Coronel Aureliano Clementino de Medeiros

Coronel Aureliano Clementino de Medeiros foi presidente da Intendência de Macaíba, comerciante de destaque na capital norte-rio-grandense, sendo presidente da Junta Comercial e proprietário de uma loja de tecidos. Também investiu no ramo da construção civil, adquirindo e construindo várias propriedades, sendo listado entre os maiores contribuintes da décima urbana no ano de 1906 (Medeiros foi listado na sexta posição da lista, contribuindo com o valor de 247.200 réis de imposto de décima urbana. Ver: EDITAES. A Republica, Natal, 27 dez. 1906.), atuou ainda como gerente da empresa Ferro-Carril de Natal.

VIDA E OBRA

MEDEIROS, Aureliano Clementino de – Nasceu em Pilar-PB, a 14.07.1853, filho de Manoel Clementino de Medeiros e d. Alexandrina de Holanda Medeiros. A família transferiu-se para Macaíba (1868) onde, mais tarde, tornar-se-ia comerciante e constituiria considerável patrimônio.

O coronel Aureliano Medeiros foi casado duas vezes. Do primeiro casamento, com Apolônia, nasceram dois filhos, José Medeiros e Manoel Medeiros. Na verdade um casamento que não chegou a durar muito, chegando logo a viuvez.

Depois, o Coronel Aureliano Medeiros casou com D. Rosa Teixeira de Carvalho, do Engenho Cajupiranga, hoje São José de Mipibu. Desse casamento nasceram Irene, Olímpia, Amélia, Aurélia, Maria Leonor, Aureliano Filho, José Ulisses, João Batista de Medeiros e Oswaldo Medeiros. Foi a dona Rosa, a homenageada pelo Solar Bela Vista.

Os dois últimos citados no parágrafo anterior chegaram a estudar na Suíça, como recomendava ser feito com os filhos de gente de bem. Durante nove anos cursaram os estudos intermediários e chegaram a iniciar Engenharia e Medicina, retornando ao Brasil e abandonando os planos em razão da Primeira Guerra Mundial.

Da esquerda para a direita: Oswaldo, Aureliano Medeiros, Maria Rosa, Irene, Olívia e João Batista Medeiros. Família do coronel Aureliano Clementino de Medeiros, reunida em sua casa, hoje conhecida por Solar Bela Vista. Foto de João Galvão, 1915.

Aureliano Clementino de Medeiros iniciou a sua vida comercial em Macaíba, onde foi comerciante e presidente da Intendência (prefeito). Construiu o antigo cais e a ponte sobre o Rio Jundiaí. Mudou-se para Natal em 1908, passando a residir no prédio hoje denominado Solar João Galvão. Posteriormente, ocupou o Solar Bela Vista, que mandou construir e nele residiu até falecer.

Em Natal, foi proprietário da mais famosa loja da Natal da Belle Époque, a “Paris em Natal”. Possuiu inúmeros prédios no bairro da Ribeira e na Cidade Alta, na Praça Padre João Maria.
Assim como Juvino Barreto, foi um importante filantropo.

Seu filho Oswaldo era muito querido pela poeta Auta de Souza, vizinha da família em Macaíba, e para quem dedicou alguns poemas. Igualmente, dedicou poemas a esposa e filhas de Aureliano.
Apolônia, primeira mulher de Aureliano.

Em fins do século XIX, além de solidamente estabelecido no comércio e já próspero proprietário de imóveis, foi eleito Presidente da Intendência (Prefeito) naquele município em três gestões: 1898-1901, 1902-1904 e 1905-1907.

Entre outras intervenções, construiu a ponte sobre o Rio Jundiaí (1904). Findo o mandato, resolveu transferir-se para Natal. Aqui, montou uma loja de tecidos e investiu na construção civil, adquirindo e reconstruindo diversos prédios (todos da antiga travessa da Alfândega – cujo nome a Intendência local mudou para travessa Aureliano Medeiros – e alguns da Rua Dr. Barata), colaborando efetiva e eficazmente para a revitalização comercial daquele setor.

A sua gente cumpriu com o dever na luta pela libertação dos escravos e proclamação da república, tendo à frente de suas manifestações nesse sentido, entre muitos, Francisco de Paula Soares, Manoel Joaquim Freire(pai de Manoel Mauricio Freire) ,Luiz Maranhão, Antonio da Costa Alecrim, Vicente de Andrade Lima, Aureliano Clementino de Medeiros, Manoel Maurico Freire, Prudente Gabriel de Alecrim, João Soares da Fonseca Lima e, sobretudo, o comendador, Umbelino Freire de Gouveia de Melo – que foi meu bisavô materno – O ´padre José Dantas e Augusto Severo, todos fundadores do clube abolicionistas padre Dantas. O padre José Dantas e Augusto Severo, todos fundadores do clube abolicionistas padre Dantas. O comendador foi o primeiro presidente do clube e na sua gestão proclamou a libertação de todos os escravos no Município, a 06 de janeiro de 1888, seguindo exemplo do padre Dantas, que não só libertou os seus como também fez com que sua mãe e seus irmãos fizessem o mesmo seis meses e oito dias antes. FONTE: MENERVAL DANTAS – LIVRO.pg. 62,63.

Rua Cel. Pedro Soares, atual Rua João Pessoa, no final da década de 20. Cartão Postal – coleção O Potiguar.Em 1918 eram muito poucos os automóveis na cidade e todos sabiam quais eram: dos médicos Januário Cicco, Varela Santiago e mais: Aureliano Medeiros, Farache e Toselli além do próprio Cascudo pai.
Sra. Rosa e Coronel Aureliano Medeiros

PROPROETÁRIO DE TERRAS NATALENSES

Aureliano de Medeiros se destacou como enfiteuta, o primeiro sendo listado em 11 cartas de aforamento.

Nesse contexto instável e de transformação, emerge a figura do Dr. Januário Cicco, médico formado na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1906,
voltando a Natal para clinicar, instalando seu consultório na Avenida Duque de Caxias, na Ribeira. Preocupado com a desassistência aos doentes pobres-a elite tinha seus médicos particulares-, insistiu junto ao governador Alberto Maranhão para a construção de um novo hospital, em substituição ao da Salgadeira, intento alcançado com a compra de terreno no alto do Monte Petrópolis, facultando a construção do Hospital de Caridade Juvino Barreto, inaugurado em 1909. Esse terreno, no extremo norte do Monte, fora propriedade do industrial Juvino Barreto. Com a sua morte, os seus herdeiros, Alberto maranhão (genro), Pio Barreto (filho) e Inês Barreto (viúva), construíram casas de veraneio. Alberto Maranhão, antes de seu mandato, vendeu sua propriedade a um capitalista chamado Aureliano Medeiros por dez contos de réis. Ao assumir seu primeiro mandato como governador, e atendendo aos pedidos de Januário Cicco, o então governador resolveu comprar o terreno, o que também favorecera, obviamente, o capitalista Aureliano Medeiros. (SOUZA, Itamar de. Nova história de Natal. 2. ed. rev.atual. Natal: Departamento Estadual de Imprensa, 2008.p.392.). Negócio, então, e não doação. Trabalhando no hospital, durante cerca de 18 anos, como diretor e médico do HCJB, Januário Cicco assumiu não apenas o exercício da medicina no hospital como as diretrizes médicosanitárias da saúde pública da cidade , como evidencia seu projeto, de 1920, intitulado “Como se higienizaria a Cidade do Natal”.

Casa de campo de Alberto Maranhão, anterior a 1909. Fonte: MIRANDA, 1999, p. 67.

Um dos exemplos destacados pelo Diário foi a venda do sítio localizado no monte Petrópolis. Segundo esse periódico, Maranhão, ainda durante sua gestão como governador, vendeu essa propriedade ao renomado comerciante coronel Aureliano Medeiros por 10 contos de réis e, dias depois, comprou, agora em nome do governo do estado, a mesma residência por 17 contos. A matéria do jornal oposicionista insinuou que Alberto Maranhão aproveitou-se do cargo que ocupava para beneficiar-se do dinheiro público. Segundo esse jornal, o governador teria utilizado Aureliano Medeiros como uma espécie de “laranja”, para disfarçar o ganho que obteve com a transação. Segundo o Diário, a propriedade ainda continuava pertencendo a Alberto Maranhão, e a utilização de Aureliano Medeiros deu uma aparência de legitimidade à transação, quando, na prática, Alberto Maranhão teria lucrado nessa transferência sete contos de réis dos cofres públicos.

Foto do Hospital de Caridade Juvino Barreto, cerca de 1910. Fonte: BODAS de Ouro das Filhas de Sant’Anna, 1934, p. 121.
Belo Monte. Casa de veraneio do governador Alberto Maranhão onde fora a “tapera do Jacó”. Comprada por Aureliano Medeiros, foi vendida ao Estado para, em 1909, se tornar o Hospital da Caridade Juvino Barreto. O baixo da ladeira hoje é o encontro das avenidas Nilo Peçanha e Cordeiro de Farias. Foto cerca de 1902.

Em novembro de 1903, quando exercia seu primeiro mandato como governador, Alberto recebeu em enfiteuse um terreno de 847 m² em Cidade Alta, tendo como um de seus limites uma terra aforada por Inês Barreto Maranhão, sua esposa859. Por um terreno dessas dimensões, o governador deveria pagar como foro anual o valor de 4.235 réis anuais. Contudo, a documentação registrava como foro a quantia de 1.600 réis, quase 3 vezes inferior ao que deveria ser pago, o que pode indicar como o governador também tinha privilégios na política de acesso ao patrimônio foreiro natalense, certamente em virtude das boas relações que nutria com o presidente da Intendência, além de ter o poder de dissolver o Conselho municipal, e possuir parcelas expressivas de capital social e político. Em março de 1906 Alberto Maranhão alienou o domínio útil desse terreno a Aureliano Clementino de Medeiros, o mesmo que se envolveu, em 1908, na transação do prédio para construção do Hospital Juvino Barreto. A carta de aforamento não registrou o valor da transferência, o que impossibilita analisar se foi uma transferência não lucrativa do ponto de vista econômico e demonstra mais um exemplo de possível desorganização da municipalidade no registro de informações em documentos referentes à concessão de terras, o que poderia perpetuar irresoluções. Certamente a ausência dessa informação representava uma estratégia para beneficiar Medeiros, não fornecendo indícios na documentação de uma transação que prejudicava os cofres municipais.

Como também foi elucidado, Alberto Maranhão alienou em março de 1906 seu terreno em Cidade Alta para Aureliano de Medeiros. Contudo, a documentação não registrou o valor e outras condições da referida alienação. O terreno de 1.523 m² de sua esposa foi alienado na mesma data a Aureliano, e também não foi registrada na documentação a quantia cobrada na transação884. Em 1913, os lotes transferidos, “por serem terrenos contíguos” (NATAL. Prefeitura Municipal do Natal. Carta de aforamento n.1330 CA, de 02 de maio de 1913. Natal: s.d. A nova carta também registrou foro inferior ao que deveria ser cobrado com base em regra de cálculo de resolução vigente à época.), foram reunidos e registrados em uma única carta. Diante disso, podem-se fazer os seguintes questionamentos: a ausência do valor da alienação na documentação seria fruto de mais um descuido da municipalidade no registro de informações sobre transações de seu patrimônio fundiário? Ou a não menção da quantia seria uma estratégia do casal para beneficiar Aureliano de Medeiros, mesmo prejudicando as rendas municipais?

O Diario mencionou Alberto Maranhão e o coronel Aureliano de Medeiros em mais uma possível venda fictícia de propriedade para benefício do então governador em 1908, adjetivando Aureliano como “contra parente” de Alberto Maranhão (DE oitiva, não. Diario do Natal, Natal, 25 abr. 1908.p.1. Vale ressaltar que apesar dessa menção no Diario não foram encontradas fontes que demonstrassem os vínculos de parentesco, ainda que distantes, entre Medeiros e Alberto Maranhão. Medeiros nasceu na Paraíba, mas transferiu-se ainda moço para a cidade de Macaíba e, posteriormente, para Natal, casando-se com uma norte-rio-grandense. Ver: ROSAS, José Tarcisio (Coord). Personalidades históricas do Rio Grande do Norte (séc. XVI a XIX). Op. cit., p.153.).

Alberto Maranhão possuía o equivalente a mais de 69 campos de futebol no padrão oficial atual, e a mais de 3.520 lotes destinados a habitações populares no início do século XX, em terras aforadas da Intendência de Natal. Vale salientar que Alberto também possuía o sítio Petrópolis em Cidade Nova, no lugar onde foi construído o Hospital Juvino Barreto, conforme representado na imagem acima. A carta de aforamento referente ao lote em que esse hospital foi construído não foi encontrada. Sabe-se, contudo, que em 1908, quando exercia o seu segundo mandato à frente do Executivo estadual, Alberto alienou o lote para Aureliano Clementino de Medeiros por 10 contos de réis (10:000.000) e, dias depois, adquiriu em nome do governo estadual o mesmo prédio por 17 contos de réis (17:000.000) visando reformá-lo para a construção do referido Hospital, inaugurado em 1909. De acordo com a denúncia do Diario do Natal, a venda para Medeiros foi uma espécie de fachada para que o então governador pudesse lucrar dos cofres públicos 7 contos de réis em um processo que fosse aparentemente lícito. Posteriormente, o Hospital e propriedades de membros influentes na sociedade, como os herdeiros de Pedro Velho, condicionaram a expansão da linha de bonde pelo Monte Petrópolis, construída em 1912.

Espacialização das terras aforadas por Alberto Maranhão em Cidade Nova e
Cidade Alta. Elaboração da autora sobre Planta cadastral e topográfica elaborada por Henrique de Novaes em 1924.

Dessa maneira, apesar de não terem sido encontradas fontes que indiquem de fato que as transações realizadas entre os Albuquerque Maranhão e Medeiros em 1906 foram características de um mercado pessoal, visando fortalecer os laços entre eles, a análise dos dados biográficos e das relações pode sugerir que de fato a supressão do valor nas duas transações de 1906 foi proposital. Aureliano de Medeiros, por sua vez, em 1908 possivelmente retribuiu essa boa relação com os Maranhão aceitando participar da negociata que rendeu ao então governador um lucro de 7 contos de réis na transação de um prédio para o governo estadual. Certamente as boas relações com os Albuquerque Maranhão devem ter facilitado suas atividades enquanto empreendedor do ramo da construção civil e gerente da Empresa que assinou com a municipalidade o direito de implementar as linhas de bonde, atividade que certamente lhe rendeu bons lucros, também valorizando as propriedades que possuía. As regras do jogo tinham sido assimiladas por Medeiros e pelos Albuquerque Maranhão, e mais uma vez o mercado de terras retroalimentava o jogo social existente em Natal nas primeiras décadas do século XX.

Contudo, é preciso frisar que nem sempre os bons laços entre os indivíduos envolvidos na compra e venda de terras do patrimônio foreiro significava que a transação não envolveria lucro econômico. Em geral, era possível observar esse comportamento quando os enfiteutas nutriam laços sociais e políticos. Entretanto, alguns exemplos demonstram que nem sempre esse comportamento era reproduzido. Em março de 1908, por exemplo, Inês Augusta Paes Barreto, irmã de Alberto Maranhão e mãe de Inês Barreto de Albuquerque Maranhão, alienou o domínio útil de um terreno de 441,93 m² na Ribeira pelo valor de 4 contos de réis (4:000.000) para o mesmo Aureliano de Medeiros (3NATAL. Prefeitura Municipal do Natal. Carta de aforamento n.26 R, de 04 de dezembro de 1903. Natal: s.d.) . Se for considerada a área do terreno e o fato da enfiteuta já ter alienado terrenos maiores por preços inferiores, é possível sugerir que de fato a transação com Medeiros foi lucrativa do ponto de vista econômico, o que pode indicar como um membro da família Albuquerque Maranhão não se envolveu em transações típicas de um mercado pessoal com Medeiros. Talvez o fato de Inês estar representando duas menores pode ter influenciado para que a transação fosse lucrativa economicamente, uma vez que ela atuou como representante de terceiros e não visando o fortalecimento de laços pessoais (Na documentação consta que Inês estava representando as menores Iara e Maria).

A TRAVESSA AURELIANO DE MEDEIROS

Em 1868 era publicado o ATLAS DO IMPÉRIO DO BRASIL, de autoria de Cândido Mendes de Almeida, no qual consta um mapa relativo à então província do Rio Grande do Norte. Encartadas no mesmo mapa, figuram uma planta de Natal e uma topografia do porto1. Pesquisas procedidas nos levaram a determinar o ano de elaboração do mapa: 1864, quando a província era presidida pelo Dr. Olinto José Meira.

No bairro da Ribeira já existiam os quarteirões que delimitam a Praça Augusto Severo de hoje, formando os seus lados Norte e Oeste. Também um trecho de casas, no local hoje correspondente à Travessa Aureliano Medeiros, em cujo final encontrava-se o prédio da Alfândega. Acompanhando o leito do Potengi existia a atual Rua Chile, antiga Rua da Alfândega ou Rua do Comércio, que terminava à altura do Beco da Quarentena.

Na tentativa de se estabelecer uma ou várias linhas de bondes, em Natal e subúrbios, apareceu o decreto de 06 de novembro de 1890, concedendo um privilégio por trinta anos a Ângelo Rosseli, mas, nada foi feito. Só após dezoito anos, ou seja, em 29 de março de 1908, no goveno de Alberto Maranhão, instalou-se a Companhia Ferro Carril do Natal S.A., sediada na rua Dr. Barata esquina com a travessa Aureliano de Medeiros. Os bondes eram puxados a burro e foram comprados no Belém do Pará. Cada burro custou 250$. A lotação dos bondes era de 24 passageiros pagando cada um, cem réis. O primeiro trecho do tráfego foi inaugurado a 07 de setembro de 1908, e ia da rua Dr. Barata até a praça Padre João Maria.

A influência de Aureliano de Medeiros no espaço social natalense era tamanha que a Intendência de Natal denominou de “Rua Coronel Aureliano” a antiga Travessa Chile do bairro Ribeira, visando exaltar as contribuições do referido coronel para o desenvolvimento das edificações no município uma vez que ele estava “procurando sempre reformar as casas de sua propriedade e construindo novos prédios em diferentes pontos da capital” (Ver Resolução n. 179. A REPUBLICA, Natal, 25 maio 1914).

Nas primeiras décadas do século XX existiam vários cafés na capital potiguar, políticos, jornalistas e intelectuais reuniam-se para conversar sobre assuntos diversos. Uma dessas casas comerciais era o Café Chile, de propriedade de Leonel de Barros, situado na Travessa Aureliano de Medeiros, no bairro da Ribeira. Diariamente, a casa comercial recebia deputados, senadores, magistrados e jornalistas. Além de café, o estabelecimento oferecia aos seus fregueses caldo de cana, refrigerantes, aperitivos e sucos.

Ubaldo Bezerra de Melo, proprietário das usinas de açúcar Santa Terezinha e Ilha Bela, em Ceará-Mirim, pioneiro da modernização da indústria açucareira do Estado. Presidente do Banco do Rio Grande do Norte (1930). Político, Interventor Federal no período de 13/02/1946 a 15/01/1947. Tinha escritório na Travessa Aureliano, Bezerra e Cia.

Natal crescia deixando para trás a fama de “Natal, cidade não há tal”. Surgiam outros lugares de moradia e comércio, nascia o Alecrim, as Quintas. Com as novas demandas, o poder público municipal começava a definir as funções das diversas regiões do perímetro urbano.

As ideias presentes no Plano de Sistematização também influenciaram a divisão administrativa de Natal no final da década de 1920. Exemplo disso é a Lei n.4 de setembro de 1929, que regulamentava construções, reconstruções, acréscimos e modificações de prédios. Era uma espécie de código de obras municipal que tentava facilitar o controle da urbanização de Natal.

Em 1929, o prefeito Omar O’Grady, preocupado com o ordenamento da urbe instituiu a Lei nº 04 que “dispõe sobre construções, reconstruções, acréscimos e modificações de prédios”. Esta lei é o primeiro instrumento legal a fazer o zoneamento da cidade. Ficava determinado que a cidade seria dividida em quatro zonas para facilitar a aplicação dessa lei: primeira zona ou central, segunda zona ou urbana, terceira zona ou suburbana e quarta zona ou rural, que teriam entre os seus limites:

a zona Central comprehenderá a área limitada ao Norte pelo actual bairro das Roccas (inclusive o mesmo); a Oeste pelo rio Potengy a partir do limite
Norte da cidade até a rua Aureliano de Medeiros e por esta até á Praça Augusto Severo, seguindo pela Avenida Junqueira Ayres, rua Padre João Manoel, Praça Gonçalves Lêdo até a Praça André de Albuquerque; ao Sul partindo da Praça André de Albuquerque pela Praça João Maria e rua Pedro Soares até a Avenida Rio Branco; a Leste, a partir da rua Pedro Soares pela Avenida Rio Branco, Praça Leão XIII, rua General Glycerio até atingir o limite do bairro das Roccas;

PLANTA CADASTRAL E TOPOGRÁFICA DE NATAL ELABORADA POR HENRIQUE DE NOVAES EM 1924. Fonte: MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. A Cidade Interligada. Op. cit., p.261.
Aspecto da Travessa Coronel Aureliano de Medeiros com a esquina da Rua Doutor Barata na Ribeira tendo em destaque o prédio da antiga loja Paris em Natal.

COMPANHA FERRO CARRIL DO NATAL

No ano de 1908 o governo municipal estabeleceu contrato com a Companhia Ferro Carril do Natal para a implantação dos bondes a tração animal. Vale salientar que a diretoria dessa Companhia era formada por nomes como Romualdo Galvão (presidente), Aureliano Clementino de Medeiros (gerente) e Afonso Barata (tesoureiro). José Calistrato Carrilho Vasconcelos e Francisco Vale Miranda compunham o conselho fiscal, aparecendo ainda Pio Barreto e Francisco Cascudo como suplentes. Entre os incorporadores da Companhia foram citados Olympio Tavares, João Chrisóstomo Galvão e Angelo Roselli (CASCUDO, Luís da Câmara. História da cidade do Natal. Op. cit., p.382.). Indivíduos que tinham relações estreitas com os Albuquerque Maranhão, que ocuparam cargos importantes na política local ou que se destacaram enquanto comerciantes ou proprietários em Natal.

A Companhia detinha o privilégio exclusivo durante 30 anos para explorar o serviço de transporte de mercadorias e passageiros em Natal, recebendo isenção de todos os impostos municipais, bem como o domínio útil dos terrenos e prédios necessários para o estabelecimento das linhas e desenvolvimento do tráfego (Conforme consta na Resolução n.122, ver: A REPUBLICA, Natal, 04 set. 1908.). A maioria dos sujeitos citados participando da Companhia encarregada do transporte urbano da capital, fosse como incorporador ou como membro da diretoria, envolveu-se na gestão local e apropriou-se, via enfiteuse, de parcelas consideráveis do patrimônio fundiário natalense.

Inicialmente, a primeira linha de bonde partia da rua Doutor Barata, no bairro Ribeira, e seguia até a praça André de Albuquerque, na Cidade Alta, interligando os dois bairros mais antigos da cidade. Posteriormente a linha foi prolongada, cruzando a avenida Rio Branco e tangenciando a praça Pio X. Até outubro de 1908 a linha inicial expandiu-se, seguindo pela rua Jundiaí até a avenida Oitava, nas proximidades do sítio Solidão, propriedade dos herdeiros da principal liderança dos Albuquerque Maranhão. Conforme anunciou Medeiros, certamente o desenho das linhas de transporte urbano tinha o objetivo de ligar os lotes aforados pelos sujeitos de destaque na política local aos bairros centrais da cidade. Afinal, o contrato envolvia a Intendência, que era dominada por parentes ou amigos com status de quase parentes dos Albuquerque Maranhão, e uma Companhia formada por indivíduos que também compunham ou se aproximavam da mesma rede. O jogo social existente em Natal não se dava apenas via cargos e apropriação do patrimônio fundiário. Envolvia contratos como o de implementação da linha de transporte, condicionando o vetor de expansão da cidade e valorizando as terras apropriadas por aqueles indivíduos que alimentavam esse sistema.

EMPREITEIRO

Em outubro de 1906 o empreiteiro Eduardo dos Anjos recebeu 2:794.800 réis para rebocar o muro de sustentação que ia da casa de Aureliano Medeiros ao canto da ladeira do Atheneu, na Ribeira, bem como para construir o passeio que acompanhava tal muro. Ainda em 1906 efetivou reparos no Cais Augusto Lyra, recebendo 2:233.000 réis. Também foi contratado, no mesmo ano, para reformar o Palácio do Governo, recebendo aproximadamente nove contos de réis por tal serviço, ver: SANTOS, Renato Marinho Brandão. Natal, outra cidade!. Op. cit., p. 101.

Antonio Soares, colaborador do Diario, criou a coluna Pelo Direito, assinando os artigos como Ascanio. Soares era bacharel em Direito, foi colaborador do A Republica no início do século XX. Ascanio encerrou sua participação na coluna Pelo Direito alegando que os capitalistas que têm interesse em construir prédios em Natal não o deixam de fazer por falta de terrenos. Para reafirmar esse posicionamento, o colaborador do Diario citou o caso do coronel Aureliano, que edificava prédios aonde se interessava, comprando as casas existentes nos lugares pretendidos, derrubando-as e “fazendo edificar nesses caríssimos terrenos prédios modernos e elegantes” (ASCANIO. Pelo Direito. Diario de Natal, Natal, 03 fev. 1925.). Assim, Ascanio considerava que existiam diferenças entre os capitalistas e os indivíduos que “possuindo meia pataca querem se lhe dê terrenos de graça para o levantamento das suas casinhas. […] A elles já se apontou terrenos baldios fora da área urbana, de aforamento barato e tamanhos á vontade” (Idem.).

Como ocorrerá em todo o país, parte da população de Natal, a partir desse momento, passou a exigir do Estado ações mais concretas no sentido de por fim aos “mocambos” e “cortiços”, apontados como responsáveis por enfear e comprometer a salubridade da cidade, e a sua substituição por
habitações tidas como mais dignas aos desfavorecidos, que primassem pelo modelo higiênico das “casas operárias” ((O PROBLEMA…, 17/03/1926, p.01).).

O projeto de teor elitista de reforma urbana e “melhoramentos” estéticos culminou nessa década no chamado, pela imprensa local, “problema de tecto”, o segundo momento de agravamento da crise habitacional em Natal, evidenciado principalmente pela edificação de inúmeros “mocambos” na cidade (O PROBLEMA…, 17/03/1926, p.01). Diante desse quadro, a administração pública passou a incentivar a construção de casas e vilas populares, por meio da concessão de terrenos e isenção de impostos, sobretudo nos terrenos baldios da capital (LEI No.544, 02/12/1926).

SOLAR JOÃO GALVÃO DE MEDEIROS (ATUAL CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO ELOY DE SOUZA)

Vizinho, está o Solar João Galvão de Medeiros. O Casarão da Avenida Luís da Câmara Cascudo, antiga Avenida Junqueira Aires, foi erguido em 1908 por determinação de João Alfredo, seu primeiro proprietário. Posteriormente, a edificação foi adquirida pelo coronel da Guarda Nacional, Aureliano de Medeiros, que residiu no local por dois anos enquanto construía, “em terreno ao lado, o seu palacete que receberia a merecida denominação de Solar Bela Vista” (NESI, 1994, p.72).

Comerciante perspicaz, o coronel Aureliano era dono da loja Paris em Natal, uma das mais famosas da cidade no início do século XX. Com a sua morte D. Olímpia de Medeiros, sua filha, herdou o imóvel. Como era solteira, ao falecer deixou o casarão de herança para dois de seus parentes mais próximos: João de Medeiros Filho e Bernardo Galvão Medeiros (NESI, 1994).

A edificação foi construída em estilo chalé e constitui-se num dos poucos exemplares deste estilo ainda existente em Natal. Ao longo de sua existência, foi utilizado como residência e hotel; ficou desocupado por várias décadas, período no qual sofreu incêndio que destruiu parte de sua cobertura. Em sua restauração, no ano de 1999, foram mantidas as estruturas originais internas compatíveis com a preservação de um patrimônio do Corredor Cultural de Natal, de reconhecida relevância para a memória da cidade (NATAL, 2003).

O prédio é administrado pela Fundação José Augusto, do governo do Estado do Rio Grande do Norte, que nele implantou o Centro de Documentação e Pesquisa, Eloy de Souza. No local, está à disposição do público considerável acervo documental escrito e iconográfico. De expressivo valor arquitetônico, o Solar João Galvão de Medeiros foi tombado, a nível estadual, em 19 de julho de 1988 (NATAL, 2003).

Constitui juntamente com outras edificações um conjunto harmonioso, reminiscência da parte mais antiga da cidade. Tombado e restaurado pelo governo do estado em 1999. Em seus arquivos encontram-se acervos particulares do ex-governador Silvio Pedroza, José Augusto Bezerra de Medeiros, do acadêmico e sócio fundador da academia de letras do Rio Grande do Norte o Dr. Manoel Rodrigues de Melo.

Lugar de memória, o Solar João Galvão de Medeiros, faz parte do Patrimônio Histórico e Cultural de Natal.

Visão da Junqueira Aires com o Solar João Galvão. Fonte: A Ordem, 16/01/1938, p.1
Avenida Junqueira Aires – Cidade Alta – Natal – 1950
Bonde na Junqueira Aires.
Indo pro Alecrim 1943
Solar João Galvão de Medeiros. Construído em 1908, foi adquirido pelo Coronel Aureliano de Medeiros e posteriormente herdado pelos seus netos. Restaurado no final do século XX, passou a abrigar o Centro de Documentação e Pesquisa, e a Oficina de Restauração da Fundação José Augusto.
O casarão nº 431, construído em 1908, por João Alfredo, posteriormente adquirido pelo coronel Aureliano Medeiros, restaurado pelo Governo do Estado, nele funcionando, hoje, o Centro de Documentação Cultural da Fundação José Augusto;

SOLAR BELA VISTA

Somente após a queda do império é que o cenário econômico do país começava a apresentar sinais de melhoras. Em 1902, mesmo ano que o renomado arquiteto Herculano Ramos chega a Natal, o governo republicano lança novas iniciativas como as campanhas de saneamento e de erradicação de doenças endêmicas, que visavam acabar com mazelas antigas (febre amarela; peste bubônica;  varíola), todas estas vinculadas ao império e ao atraso do País, o que adequaria a cidade aos tempos modernos (UZEDA, 2012). Aformosear Natal com obras e equipamentos urbanos que existiam nas grandes cidades, construir uma cidade moderna, civilizada e progressista também se evidenciava na adoção de novos valores culturais, uma vez que o consumo destes tornava real a fantasia da modernidade (OLIVEIRA, 2000, p.64). Tendo se constituído um dos principais profissionais de que remodelaram a cidade, sendo responsável pelas principais obras do primeiro ciclo de modernização urbana da capital potiguar.

O Sr. Aureliano Medeiros, paraibano da cidade de Pilar, rico fazendeiro e comerciante de algodão, mudou-se para Natal em 1904 . As constantes viagens do coronel deixavam sua linda esposa muito triste. Apaixonado, resolveu construir uma casa confortável no topo da cidade alta voltada para o rio Potengi. Sendo dono de uma sólida fortuna, comprou um palacete na avenida Junqueira Aires , onde passou a residir, e no terreno vizinho, construiu entre 1907-1913, o Solar Bela Vista.

O palacete residencial foi construído em estilo neoclássico, porém, há outros estilos misturados, como algumas influências góticas. O que surpreende é que uma pessoa que vivia antigamente tinha um gosto tão refinado. No centro da casa, tinha uma igrejinha só para a família. Mas, algumas coisas da casa se perderam com o tempo.

No casarão moravam ele, a esposa e as filhas que não casaram, além dos hóspedes que eram recebidos no solar. Para a construção, ele importou vitrais, ferros e grades de bronze. Os materiais foram trazidos de diversos países da Europa, assim como toda a mobília da casa. Foram importados o mobiliário, tapetes, lustres, porcelana, cristais francesas, vidraças belgas. Até mesmo o ferro e o metal utilizados vieram da Alemanha. O casarão fica no centro do terreno, com jardins em volta.(SESI. Centro de Cultura e Lazer Solar Bela vista. Serviço Social da Indústria.).

No acabamento, a madeira foi usada amplamente em portas e janelas, mas também no piso e no forro de todos os cômodos. Os traços geométricos da construção se repetem nos jardins, onde mangueiras, sapotizeiros e coqueiros cobriam de sombra o solar.

A sua casa era centro de influencia política para o resto da cidade. E do palacete assombrado e seu porão era habitável, que tinha capela particular e missa aos domingos e servia como clube social que a cidade ainda não tinha, começavam a ser alargados os caminhos do progresso social. Natal já tinha bailes, gelo e vestia casaca. E esse palacete viveu grandes festas da chamada alta sociedade natalense do começo deste século, inclusive recepções aos governadores da época e por estes oferecidas à elite e ao mundo político local.

Existem relatos que a ideia do projeto, que se assemelha a uma cruz, fora do próprio Cel. Aureliano. Os traços geométricos da construção se repetem nos jardins, cujo projeto paisagístico era inspirado nos moldes europeus, incorporando e associando este espaço à arquitetura do casarão. Com guarda-corpos de ferro – que outrora foram decorados com belas correntes de bronze – as imponentes escadarias valorizavam o acesso a residência (NESI, 2012).

Planta baixa do Solar Bela vista

As casas da época eram, em geral, construídas rente às calçadas, mas o casarão ficava no centro do terreno, com jardins em volta; O palacete era assobradado, seu porão era habitável e tinha capela particular, para a missa dos domingos. Inclui a sala de visitas, uma capela com oratório, quartos das filhas, quarto de casal e a sala de refeições (SESI. Centro de Cultura e Lazer Solar Bela Vista. Serviço Social da Indústria).

A parte posterior da edificação é constituída por dois blocos, separados por um pátio. Um dos blocos é destinado aos quartos dos filhos e o outro abrange a parte de serviços, um banheiro, a cozinha e um quarto de engomar. Existia ainda uma pequena edificação que ficava no final do terreno, destinada a abrigar os criados, mas que após abandono se encontrava em estado de completa descaracterização e não entrou no projeto de restauro.

Num tempo de poucas casas, o casarão marcou época. As fachadas principais e laterais apresentam frontões triangulares emoldurados por cornijas de massa – característicos do estilo neoclássico – e com uma estrela vazada ao centro. Uma platibanda vazada e encimada por pequenos e graciosos pináculos arremata toda a cobertura da casa (NESI, 2012).

As fachadas principal e lateral do palacete apresentam frontões triangulares, com estrela vazada ao centro. Esses frontões emoldurados por cornijas de massa são característicos do estilo neoclássico. Uma platibanda vazada e cercada por pequenos e graciosos pináculos arremata toda a cobertura da casa (NESI, 1994, p.75).

A casa possuía estátuas dos quatro primeiros Presidentes da República e capela particular. As estátuas de bronze de presidentes desapareceram e não há notícias de onde poderiam estar. Nem mesmo a família sabe.

Fachada do Solar Bela vista. Foto João Galvão.
Grevy – Hotel Bela Vista (atual Solar Bela Vista).

Em Natal haviam casas pertencentes aos mais abastados, que buscavam prestígio social através do luxo. O estilo evidenciava os elementos bucólicos, referências à vida rural reproduzidas na cidade. O palacete pertencente ao Coronel Aureliano Medeiros, situado na Avenida Junqueira Aires, citado nas reminiscências de Júlio César de Andrade, possuía “salas e quartos enormes”, além de inúmeras fruteiras, garagem, cavalariça e uma capela. Além desta, podemos citar a mansão do Coronel Avelino Alves Freire, citado pelo mesmo autor, que continha “inúmeras salas e muitos aposentos e cercada de um vasto sítio com muitas fruteiras”. O material empregado nessa obra fora, quase todo, importado. Já o palacete do comerciante Jorge Barreto de Albuquerque era, em 1910, “muito elegante para a época, com estatueta no jardim e com dois pavimentos” (ANDRADE, Júlio César. Comerciantes e firmas da Ribeira (1924-1989): reminiscências. Natal, 1989).

Bela construção datada do início do século XX, localizada na Av. Luís da Câmara Cascudo, n° 417, em pleno Corredor Cultural de Natal, na Cidade Alta. Dentre as características da sua concepção arquitetônica destacam-se a importância do Sobrado e a beleza e rebuscamento dos materiais diversos que o compõem. Construído no centro do lote, possui um lindo jardim.

Após a morte do Cel. Aureliano Medeiros em 1933, a viúva D. Rosa e suas duas filhas passaram a residir em outro imóvel de sua propriedade situado na praça Pe. João Maria. Desde então deixou de ser residência.

Cinco anos depois de sua morte, os herdeiros do casarão, Irene, Olímpia e Olívia, alugam o imóvel ao Tribunal de Justiça. Alguns anos depois, ainda na década de trinta, o palacete foi alugado a D. Maria Cabral, passando a ser Pensão Familiar. Até que em 1948 foi alugado ao sr. Sinval Duarte Pereira, quando recebeu o nome que terminou celebrizando, o âmbito da cidade, o casarão do Hotel Bela Vista (famoso pelo luxo nas décadas de 1950 e 1960 principalmente).

Seu salão de festas foi testemunha de grandes festas desde a Segunda Guerra Mundial, quando a cidade foi base militar norte-americana. Com o fechamento do hotel, o palacete ficou muito tempo abandonado e a construção se deteriorou bastante, chegando a funcionar como cortiço, onde se abrigaram dezenas de pessoas.

Após um período em que se encontrava abandonado e deteriorado, em 1958 o palacete foi vendido ao SESI (Serviço Social da indústria) (NESI, 1994). Na década de 60 se tornou um centro de cultura para os industriários.

Após a restauração em 1984 feita sob a coordenação da Fundação José Augusto, o palacete readquiriu a sua “majestade” da época do Cel. Aureliano de Medeiros quando era palco de grandes eventos sociais. Este foi ativado na década de 80 após restauração, tornando-se uma escola de música.

Hoje funciona como o Centro de Cultura e Lazer do SESI-RN, oferecendo vários cursos e oficinas de artes. O espaço do Solar Bela Vista atualmente tem novas funções, tornando-se um promotor da cultura potiguar. Neste espaço, são promovidos eventos culturais, lançamentos de livros, apresentações de artistas locais, além de muitas outras atividades culturais. Mas ainda desempenha a função de escola de música, oferecendo cursos de guitarra, bateria, acordeão, piano, violão, violoncelo, trompete, sax, clarinete, cavaquinho, bandolim, flauta doce e transversal, além de canto.

Os recursos investidos são mantidos pelo SESI, além das ações culturais. O Solar Bela Vista, nome herdado do antigo hotel, lugar de memória, foi Tombado no âmbito estadual, em 17 de fevereiro de 1990. O prédio conserva ainda a mobília original, comprada à família do Coronel Aureliano.

Transcrito da página do Facebook do escritor @valerio_mesquita1942. Solar Bela Vista (Natal), construído por Aureliano Medeiros para ser a sua residência. Com o seu falecimento, a casa se deteriorou. E sendo tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual, a Fundação José Augusto em convênio com a Federação da Indústria (FIERN), restauraram o notável modelo arquitetônico, nos idos de 1982/83 e hoje pertence à referida entidade de classe. Eu dirigia a Fundação José Augusto e o engenheiro Fernando Bezerra presidia a FIERN.
Construção da primeira década do século XX, localizada na atual Avenida Câmara
Cascudo, cujo proprietário foi o Cel. Aureliano Clementino de Medeiros. Junto com outros imóveis, constitui o corredor cultural de Natal.
Antigo cartão telefônico da Telemar em homenagem ao Solar Bela Vista.

PARIS EM NATAL

Cidade do Natal, bairro da Ribeira, perto de hoje é a Travessa Aureliano, numa das esquinas da praça Augusto Severo, em 28 de fevereiro de 1908, um ano após a construção do Solar, o coronel Aureliano Clementino de Medeiros, que era plantador de Algodão e antigo comerciante de Macaíba, inaugurava solenemente a aristocrata loja “Paris em Natal”, próximo do cinema Polytheama. Grande loja de tecidos, chapéus, calçados, perfumes entre outros artigos finos.

Ao ato da inauguração compareceram distintos cavalheiros da sociedade natalense, representantes do comercio, da imprensa, a banda de música do Batalhão de Segurança e o chefe político estadual Dr. Alberto Maranhão, que foi o freguês da primeira venda da loja: um corte de fazenda para a primeira dama do Rio Grande do Norte – Inês Barreto Maranhão.

Reporto-me ao antigo jornal A República para destacar o comentário deste semanário acerca da nova loja: “fazemos votos para que o novo estabelecimento seja realmente o que todos esperam – uma moderna loja – num comércio atrasadíssimo”. A “Paris em Natal” foi fiel ao signo da elegância até inicio dos anos 40.

Alfaiataria O Progresso, 1903. Prédio que depois viria a ser a Paris em Natal, à Praça Augusto Severo, Ribeira, de propriedade de Aureliano Medeiros, que viria a construir solar com mesmas características defronte à Capitania do Porto, hoje o Solar João Galvão. Eduardo Alexandre Garcia
Edifício Paris em Natal. Fonte: Natal ontem e hoje / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2006, p. 22.
Loja Paris em Natal de propriedade do Cel. Aureliano Clementino de Medeiros, o mesmo dono do Solar Bela Vista.

O Edifício “Paris em Natal” localiza-se onde fora um dos endereços mais nobres da capital potiguar nos anos de 1920, na Praça Augusto Severo, nº 250. Este edifício abrigou a elegante loja Paris em Natal, a loja fornecia aos seus seletos clientes as mais novas tendências da moda Europeia, já que era de costume da alta sociedade natalense desfilar pelas ruas da Ribeira à moda parisiense.

Loja Paris em Natal de propriedade do Cel. Aureliano Clementino de Medeiros, o mesmo dono do Solar Bela Vista, ficava ao lado de outro de outro signo da modernidade que era o cinema, de nome Cine Polytheama. Na edificação era possível perceber o requinte da arquitetura da época, pautada em elementos ecléticos, bem como os citadinos passeando com trajes elegantes.

Ficava ao lado de outro de outro signo da modernidade que era o cinema, de nome Cine Polytheama. Na primeira fotografia é possível perceber o requinte da arquitetura da época, pautada em elementos ecléticos , bem como os citadinos passeando com trajes elegantes.

Conforme os Professores Lenin Campos e Matheus Barbosa: “A Loja Paris em Natal […] possuía quatro grandes janelas no piso superior e estas possuíam guarda-corpos trazidos da França. Sobre as portas, o tímpano dos arcos, também exibia trabalhos em metal de oficinas francesas. A loja abriu em 1908 e vendia artigos finos para a população potiguar. Ao lado, ficava o Cine Polytheama, que abriu suas portas na praça Augusto Severo em 1915.”

Quem chegava a Natal na primeira década do século XX defrontava-se com cenário, que era ainda formado pelos melhores hotéis da cidade – o Internacional, o Hotel dos Leões e o Avenida – , o Polytheama, o melhor cinema de Natal, o e os estabelecimentos comerciais chics que traziam as últimas novidades da Europa, como o magazine Paris em Natal, a firma de Omar Medeiros e o loja de Lira Oliveira & Cia. (MOURA, 1986, p. 222) Ao lado da estação, na subida para a Cidade Alta, a imponente residência e indústria da família Barreto completava o ângulo da praça.

Postal da praça Augusto Severo, por volta de 1910 mostrando um trecho da antiga rua das lojas, atual rua Dr. Barata.
Vista Geral do Jardim da Praça Augusto Severo. Finalmente o espaço estava pronto para receber os prédios públicos que delimitariam a praça. Observar a existência de lojas na face norte, com destaque para Paris em Natal, o sobrado situado na esquina à direita da praça. Fonte: Lyra, Carlos. Natal através do tempo, 2001.
As edificações do quadrilátero da Praça Augusto Severo e os serviços urbanos instalados configuram símbolos de modernidade capitalista: o bonde e a energia elétrica, a Casa Paris em Natal e a Fábrica de Tecidos, a Estação Ferroviária, a residência do industrial Juvino Barreto (antiga Vila Barreto), o cinema Polyteama e o Teatro “Carlos Gomes”, a Escola Doméstica, dentre outros.

Em relação ao que estava chegando de mercadorias em Natal, a partir dos anúncios de propaganda de produtos feitos por determinadas lojas da cidade, e de algumas matérias sobre a entrada de algumas mercadorias, podemos quantificar a entrada de produtos como roupas, chapéus, charutos, tecidos, sedas, perfumes, gêneros alimentícios de marcas europeias, além de livros que vinham em geral de Paris e de Londres. São estes produtos que encontramos com frequência nos anúncios das principais lojas da cidade.

No anúncio de cada um destes produtos, aparecem comumente afirmações como “é o que há de mais chic”, ou “o ultimo gosto de Paris”. Em 1920, na loja intitulada “Paris em Natal”, vemos ser anunciados as “últimas novidades” que acabam de chegar na loja, entre elas, tecidos de algodão, lã e seda, rendas, franjas, Soutaches, cordões de seda e fita, como também perfumes vindos das principais perfumarias da Europa. (ANÚNCIOS, A Republica, Natal, 18 fev.1920).

Percebemos na própria escolha dos nomes das lojas aqui citadas, o desejo de se representar determinados ideais da modernidade, como as crenças no progresso e na civilização. Entendemos que o consumo destes produtos pode indicar a adoção de novas práticas sociais, como também a afirmação de prestígio social por determinados grupos sociais perante outros. O consumo de produtos deve ser entendido não apenas como o consumo de valores de uso, de utilidades materiais, mas primordialmente como o consumo de signos, por isso, são reveladores das transformações vivenciadas em determinada sociedade. ( FEATHERSTHONE, 1995: 121).

Londres e Paris, centros representativos do desenvolvimento, do progresso e da civilização, eram os grandes exemplos a serem seguidos. Eram nesses mundos que as elites natalenses espelhavam suas construções (praças, ruas, prédios, jardins etc.), como também os produtos consumidos. São bastante comuns os anúncios das propagandas ofertarem os produtos mais valorizados vindos desses lugares. As próprias lojas exibiam
os seus nomes vinculados a estes grandes centros, como por exemplo, as lojas Paris em Natal e Casa Londres. Era uma forma de Natal se sentir cada vez mais próxima e dentro de um mundo civilizado.

A imagem do Paris em Natal ao fundo da foto nos anos 50/60.
Um espaço de intensa atividade comercial na Natal do início do século XX hoje sua fachada corroída é, simbolicamente, a representação do deslocamento do centro econômico da Ribeira para outras regiões da cidade. Edifício Paris em Natal. Fonte: Projeto ReHabitar / Secretia Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. Natal: SEMURB, 2007.
Na figura de número dois é clara a descaraterização arquitetônica do prédio, que perdeu seus adornos, ganhou mais um pavimento e em nada se assemelha com o edifício da foto anterior, só é reconhecido pela numeração.
Encontra-se subutilizado, nele funcionam um bar popular. O que indica não apenas a transformação da forma, como também da função.

SOBRADO DE AURELIANO DE MEDEIROS

A praça Padre João Maria na década de 20 do século XX, era um recanto tranquilo e sereno, bastante arborizado e cercado por várias e belas casas residenciais, inclusive o velho sobrado de Aureliano Medeiros, no início da praça e ao lado da torre da Igreja. Apesar de bastante mutilado, o casarão ainda resiste.

Registro fotográfico feito em 1922 a partir da torre da igreja Matriz tendo em primeiro plano a praça Padre João Maria (Antiga Praça da alegria). A casa no final da praça no lado esquerdo é hoje a agência do BNB. Ao fundo da praça, no casarão, hoje está edificado o edifício 21 de Março. Do outro dado da rua, o prédio branco é o teatro Santa Cruz, atual loja Leader. A rua em destaque é a João Pessoa. Ao fundo a torre da igreja Presbiteriana. No horizonte os morros do que vem a ser o Parque das Dunas.

DOCUMENTÁRIO

 Fatos e Fotos de Natal Antiga vai realizar sua primeira coprodução vídeo documental em parceria com a @tvgurupapajerimum sobre o prédio conhecido como Solar Bela Vista, mas que durante muito tempo ficou conhecido como Solar Coronel Aureliano Medeiros a quem devemos a iniciativa de construção desta obra prima arquitetônica na Cidade de Natal. Para tanto, entrevistamos o Aureliano Medeiros Neto, testemunha ocular de um passado que só em suas mais gratas recordações é possível retratar. Dono de acervo fotográfico único no qual mostra a sua família em tempos áureos em um passado que Natal tem como uma grata novidade diante de seu esquecimento histórico.

Foi uma grande satisfação para quem sabe, de repente ter encontrado parentes distantes, presenciar e sentir, em forma de uma boa conversa, a história de Natal de uma forma única e igualmente prazerosa.

Agradecer ao nosso sócio participante do Fatos e Fotos de Natal Antiga Marcelo Guedes Miranda e Anna Thereza de Medeiros Miranda (filha do entrevistado) pela confiança de nos convidar ao seu núcleo familiar, a Aureliano Medeiros Neto pela companhia e bate papo espetacular sobre a história de sua família que se confunde com a história da Cidade de Natal e aos nossos parceiros nesta iniciativa pelos quais destaco a TV Guru Papa Jerimum nas pessoas de @sergiolbtrindade Sérgio Trindade e Charles que abraçaram a iniciativa dentro de suas nobres atividades culturais de resgate histórico de nossa terra e nossa gente.

FONTES SECUNDÁRIAS

BODAS de ouro das Filhas de Sant’Ana no Brasil: 1884-1934. Rio de Janeiro: Escola Typ. Pio X, 1933.

MIRANDA, João Maurício Fernandes de. Evolução urbana de Natal em 400 anos: 1599-1999. Natal: Iarte, 1999.

NATAL, Prefeitura Municipal do. Circuito histórico, turístico e cultural de Natal. Natal: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, 2003.

NESI, Jeanne Fonseca Leite. Natal Monumental. Natal: Fundação José Augusto; APEC, 1994.

O PROBLEMA DO TECTO. Diário de Natal, 17/03/1926, n.63, p.01

ANÚNCIOS. A Republica, Natal, 15 d abr. 1902.

FEATHERTONE, Mike. Cultura de Consumo e Pós-modernismo. São Paulo: Studio Nobel, 1995.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Anais do II Encontro Regional de História da ANPUH-RN, Caicó, 6 a 9 de junho de 2006 / Associação Nacional de História. – Caicó, RN : APUHRN, 2006.

Anuário Natal 2007 / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – Natal (RN): Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2008.

ANUÁRIO NATAL 2013 / Organizado por: Carlos Eduardo Pereira da Hora, Fernando Antonio Carneiro de Medeiros, Luciano Fábio Dantas Capistrano. – Natal : SEMURB, 2013.

Caminhos de Natal / Jeanne Fonseca Leite Nesi ; ilustrações, Urban Sketchers Natal. – Dados eletrônicos (1 arquivo PDF). – 2. ed. – Natal, RN : IPHAN, 2020.

Cantos de bar: sociabilidades e boemia na cidade de Natal (1946-1960) /Viltany Oliveira Freitas. – 2013.

CIDADE, TERRA E JOGO SOCIAL: APROPRIAÇÃO E USO DO PATRIMÔNIO FUNDIÁRIO NATALENSE E SEU IMPACTO NAS REDES DE PODER LOCAIS (1903-1929) / GABRIELA FERNANDES DE SIQUEIRA. – FORTALEZA, 2019.

Dos bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal, RN: EDUFRN, 2017.

HABITAÇÃO SOCIAL: ORIGENS E PRODUÇÃO. (NATAL, 1889-1964) / CALIANE CHRISTIE OLIVEIRA DE ALMEIDA. – SÃO CARLOS, SETEMBRO, 2007.

Natal: história, cultura e turismo / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal: DIPE – SEMURB, 2008.

Natal Não-Há-Tal: Aspectos da História da Cidade do Natal/ Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; organização de João. Gothardo Dantas Emerenciano. _ Natal: Departamento de Informação, Pesquisa e Estatística, 2007.

Por uma “Cidade Nova”: apropriação e uso do solo urbano no terceiro bairro de Natal (1901-1929) / Gabriela Fernandes de Siqueira. – Natal, RN, 2014.

UM ARTÍFICE MINEIRO PELO PAÍS: Formação, trajetória e produção do arquiteto Herculano Ramos em Natal/ Débora Youchoubel Pereira de Araújo Luna. – NATAL/RN, 2016.

AURELIANO CLEMENTINO DE MEDEIROS – AURELIANO CLEMENTINO DE MEDEIROS – https://jm-aurelianoclementino.blogspot.com/2021/09/aureliano-clementino-de-medeiros_25.html – Acesso em 08/01/2022.

BARROS, José D’Assunção de. Cidade e História. Petrópolis: Editora Vozes, 2012;

CAPISTRANO, Luciano Fábio Dantas. Divagações: memória, fotografia e história. Natal: Sebo Vermelho, 2019;

MODERNIDADE E RUÍNA NA FOTOGRAFIA: As duas faces do bairro da Ribeira no imaginário urbano de Natal. Por ANNA GABRIELLA DE SOUZA CORDEIRO.

Natal ontem e hoje / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. – Natal (RN): Departamento de Informação Pesquisa e Estatística, 2006.

“Paris em Natal” – Histporia e Genealogia – http://www.historiaegenealogia.com/2009/10/paris-em-natal.html – Acessoem 08/01/2021.

NOVOS PRODUTOS, NOVOS VALORES, NOVOS IDEAIS: A ENTRADA DE MERCADORIAS EM NATAL E AS MUDANÇAS NO IMAGINÁRIO URBANO NATALENSE (1893-1930). Por Khalil Jobim e Fagner David da Silva. XXIX Simpósio Nacional de História: Contra os preconceitos: história e democracia.

Ribeira velha de guerra – Nós, do RN – http://nos.rn.gov.br/2015/maio_junho/mt1.html – Acesso em 08/01/2021.

SOARES, Lenin Campos; BARBOSA, Matheus. História da Arte Potiguar: Art Nouveau. https://www.nataldasantigas.com.br/…/art-nouveau-no-rio…, Acessado em 19012021.

Um Espaço Pioneiro de Modernidade Educacional: Grupo Escolar “Augusto Severo” – Natal/RN – 1908-13 por Ana Zélia Maria Moreira.

Por que essa travessa de chama Aureliano? Por Laura Paiva em Brechando. https://brechando.com/2017/06/09/por-que-essa-travessa-de-chama-aureliano/. Acesso em 29/072023.

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