadorias da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (EFCRGN) era a da Pedra Preta, mais conhecida como Estação do Padre, situada na margem esquerda do rio Potengi, de onde se atravessava para Natal através de embarcações.

Inaugurada a ponte férrea unindo as margens do Potengi em Igapó, a estação de Natal, ou a que deveria ser o ponto de partida da E. F. Central do Rio Grande do Norte, foi inaugurada no dia 02 de junho de 1917 . Na verdade nunca chegou a ser uma estação, mas que deixou em suas adjacências, caminhos e ruas, um parque ferroviário que levou desenvolvimento ao lugar. O prédio, de fato, foi projetado para ser a estação terminal da Central, mas ele nunca chegou a ser utilizado, permanecendo a antiga estação para receber o trafego da Great Western e da Central.

Este prédio foi concebido juntamente com um parque ferroviário de grandes proporções, na esplanada Silva Jardim – que fazia parte de um conjunto de ações da Inspetoria de Obras contra as secas (IFOCS) – com rotunda, oficinas, marcenaria, caixa d’água, carvoeira, cujos prédios continuam de pé e intactos.

Nas palavras de Nesi, (1994, p.58), “trata-se de um prédio majestoso, com partido de planta regular desenvolvido em dois pavimentos […], de composição perfeitamente simétrica, […] encimado por uma torre […] que quebra a horizontalidade […] dando equilíbrio à edificação”.

Em 1950, a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte passou a denominar-se Estrada de Ferro Sampaio Correia. Em 1968, o prédio do escritório da ferrovia foi desativado e transformado em escola. Seu tombamento, por legislação estadual, ocorreu em 24 de outubro de 1987. Passo importante para preservar o nosso patrimônio arquitetônico.

Em 1968, aquele prédio foi desativado como escritório da Estrada de Ferro, passando então a abrigar algumas repartições públicas.

Mais tarde, em 1978, passou a abrigar uma escola da rede estadual e é tombado pelo Patrimônio Estadual. Trata-se de um prédio majestoso, com partido de planta retangular, desenvolvido em dois pavimentos. Possui fachada de composição perfeitamente simétrica, em relação ao acesso principal, que é feito através de um pórtico de entrada, em arcadas, encimado por uma torre central.

Estação Central da EFCRGN Esplanada Silva Jardim, Rocas
Inspectoria Federal de Obras Contra as Seccas – IFOCS (Obra construída para sede da Estação da Estrada de Ferro Central do RN e nunca usada para tal fim)
Esplanada Silva Jardim, Rocas
Estação Central da EFCRGN Esplanada Silva Jardim, Rocas Não teve serventia como tal. O povo a achava longe demais. Funcionou então como IFOCS – Inspectoria Federal de Obras contra as Secas.
Predio que foi projetado para a Estação Central da EFCRGN. O prédio segue a tipologia clássica das Estações de trem, possuindo ainda uma torre que receberia um relógio, que seria um novo marco de referência na cidade. Atualmente está desocupado. Foto: Thaysa Fernandes, 2006. 
Antigo Escritório da Estrada de Ferro. Foto: arquivo da SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo.
A integração do parque ferroviário da Esplanada Silva Jardim com os trilhos da
EFCRGN não será feita nos anos seguintes. O crescimento da cidade tomará outro rumo, orientado pelas novas estradas de rodagem. As oficinas serão utilizadas até meados da década de 1970 e o prédio da estação, depois de sediar os escritórios da EFCRGN e depois do IFOCS, abrigará uma escola da rede estadual de 1978 até 2006. Atualmente, o prédio está tombado em nível estadual e prestes a receber um museu de Arte Popular da Fundação José Augusto. Apesar do esforço louvável dessa instituição em preservar essa edificação especificamente, não é reconhecida a integração dos outros prédios do parque com a Estação, os quais, reunidos, constituem-se atualmente em um raríssimo conjunto ferroviário intacto.
ANTIGO ESCRITÓRIO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA (Bairro Rocas) Foto: Acervo SEMURB
Túnel do tempo: antiga sede do IPASE, na Esplanada Silva Jardim, Ribeira. Atualmente desocupado ( fonte foto p&b colorizada João Gothardo Dantas Emerenciano / atual: Google )

PRÉDIO DA DELEGACIA FISCAL DO TESOURO NACIONAL

O edifício da Delegacia da Receita Federal foi construído na Silva Jardim, nº 83, em 1928, com a finalidade de abrigar a Alfândega de Natal. Sua inauguração ocorreu aos 15 de dezembro de 1928. Trata-se de uma edificação de significativo valor arquitetônico, implantada no alinhamento da rua e desenvolvida em dois pavimentos. Possui fachada simétrica, emoldurada por cornijas e cunhais. Uma pequena escadaria de acesso valoriza a entrada principal do edifício, que é feita através de uma porta ligeiramente arqueada, de grade de ferro, com as iniciais AN (Alfândega de Natal). Essa porta localiza-se na parte central do edifício e é ladeada por duas colunas, cuja função é a de apoiar a sacada do pavimento superior.

Criada em 31/01/1898, como Delegacia Fiscal do Tesouro Federal o órgão sofreu ao longo do tempo mutação em seu próprio nome e atribuições.

Inicialmente esteve sediada no prédio onde hoje o Memorial Câmara Cascudo, na Praça André de Albuquerque. Depois de alguns decretos e disposições legais que modificaram as suas atribuições, era mudado em 29/04/1954, para Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional.

Segundo Jeanne Nesi (1994, p.115): trata-se de um prédio de expressivo valor arquitetônico. Apresenta uma fachada, cuja frente e laterais assumem um único bloco. Implantado no alinhamento da rua, o prédio da Delegacia Fiscal apresenta partido de planta quadrangular, desenvolvido em três pavimentos. Uma barra de mármore com aproximadamente 1,80m reveste toda sua parte inferior externa.

Possui cobertura por platibanda e uma única marquise, que contorna toda a parte superior do prédio.

A Delegacia Fiscal foi oficialmente inaugurada às 15:00 horas do dia 10 de julho de 1955, com a presença do Dr. Mário Câmara, representando o Presidente da República Café Filho, recebeu as bênçãos do bispo – auxiliar da época, Dom Eugênio de Araújo Sales.

Trata-se de um prédio de expressivo valor arquitetônico. Apresenta fachadas principal e laterais assumindo um único bloco. Acha-­se implantado no alinhamento da rua e possui planta quadrangular, desenvolvida em três pavimentos. Seu aspecto externo é harmonioso e monumental. Uma barra de mármore, com aproximadamente 1,80 metro, reveste toda sua parte inferior externa. Possui cobertura arrematada por platibanda e uma única marquise, que contorna toda a parte superior do prédio. Logo abaixo da marquise, sobre a entrada do edifício, encontra-se o brasão da República e, nas laterais, inscrições que identificam o prédio: Ministério da Fazenda – Delegacia.

O prédio da Delegacia Fiscal não é tombado pelo patrimônio histórico. Continua desenvolvendo a mesma função para a qual foi construído. Na sua parte frontal encontra o brasão da república.

Localizado na Esplanada Silva Jardim, n° 109, no bairro da Ribeira. Sua construção foi iniciada em 1949 e concluída 06 anos depois. O prédio da Delegacia Fiscal do Ministério da Fazenda é um belo exemplar da arquitetura de estilo clássico.

As instalações foram reformadas, no imponente prédio da Esplanada Silva Jardim.

Atualmente no edifício funciona a Delegacia do Ministério da Fazenda do Rio Grande do Norte.

Prédio da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional. Foto: arquivo da SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo.

PRÉDIO DA RECEITA FEDERAL

Localizado na Esplanada Silva Jardim, n°83. Foi construído em 1928, para ser alfândega de Natal. Em 1939, o edifício foi restaurado e reinaugurado em janeiro de 1940.

Trata-se de uma edificação de significativo valor arquitetônico. Possui fachada simétrica, emoldurada por cornijas e cunhais. Uma pequena escadaria de acesso valoriza a entrada principal do edifício, que é feita através de uma porta, ligeiramente largulada, de grade de ferro, com as iniciais NA (Alfândega de Natal). Essa porta localiza-se na parte central do edifício e é ladeada por duas colunas, cuja fundação é apoiar a sacada de pavimento superior (NESI, 2002, p.124).

Em 20/03/1926 foi aberto um edital de concorrência pública para a construção do edifício da Alfândega de Natal. No dia 15/06/1928 foi solenizado o ato de lançamento da pedra fundamental do edifício da Alfândega de Natal, cuja construção foi encarregada ao engenheiro Otávio Tavares.

Ao ato estiveram presentes o presidente do estado, Juvenal Lamartine, os auxiliares do governo, altas autoridades federais e estaduais e outras pessoas de representação.

Usou a palavra, em primeiro lugar, o delegado fiscal do Tesouro Nacional, que explicou a finalidade da solenidade.

Em seguida, falou o presidente Juvenal Lamartine congratulando-se com o Estado pelo grande melhoramento e enaltecendo a ação do presidente da República, no acontecimento.

Por fim o engenheiro Otávio Tavares agradeceu o comparecimento das autoridades presentes.(O PAÍZ, 16/06/1928, p.7).Em 26/06/1928 a delegacia fiscal recebeu o crédito de 380 contos de réis destinados a construção do novo edifício da Alfândega de Natal. Em 1929 o ministro da Fazenda, Oliveira Botelho, recebeu de Natal o seguinte telegrama: “Tenho a honra de comunicar a V. Ex., que acabo de receberas chaves do novo edifício da Alfândega de Natal, cujas obras estão concluídas e feias sob minha responsabilidade de acordo com a ordem de v. Ex., prevalecendo-me do ensejo, cumpro o dever de apresentar a V Ex., meus melhores votos de perenes felicidades no ano que hoje começa. Saudações respeitosas (a) Alexandre Colares, Delegado Fiscal”. ( JORNAL DO BRASIL,05/01/1929,p.10). O edifício da Alfândega de Natal, era o primeiro entre outros diversos, cuja reconstrução foi autorizada e iniciada na administração do Sr. Oliveira Botelho.

Segundo o jornal do recife o diretor geral da Fazenda Nacional autorizou transferência da alfândega de Natal para um prédio particular, visto achar-se em ruínas o prédio próprio nacional em que funcionava aquela repartição e não haver outro imóvel da União disponível na capital.(JORNAL DO RECIFE, 21/10/1937,p.1).Já em 1940 a Alfândega de Natal voltou a funcionar no antigo prédio reconstruído na administração do inspetor Eurico Seabra.

Após importantes melhoramentos no prédio da Alfândega, situado a Esplanada Silva Jardim, a repartição voltaria a funcionar ali a partir do dia 29/01/1940.O ato de reinstalação seria solene e se realizaria as 14h00 com a presença de autoridades, chefes e funcionários das repartições. (A ORDEM, 27/01/1940, p.1).Entre os presentes estavam o interventor federal, Rafael Fernandes, o representante do bispo, mons. Alfredo Pegado.

Inaugurando os melhoramentos do prédio, o inspetor da Alfândega, Eurico Seabra Melo, proferiu um discurso historiando a marcha dos trabalhos até sua conclusão. As obras foram autorizadas pelo Presidente da República, a vista de exposição de motivos do ministro da Fazenda. Foram confiados os serviços a direção técnica dos engenheiros Gentil Ferreira de Souza e Alvim Schinmelphheng, sendo executados pelos construtor Carlos Lima. O valor das obras foi de 60:000$000.(A ORDEM,29/01/1940, p.1).

Vencendo o tempo, o prédio da Receita Federal guarda seu traçado original. Não é tombado como Patrimônio Histórico.

Edifício Fernando Costa

O Edifício Fernando Costa é a sede do Ministério da Agricultura em Natal, está localizado na Avenida Engenheiro Hildebrando de Góis, Bairro da Ribeira.É uma dos prédios que representa a arquitetura modernista da década de 1930 em Natal, quando a capital potiguar passava por transformações estruturais para se adequar as modernidades do tempo.

Vamos conhecer a historia desse edifício? Perante grande número de autoridades federais, estaduais e municipais, incluindo o Interventor federal, representantes da imprensa realizou-se em 09/12/1939 as 16h30 o lançamento da pedra fundamental do Edifício Fernando Costa na Esplanada Silva Jardim, na Ribeira.

No prédio funcionariam todas as dependências do Ministério da Agricultura com sede em Natal. A cerimônia se revestiu de brilhantismo, tocando no ato a banda de música da Força Pública Militar.(A ORDEM, 09/12/1939, p.1).

O Edifício Fernando Costa teve esse nome em homenagem ao então ministro da Agricultura que lhe denomina. O ministro Fernando Costa esteve em Natal em 09/02/1940 onde visitou as obras do edifício em construção.

O majestoso prédio foi construído em belas linhas arquitetônicas, com 4 pavimentos, de cimento armado.

Na parte superior foi instalado os serviços de meteorologia. Sendo o primeiro no gênero que se construiu no país, estando sua capacidade em perfeita coordenação com a finalidade a que se destinava.

Foi escolhido o dia 13/12/1940 para a sua inauguração, por coincidir com o terceiro ano de gestão do titular da pasta da Agricultura. O programa da solenidade de inauguração constou do seguinte:

As 16h00 saiu o Interventor Federal, os representantes do Ministro Fernando Costa, o secretário Geral do Estado, o chefe de fomento Agricola e comitiva partindo do Grande Hotel como destino ao Edificio a ser inaugurado.

Lá chegando, seriam recebidos por uma comissão. Usou da palavra o dr. Juvencio Mariz, entregando ao terminar se sua fala, as chaves do edifício ao representante do Ministro da Agricultura .Este, por sua vez, declarou inaugurado, em nome do Ministro, iniciando-se logo depois a visita ao prédio pelas autoridades e convidados.

Chegando ao teraço do prédio, o Interventor Federal, Rafael Fernandes, procedeu ao arriamento da bandeira nacional, ao som do respectivo hino, executado pelas bandas do 29º B.C e da Força Policial. Após essas cerimônia, todos desceram ao salão nobre onde foi aposto o retrato do presidente da República e do ministro Fernando Costa.

Ao champagne, o interventor federal brindou ao presidente da República e ao Ministro da Agricultura. Depois que as autoridades se retiraram do prédio o mesmo foi liberado para visitação pública.(A ORDEM, 12/11/1940, p.1).

O NOVO EDIFÍCIO DO BANCO DO BRASIL

Em 1936 havia sido adquirido pelo Banco do Brasil o terreno situado na Avenida Nísia Floresta, esquina com a rua Silva Jardim, em que seria em breve construído o novo edifício onde funcionaria a agencia local do referido banco.

Segundo o jornal A Ordem a construção do novo prédio viria dota a capital potiguar de mais um melhoramento. Por sua vez a agência do referido banco ficaria otimamente instalada e em trecho onde já se achavam funcionando os Correios e Telégrafos em sua nova sede (A ORDEM, 13/11/1936, p.1).

Fontes:

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A eletricidade chega à cidade: inovação técnica e a vida urbana em Natal (1911-1940) / Alenuska Kelly Guimarães Andrade. – 2009.

Antônio da Silva Jardim – Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_da_Silva_Jardim – Acesso em 21/01/2022.

Anuário Natal 2009 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2009.

Anuário Natal 2007 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2008.

A MODERNIZAÇÃO DA CIDADE DO NATAL: O AFORMOSEAMENTO DO BAIRRO DA RIBEIRA (1899-1920). LÍDIA MAIA NETA. NATAL/Dez/2000.

Caminhos que estruturam cidades: redes técnicas de transporte sobre trilhos e a conformação intra-urbana de Natal / Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros. – Natal, RN, 2011.

Dos caminhos de água aos caminhos de ferro: a construção da hegemonia de Natal através das vias de transporte (1820-1920) / Wagner do Nascimento Rodrigues. – Natal, RN, 2006.

Esplanada Silva Jardim, Ribeira – Protwitter – http://protuitter.blogspot.com/2011/04/esplanada-silva-jardim-ribeira.html – Acesso em 19/01/2022.

Habitação Social: origens e produção (Natal, 1889-1964). Caliane Christie Oliveira de Almeida. SÃO CARLOS. SETEMBRO, 2007.

Mapeamento Grupos Organizados da Sociedade Civil: Ribeira. Plano de eabilitação de Áreas Urbanas Centrais. MAPEAMENTO GRUPOS ORGANIZADOS DA SOCIEDADE CIVIL. Maria do Livramento Miranda Clementino e Silvana Pirillo Ramos.

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Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/ Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.

Natal, outra cidade! [recurso eletrônico] : o papel da Intendência Municipal no desenvolvimento de uma nova ordem urbana na cidade de Natal (1904-1929) / Renato Marinho Brandão Santos. – Natal, RN : EDUFRN, 2018.

Natal também civiliza-se: sociabilidade, lazer e esporte na Belle Époque Natalense (1900-1930) / Márcia Maria Fonseca Marinho. – Natal, RN, 2008.

Bibliografia:

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BRASIL. Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil pelo ministro de Estado da Industria, Viação e Obras Publicas dr. José Barboza Gonsalves. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1912.

BRASIL. Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil pelo ministro de Estado da Industria, Viação e Obras Publicas dr. José Barboza Gonsalves. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915.

Linhas convulsas e tortuosas retificações Transformações urbanas em Natal nos anos 1920.George Alexandre Ferreira Dantas. São Carlos – SP. Outubro de 2003

NESI, Jeanne Fonseca Leite. . Natal: Fundação José Augusto; APEC, 1994.

NUMERAÇÃO da cidade A Republica, Natal, ano 37, 5 abr. 1925

(POR) ENTRE PEDRA E TELA: a construção de uma memória republicana (Natal – 1906-1919). DIEGO SOUZA DE PAIVA. Natal. 2011.

RODRIGUES, Wagner do Nascimento. Dos caminhos de água aos caminhos de ferro: a construção da hegemonia de Natal através das vias de comunicação (1820-1920). 2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006.

VARIAS, A Republica, Natal, ano 30, n.117, 27 maio 1918.

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